segunda-feira, 11 de março de 2013

A CULTURA DO DIÁLOGO- The culture of dialogue





O advento das redes sociais  nos possibilitou a interação instantânea com pessoas do mundo todo.  Percebemos, no entanto,  que muita gente ainda se mostra incapaz de utilizar corretamente uma das melhores formas de interação comunicativa: o diálogo. Por que será que não conseguimos ou não sabemos dialogar? Será que nos falta a cultura do diálogo? E por que não a temos? É sobre isso que iremos refletir um pouco.
Nem sempre quem vence o debate está com a Verdade

Participo do Facebook há três anos. Ao longo desse tempo, tentei explorar as diversas vantagens que essa moderna forma de interação poderia me proporcionar. Considero a possibilidade de conversar e trocar experiências com pessoas de outros lugares, com visões e culturas diferentes, seu melhor e mais vantajoso recurso. As formas de interação são várias. Bate-papos individuais ou coletivos, postagens em grupos e murais, web-conferência etc. contribuem para tornar este contato virtual o mais real possível.  Porém, como quase tudo neste mundo, o problema não está no recurso-mas no seu mau uso . Apesar de todo este avanço tecnológico, muitos ainda se mostram incapazes de interagir  com os outros- principalmente de opiniões diversas- de uma maneira educada, tolerante e respeitosa.

Devido à constância de alguns episódios desagradáveis vividos por mim ao longo deste tempo é que resolvi fazer esta reflexão. Já fui expulso ou impedido de postar em vários grupos “abertos”, várias vezes postaram insultos e expressões inapropriadas nas minhas postagens e, por último, vi um simples trecho de um post meu ser transformado em um grande debate competitivo e desproporcional- a meu ver. E me questiono o porquê de tudo isso. Será que não podemos respeitar a opinião do outro? Por será que sentimos necessidade de digladiar com o próximo mesmo que no nível das ideias? Por que temos dificuldade de aceitar e tolerar a diversidade de percepções e visões?
O diálogo socrático

Apesar do diálogo ser praticado desde o tempo de Sócrates o fato é que não temos a costume de dialogar. Talvez esteja aí parte da explicação para tantas atitudes lamentáveis. A raiz de todo problema pode estar na nossa própria incapacidade de convivência, de tolerância e de respeito . Ou, talvez, nos falte a prática do diálogo em si. A sociedade não nos incentiva a movimentos harmoniosos e pacíficos. Somos programados para competir, para ser o melhor e o primeiro em tudo. A educação formal nos ensina o debate- não o diálogo. Dificilmente o professor organiza diálogos na escola- é mais comum os debates.  Será por que o debate é mais motivador devido ao seu forte apelo  competitivo? No bom diálogo não há perdedores, nem ganhadores. Se o diálogo flui de maneira harmoniosa todos ganham. Do contrário, todos perdem.

À primeira vista podemos pensar: “ora, é apenas uma rede social!”. A questão a meu ver se mostra um pouco mais complexa. Nas redes sociais nos revelamos muito mais do que no contato pessoal. Sentimo-nos protegidos pela distância e ausência de contato social com a pessoa. Por isso, podemos falar um palavrão com alguém, insultá-lo ou desrespeitá-lo. Não ligamos se perder sua consideração, “amizade” e respeito. Ora, aquela pessoa é apenas um desconhecido que mora a milhares de quilômetros de distância . No contato social direto nos comportamos mais, modelamos melhor nossas palavras e atitudes. Nas redes sociais, a falta deste contato parece incentivar atitudes que levam à ruptura, ao conflito e à desarmonia.


David Bohm e Krishnamurti

O diálogo pode ser uma boa ferramenta de autoconhecimento. Não é à toa que Krishnamurti e David Bohm foram grandes incentivadores da Cultura do Diálogo. No diálogo as pessoas se revelam e aprendem. Geralmente quem se considera muito tolerante às opiniões pode se revelar intransigente e radical. Ou quem geralmente se acha um bom ouvinte, descobrir que só escuta a si mesmo. Participar de bons diálogos pode ser uma maneira excelente de aprendermos sobre nós mesmos e o mundo. Além disso, respeito, consideração, afetividade, educação e humildade são valores praticados no próprio ato de dialogar. Sem essas características presentes em nós mesmos, corremos o risco de transformar o diálogo é um debate inútil, numa discussão infantil ou até mesmo num embate fundamentalista.

A Cultura do Diálogo contribui para a edificação de uma nova consciência

          Que possamos fazer do diálogo uma ferramenta em prol da paz e do crescimento individual e coletivo, e não transformá-lo num insano e infantil conflito de egos . O diálogo nos oferece a oportunidade de aprender e crescer numa interação amistosa, positiva e saudável com os semelhantes. O diálogo virtual ou presencial pode ser o começo de uma grande mudança na forma como interagimos e nos comunicamos com outros. Organizar, incentivar  e promover a Cultura do Diálogo pode contribuir para a construção de uma nova consciência interativa, com foco na harmonia, compreensão e aprendizado mútuo .

 Namastê!

                Alsibar
 http://alsibar.blogspot.com

9 comentários:

  1. Minha experiência no FACE foi decepcionante r frustrante. Eu não soube lidar com o comportamento agressivo e às vezes de indiferença por parte de pessoas que eu tinha (e tenho) algum grau de relacionamento. Expor minhas opiniões não foi nada bom!
    Hoje tenho um FACE que uso como ferramenta de pesquisa e o máximo que eu faço é "curtir". Fiquei traumatizada! rsrsrs
    FACE como o seu, aberto ao diálogo mais profundo eu nunca vi. Quero te parabenizar por vc conseguir manter um bom nível de diálogo. Apesar dos problemas que possam surgir, vc conduz muito bem.
    Valeu a reflexão!

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  2. Olá Amor em Grãos...

    Eu penso que o Face é uma representação do mundo. Pra mim ele funciona como algo experimental. Procuro lidar com este mundo virtual, imaginando quais seriam minhas atitudes no mundo real. Por isso que tento aprender com os desafios, obstáculos, resistências, indiferenças e ataques da melhor forma possível. Não é fácil. Muitas vezes quis desistir também.

    Um dia, alguém me disse... acho que foi a Lindaura: "faça sua parte. Não se importe com os resultados"- algo assim. Então compreendi que esta seria a melhor postura realmente: não se importar, não se envolver passionalmente. Fazer o que tiver que fazer, o que sua consciência lhe diz pra fazer e pronto. Nós não somos os autores. Somos apenas instrumentos. Foi assim que consegui atravessar alguns dos momentos mais difíceis em relação ao Face. Mas todo dia é um desafio novo, tanto em relação a mim mesmo quanto em relação aos outros.

    Obrigado por suas palavras e participação!

    Namastê!

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  3. belo texto amigo... Que pena que estas ditas pessoas realizados , que estão sempre armados em seus egocentrismos, inda não conseguiram parar para ver e sentir o quanto é belo um aprendizado sem ter que ofender e ou denegrir o outro , sem ao menos se dar a oportunidade de parar e simplesmente aprender O diálogo virtual ou presencial pode ser o começo de uma grande mudança na forma como interagimos e nos comunicamos com outros. Organizar, incentivar e promover a Cultura do Diálogo pode contribuir para a construção de uma nova consciência interativa, com foco na harmonia, compreensão e aprendizado mútuo .. forte abraço amigo !

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  4. Olá Anônimo de 12 de Março,

    Boas observações! Obrigado pela participação.

    Forte Abraço!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Reproduzo abaixo o comentário feito em 12 de março de 2013 às 18:32. O autor o havia retirado por algum motivo desconhecido, mas a cópia ficou no meu email.Não sei por que o autor o deletou pois é um bom comentário. De qualquer forma, sou-lhe grato pela participação e volte sempre, mas sem apagar o que escreveu, principalmente se for algo positivo e construtivo:

    "Estamos sempre achando que nossa opinião, nossas idéias são superiores as dos outros. O ego é capaz de nutrir um complexo de superioridade ilimitado. E é muito fácil descobrir quando um interlocutor está mais disposto a um debate do que um diálogo. Ele tenta repetidas e repetidas vezes impor sua visão, seu entendimento, sem levar em consideração a visão e entendimento do outro. Meus parabéns, mais uma vez, por sua iniciativa e abordagem compreensiva e tolerante, longe de beligerância infrutíferas. lutar é preciso, mas não para robustecer o ego! "

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  7. Debate só serve para as pessoas brigarem pela verdade, como se ela estivesse com algum dos dois, mas o dialogo não, os dois podem chegar a um conscenso do que é a verdade! é o que eu acho...

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  8. Olá Maria eu concordo com você, apesar de que a experiência demonstra que na maioria das vezes não se chega a um consenso. Mas acho também que esse não deve ser o objetivo principal do diálogo. Se o consenso vier naturalmente- ótimo. Senão, não tem problema, não é?
    Fraterabraços e obrigado por sua participação!

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