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Esse artigo não é pra
iniciantes. Dificilmente eles me compreenderão. Vou falar sobre o que
Krishnamurti chamou de “terra sem caminhos” . Foi assim que ele denominou a
Verdade. Você é meu convidado a fazer essa viagem que nos levará a um mar desconhecido. Muitos buscadores da
minha geração provavelmente estão familiarizados com os quatro mestres citados
no título deste artigo. Meu objetivo não é descaracterizar, nem desmerecer
nenhum. Mas manifestar minhas sinceras impressões com vistas a ajudar o buscador
em sua difícil viagem espiritual. Se você tem absoluta certeza de que já encontrou a Verdade, então pare de ler
aqui. Este artigo é para aqueles que estão atribulados em seu espírito. Afinal
como saber que caminho trilhar? Quem estará certo? Que mestre seguir? O que fazer nos momentos de
angústia e incertezas? Quem poderá nos dá segurança? Até que
ponto devo prosseguir no meu caminho, mesmo sabendo que é errado para finalmente mudar de rumo?
Se estas dúvidas
assolam seu coração, então você está no lugar certo. E por providência divina
você se deparou com esta mensagem que – creio- poderá lhe ajudar muito. Leia
com atenção, mas não aceite nada do que vou dizer. Reflita em seu coração e
peça a Deus que lhe ajude a entender. Se houver alguma verdade e se esta lhe
for de alguma forma útil, seja grato a Deus no silêncio do seu coração. Caso contrário, obrigado por sua atenção. Continue seu caminho.
Talvez não esteja na hora de você despertar para certas verdades. Ou talvez, eu esteja errado e você certo. A
verdade não tem caminhos, nem donos.
Gurdjieff foi um grande
mestre- não há dúvidas sobre isso. Todavia, se perdeu ao longo do caminho. Ele apresentou ao mundo uma verdade fragmentada que não levava a lugar nenhum. Seu último livro da série “Sobre
tudo e todas as coisas” é o relato de um homem confuso, arrependido e
angustiado. Um desabafo de um moribundo próximo à morte. Gurdjieff se perdeu . Não somente ele mas todos
os seus seguidores- desde Ouspensky, passando por J. G Bennet, até Rodney Collin. Este último enlouqueceu e
cometeu suicídio. De acordo com relatos, estava obcecado pela ideia da “morte
consciente como caminho direto para o Despertar” o que o levou a pular do alto de uma torre de uma igreja no Peru. Já seu mestre, o Ouspensky, após ter se separado de G., viu-se perdido e sem rumo. Acabou se envolvendo em experiências psicodélicas,
principalmente a mescalina. Em relação ao seu próprio desenvolvimento espiritual, ele foi um grande fracasso.
Descobriu tarde demais que o sistema de G. ( Gurdjieff) era um beco sem saída.
Suas últimas palavras foram:
- Abandono o sistema.
Comecem novamente por si mesmos!
Osho fora talvez, o
guru mais famoso do século xx. O mais rico e mais insano também. Provavelmente,
quando começou seu trabalho, sua intenções eram sinceras e verdadeiras. Não foi
à toa que ele tinha tantos seguidores e admiradores- inclusive eu. Todavia, ao longo dos
anos, o guru e seu movimento foi se afundando. Até o fracasso final que
culminou com os fatos em Óregon e finalmente com a morte misteriosa de Osho e da sua
namorada Vivek – esta última de overdose. Osho morrera um mês depois de
“não-se-sabe-o-quê”. Sua morte é uma polêmica. Assim como fora toda sua vida.
Oficialmente os discípulos dizem que Osho morrera em decorrência de
envenenamento por Tálium causado pelo governo dos Estados Unidos durante o tempo em que ficou preso . Extra oficialmente, alguns dissidentes e testemunhas oculares falam em
suicídio por overdose. Osho era viciado em Válium ( Diazepan) e Óxido Nitroso.
Vários elementos, indícios e testemunhos levam a crer que esta última versão é
a mais verdadeira.
Não se trata aqui de macular a imagem de alguém que já morreu.
Mas de analisar sua Verdade e seu caminho que , ainda hoje, influencia milhares
de pessoas no mundo todo. Afinal, o caminho de Osho o levou a quê, à loucura, à tragédia?
E que caminho é esse que culmina com a insanidade? Por certo, não é um bom caminho.
Os discípulos quiseram distorcer os fatos, apresentando-o como uma espécie de vítima dos cristãos fundamentalistas americanos. Uma tentativa de martirizá-lo, tornando-o uma espécie de Jesus ou Sócrates. Mas o caso desses últimos é totalmente
diferente. Tanto Sócrates quanto Jesus têm a seu favor não somente sua
história, mas também seus ensinamentos. Qualquer pessoa pode verificar por si
mesmo a eficácia daquilo que eles pregaram constatando, assim, sua veracidade.
Isso não acontece com
os ensinamentos do Osho. Qualquer um que tentar seguir seus ensinamentos, ou
vira um seguidor fanático, ou simplesmente fica rodando em círculos. É um
caminho que não leva a lugar nenhum- não no sentido Zen da expressão - o
que seria algo positivo. Mas por que é incipiente e confuso . Osho
descobriu uma forma ímpar de ensinar: bela, mas ineficaz. Seu sistema ou visão
não funciona. Traz um bálsamo que só dura enquanto dura a leitura. É uma
espécie de droga linguística. Dá uma sensação gostosa de paz e conforto. Mas
quando defrontado com os reais problemas e desafios da vida, em nada ajudam.
Nesses momentos só nos restam duas
alternativas: ou se enfrenta o fato- e isso inclui perceber que o
mundo de beleza e celebração idealizado por Osho não existe- ou então fugimos
novamente para seu mundo imaginário, gozando daquela paz superficialmente
fabricada. Muitos procuram seus discípulos diretos - que agora posam de guru-
na tentativa de perpetuar e fortalecer essa suposta “paz espiritual”.
Ramana foi um autêntico
mestre advaita ( tradição não-dualista), assim como Nisargadatta Maharaj. O
problema não está nem em Ramana, nem em Nisargadatta, mas naqueles que se dizem seus
seguidores e que hoje se autoproclamam gurus. A fonte é pura e
verdadeira, mas em geral está poluída pelos gurus que a manipulam. Há
centenas de movimentos e “gurus” que se
dizem inspirados nesses mestres. Todavia, é apenas jogada de marketing. Usam suas fotos e citações para atrair suas vítimas em potencial. Mas no fundo, seus caminhos são
diametralmente opostos ao seguidos pelas suas supostas fontes. Em geral são
pessoas que sofrem algum distúrbio comportamental tais como psicopatia, megalomania ou
esquizofrenia. A aparente
simplicidade desses ensinamentos, junto ao
apelo da visão advaita de que tudo já é perfeito, parece uma fórmula fácil de manipulação e exploração dos incautos.
O curioso é que, apesar de tentarem ligar suas imagens às
de Ramana , o estilo de vida de boa parte desses
“gurus” se aproxima mais do Osho . Em
geral, utilizam a mesma técnica que o consagrou o guru dos Rolls Royces: palavras belas, poéticas, frases de efeito que causam sensações agradáveis na mente. Sensações que só duram enquanto ouvimos ou lemos seus discursos.
Mas sem nenhum efeito prático - a não ser o entorpecimento, o
embotamento e o isolamento do mundo. Isso pode durar dias, meses, anos… mas chegará um dia que a pessoa terá que acordar.
Infelizmente, em muitos casos, será
tarde demais. Restará apenas contabilizar os prejuízos espirituais,
psíquicos, emocionais e financeiros das vítimas.
Krishnamurti é um caso
raro de autenticidade , heroísmo e sabedoria. Cedo libertou-se das garras de
uma poderosa organização que tinha tudo para corrompê-lo e destruí-lo. Mas ele
conseguiu se libertar e tornou-se um dos maiores mestres espirituais
contemporâneos. Assim como Buda e Jesus, Krishnamurti foi um rebelde. Não foi um
rebelde sem causa – mas por uma grande causa: a libertação do homem dos seus
grilhões espirituais e psicológicos.
Krishnamurti teve,
certamente, alguns percalços ao longo de sua vida secular. Desafios que, tanto Osho quando Gurdjieff também
enfrentaram: as tentações do dinheiro-ligado à soberba, ambição e poder. E as
tentações do sexo-ligados à luxúria e ao prazer. Osho sucumbiu. Gurdjieff se
arrependeu. Mas Krishnamurti superou. Apesar do famoso “escândalo” em que se
envolveu com a esposa do seu secretário particular, ele continuou firme em seu
caminho. Noventa anos de vida, um caso apenas que talvez o tenha envergonhado
pelo resto da vida. Penso que seus milhares de admiradores viram aí uma “falha”
natural do seu lado humano. E, ao contrário do que pensavam seus
opositores, aumentou a admiração de seus
fãs no mundo todo. Provavelmente, muitos se alegraram de saber que Krishnamurti
era humano igual a todos eles. Um homem que também teve conflitos, falhas
e imperfeições e que, apesar disso tudo,
encontrou Deus ou a Verdade. Esse episódio tirou-o do pedestal de homem-deus, tornando-o um ser semelhante a nós.
O caminho trilhado por
cada um desses mestres nos revela grandes lições que podem nos servir de inspiração
e orientação em nossa própria jornada. O fato é que Gurdjieff tentou trilhar o
caminho mas falhou. Osho pareceu já ter chegado-mas revelou-se um grande
fracasso. Krishnamurti não chegou a lugar nenhum. Não por fracasso, mas porque
ele descobriu que não havia nenhum lugar
para se ir, nem nenhum caminho pra se trilhar. Ramana chegou à mesma conclusão
que Krishnamurti. A diferença básica entre estes dois é que o primeiro não era
revolucionário, ele não negou a tradição na qual ele próprio estava inserido-
pelo contrário reafirmou-a. Krishnamurti negou totalmente as tradições, apesar
dele próprio se inserir na tradição dos grandes iconoclastas como Buda e Jesus.
Ramana não teve
mestres, assim como Buda e Krishnamurti. Ambos não precisaram seguir ninguém.
Encontraram sua própria via de libertação sozinhos. E se você ainda está
seguindo alguém- seja quem for - esqueça, abandone isso. Nunca chegarás a lugar
nenhum assim. Escute os mestres autênticos, absorva suas orientações mas não
adore ninguém, não bajule ninguém, nem entregue sua vida a ninguém. Encontre sua própria verdade que é única. Cuidado com
os exploradores que cantam música para lhe distrair, enquanto roubam sua carteira.
Expus, em poucas
palavras um pouco da minha própria experiência e visão. Todavia, sei que a
minha não é única, nem pretende ser absoluta. As críticas são normais e
esperadas. Mas sei também que tudo o que escrevi aqui, poderá ser de grande utilidade
àqueles que realmente e sinceramente querem encontrar a Verdade e não apenas um
conforto superficial, uma felicidade passageira , uma paz ilusória . Se é este o seu caso, então preste
atenção, não quero que aceite, mas reflita com carinho sobre a minha última
mensagem:
“Não há caminho, nenhum
lugar pra se ir, ninguém pra ser seguido, nem ninguém pra caminhar”
Se entendeu isso, então
meu esforço não terá sido em vão e
minhas palavras não terão sido desperdiçadas.
Namastê!
Alsibar
Todas informações polêmicas aqui
apresentadas podem ser checadas nos seguintes livros e links :
GURDJIEFF – George I.-
Life is real only then, when “ I am”-
All and Everything/ third series
SMITH,
Joyce Collin- Não chame ninguém de mestre. Siciliano- 1993
MINE,
Hugh -Bhagwan: O Deus que falhou Imprensa de São Martinho .
FRANKLIN,
Satya Bharty -Promessa do Paraíso: vida íntima de uma mulher com 'Bhagwan' Osho
Rajneesh - imprensa Colina Barrytown / Estação.
E o artigo de
Christopher Calder sobre o Osho em Inglês e Português: