quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ANO NOVO… VIDA NOVA?

Ano novo... vida nova? http://alsibar.blogspot.com- Imagem da Internet

( ÚLTIMA MENSAGEM DO ANO)

O final de ano se aproxima e com ele renovam-se as esperanças de mudanças e dias melhores. Mas é possível haver mudanças significativas se interiormente não mudo? Como posso esperar dias melhores se , interiormente, não  melhoro? E ainda, há mudança verdadeira no âmbito do “conhecido”?Neste artigo, refletiremos sobre estas e outras questões cruciais para quem quer realmente “mudar de vida”. Você é nosso convidado!

Este ano foi um ano de grandes mudanças paradigmáticas. Tenho visto isso tanto em níveis pessoais quanto coletivos. Minha própria vida sofreu grandes transformações em 2011. E tenho testemunhado essas mudanças na vida de muita gente também. Familiares, amigos, pessoas famosas… Parece haver um padrão cósmico impulsionador de grandes mudanças. Para melhor, obviamente. Familiares meus conseguiram empregos depois de longo tempo desempregados. Outros viajaram para outras cidades, para recomeçarem uma nova vida. Por onde olho vejo mudanças em todos os níves, âmbitos e áreas.
Particularmente, muita coisa mudou em minha vida neste ano. Cito mudanças em nível interno e externo. Em nível interno, aprendi a meditar- após anos e anos achando que sabia. Comecei a “ensaiar” a meditação desde os meus nove anos. Hoje estou com trinta e nove e , somente neste ano, percebi que não sabia de nada. E que aquelas práticas de nada me serviram… ou melhor, serviram, mas muito pouco. Após isso, muita coisa mudou. Resolvi criar um blog e comecei a fazer parte das redes sociais. Isso me abriu novos horizontes e perspectivas. Através do blog pude compartilhar com os outros minhas impressões, reflexões e aprendizado. Através das comunidades e redes sociais, conheci muitas pessoas, fiz novos amigos, aprendi com também. Hoje posso dizer que transito entre esses dois mundos – o real e o virtual- e estou feliz com isso. As redes sociais, se bem usadas, podem ser grandes intrumentos de evolução e crescimento . O aprendizado só realiza-se nas relações, no contato e nas trocas de experiências. Quando estamos abertos, tudo pode transmutar-se em aprendizado- inclusive os mal entendidos, as disputas infantis, os erros, as ilusões, as brigas, as agressões gratuitas. Temos apenas que aprender a lidar corretametne com isso, nunca se considerando superior ou inferior a ninguém. A todos estes companheiros virtuais, o meu agradecimento por me ajudarem a crescer. Espero que não tenha ficado mágoas. Da minha parte não ficou nenhuma. Peço desculpas se feri alguém, magoei ou disse algo que atingiu pessoalmente a quem quer que seja. Tudo que escrevo, tem apenas um objetivo: contribuir para o crescimento, aprendizado e esclarecimento interior. Apenas isso.
Mas, quero agradecer especialmente àqueles que gostam do que escrevo. Àqueles que me “seguem” no blog, aos que contribuiram com uma visita, um comentário, uma palavra de incentivo, uma experiência,  um elogio, ou até mesmo com uma crítica. Amigos, é pra isso que estamos aqui: para aprender. Dizer que a vida é uma escola, é mais do que um cliché. É uma realidade. Todo dia aprendemos, e quanto mais abertos estivermos ao aprendizado, mais evoluiremos. Evoluir não significa tornar-se mais do que ninguém. Significa alinhar-se aos poderes criativos da vida, às forças evolutivas do Universo, que amorosamente velam e cuidam de toda Criação – incluindo nós- a humanidade. Evolução nada tem a ver com sentir-se superior a ninguém. É justamente o contrário: quanto menos nos sentimos superiores, mais caminhamos em direção à Luz. Aqueles que sentem-se evoluindo, como algo consciente e intencional, não estão, em absoluto. A Evolução Interior só ocorre na ausência da autoafetação, na ausência da sensação do “EU”. Assim, enquanto houver em nossa mente o sentimento de “eu estou evoluindo”. Não há evolução nenhuma. Por um motivo muito simples: não há evolução na mente, no “conhecido”. A mente que diz a  si mesma: “eu estou evoluindo”, continua limitada dentro de suas próprias limitações psicológicas. Só há evolução, mutação, transformação, fora do conhecido, fora da mente, fora do “eu sou”- enquanto expressão verbalizada do pensamento.
Ora, pra que não haja dúvidas, refletiremos um pouco mais sobre o que é o “conhecido”. O conhecido é tudo o que conhecemos, pensamos, projetamos, desejamos, verbalizamos. É todo o nosso “background”, tudo o que ficou acumulado em nossa mente através de séculos de história. Tudo isso nos é repassado pela educação, pelas experiências vividas, pelos familiares, amigos, sociedade, livros, meios de comunicação etc. Tudo isso fica acumulado na MEMÓRIA. E essa memória, que é tudo o que somos, projeta e busca a transformação, a mutação, a Felicidade, a Iluminação, Deus etc. Mas por que essa mutação nunca acontece? Por que a paz nunca chega? Por que não encontramos a Verdade, Deus, o Desconhecido? Muito simples. Porque na memória, no conhecido não pode haver nada de novo. Pelo simples fato que o conhecido é a continuidade do velho, do passado. E na continuidade não pode haver rompimento. Sem rompimento, sem a morte do “velho”, não pode haver renascimento, renovação. E , assim, como pode haver alguma mudança ou mutação?
Não pode. Simplesmente não pode. As mudanças ocorridas no âmbito do conhecido são superficiais. Não atingem o fundo, o centro, a raiz. E assim, nada muda realmente, há apenas “remendos”, “gambiarras”. Sei que muitos almejam mudanças. Infelizmente, muitos se contentam com os remendos e as gambiarras. Se  o telhado é velho e tem goteiras, nos contentamos em “tapar” algumas delas. São resultados imediatos. Mas, se o telhado é velho, temos que trocá-lo completamente, não? Gambiarras apenas nos dão uma passageira e ilusória sensação de segurança, paz e conforto. Mas quando vem uma chuva mais forte, logo, logo, abre-se uma goteira e temos que consertá-la de novo, e de novo… e assim passamos a vida inteira. E o que são essas gambiarras em nossa vida? São nossos conceitos de felicidade . Muitos se contentam com um bom emprego, estabilidade financeira, uma boa casa, um bom carro, uma esposa bonita. Outros querem fama, dinheiro e poder. Ao alcançarem isso, pensam: agora estou feliz e seguro. Não mais sofrerei. Mas, o que acontece de fato? Não custa muito e essas “gambiarras” se mostram frágeis, passageiras, e ineficazes. Diante da perda, da velhice, da dor, da doença e da morte, essas gambiarras são inúteis. De repente percebemos que tudo o que somos e temos é “poeira ao vento,” como cantou Sarah Brightman em “Dust in the Wind”.
Pouquissímas pessoas procuram a riqueza interior. Não a riqueza falsa da mente ilusória. Mas a riqueza que apenas o Desconhecido pode nos proporcionar. Quando nos daremos conta que apenas no Desconhecido pode haver verdadeira mutação e evolução? Todavia, não conhecemos o que é isso. Mas todos nós entramos em um estado parecido, à noite, quando dormimos. No sono, entramos no Desconhecido. O sono é um grande mistério. Cientistas o estudam há anos tentando entendê-lo. Porque dormimos? O que ocorre com as células durante o sono? Porque nos reabastecemos de energia ao dormimos? Dormir é dar repouso ao nosso consciente ( conhecido). O estado meditativo pode ser descrito como “ um sono acordado”. É o momento em conseguimos acalmar nosso “consciente”, sem no entanto, perdermos a “consciência”. Em outras palavras, o consciente “adormece”, mas continuamos acordados e “conscientes”. O corpo atinge um relaxamento muito próximo ao do sono. Às vezes ouvimos o corpo “roncar”, ou respirar profundamente, sinais característicos do sono profundo. Isso é Meditação.
Durante a Meditação não há “eu”, ou EGO (conhecido). Há apenas o Desconhecido, sendo este, a ausência de qualquer pensamento identificador, ou formador do EGO. Embora possa haver os pensamentos, mas não nos identicamos com ele, pois o observamos como “uma testemunha”- como diria Ramana Maharish. O silêncio e a consciência são “sinais” de que transcendemos o “conhecido”. Se, por um instante que seja, consigo perceber , observar e sentir as coisas que acontecem dentro e fora de mim- esse é o Desconhecido. Essa observação deve partir não de um “centro” analisador ( EGO). Ela deve ser sem centro. Sem a dualidade: observador e coisa observada. Não pode haver direcionamento, nem desejo de duração, nem de controle. De repente, estamos nele, e pronto. Se não estamos, não tem problema. Não podemos ‘dominar” o estado de atenção, querer prorrogá-lo ou estendê-lo. É como se ele tivesse vida própria. É um movimento que manifesta-se por si mesmo. Krishnamurti costumava dizer que “perceber a desatenção, é atenção”. Ou seja, se percebemos que passamos o dia todo desatentos, aproveite esse momento para manter a atenção e não pra autocensurar-se, ou criticar-se porque “perdeu” o dia sem conseguir ficar “atento”. Além disso, no estado de “atenção”, que é o estado em que não há observador e coisa observada, mas simplesmente, “observação silenciosa e passiva”, se realmente estás neste estado, não há “ninguém” para reclamar ou censurar-se pelo dia “perdido” em “desatenção”. Se existe esse “alguém”, então não estás em meditação. No estado meditativo não existe ninguém pra dizer nada, para reclamar de nada, pra criticar nada. Há apenas um silêncio, que nem mesmo silêncio é. Pois não é do reino das palavras.
Por fim, quero conclamar a todos que querem mudanças no próximo ano. Àqueles que não aguentam mais viver sob domínio da dor e da ilusão. Àqueles que querem encontrar uma vida mais plena, rica e feliz. A todos que procuram a paz, a paz verdadeira, não a ilusória. Quero dizer a todos, que há sim uma saída da Matrix. Mas encontrá-la é muito difícil. Não que realmente o seja. Mas porque não queremos abrir mão de nada. Queremos mudanças, mas não queremos mudar. E para mudar, precisamos ter coragem e humildade para aprender. O EGO, que é a presença da Matrix em nós, não aceita que “não sabe”, que está confus e que não tem a “receita”. Não admite que precisa de ajuda. Não tem coragem de jogar-se no Desconhecido, pois o Desconhecido não oferece segurança nenhuma. Só o EGO oferece segurança e conforto- mas são ilusórios. Não são reais. Mas muitos preferem viver de sonhos e ilusões, a ter que enfrentar a VERDADE e a REALIDADE.
E a verdade é que não existe segurança, nem paz, nem conforto no conhecido, na mente, no EGO. Só quando não estamos mais à procura de paz conforto e segurança. Só quando abrimos mão da continuidade do EGO. Só quando desistimos de nossas razões e certezas. Só quando houver uma quebra total deste padrão psicológico do conhecido- a que todos estamos presos- é que poderá haver algo de Real e Verdadeiro. Algo que não foi produzido pelas ações mesquinhas e medíocres da mente-pensamento-ego . Mas, sei que a mente de muitos, nessa hora, vai escandalizar-se e dizer: “isso não existe! Não existe nada fora de mim! Isso é um desparate! Uma loucura”. E continuarão com suas vidinhas medíocres, insossas, sem brilho, sem vida, sem profundidade. Pois é muito mais fácil e cômodo continuar com o conhecido, afinal, é o que eu já conheço. Que importam as crises? Que importam as quebras de expectativas? Que importa se me apego a tudo o que amo ? Que importa se tudo isso pode acabar a qualquer hora? Que importa o sofrimento, as crises e a dor?
Mas quando o “inesperado” bate a nossa porta.  Quando a dor e o desespero entram em nossas vidas sem serem convidados. Só então, começamos a refletir sobre nossa ela. É a morte de um parente, é a velhice que nos chegou tão rapidamente. É a dor da solidão. São as ingratidões. São as doenças. As fatalidades da vida que nos deixam impossibilitados de viver e ser quem somos. Nessa hora falta-nos dinheiro e, muitas vezes, os amigos. É a morte da esposa querida, do filho querido, de um ente querido. É a nossa própria morte. É a dor da separação e da perda. Qual de nós está preparado para perder objetos, pessoas, cargos, saúde, dinheiro? Quase ninguém não é? Mas qual de nós está preparado para abrir mão de idéias, concepções, pensamentos, posições e certezas? Qual de nós tem coragem de abrir mão de seus pensamentos, de seu EGO e da sensação de segurança, conforto e paz que ele traz- mesmo que saibamos ser ilusórias? Quem tem coragem de renunciar ao Conhecido, sabendo que não terá nada em troca? Afinal, renunciar para ganhar, não é renúncia, é? Só há renuncia verdadeira quando nada esperamos como recompensa.Mas é mente é esperta e ladina. Ela nunca faz nada “sem motivo”. Sempre faz visando algo em troca. Algum retorno, alguma recompensa. Alguma vantagem. E isso não é renúncia, em absoluto.
 Mas, qual a diferença entre o sábio e o ignorante? Afinal, o sábio também adoece, tambem envelhece, também está sujeito às separações e perdas inesperadas. Qual a diferença então? Veremos: o sábio não alimenta ilusões acerca de nada. Não identifica-se com os desejos, embora eles continuem a existir. Não alimenta esperanças sobre o futuro. Não projeta sua felicidade no amanhã. Ele a vive no agora. O sábio a nada se apega, nem mesmo aos seus próprios desejos, pensamentos, emoções e reações. Ele apenas observa o infinito movimento da vida, dentro e fora de si. Se há uma dor, ele a observa. Se há paz, ele a observa. Se há desejos, novamente observa. Se há companhias e dinheiro, ele os observa. Se há ausência e carência financeira, novamente aí a observação. Se tem abundância de amigos, saúde e bens materias ele os observa. Se não há, continua observando - da mesma forma.Falando assim, parece que, ser sábio é algo morto, sem vida. Pois ele “apenas observa”. Mas , não é assim. Ele observa, está consciente, mas não rejeita nada, nem resiste a nada. Ele nem quer, nem não quer. Se veio até ele, ele pega. Se tem, ele usufrui, se não tem, ele usufrui do mesmo jeito. A pessoa sábia nada retém. E, quando deseja, está consciente dos seus desejos, enquanto desejos apenas. A pessoa sábia está sempre aprendendo e vivendo cada momento. Se o momento é de dor, ele observa e vive- sem a dualidade, sem resistência, sem considerar como sendo algo pessoal. Mas como algo da vida. Próprio da natureza das coisas. Daí vem sua paz, que não pode ser descrita nem analisada pela mente pensante.A pessoa sábia vive tudo com plenitude e totalidade. Pois na totalidade está o segredo da Felicidade. Mas não há totalidade quando há “EGO”. Não há totalidade enquanto houver a dualidade “sujeito observador- objeto observado”. Só existe paz, felicidade e harmonia, quando cessa completamente o  pensamento de “eu sou isso, ou sou aquilo”. Ou mesmo o pensamento de “não-sou”. Então o que restará depois disso?
Só vivendo pra saber. Que no próximo ano, você possa mudar pra melhor. Trazendo, assim, grandes mudanças em sua vida. Faça disso, um dos objetivos principais para o próximo ano. Não sossegue enquanto não encontrar a paz - além das palavras e conceitos. Não precisa deixar emprego,  família, amigos, rotina, sonhos, objetivos e planos. Não precisa abrir mão do seu “projeto de vida”. Não. Apenas perceberás que a verdadeira felicidade e paz, não está nas coisas, nem no futuro. Assim, poderás ser feliz no agora, mesmo sonhando, mesmo tendo projetos e planos para o futuro. Mas descobrirás uma nova dimensão. Pois antes só imaginavas a felicidade como algo abstrato e distante. Como se ela só fosse acontecer no futuro, como resultado de tuas conquistas e realizações. Mas, sabemos que não é assim. A Felicidade só pode existir no aquiagora e ela não é resultado de nada. A questão é de mudança de paradigma: se antes pensávamos em “realizar as coisas pra somente depois sermos FELIZES”.  A sabedoria nos mostra que é exatamente o contrário: "SEJAMOS FELIZES, e tudo o mais realizar-se-á".
Que a mudança possa se fazer na vida de todos no próximo ano. Que possamos continuar nesse aprendizado mútuo, despertando para uma verdade muito simples: SEM MEDITAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO NÃO HÁ CRESCIMENTO. Nem mudanças, nem mutaçao.
Paz, Felicidade e Sabedoria , é o que desejo  a todos!
Muito obrigado por sua leitura, participação e visita!
Alsibar ( inspirado)
msn: alsibar1@hotmail.com



domingo, 25 de dezembro de 2011

A MEDITAÇÃO É A MAIS ELEVADA FORMA DE ORAÇÃO

htt://alsibar.blogspot.com : Meditação e  Oração
Tu porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a tua porta, orarás a teu pai em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições como os gentios; porque presumem que pelo muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis a eles, pois; porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes mesmo que lho peçais”( Mt 6: 6-8)

Neste artigo, iremos refletir sobre a oração. Um assunto bastante delicado, devido a sua amplitude e complexidade. A oração, prece ou reza, constitui-se prática comum em todas as religiões. Obviamente que ela tem sua importância e função. Principalmente, como bálsamo, consolo e conforto para a grande maioria das pessoas que usam-na como forma de comunicar-se com Deus. Muitas pessoas, no entanto, recorrem a ela para realizar desejos e sonhos. Ou para amenizar sofrimentos e dores. Algumas conseguem. Outros, mesmo não alcançando o “milagre” sentem-se felizes pela elevação espiritual que ela proporciona. Todavia, será que há diferentes “níveis” de oração? Ora, o que é oração? Uma comunicação com Deus não? Significa dizer que o sentido da oração está diretamente relacionado com nossas concepções acerca do Universo, do Homem e de Deus.
A humanidade sempre buscou um forma de comunicar-se com o Sagrado, o Transcendente, o Invisível. A arte primitiva, as pinturas rupestres, os totens,  as pirâmides etc. eram formas do homem comunicar-se com o Desconhecido. Diante das forças da Natureza, o homem sacralizou tudo o que impunha medo ou reverência, como, por exemplo, os animais, os trovões, o mar etc. À medida que o homem foi evoluindo, amadurecia também sua concepção de Deus. Dos deuses em forma de animais do Egito antigo, passando pelas formas humanas da mitologia clássica. Do politeísmo das religiões primitivas, ao monismo judaico-cristão. Dos sacrifícios de seres humanos, passando pelo sacrifícios de animais, até a abolição total dos sacrifícios. Jesus, Buda, Sócrates, Lao Tsé e outros sábios e reformadores, tiveram papéis fundamentais nessa evolução . À medida que a humanidade evoluía, também expandia sua concepção de Deus, do mundo e de si mesmo. No despertar do Novo Milênio, novas luzes se fazem sobre esta delicada  e importante relação. Não que sejam “novas”, pois a Verdade é eterna, mas alguns acontecimentos, impulsionados pelo advento de alguns seres, reedificaram, fortaleceram ou renovaram antigas, desconhecidas e esquecidas concepções acerca do contato com o Eterno.
Hoje,  a humanidade tem a seu dispor, tudo o que precisa saber para estabelecer a correta relação com o “ Transcendental”. Todavia, percebe-se um fato que salta aos olhos. A “humanidade” não existe. Não é uma massa uniforme e coesa. O que existem são indivíduos, e estes não evoluem uniformemente. Por isso, coexistem vários níveis de evolução histórica. Não é, pois, de se admirar que ainda existam pessoas cultuando as forças da natureza, e o sacrifício de animais, como portais para o Sagrado. Outros continuam vendo Deus como o “realizador de desejos, ideáis e sonhos”. Mas será isso mesmo? Será que Deus existe para satisfazer os desejos do EGO insaciável? Será que tenho que submeter Deus  as minhas vontades, ou  será o contrário? E se ele é todo Amor, Misericordia e Poder infinitos, por que duvido de sua Onipotência? E quem é esse “eu” que tudo quer, tudo deseja? Não seria bom investigarmos?
O “eu” que conhecemos nada mais é do que EGO. O EGO é a entidade resultante da ilusão de separação. A nossa concepção de Deus está estritamente relacionada com a nossa visão do EU. Se “eu” existo como entidade separada (EGO, Pensamento), então Deus existe como entidade separada ( Deus pessoal, antropomórfico). Mas será assim mesmo? Será que não estamos atribuindo a Deus características puramente humanas? Será que não criamos uma imagem que nos é satisfatória e conveniente? É bem mais fácil implorar a um deus com sentimentos e características humanas do que a um Deus Infinito e Insondável. Não que estejamos negando as manifestações pessoais de Deus, mas essas manifestações não são a Fonte. Não é o Absoluto, o Tao. O Imensurável é exatamente isso, imensurável. Deus, o Infinito, Impensável e Atemporal existe além de todas as limitadas concepções do pensamento. Mas quantos estão dispostos a aceitar essa concepção? E por que não estão? Porque “eu” enquanto EGO me alimento dos desejos direcionados a um deus que nada mais é do que a expressão do meu próprio EGO. Um deus fabricado para preencher minhas angústias e anseios. Uma superentidade que existe para me servir e me satisfazer. Fazer-me “feliz”, de acordo com minhas limitadas e medíocres medidas. E o que realmente acontece ? Muito simples: como a natureza do EGO é de ilusões e sonhos, tudo o que ele faz é  produzir mais ilusões e sonhos. E o resultado? Dor e sofrimento. Há momentos em nossas vidas em que por mais que supliquemos, a realidade não muda. É nessa hora que “cai a ficha” e o homem se vê desamparado e sozinho, diante da realidade Imponderável e Irredutível.
Há aproximadamente 2.500 anos atrás um príncipe chamado Sidarta Gautama descobriu que não existe, no homem uma entidade separada essencial. O que há é um “EGO” cuja existência se deve as nossas ilusões e ignorância. Este homem, também conhecido por Buda, foi mal interpretado durante muito tempo. Alguns ainda consideram o budismo como sinônimo de ateísmo. Não é. Buda descobriu que o EGO é resultado de uma espécie de delírio. Uma “miragem”, um sonho com o qual o homem se identificou. Ao “despertar” para a verdadeira compreensão, o homem começa a libertar-se do EGO. Este, ao perder sua principal fonte de alimentação, vai enfraquencendo-se, perdendo a energia. Aos poucos vai definhando-se, até cessar completamente. Modernamente, Krishnamurti, ressuscitou essa mesma concepção. Suas reflexões profundas e lúcidas, definiu novamente o EGO como sendo uma entidade resultante de uma equívoco em nossa percepção. E Jesus, o Mestre dos Mestres, por que não abordou tal questão? Sim, ele a abordou várias vezes, mas fôra mal interpretado. Sua verdadeira mensagem fôra alterada ao longo de milênios de traduções e copilações. Algumas coisas simplesmente se perderam. Outras foram achadas recentemente. Além disso, muitos dos que o ouviram, não o entenderam. Por isso, escreveram aquilo que conseguiram captar dentro de suas limitadas capacidades.
Mesmo assim, ainda é possível entrever a essência de seus ensinamentos acerca da oração. Estas concepções, nos remetem ao budismo e à moderna visão “krishnamurtiana” sobre natureza desta relação. Na introdução desse artigo apresentamos uma passagem da Bíblia, que muita gente, esquece no seu dia-a-dia- mesmo os “religiosos”. Ao admoestar-nos contra a hipocrisia dos escribas e fariseus, Cristo nos convida a uma oração “diferente”. Uma oração que deve ser realizada “no interior do seu quarto”. Expressão que pode ser entendida literalmente, ou como uma metáfora. É no secreto, no silêncio e na solidão que a verdadeira comunicação com o Pai se realiza . E ele diz: “o pai que vê em secreto, já sabe de tuas necessidades, antes mesmo que lho peçais”. Por isso, a inutilidade das súplicas e vãs repetições. Na meditação, não há comunicação verbal, pois é um momento em que a entidade (EGO) cessa, desaparece por completo. Restando apenas o “Indizível”, o “Atemporal”. Como diria Krihsnamurti: deixa de existir a dualidade “observador” e “coisa observada”. Nesse momento, morremos para nós mesmos e renascemos a nossa Luz Interior, Eterna e Atemporal.
Logo depois dessa passagem, em Mateus 6:9-14, Jesus “ensina-nos a orar”. Se analisarmos bem, é muito mais uma “postura”, do que uma oração pra ser repetida e recitada, senão, vejamos:
“ Pai nosso que estás no céu”- a noção de Deus como Pai, é reflexo da tradição e cultura judaicas. Ela não é, obviamante, “errada”, mas não é “completa”. Em outras culturas e tradições como a Hindu,por exemplo, Deus é Pai e Mãe, e também transcendental a todo gênero e dualidade. No Taoísmo Deus é o Tao, o Insondável, o Inconcebível. Deus está no “céu”. Não o céu físico, ou até mesmo um “plano”. O “céu” é Ele em si mesmo. Em suas Eterna Essência Transcendente e Bem-Aventurada.
“Santificado seja o teu nome”- Ora, qual é o nome de Deus? Todos os nomes são eles, incluindo o “sem-nome”. Pois ele é Absoluto. Não existe nada fora, acima, abaixo, ou além Dele. Ele é a manifestação de todos os nomes e formas. Nessa hora, Jesus Glorifica o Pai e todas as suas manifestações. Sejam elas visíveis , como, por exemplo , o Universo. Sejam invisíveis, como as forças e planos invisíveis do Universo. Sejam impessoais, como a visão do Tao Infinito. Sejam pessoais como, por exemplo, seus enviados e representantes legítimos como os  profetas , sábios, iluminados e Avatares
 “Venha o teu reino”- Que sua luz se faça dentro de nós. Que possamos encontrar o teu reino dentro de nós e que ele se espalhe sobre a Terra e promova o bem, a justiça e a bondade. Mas como poderá vir o reino enquanto estivermos “embriagados” pelas ilusões do EGO? Impossível. O reino de Deus só se realiza na ausência total do sentimento de separatividade, que é o EGO, fonte de ilusões, rancor, ódios e conflitos. Onde houver EGO, seja em qual mundo for, seja em que plano for, haverá  misérias e dores. Por isso iludem-se aqueles que pensam que chegarão ao paraiso, seja na terra ou no além, sem terem se “despido” de suas vestes. As “vestes” são as coisas do mundo, a sociedade, a nossa herança humana milenar, nossos condicionamentos. Temos primeiro que encontrar o paraíso dentro de nós, do contrário nunca realizar-se-á fora de nós.
“Faça-se a tua vontade”- Aqui diz tudo. Então porque teimamos em querer que Deus faça a nossa vontade, se ele diz claramente “faça-se a tua vontade”? Não entendo. Podemos pedir? Podemos, mas não podemos impôr. Quando assim o fazemos, cedo ou tarde, sofremos. Por não termos confiado na vontade soberana e infinitamente sábia daquele que rege os destinos do Universo .
“Assim na terra como no céu”- Ora, sua vontade é soberana e indiscutível em todos os recantos do Universo, tanto no plano visível, quanto nos invisíveis. Sri Yuktéswar nos fala de quatro planos a saber: material, astral, causal e um outro que  ele chamou de “Eterno”. Ora, porque Jesus nos conclama à resignação à vontade divina? Se Ela é soberana e absoluta ela sempre se realizará independente de minha vontade, não? Mas, não é bem assim. Tanto no Bhagavad-Gita, quanto no Autobiografia, e na própria Bíblia, compreendemos que “somos deuses”, e portanto co-criadores do Universo. Significa que nossos desejos tem poder de se realizar? Sim, tem. Mas a realização dos desejos enquanto estamos sob domínio das ilusões do EGO, só podem gerar mais ilusões e sofrimentos. O motor do EGO é o prazer e o desejo. É como um meninho birrento que nunca está satisfeito . Pede um carro, ganha , entedia-se. Pede outro mais moderno, ganha e “entedia-se”. Pede uma bicicleta, um avião… nunca está satisfeito. Assim somos nós em relação a  Deus. Pedimos tudo a Ele. Queremos coisas que nos dão prazer. Dinheiro, poder, riqueza. Tudo para produzirmos mais prazer e riqueza. Queremos dominar as pessoas e o universo. Queremos saúde, juventude eterna,  e a vida eterna. Queremos tudo. Menos sabedoria, paz de espírito, autoconhecimento, riqueza interior. Por isso que cedo ou tarde caimos vítimas de nossas  próprias expectativas, erros e ilusões. Ai vêm as neuroses, os suicídios, as depressões, as loucuras, as doenças.
“O pão nosso de cada dia dai-nos hoje”- O “pão”  pode ser de dois tipos: material , para manter o vigor do corpo. E a espiritual para manter acesa a chama da sabedoria interior- verdadeiro alimento do espírito. Aí entram : a meditação,  a oração, a reflexão, a percepção, o silêncio, o escutar, o aprender, etc.
“ Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores”- Muita gente repete isso diariamente, mas não vive. Faz-se de surdo. O EGO nunca perdoa. Mesmo quando diz perdoar, isso é uma ação pensada, calculada, centrada em seus próprios interesses. O EGO só perdoa visando alguma vantagem. Ele perdoa pra também ser perdoado. Ou seja, é uma ação astuta. Um homem que libertou-se do EGO não precisa perdoar. Pois sem EGO não há mágoas e onde não há mágoas, não há necessidade do perdão. Este é o verdadeiro perdão. O verdadeiro perdão não analisa, não tem “motivo”, como diria Krishnamurti. Onde há motivo, há EGO e onde há EGO, há ilusão e hipocrisia.
“ E não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal”- Ora, a tentação paira sobre homem, dentro e fora dele. Por isso a importância do “vigia-i”. Mas essa “tentação” nada tem a ver com as concepções morais da sociedade. A tentação do homem está dentro dele. É o EGO separativista e egoísta. A falsa moralidade é exatamente isso: mentirosa e enganadora. E onde está o mal? O EGO é o mal, Maya é o mal. Ao pedirmos para “livrar-nos do mal” significa que queremos ficar livres de todas as ilusões. Significa que queremos viver de acordo com a Verdade. Não a “verdade” ditada pelos  livros e tradições, mas a verdade daquilo “Que é”. A verdade sobre nossas ilusões, nossas confusões, nossos medos, desejos e motivos ocultos.  A verdade sobre nossa hipocrisia e de toda a falsa estrutura sobre a qual a sociedade está fundamentada. A verdade sobre tudo de errado que a sociedade nos ensinou. É a falsidade de conceitos como repressão, esforço, conflito e tempo como necessários ao florescimento da bondade e do amor . É o percebimento  de tudo que nos impede de sermos livres, e de vivermos plenamente nossas potencialidades. 
Existe uma Verdade, que nunca se separou de nós pois que nunca esteve distante. Podemos encontrá-la, percebê-la, vivê-la no nosso dia-a-dia. A meditação nos coloca em sintonia com ela, tanto internamente quanto externamente. Ao encontrá-la, ao sentí-la e vivenciá-la, o homem nada mais pedirá nem suplicará, pois encontrará a plenitude dentro de si. Mas, o mais magnífico disso tudo é que, quando entramos em sintonia com esta Realidade, e quanto mais nos “alinhamos” com Ela, o Universo alinha-se conosco. Então tudo o que pedimos ao pai em oração ( meditação) assim se fará. Todavia, não precisaremos nem mesmo de verbalizações, mas apenas de SILÊNCIO e QUIETUDE -as formas de comunicação mais poderosas e eficazes  com o Infinito. Assim, mesmo antes de manifestarmos nossos desejos, o Universo já estará movendo-se para realizá-los. Em meditação profunda, todas as coisas “já são”. E ficaremos maravilhados, como o Universo responde rápido a tudo o que precisamos e desejamos em nosso íntimo- mesmo que sejam inconscientes e imanifestos. A Meditação é o verdadeiro “orai e vigiai” pregado pelo grande Mestre Jesus. Não tem nada ver com regras de moral, instituidas pelas sociedades e culturas.  A Meditação nos coloca em sintonia com o Imensurável, o Indizível , o Impensável, o Atemporal… com a “Vontade do Pai”.
Para concluir, quero dizer que não espero que ninguém aceite nada do que digo. Pelo contrário, espero que duvides e reflitas sempre. Mas estejas aberto à investigação e ao descobrimento . Lembre-se sempre da importância do refletir e do compreender. A Verdade pode ser experimentada e percebida através da meditação ( RECOMPE). Busque seu próprio caminho, dissipe suas dúvidas e tire suas próprias conclusões.
Muito Obrigado!
Alsibar ( inspirado)


domingo, 18 de dezembro de 2011

ONDE ESTÁ A PAZ? Uma viagem ao desconhecido de si! Where's the peace? A Journey Through the Unknow of Himself!


Muitos falam de paz, mas nem todos sabem  onde ela está. E se a paz está dentro de nós por que é tão difícil encontrá-la? Nesse texto, fortemente influenciado pela visão de Krishnamurti, vamos fazer uma viagem em busca da paz. Você é nosso convidado nessa aventura.  Mas precisa ter coragem e disposição para prosseguir até o fim, está preparado?Então vamos lá!
htt;//alsibar.blogspot.com: a paz , onde ela está?
       Se pergunto a alguém onde está a paz, a primeira reação da pessoa é dizer: a paz está dentro de nós. Mas, será mesmo?  E por que não a encontramos? Se a paz está dentro, por que só encontro conflito, ódio, rancor, mágoas, tristeza e confusão? Um lixão de resíduos experienciais, pulsões e tensões em constante guerra e conflito. É fácil falar. Difícil é vivê-la. A paz não se encontra na idealização, nos sonhos, nas ilusões, nos esforços. Simplesmente não conhecemos seu endereço. Muito embora, muitos repitam o contrário.

          Os pseudo-advaitas (monistas) de plantão dirão que a realidade deste mundo é uma ilusão. Esse nível de percepção só é alcançado por iogues avançados em profundo êxtase espiritual. Repetir isso apenas intelectualmente nada mais é do que fuga. A verdade é que no nosso nível de consciência não podemos negar a realidade do mundo. Temos que compreendê-lo, vê-lo sem as distorções da mente. Destarte, não podemos negar a dor, a angústia e o sofrimento. Pelo contrário, temos que compreender seu mecanismo. Só assim a libertação será possível.  Precisamos entender que nunca vislumbraremos o céu negando as nuvens . Nunca veremos o dia negando a noite. Nem nunca veremos o sol, negando a escuridão. Finalmente, nunca encontraremos a paz através da negação do complexo mecanismo do conflito.
Filosofia Avestruz: nada disso existe, é tudo ilusão!

    Temos que ver  a VERDADE! E ver a verdade é ver o que realmente é- como é. Seja o que for. Conflito, confusão, angústia, fuga etc. Não conseguiremos acabar com a violência , corrupção, exploração etc negando a existência dos mesmos. Ilusão é negar o fato. Não podemos fechar os olhos à realidade. Ela grita e se impõe por si mesma. Só os tolos agem como avestruzes. E esta é a realidade: no nosso atual estágio de consciência, são raros os que realmente conhecem a paz. Para o ego-mente, a paz não passa de uma ideação, algo distante e  inalcançável.
Não corra atrás da Paz!
    Mas a paz pode estar perto e longe ao mesmo tempo. Ela não se revela aos tolos metidos a espertos. Ela é sutil e fugaz. Tampouco podemos prendê-la, comprá-la ou alcançá-la por nenhum meio ou artifício. Como o cachorro que tenta alcançar o próprio rabo. Como uma sombra que nos foge à medida que nos movimentamos - assim é a paz.  Ela só se revela aos simples e puros de coração. Àqueles que são sinceros e honestos em sua busca. Àqueles que estão abertos ao Desconhecido. Àqueles que prosperam até o fim. Às vezes chega de uma forma delicada como a neblina, ou forte como uma onda. Mas a nós não compete seu controle . Por isso que quem a busca no campo do "conhecido”, não a encontra. E é, por isso, que as “raposas em pele de cordeiro” nunca a encontrarão. Venderão gato por lebre. Bijuteria barata por ouro. Mas nunca a paz verdadeira, pois esta  nenhum pensamento pode contê-la. Tem vida própria e é tão rara quanto as pedras preciosas, resultado dos processos misteriosos da natureza e da eternidade do tempo . 
As raposas em pele de cordeiro não controlam a paz 

  Mas, será mesmo que queremos a paz? Mas, que tipo de paz buscamos? A paz fabricada, forjada para nossa própria satisfação e prazer? Será que isso é paz? Ou a verdadeira PAZ, não tem nenhuma relação com o nosso caos interno? Existe a paz é resultado de uma busca, de um desejo que te empurra para o amanhã?Ou ela só pode existir na eternidade do agora? A paz futura é proteladora e , por isso mesmo, mentirosa . E assim também o é a paz gestada como fruto do meu desejo. E isso significa dizer que, talvez, a paz não seja nada parecido com aquilo que conheço.   Será que existe paz no pensamento? O pensamento é capaz de vivenciar , tocar e sentir a paz? Ou esta só surge na ausência daquele? O pensamento não é o próprio usurpador do reino da paz? Como pode, ele próprio ser o promotor da paz? Não pode.  O pensamento, que é desordem e caos, não pode  nem mesmo "tocar nas vestes" deste estado sagrado e incorruptível.
Não há paz onde há conflito!

    O que somos sem paz? Um caniço agitado pelo vento? Uma folha à mercê das agitações do tempo ? Um pedaço de pau agitado por um rio caudaloso? É possível viver e ser feliz sem a paz ? Mas o que é essa paz? Não seria a ausência de conflito? A palavra “ausência”, talvez, seja um bom substituto para o termo "paz". Mas ausência de que? Ausência de mim mesmo enquanto entidade separada. Posso existir sem a separação do EGO? Ora, só quando não há mais o EGO é que pode haver paz . EGO é sinônimo de conflito, guerra, barulho. É somente quando estou ausente de mim mesmo, que  pode surgir a verdadeira paz.
Uma paz morta não é paz!

            Mas uma paz morta, vazia, embotada, não é paz. Um grande sábio da Era Moderna disse certa vez: “é no vazio do copo que se encontra sua utilidade ”. Sem o vazio, nada teria utilidade. Tudo precisa de vazio. Sem o vazio nada funciona nesse mundo. É pelos espaços vazios que as coisas fluem. Seja o que for. Um rio, só é rio porque a água tem espaço livre para correr. Sem isso, não seria um rio. Até mesmo os mares e oceanos são buracos gigantescos onde as águas repousam. Uma casa, só é uma casa porque existem espaços entre as paredes onde podemos nos instalar. Até mesmo o corpo humano precisa de espaços vazios desobstruídos para que o sangue e o ar possa fluir. Se uma via qualquer for obstruída, seja qual  for, causará sérios problemas à saúde, podendo levar à morte. 
  Na nossa mente ocorre a mesma coisa. Enquanto ela estiver ocupada, pesada, sobrecarregada do passado, dos pensamentos, das mágoas, dores, lembranças,  tristezas e desejos não poderá haver renovação. E sem a renovação nada flui. E se nada flui, fica obstruído, estratifica-se, petrifica-se… eis aí a formação do EGO-MORTE. Existe algo mais morto do que uma pedra? Nela nada vive, nada brota.  Não é nem mesmo como o solo que tem espaço em si para comportar nutrientes, água e elementos orgânicos.  A pedra não tem espaço suficiente entre suas moléculas. Assim também nos tornamos, quando não há espaço em nossas mentes e corações. A pedra, exatamente por ser dura, sofre grandes impactos em sua estrutura. Quanto mais duro o EGO, mais ele sofre o impacto dos embates com a realidade . 
A paz é insondável.

          A paz surge quando não mais resistimos ao movimento da vida, pelo contrário, dele nos tornamos conscientes. Uma simples testemunha das cenas em movimento, do qual o próprio observador é parte integrante daquilo que observa.  Nisso se encontra aquela paz que não tem nome. Tampouco é um conceito ou algo intelectualmente sondável. Se queremos sondá-la, explorá-la, conhecê-la- ela nos escapa. É no insondável desconhecido reino da Meditação que podemos finalmente tocá-la, ou seria melhor dizer... Despertá-la?
Namastê!
Alsibar ( inspirado nos mestres da Paz)

sábado, 10 de dezembro de 2011

10 DOENÇAS ESPIRITUAIS TRANSMISSÍVEIS




(Nota do Alsibar: O texto a seguir não é meu. Encontrei-o por indicação de um Internauta. Grato ao Internauta, a Atena ( dona do Blog) e à autora deste magnifíco trabalho de alerta e conscientização. Muito grato a todos. Namastê!)

O texto a seguir é de autoria de Mariana Caplan, PhD, psicoterapeuta especializada em questões espirituais e somáticas, professora de yoga e psicóloga transpessoal, pesquisadora com mais de duas décadas em tradições místicas tanto ocidentais quanto orientais.. É autora de sete livros e numerosos artigos sobre espiritualidade ocidental.

Publico-o hoje aqui como mais um alerta para haver discernimento e lucidez àqueles que estão empenhados em sua busca espiritual.
As seguintes 10 categorias não pretendem ser definitivas, mas são oferecidas como uma ferramenta para tomar-se consciência das mais comuns doenças espirituais transmissíveis.

1. A Espiritualidade Fast-Food: Misture a espiritualidade com uma cultura que celebra a velocidade, a multitarefa e a gratificação instantânea e o resultado é provável que seja a espiritualidade fast-food. A espiritualidade fast-food é um produto da fantasia comum e compreensível de que o alívio do sofrimento da nossa condição humana pode ser rápida e fácil. Uma coisa porém é certa: a transformação espiritual não pode ser obtida em uma solução rápida.

2. Falsa Espiritualidade: a espiritualidade do falso é a tendência de falar, vestir e agir como se imagina que uma pessoa espiritual seja. É uma espécie de imitação da espiritualidade que imita a realização espiritual à maneira do tecido estampado de pele de onça que imita a pele genuína de uma onça. (Aqui nós encontramos aquelas pessoas que estão sempre sorrindo e sendo boazinhas, que não dizem palavrões e que jamais se irritam ou perdem a calma. Pelo menos, aparentemente)

3. Motivações Confusas: Embora o nosso desejo de crescer seja genuíno e puro, muitas vezes ele se confunde com motivações menores, incluindo o desejo de ser amado, o desejo de pertencer, a necessidade de preencher nosso vazio interior. A crença de que o caminho espiritual removerá o nosso sofrimento e ambição espiritual, o desejo de ser especial, de ser melhor do que, de ser "o único".

4. Identificando-se com Experiências Espirituais: Nesta doença, o ego se identifica com a nossa experiência espiritual e a toma como sua própria, e nós começamos a acreditar que estamos incorporando insights e idéias que surgiram dentro de nós em determinado momento. Na maioria dos casos, isso não dura indefinidamente, embora tenda a perdurar por longos períodos de tempo para aqueles que se julgam iluminados e/ou que trabalham como professores espirituais.

5. O Ego Espiritualizado: Essa doença ocorre quando a própria estrutura da personalidade egóica se torna profundamente integrada com conceitos espirituais e ideias. O resultado é uma estrutura egóica, que é "à prova de bala." Quando o ego se torna espiritualizado somos invulneráveis a ajudar, a novas informações ou a feedbacks construtivos. Nos tornamos seres humanos impenetráveis, travados em nosso crescimento espiritual, tudo em nome da espiritualidade.

6. Produção em Massa de Professores Espirituais: Há uma série de tradições espirituais em moda atualmente que produzem pessoas que acreditam estar em um nível de iluminação espiritual ou maestria muito além de seu nível real. Esta doença funciona como uma correia transportadora espiritual: coloca um brilho, leva àquele insight, e - bam! - você está iluminado e pronto para iluminar os outros de maneira similar. O problema não é aquilo que tais professores ensinam, mas representarem a si próprios como tendo realizado a maestria espiritual.

7. Orgulho Espiritual: O orgulho espiritual surge quando o profissional, através de anos de esforço trabalhado efetivamente, alcançou certo nível de sabedoria e usa esse conhecimento para recusar novas experiências. Um sentimento de "superioridade espiritual" é outro sintoma desta doença transmitida espiritualmente. Ela se manifesta como uma sensação sutil de: "eu sou melhor, mais sábio e acima dos outros porque sou espiritual".

8. Mente de Grupo: Também conhecido como o pensamento grupal, mentalidade de culto ou doença ashram. A mente de grupo é um vírus insidioso que contém muitos elementos tradicionais da co-dependência. Um grupo espiritual faz acordos sutis e inconscientes sobre as formas corretas de pensar, falar, vestir e agir. Indivíduos e grupos infectados com o "espírito de grupo" rejeitam indivíduos, atitudes e circunstâncias que não estão em conformidade com as regras, muitas vezes não escritas, do grupo.

9. O Complexo de Povo Escolhido: O complexo de pessoas escolhidas não se limita aos judeus. É a crença de que: "o nosso grupo é mais poderoso, iluminado, evoluído espiritualmente e melhor do que qualquer outro grupo". Há uma distinção importante sobre o reconhecimento de que alguém encontrou o caminho certo ou o professor ou a comunidade certa para si e, o tendo encontrado, aquele é O Único.

10. O Vírus Mortal: "Eu Cheguei": Esta doença é tão potente que tem a capacidade de ser terminal e mortal para a nossa evolução espiritual. Esta é a crença do "Eu cheguei" na meta final do caminho espiritual. Nosso progresso espiritual termina no ponto em que essa crença se cristalizou em nossa psique. No momento em que começamos a acreditar que chegamos ao fim do caminho, um maior crescimento cessa.

"A essência do amor é a percepção", de acordo com os ensinamentos de Marc Gafni, "Portanto, a essência do amor próprio é a auto-percepção Você só pode se apaixonar por alguém que você pode ver claramente – incluindo a si mesmo. Amar é ter olhos para ver. É só quando você se vê claramente que pode começar a se amar ".

É no espírito dos ensinamentos de Marc que eu acredito que uma parte crítica do discernimento da aprendizagem no caminho espiritual é a descoberta da doença generalizada do ego e do auto-engano que está em todos nós. Ou seja, é quando precisamos de senso de humor e do apoio de amigos espirituais reais. À medida que enfrentamos nossos obstáculos para o crescimento espiritual, há momentos em que é fácil cair em um sentimento de desespero e auto-diminuição e perder nossa confiança no caminho. Precisamos manter a fé em nós mesmos e nos outros a fim de realmente fazer a diferença neste mundo.

Mariana Caplan, Ph.D.

Autora de “Eyes Wide Open” (Olhos Bem Abertos): Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ISOLAMENTO E DISTANCIAMENTO ? HORA DE REPENSAR SUA ESPIRITUALIDADE! Feeling isolated and distant? Time to rethink your spirituality!

Alsibar: Nova Espiritualidade

A sensação de embotamento e distanciamento é um sinal positivo ou negativo? Será que espiritualidade tem algo a ver com isolamento das “coisas do mundo”, família e amigos? O que é mais positivo: sentir-se “especial” ou sentir-se comum?Como a meditação e o autoconhecimento poderá ajudá-lo no encontro consigo mesmo? Vamos refletir juntos?

             Na verdadeira percepção não há dualidade de espécie alguma. Se não há dualidade, não há a ideia, normalmente aceita, de que isso é “espiritual” e isso é “mundano”. Se não há esta dicotomia, então por que alguém sentiria um “distanciamento” do mundo, do trabalho, dos amigos e da família? Se há uma sensação de isolamento e afastamento da vida então estás , provavelmente, vivendo uma idéia, uma ilusão- menos a espiritualidade. Pois esta não é uma idéia, um conceito, ou mesmo um “sentimento”. A meditação não o faz sentir-se isolado ou fechado para o mundo . Espiritualidade não o adormece, não o “acalma” como as drogas fazem. Não o “embota” , não o insensibiliza .

               Na visão antiga e tradicional, ser “ iluminado” era tornar-se um sujeito calmo, sereno e inabalável. Algo distante, frio, morto, como uma estátua. Um vazio , tão vazio, que nada poderia atingir ou perturbar aquele estado. Nada. Mas será que é assim mesmo? Com Krishnamurti surgiu uma outra concepção sobre “ Ser desperto”. Ser desperto é ser o que “se é”. É sentir o que se sente, na hora em que se sente: raiva, amor, tensão, nervosismo, impaciência, alegria... exatamente como uma criança : livre pra sentir qualquer coisa. Seja o que for. Sem a mente julgadora, sem o observador e o censor, tudo passa a ser o “que é”. Então vem a liberdade e a espontaneidade. 

              Na vida de grandes iluminados modernos há registros de atitudes e sentimentos que não parecem combinar com a visão tradicional dominante sobre iluminação. Exemplos não faltam. Krishnamurti teve um sério ataque de raiva quando rompeu com Raja Gopal- seu ex-secretário particular, que monopolizava e controlava os negócios das Fundações.  Sri. Yuktéswar ficou muito abalado emocionalmente quando seu querido e amado discípulo – Yogananda- viajou para a América. O próprio Jesus era tão comum: sorria, bebia, comia, se enraivecia, chorava, andava em festas. De forma que quase ninguém o reconheceu- nem mesmo sua família. Ele era “comum demais” para ser um profeta ou o Messias. Talvez, por isso, atraíra a ira de tantos poderosos. Os grandes e verdadeiros mestres Zens sempre ensinaram que na vida comum é que se encontra a verdadeira sabedoria. Comer, beber, dormir, lavar os pratos, etc. são tidos como altos ideais Zen. Querer ser especial ou sentir-se especial é muito fácil. Difícil é ser comum. A imagem do homem espiritual como sendo um ser distante do mundo, como se estivesse alheio ao mesmo é falsa e ilusória. Uma visão mítica e idealizada. Isolar-se ou distanciar-se da família, dos amigos e da rotina pode parecer algo espiritual, louvável- mas não é.

              Ser espiritual é “viver no mundo, sem ser dele”. Ser espiritual é viver plenamente as relações -sem ideações, sem viagens do EGO, sem ilusões. É simplesmente estar no aquiagora, na percepção verdadeira, sem observador e coisa observada. Nesse estado só existe a percepção. Assim, quando não há a dualidade “observador” e “coisa observada” ainda haverá espaços para o distanciamento, isolamento, embotamento ou coisa parecida? Se te sentes confuso, é melhor parar e refletir um pouco. Uma mente confusa não tem lucidez, claridade, nem sabedoria. Liberta-te de toda confusão primeiro. Encontra tua luz , compreensão e sabedoria interna. Só então poderás “prosseguir” ou seria melhor dizer: “parar”? Ora, somente quando “paramos” é que surge o verdadeiro movimento, não? Não foi isso que Jesus nos ensinou no Quinto Evangelho? Não é esta a essência dos ensinamentos de Buda, Lao Tsé, Babaji, dos Patriarcas ZEN e por último de Krishnamurti?
A verdadeira espiritualidade  não está em tornar-se insensível como uma pedra. Mas sensível, vivo, alegre e espontâneo como as crianças. Se não estás aberto ao outro, aberto às sensações,  às impressões, sensível às coisas ao teu redor- pessoas, família, situações, natureza, sons, sentimentos, reações etc estás provavelmente entrando num processo de embotamento. Com Krishnamurti aprendemos que a sensibilidade, a energia e a lucidez são essenciais à mente que quer descobrir a  Verdade. Fechar-se em uma sensação de paz, cria uma barreira psicológica que o impede de sentir o outro, o mundo, as coisas. Isso é criar uma redoma, um campo de força que o manterá distante da perturbação e dos problemas . Mas até quando? E quando vierem os choques e as crises, para onde fugirás? Viverás eternamente protegendo-te neste paraíso mítico  que criaste dentro de ti?
A solução não está na fuga, mas na compreensão.  Apenas ela poderá  fortalecê-lo , capacitando-o a lidar  com os grandes desafios que se apresentam. Tanto internos , quanto externos . Por isso, não podemos insensibilizar a mente. Uma mente insensível e fechada é morta e egoísta- pois é autoprotetora. Ela teme  perder sua “paz” ilúsória e artificialmente fabricada.  Ora, com as perdas vem o sofrimento. E o que a mente menos quer é sofrer. Esse tipo de paz é como a “casa na areia”- citada por Jesus. Ela não tem sustentação. Não tem forças para suportar os fortes ventos das crises e dos problemas. A meditação e o autoconhecimento são os alicerces da “casa sobre a rocha”. A verdadeira meditação não nos distancia de nada. Não nos fecha para nada. Pelo contrário. Nos abre para tudo, pois para nos autoconhecermos precisamos estar abertos e sensíveis. Do contrário, não desenvolveremos a sabedoria e a maturidade tão necessárias ao verdadeiro despertar.
      Fica aí a dica: cuidado com o embotamento, o distanciamento e o isolamento. Se existem essas sensações, então  há, provavelmente, algo de errado em sua percepção. Urge, refletir e investigar!
Muito obrigado!
(Alsibar- inspirado)
msn: alsibar1@hotmail.com

sábado, 3 de dezembro de 2011

7 DIFERENÇAS ENTRE KRISHNAMURTI E OS “ AUTO-GURUS” !


O que diferencia  Jiddu Krishnamurti dos“auto-ploclamados gurus”  ? Será que muita gente não está confundindo-o com aqueles que se auto intitulam mestres por conta própria? O que torna K. um mestre ímpar na história da espiritualidade humana?  Vamos  investigar juntos?
Devido à predominância dos auto-proclamados gurus na mídia - os "auto-gurus"- está havendo uma poluição de filosofias espirituais e pseudo-sabedorias tão parecidas que o buscador confuso e imaturo corre o risco de achar que é tudo igual. Em meio a esta profusão caótica de filosofia descartável, sobressai-se uma voz: a de Jiddu Krishnamurti. Ele não era um “auto-guru” pois não se proclamava mestre de ninguém. Nos parágrafos seguintes, eu aponto algumas características que demonstram as diferenças básicas entre os auto-gurus e o anti-guru Jiddu Krishnamurti:

 1. UMA HISTÓRIA INIGUALÁVEL

A primeira coisa que difere Krishnamurti dos auto-proclamados é sua própria história. Desde seu contato com os teosofistas, JK fora educado para acreditar que seria o veículo de uma consciência superior, do mesmo nível das que se manifestaram em  Buda ou Cristo, também conhecido como Maytreia. Diziam-lhe que para isso teria nascido e para isto seria preparado. Criaram então a "Ordem da Estrela do Oriente"  composta por membros da alta sociedade europeia, fundada exclusivamente para apoiar sua missão na terra. Era uma poderosa organização com  propriedades, castelos e núcleos em vários países. Seus milhares de membros estavam  dispostos a dar a vida pelo novo "messias". Foi talvez o mais importante movimento messiânico
europeu dos últimos tempos . Mas as coisas não saíram como haviam planejado. À medida que o tempo passava, aquele indiano tímido mostrava-se cada vez mais incomodado e averso aquilo tudo. Até que num belo e solene dia, ele quebrou todas expectativas e decepcionou  todos aqueles que tentavam torná-lo um novo culto, uma nova gaiola ou muleta. Krishnamurti fizera um discurso enérgico e contundente, rejeitando o título de messias e desfazendo a organização criada em torno dele. Ao desfazer a ordem, tinha um destino incerto. Muitos perguntaram: o que você vai fazer agora? Ele respondia: "se apenas uma pessoa estiver disposta a ouvir a verdade- terá valido a pena."
 2. RENÚNCIA À FAMA, AO DINHEIRO E AO PODER

Ao contrário dos auto-proclamaodos, Krishnamurti renunciou à fama, ao dinheiro e ao poder que a organização lhe conferia. Esta atitude, foi comparável a dos grandes mestres da humanidade. Ao abdicar do título de mestre ou salvador, K. provou não ser apenas mais um dentre os outros. Aquilo que os gurus midiáticos modernos tanto procuram e desejam, K. rejeitou por livre escolha e opção. Enquanto alguns insistem em se colocar como gurus, K. lutou contra  toda autoridade espiritual, seja de mestres, organizações, livros- inclusive- dele mesmo. É de se estranhar que - ainda
hoje - muitos insistem em nivelá-lo aos autoproclamados.  Se há semelhanças nos ensinamentos é por que muitos gurus o plagiaram.   Se os “auto-gurus” são  um veneno espiritual Krishnamurti é o seu antídoto.  Por isso que é importante frisar as diferenças entre Krishnamurti e aqueles que exploram espiritualmente os outros. Colocar Krishnamurti no mesmo patamar dos auto-gurus me parece incoerente, insensato e ingênuo.  É como comparar a miragem de um oásis com um oásis verdadeiro. Um sonho com uma experiência real. Uma realidade virtual com a realidade concreta. Inri Cristo com Jesus Cristo. Sal com açúcar . Em, suma não é possível compará-los, e muito menos nivelá-los.
 3. ORIGEM DOS ENSINAMENTOS
                    Enquanto os ensinamentos dos auto-gurus são provenientes de leituras de livros, palestras, vídeos e ensinamentos de outros mestres- alguns bastante conhecidos- a sabedoria de Krishnamurti era inata. A maioria dos auto-gurus  reciclam os ensinamentos dos outros e passam a ensiná-las como se fossem suas . Alguns vivem mergulhados em leituras de livros - mas condenam a leitura para os seus pupilos.  K. dizia que nunca lera livros de filosofia, nem os livros sagrados. Mais tarde, já na maturidade, passou a gostar de ler o evangelho e livros de detetive - este último para se entreter e o primeiro para aprimorar a linguagem. O fato é que pouquíssimos falaram como ele. E muitos dos gurus que aí estão citam-no ou usam suas palavras porque lhes é conveniente .

4. NÃO QUERO SEGUIDORES!
Um dos pontos que mais diferem Krishnamurti dos auto-gurus é que enquanto K. não queria seguidores, os gurus os adoram. Estão sempre à caça destes para fortalecer sua rede de sustentação. Estão sempre tentando fazer uma organização, um movimento, um templo ou algo no qual  possam ser adorados e bajulados como deuses. K. teve tudo isso sem  fazer nenhum esforço. Mas abdicou de tudo em prol da Verdade. E a Verdade é que todos devem ser livres. Absolutamente livres. E não há liberdade no seguir. A liberdade começa rejeitando toda autoridade seja ela de quem for- principalmente dos gurus.

 5. DISCURSO SEM ENFEITES

              K. não confortava, nem acalentava ninguém. Ele dizia: “conhece-te a ti mesmo”. Ele não o incentivava a repetir coisas como "EU SOU isso ou aquilo"-pois isso fortalece o sentido de auto importância do ego.  Ao contrário, ele leva o sujeito a perceber quem ele é de verdade, não o que ele imagina, sonha ou deseja ser. Por isso ele diz:  "veja quem você é. Perceba seus conflitos,  desejos e medos. Descubra o que está na base de suas ações, o que motiva suas atitudes". Seu foco era sempre no sentido de fazer cada
um perceber sua própria verdade sem ilusões. É importante esclarecer este ponto: quando o EGO repete mentalmente o “EU SOU”  surge  a prepotência, o sentido de poder e a ilusão do controle. Se o ego já se considera o "EU SOU", para que se libertar? Daí por diante a desordem, a prepotência e a ilusão se instalam no espírito do sujeito, gerando o conflito e a dor. K. não floria ou enfeitava seu discurso para impressionar. Ele era o que era. Falava o que era  importante e verdadeiro, sem nenhuma  outra intenção além da propagação da Verdade.Talvez, por isso, muitos o rejeitaram e o rejeitam até hoje.

6. ÊNFASE NA AUTONOMIA E NA INDEPENDÊNCIA

Um dos pontos centrais dos ensinamentos de K é a insistência na importância da liberdade, autonomia, reflexão, investigação para que a pessoa possa descobrir a verdade por si mesma. Demonstrou e provou que não é necessário se submeter a ninguém para alcançar o Eterno. Isso contrariou uma importante tradição da cultura hindu, a do “parampará" - a sucessão  “autorizada” dos gurus. K. reviveu, nos tempos modernos o espírito rebelde, autônomo e livre de Buda e Jesus. Não a rebeldia irresponsável e inconsequente. Mas a rebeldia de todos aqueles que tiveram a coragem de desafiar o stablishment.  Assim como Jesus e Buda , Krishnamurti abalou as crenças dominantes, denunciou a falsidade e a hipocrisia dos "doutores da lei" e desafiou aqueles que se autoproclamam detentores da Verdade.

7. ENTRE O CHOQUE E A CANÇÃO DE NINAR
Krishnamurti não é apenas "mais um" em meio ao “gurujísmo” que reina na sociedade atual. Ele é a negação  total de tudo isso. Ele não veio para acalentar o sono humano- que já é profundo e pesado. Seu trabalho é difícil. É como libertar alguém das drogas. É como acordar quem está em sono profundo. É como ressuscitar quem que está morrendo. Um tratamento de choque. É disso que a humanidade precisa.   Enquanto os “auto-gurus” fazem  você dormir para tirar-lhe o dinheiro, a liberdade e a vida, Krishnamurti grita do outro lado para que você acorde e não se deixe levar pelo “canto da sereia”. Toda sua vida fora um esforço para acordá-lo , para alertá-lo contra as ilusões e os perigos ao longo do caminho . Por isso ele não pode ser confundido com os “auto-gurus”. Não compre “gato por lebre”. E nem beba veneno pensando que é suco. Não rejeite a única coisa que pode libertá-lo e acordá-lo: o autoconhecimento e a meditação que K. tão bem ensina e aponta.
Que esta mensagem sirva como alerta a todos que estão  procurando pela Luz Verdadeira e Eterna. Espero que não haja mais dúvidas acerca do diferencial de Krishnamurti em relação aos outros gurus midiáticos modernos. Enquanto os outros representam o dormir, o sonhar, o "viajar na maionese" , K. representa o acordar, o despertar. Mas se depois de tudo que foi exposto você ainda achar que estou errado. Fique à vontade. Siga o seu caminho. O livre arbítrio é seu direito inviolável. Mas se, ao contrário, você compreendeu o que foi dito, não mais se deixará engabelar pelo discurso florido e poético dos gurus. E assim, poderá começar um novo caminho. Se este caminho lhe levar  à paz, a tranquilidade, e a quietude saiba que sua libertação está próxima. Essa liberdade, não pode ser dada, ou vendida. Ela está dentro de você e o caminho para encontrá-la é através da quietude, do silêncio e da atenção. Isso é meditação. E foi isso que Krishnamurti tão bem nos ensinou.
Muita Paz, Luz e Sabedoria a todos!
Obrigado!
Alsibar ( inspirado)