Liberdade ou Verdade: o que vem primeiro? http://alsibar.blogspot.com |
Jesus diz no Evangelho de João 8-32 …“
Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. Alguns interpretam que a Verdade deve vir
antes da Liberdade. Mas, outros – como Krishnamurti- não concordam. Para ele, a
liberdade surge no começo como condição necessária à percepção da Verdade. Ao longo desse artigo,
analisaremos os dois pontos de vista e suas possíveis implicações. A questão não é discutir se JC ou JK está certo. Pode ser que ambos
estejam corretos – ou não. Ou até mesmo, falando da mesma coisa sob óticas
diferentes. E você o que acha? Leia o artigo, reflita e depois tire suas
próprias conclusões.
Primeiro
de tudo, temos que entender o que é a Verdade. Antes de K. havia a ideia
predominante de que a Verdade era um ensinamento através do qual as pessoas
poderiam encontrar a felicidade, paz,
libertação etc. Os livros sagrados seriam o registro dessa Verdade. Ao
segui-los, o homem trilharia seguramente o caminho do céu, Nirvana, Moksha
(libertação) etc. Ora, será mesmo que a
Liberdade deve ser encontradaa apenas no final do caminho? Seria o coroamento
de todo um processo que envolve esforços, luta, disciplina etc? Ou será que
Krishnamurti estava certo ao afirmar que
a liberdade está no começo- e não no final?
Durante
sua infância e juventude, Krishnamurti viveu o drama humano universal do
condicionamento social, cultural e religioso de uma forma intensa e singular.
Isso permitiu-lhe perceber claramente os males que os mesmos causam ao homem.
Excetuando-se os dois primeiros- pois são inevitáveis e necessários à
convivência social- pergunta-se: é possível ser interiormente livre de condicionamentos ? Krishnamurti
defende que sim. Mas ele foi além disso e fez da liberdade o fundamento de todo
o seu ensinamento.
Ao
dissolver a ordem da Estrela do Oriente, K. proclamou solenemente: “ Minha
missão é tornar o homem absoluta e incondicionalmente livre”. Toda sua vida
fora pautada nisso. Por isso não fundou organizações religiosas- apenas
administrativas e educacionais. E repetia frequentemente a importância do
duvidar, do não-seguir, do não aceitar . Daí sua insistência em criticar as
religiões organizadas, os livros , as tradições e os gurus. Não como males
intrínsecos. O problema real encontra-se no fato de que o homem que segue seja
o que for perde a condição sine qua non
para o encontro com a Verdade: a Liberdade.
Isso
significa ser livre de tudo e de todos no sentido interior. Não aceitar a autoridade espiritual de
ninguém. Como disse Buda, em um famoso discurso : “não acrediteis em coisa
alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores”.Não é
uma exortação ao ateísmo ou anarquismo. É mostrar que sem liberdade é
impossível à Verdade manifestar-se .
A
Verdade não é um conhecimento morto que
deva ser cultuado, reverenciado ou seguido. É um estado de percepção direta
daquilo que é bom , verdadeiro e sagrado. Daquilo que traz o bem, a paz e a
plenitude. Daquilo que torna o homem
realmente livre e feliz.
Uma mente livre para refletir, analisar,
pensar, decidir, meditar, vivenciar e
experimentar é, sem dúvida, fundamental ao descobrimento da Verdade. Não é à
toa que iluminados como Buda, Ramana Maharish e Krishnamurti não tiveram mestres. Não seguiram as
tradições. Trilharam um caminho próprio, pessoal e solitário. Tiveram a coragem de ser livres desde o
começo. Fizeram da Liberdade seu mestre e por isso encontraram a Verdade.
Quando
Jesus diz “ conhecereis a Verdade e a
Verdade vos libertará” sua proposição está correta pois somente a Verdade
liberta. A questão não é saber o que vem antes ou depois pois trata-se de um só
processo. No momento em que percebo a Verdade, esta já me liberta. E se a
percebi é porque minha mente estava livre. Do contrário não a perceberia. Mas esta
liberdade surge da percepção de que sem liberdade a Verdade não se revela.
Em
resumo, para encontrar a Verdade, preciso, antes ser livre. E se percebo a
Verdade, nessa própria percepção me liberto. E a própria percepção desta Verdade
é o começo da Liberdade.
Namastê!
Alsibar
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