segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

CARLOS PACCINI: DE GURU A MÚSICO INSTRUMENTAL



Carlos Paccini, alguém se lembra dele? Nascido no Estado de Goiás, na cidade de Natividade, ficou muito famoso entre artistas e globais  nos anos 90 e era conhecido como o “guru do abraço”. Chegou a ser matéria de capa da revista Manchete e reportagem do Fantástico. 
Na época, eu era apenas um jovem “sem dinheiro no banco”,  mesmo assim fiz sacrifícios até comprar seu livro, “O Sol- A unidade do Conhecimento”. Muito simples mas bonito , profundo e poético. Esse livro “desapareceu” lá de casa. Não me lembro se dei ou emprestei ao meu pai. 

Depois de fazer  fama por mais ou menos uma década o famoso guru sumiu da mídia e só  veio a reaparecer muito tempo depois nos Estados Unidos , agora não mais como guru mas como um respeitado músico instrumental. Ele é a prova cabal de que o iluminado pode escolher ser o que quiser e , não apenas, “guru” para viver à custa dos outros.



Abaixo links com amostras  de suas músicas instrumentais:

PARA ENTENDER “BIRD BOX”



Foram tantas pessoas  me fazendo perguntas sobre o último grande lançamento da Netflix de 2018 que resolvi  fazer um artigo dando minhas explicações sobre o filme. Já de início aviso:  impossível explicar o filme sem  spoilers (revelações) portanto, só leia-o depois de assisti-lo. Ou leia-o por sua conta e risco- está dado o aviso.

O filme “Bird Box” é um suspense apocalíptico e psicológico, dirigido por Susanne Bier e baseado no livro homônimo do escritor americano Josh Malerman. Não espere as costumeiras cenas de batalhas entre mocinhos e monstros- tão clichês em filmes de fantasia, ação e suspense. Há muita ação, sim- mas a questão da luta psicológica é predominante. Os personagens são constantemente desafiados a trabalhar suas mentes,  aprendendo a lidar com seus próprios medos , hábitos  e  também a conviver com os outros em um espaço limitado. Há muitas metáforas que dariam laudas de estudos e interpretações. Mas isso fica para outra oportunidade. O certo é que para se entender toda comprexidade e profundidade do filme  é preciso fazer algumas relações e ler nas entrelinhas- senão o filme não passará de um  trash sem pé, nem cabeça.

Ora, os grandes vilões são os extraterrestres- que nem aparecem no filme- mas submetem a humanidade a uma terrível condição que só atinge aqueles que entram em contato visual com eles. A “contaminação” se dá através da visão. Por isso, todos usam uma venda ou fecham  as janelas e portas para protegerem suas mentes e  vidas- uma vez que as criaturas não invadem as casas.  Esses monstros nunca são vistos de forma direta, ao contato visual, eles tomam a forma dos piores pesadelos da pessoa, levando-a à loucura e suicídio. Por isso que as pessoas precisam das vendas quando saem à rua ou se isolam de todo contato visual externo, caso estejam em casa. A protagonista, vivida pela talentosíssima Sandra Bullock, se vê repentinamente em meio a esse caos e se abriga em uma casa juntamente com outras pessoas. E aí começam a  viver dilemas e conflitos tendo a questão da convivência com os diferentes e da  ameaça dos monstros extraterrestres como pano de fundo.

Para entender melhor o filme , é preciso ter em mente uma das mais famosas teorias da conspiração : a dos Arcontes.  Apesar desse nome não ser mencionado no filme, há um personagem que fala sobre ela. Segundo essa teoria, os demônios de todas as religiões são, na verdade, extraterrestres. Ora, então por que esses demônios sempre foram representados de formas diferentes? Por que eles tomam a forma do maior medo das pessoas  conforme o tempo e a cultura . Mas, na verdade, seriam extraterrestres  interdimensionais que se alimentam do medo e do sofrimento humanos. Apesar de pequenas alterações na teoria original para manter o dinamismo da trama , o cerne da narrativa dos arcontes está lá:   extraterrestres  responsáveis por criar  medo e sofrimento na humanidade – pois deles se alimentariam- de acordo com a teoria . A diferença é que no filme eles conseguiram uma forma muito mais eficaz e poderosa de fazer isso : provocando o caos e o pânico nas cidades, ao tomar a forma daquilo que mais amedronta as pessoas. Como eles  conseguiram isso? O filme não deixa claro, mas dá uma pista de que seria  o começo do Apocalipse teria aberto uma espécie de portal para a ação livre desses seres.
Os Arcontes
À certa altura da narrativa, tomamos conhecimento de que algumas pessoas sofreram uma espécie de mutação  : os loucos, os psicopatas e os cegos. Eles são afetados de forma diferente: não cometem suicídio, mas passam a caçar as outras pessoas , forçando-as a abrir os olhos  para serem afetadas pelos ets e assim cometerem suicídio. Ora, por que os loucos  e psicopatas não cometem suicídio? Por que eles já vivem dominados pelo inconsciente- que é por onde os arcontes atuam.  Os Ets manipula-os, usando-os para capturar ou enganar  as pessoas que  se protegeram e ainda não foram afetadas por esse distúrbio mental. Ou seja, tanto os loucos quantos os psicopatas estão a serviço do mal representado pelos ets. E por que os cegos também não são afetados? Por que não conseguem ver a luz do sol e, portanto, não veem as criaturas. Mas estes últimos são totalmente imunes, ao contrário dos loucos e psicopatas que passam a trabalhar para “eles”- os ets.
Por fim, arrisco dizer que haverá um Bird Box 2, já que muita coisa deixou de ser resolvida ou explicada. Então,  assista  o primeiro e se prepare para grandes emoções caso haja um segundo. Sem fazer essas inferências  e sem compreender a teoria por trás dele, haverá o risco de terminar o filme com a terrível sensação do “não entendi nada”. Depois dessas explicações você poderá curtir plenamente um grande suspense psicológico, com ótimo elenco  e uma história incrível que, apesar de ficcional, pode até ter um “pé” na realidade.
              by Alsibar
              
              https://alsibar.blogspot.com/








sábado, 29 de dezembro de 2018

CHEGOU A HORA, VAMOS EMBORA!


Diante de tantas tragédias de final de ano resolvi fazer um pequeno artigo falando sobre a morte. Não há, aqui, a mínima pretensão de criar novas crenças e hipóteses. A ideia central é mudar atitudes. Fazermos ver as coisas por ângulos diferente dos tradicionais.  Indico a leitura, tanto aos que perderam entes queridos, quanto aos que perderão , ou seja , todo mundo! Feliz Morte de 2018 pois, sem ela, 2019 não pode nascer não é mesmo? Boa Leitura!

Como é difícil lidar com a morte- principalmente as trágicas. Lidar com a morte é uma arte que deveria ser aprendida ao longo da vida- de preferência nos primórdios da infância. Mas é raro  isso.  Lembrei-me de minha filha de 5 anos que, recentemente, ganhou um cachorrinho de estimação. Ela mostrou-me o novo pet com muita empolgação. Eu já tive muitos cachorros- todos morreram. E uma parte de mim sempre morria com eles. A primeira coisa que eu fiz foi encontrar uma maneira apropriada de falar-lhe sobre a possibilidade da morte. “ Você sabe que tem que cuidar dele direitinho não é? Senão ele morre. Você sabe o que é morrer?”. Ela respondeu que sim. Fiquei feliz. Todos vivem assombrados pelo fantasma da morte- afinal, ninguém quer morrer. O pior é a incerteza de não saber quando, nem como. Eis a tragédia humana : a impotência diante do desconhecido.
                      As mortes humanas mais próximas de mim que tive foram dos meus avós e de um irmão  de 5 anos. Meus avós moravam longe e eu os via raramente.  A vida já me arrastava em seus afazeres diários: trabalho, estudos e família. No dia da morte do meu avô eu estava deitado em um sofá e, de repente, senti alguém soprar com toda força no meu ouvido. Não era sonho, eu estava sozinho em casa. Levei um baita susto. Olhei para um lado e pro outro e não havia ninguém. Foi uma sensação física concreta que até hoje sinto ao relembrar. Pouco tempo depois alguém me ligou avisando o inevitável: meu avô havia morrido. Teria sido um sinal? – talvez. 

Aparentemente sou muito forte para a questão da morte. Digo, “aparentemente” porque eu realmente não sei. As emoções e reações são tão imprevisíveis quanto  a vida e o seu oposto. Além disso, sei que sob o efeito do choque,  não adianta racionalizações, nem filosofias, nem crenças... A dor explode como um vulcão. Não há nada que explique, console ou amenize aquela angústia que irrompe poderosamente. O jeito é esperar que ela passe por si mesma e que o equilíbrio e a serenidade cheguem a seu tempo. Mas, penso que, aqueles que ainda não se depararam com a morte tão próxima,  poderiam se preparar. Preparar-se para a morte é saber que ela existe e que isso deve ser visto como um incentivo à vida. Como não sei quando vou morrer, nem meus parentes, amigos e- cachorro- devo viver cada minuto com plenitude, como se fosse  único e último- pois assim o é . Então, não devo adiar nada já que o futuro é escravo da morte. E esta última é implacável, não cede a súplicas, choros ou preces. Chegou a hora, temos que partir!

Ora, mas a morte está em todos os lugares. Sem a morte a vida não seria o que é. Nesse parágrafo , não falo apenas da morte física- mas a morte no sentido de “término”. Afinal, morrer é o término do viver. Assim como quando minha filha está nos brinquedos e chega o fim do tempo estabelecido. Eu tenho que chamá-la. Ela chora, pede, implora mas eu digo: não minha filha, acabou o tempo! Isso também é morte . A morte equilibra a vida. Sem os términos a própria vida não teria seu desenvolvimento, fases, etapas, crescimento. A morte das fases da vida, da gestação de nove meses, do término das fases do bebê, a morte da infância que dá lugar à adolescência, daí para a juventude, fase adulta, madura...  Cada etapa precisa morrer para que a próxima nasça. É inevitável. Para onde você olhar você verá términos, pequenas mortes que impulsionam a vida. A morte física não deve ser diferente.

Em suma, se aprendêssemos desde cedo a ver o papel que a morte desempenha para a própria vida, talvez não a víssemos com tanto pesar. Alguém poderia dizer: mas no caso dos “términos” não há uma grande perda, as coisas continuam de uma outra forma. Exato! Como saber que na morte física também não ocorre o mesmo?  Ou o problema é outro? Não a morte em si, mas a dor da ausência, o impacto de saber que nunca mais encontraremos ou conviveremos com aquela pessoa? Será mesmo que a morte significa a eterna ausência? Será que o fato de  não sabermos o que existe do outro lado da cortina, implica na certeza de nunca reencontrarmos aqueles que um dia amamos e admiramos?  Ora, se não sabemos, como podemos afirmar que assim o é? O fato, a verdade é que ninguém sabe. Há várias teorias e eu poderia citá-las aqui, mas esse não é o escopo desse artigo. Afinal, mesmo as crenças mais consoladoras são apenas chupetas para pararmos de chorar.

O fato concreto é que não há nada, absolutamente nada que nos informe o que acontece nos bastidores da vida e da morte. Sendo assim, se não sei, por que sofrer? A dor do apego e da ausência não é tão difícil de ser curada. O próprio tempo se encarrega disso. Falta ainda a angústia do desconhecimento, do que acontece do lado de lá. Bom... já que não sabemos, que tal imaginar cosas boas que nos tragam esperança? Entenda, não estou defendendo mais uma crença- pelo contrário- é uma atitude diferente. Se não sei e ninguém sabe o que há no “depois”, então posso imaginar mil e uma coisa- por que não pensar nas boas? Com isso, não estou defendendo nenhuma crença- mas o acolhimento do “não-saber”: Ok, não sei. Mas e se...? 
...E se lá do outro lado houver outra dimensão – não como o céu- mas muito parecida com essa que estamos vivendo, com as mesmas características e etapas? E se lá, você renascer como um bebezinho de novo e reencontrar todo mundo que você ama e um dia perdeu- mas não se lembra disso, apenas guarda no inconsciente um sentimento de afinidade e amor gratuitos? Isso lhe é familiar? E se eu lhe disser que isso já pode ter acontecido e você já está vivendo isso agora com os seus familiares, amigos e parentes que estão “vivos” agora? Entendeu? O que você faria? Passaria a amá-los mais ainda? Então faça-o agora!

Nesse momento, você pode  estar revivendo seu próprio renascimento junto aos seus  queridos que supostamente  teriam “morrido” no passado. Essas pessoas que hoje você ama, admira e respeita  podem ser os mesmos que no passado você perdeu ou  eles a você. E se assim o é, então, vamos viver e amar pois é tudo um grande contínuo. A interrupção é só uma ilusão, algo momentâneo, já que o espaço-tempo é uma criação mental. Sendo assim, a morte talvez seja apenas como a voz do seu pai/mãe dizendo para você: vamos embora, acabou o tempo!

Mas isso não significa que a  diversão não continue. Significa?

By Alsibar  


terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O QUE SERIA DO MENINO JESUS SEM O “BOM VELHINHO”?


                    Este não é mais um artigo sobre o natal. Não vou dizer que natal deva ser todos os dias do ano, que natal não é consumismo , nem tampouco que o “bom-velhinho” com a sacola cheia de presentes não o representa. Na verdade, penso cá comigo mesmo : o que seria de Jesus se não fosse o bom velhinho? Quem iria se lembrar do menino-deus e sua mensagem de amor e de luz? Quem quer saber mesmo de união,  tolerância, fé , gratidão, paz e humildade? Nessas horas de reflexão me chega a seguinte pergunta : por que Papai Noel -e não Jesus - se tornou o símbolo maior do Natal?
                    Alguns  vão responder: é porque o Noel é uma invenção da mídia para aumentar o apelo comercial da data natalina. Mas, se não houvesse o apelo comercial, lembraríamos do natal como a mesma força que  o celebramos nos dias atuais? Para responder a essa pergunta basta lembrar de datas comemorativas que não tenham apelo comercial. Lembrou de alguma? Até para lembrar é difícil , não é?

Sinceramente: o que seria de Jesus se não fosse o bom velhinho? As pessoas certamente mal se lembrariam do primeiro. O natal se tornou uma data comercial de forte apelo midiático- mas sem isso- ninguém se lembraria do verdadeiro motivo da celebração do advento. É a mídia que nos avisa : ei... tá se aproximando uma data muito especial e importante. Você precisa se preparar para isso, espalhar um pouco de amor, lembrar-se das pessoas... E claro: comprar presentes! Afinal é o comércio do final de ano que esquenta as vendas.  Como os empresários iriam pagar as contas e ter o lucro que não tiveram ao longo do ano todinho ? Afinal, tem o décimo terceiro, tem as contas em atrasos, impostos a pagar etc etc.  Obviamente, as vendas de natal ajudam a arejar a economia . Ganham os empresários, os empregados com o recebimento do décimo terceiro, ganham os consumidores que presenteiam e recebem presentes.  E assim, todos saem ganhando com a visita anual do bom velhinho. Mas... e Jesus? Se não houvesse Jesus haveria Papai Noel? Mas sem Papai Noel, lembraríamos do nascimento daquele que morreu na cruz por todos?
Talvez alguns respondam que sim. É duro para a mente perceber verdades duras. É preferível dizer: ohhh, é claro que lembraríamos de Jesus independentemente do bom-velhinho!

Não sei. Tenho minhas dúvidas.  O fato é que o bom velhinho visita as casas de milhares de pessoas todos os anos. Ele é sempre bem vindo e lembrado com muitos presentes, alegria, celebração e presentes. Chega a hora da ceia todos avançam na comida. É o ápice da celebração natalina:  comer e beber, distribuir abraços e presentes, além, é claro, do amigo secreto.  E, naquele momento, todos esquecem as diferenças, ódios, brigas , disputas e desavenças. Por instantes, o bom velhinho consegue a proeza de unir as pessoas mais diferentes e distantes- interiormente falando.

Pai Noel e o Menino Luz
Mas... e Jesus?  Nasceu? Ou apenas fez uma visitinha muito rápida em seu coração pegando carona no trenó do bom velhinho e depois foi expulso quando o velhinho partiu? Mas... e por que quando o bom velhinho parte, Jesus não fica , já que ele, em tese, deveria ter nascido em seu coração? Mas nasceu mesmo? E se nasceu, por que não fez morada em sua casa ? Por que logo depois da celebração você volta a ser a mesma pessoa de sempre com seus conflitos, raivas, ressentimentos e até ódio no coração? Mas... vocês acabaram de se abraçar! Pareciam tão unidos! E bastou a pessoa dar as costas ou sair de perto que começaram as fofocas, as maledicências, as brigas , as disputas infantis pelo poder ou por algum outro insignificante motivo qualquer.

Jesus é a Luz do Mundo e essa luz não é o bom velhinho quem acende. É você. É você que abre a porta e deixa o menino entrar. Caso você não abra ele não força a entrada. E depois que ele entra e ceia com você, você não pode mais expulsá-lo –como normalmente se faz  por aí. Ele, Jesus, tem que fazer morada em seu ser através do amor e da paz que nunca perece. O Reino dele está dentro de você- como ele mesmo disse.  Com o nascimento do menino, a Luz que ilumina esse Reino é reacendida e renovada.

Ah.... E o bom velhinho? Deixe que ele venha através dos presentes naquela data específica tão importante para a economia. O que não pode, nem deve ser feito- é que você expulse ou deixe o menino-deus ir embora junto com o bom velhinho. Ao apagar das luzes externas, no final da celebração natalina, mantenha brilhando  aquela Luz interna que o natal reacendeu. E que esta luz brilhe o ano inteiro  e que no próximo ano ela se renove novamente com a chegada do Papai Noel. Afinal, o que seria do menino Jesus sem a visita anual do bom velhinho? E o que fazer para que a Luz do nascimento divino não se apague logo depois das celebrações natalinas?
Fica aí a pergunta e a reflexão!
by Alsibar




segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

QUANDO O DISCÍPULO ESTÁ PRONTO, O TRÂNSITO APARECE!



Eu sempre achei  o trânsito um ótimo mestre espiritual. Ele te testa até os teus limites. Se alguém passar no teste do trânsito, certamente está apto a passar por muitas outras coisas difíceis. A vida é um sistema holográfico: o comportamento demonstrado por alguém em um engarrafamento diz muito sobre o sujeito. Exatamente por que é uma situação de máximo stress. O indivíduo será convidado a revelar tudo o que diz ser. Mas muita gente revela exatamente o contrário. Talvez, nem tivesse consciência de sua própria incapacidade de lidar com situação de grande pressão e stress como o trânsito de Fortaleza em véspera de feriadão- por exemplo.
Eu já passei por muitos congestionamentos, mas o desse dia da véspera do natal de 2018 foi memorável. Era umas 19:00, eu queria apenas ir ao supermercado que fica apenas a uns 15 minutos da minha casa. Dessa vez minha intuição não me ajudou . Talvez eu tivesse que passar mesmo por esse teste de fogo para saber a quantas andava minha paz espiritual. De repente me vi em meio a um congestionamento que mais parecia uma cena de filme apocalípto : uma fila gigantesca de carros totalmente parados. O problema é que levei tempo para perceber em que enrascada eu havia entrado pois, logo no começo, um homem que estava tentando ordenar o trânsito, deu a informação errada. Segundo ele, era apenas um acidente que havia ocorrido ali próximo e que bastava que  eu desviasse do caminho, procurasse outra rota, que estava tudo resolvido. Infelizmente a informação não procedia. E quanto mais eu procurava uma “rota alternativa” pior as coisas ficavam.
Era uma cena surreal. De filme mesmo. Um pequeno quarteirão que já passara  centenas de vezes , levei uma média de uma hora para passá-lo. E quanto mais eu procurava outras saídas, mais lento e difícil o trânsito ficava. A essa altura eu já havia desistido do supermercado. Eu só queria uma coisa: sair daquele imbróglio e voltar para casa o mais rápido possível. Descansar. A fome começou a bater. A gasolina começou a acabar. Pensei: se a gasolina acabar o que vou fazer? Mas ainda havia bastante. A questão era: eu não tinha ideia quanto tempo ainda eu ia ficar preso ali. O que poderia fazer ? Nada. Relaxei. Desliguei o carro para não gastar a gasolina. E fiquei ali esperando. Mas a fome era grande. Havia o risco real de passar mal em meio ao engarrafamento.  Até que finalmente vi uma lanchonete. Consegui encostar o carro e fui comer algo.
Depois de forrado o estômago, voltei de novo para a fila . Minha esperança era que o congestionamento tivesse diminuído e o trânsito pudesse fluir mais rápido. Nada. Tudo do mesmo jeito. Ou pior. Não havia nada a ser feito. Só relaxar , esperar e agir na hora certa. E comecei a refletir : não é assim a vida? Não é essa a atitude que todos deveriam ter diante dos obstáculos e dilemas da vida? Quando não há nada mais a ser feito , deve-se apenas relaxar e deixar as coisas fluirem no seu tempo.  Há momentos da vida que deve-se esperar a fila andar, mesmo que custe, mesmo que seja devagar. Um dia ela andará.
Minha mente estava tranquila- apesar da vontade de chegar em casa. Respirei profundamente várias vezes, veio de forma natural, não forcei nada. Dentro da minha mente havia um silêncio. O stress do trânsito, o cansaço do corpo e a fome não abalaram aquela paz que estava ali, como um campo de força a me proteger. A Meditação era uma realidade. Na hora apenas pensei: esse é o meu grande teste. Se minha mente conseguir se manter tranquila em meio a todo esse stress, então a Meditação realmente funciona. E funcionou. Aos poucos, de pouquinho em pouquinho o trânsito foi avançando. Olhei para o relógio. Havia passado quase três horas. Eu estava, agora de volta, quase no mesmo lugar onde tudo isso começou, mas agora eu estava a caminho da liberdade, voltando para casa.
O trânsito é um grande mestre e um ótimo teste. Da próxima vez que pegar seu carro, observe suas reações. O carro é sua escola de mistérios, o seu laboratório. Seja sincero consigo mesmo, não precisa se enganar. É uma ótima oportunidade para testar na prática, aquela paz  alcançada em Meditação. E agradeça a Deus pela oportunidade de ter esse grande guru para lhe ajudar a se auto conhecer melhor. Sem o teste do trânsito como você iria saber como está a fortaleza da sua paz espiritual? Quer maior teste do que o trânsito de Fortaleza? Se passar nesse teste de fogo, nada mais conseguirá abalá-lo.
Quando o discípulo está pronto, o trânsito aparece!
Alsibar



domingo, 16 de dezembro de 2018

SERIA A VIDA UMA ESPÉCIE DE VÍDEO GAME?


   "Os discípulos disseram a Jesus: "Diz-nos como será o nosso fim.” Jesus disse: "Haveis descoberto, então, o princípio para que estejais a procurar o fim? Pois onde está o princípio está o fim."  5º Evangelho de Tomé

          A teoria de que a vida pode ser um poderosíssimo e avançado simulador virtual está ganhando cada vez mais adeptos - inclusive no meio científico. Essa ideia de que tudo pode não passar de uma  simulação virtual não é nova. Desde o conceito hindu/budista de Maya, passando pelo filme Matrix até as últimas teorias e pesquisas no campo da Mecânica Quântica sobre universos múltiplos ( multiversos) e a natureza virtual da realidade, fica cada vez mais plausível. Há uma grande possibilidade de que tudo o que vemos com nossos sentidos sejam apenas informações decodificadas por nosso cérebro. 

          É como se o cérebro fosse uma espécie de "capacete virtual" que nos faz ver um mundo que só existe para quem o observa. Ao perceber a aparente banalidade com que as forças supremas tratam a vida das pessoas, com suas mortes e tragédias, cujo sentido ninguém entende, eu lhe pergunto: já pensou se, depois da morte tudo começar novamente em um universo paralelo exatamente igual a esse ou com poucas diferenças? 

          E se, como qualquer outro vídeo game, só passarmos para o outro nível de espaço-tempo (outra vida) se conseguirmos cumprir certas exigências e alcançar certos parâmetros de excelência e aprendermos certas lições? E se até lá ficarmos para sempre renascendo no mesmo espaço tempo, até fazermos as coisas diferentes e , aí sim, ganharmos o direito de avançar para um "espaço-tempo" superior? E se, ao contrário de progredir, regredíssemos e isso nos levasse de volta no tempo-espaço , renascendo, por exemplo, na Idade Média ou em algum tempo ruim do passado como no período da escravidão? Assustador? 

          Pense um pouco... Reflita... Talvez os espíritas estejam errados, assim como os Cristãos com sua ideia confusa de céu e paraíso. Afinal, nunca ninguém voltou para responder. Por isso mesmo que essa teoria não pode ser relegada nem desprezada- ao contrário-merece ser analisada e considerada com o devido respeito e seriedade. Afinal, essa hipótese explicaria muita coisa, completaria algumas peças que sempre faltaram na lógica da vida. Além disso, a própria racionalidade e a lógica, além da própria ciência, apontam cada vez mais para sua legitimidade. 

By Alsibar

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O SEXO DOS GURUS: É POSSÍVEL UM EQUILÍBRIO? The gurus' sex : Is it possible a balance?



Alguém pode se perguntar: guru tem vida sexual? Por que há tantos líderes  envolvidos em escândalos e crimes sexuais? Para responder a essa pergunta é necessário fazer uma análise profunda sobre a relação entre espiritualidade e sexualidade. Como é a sexualidade dos ditos “despertos” ? Será que o desejo biológico deixa de existir com a Iluminação? Qual o problema real :  o sexo em si ou o abuso por parte de quem tem posição de poder? Ao longo desse artigo, investigaremos a verdade sobre essas e outras questões de forma aberta, serena e sem preconceitos. Com o objetivo de  entender melhor esse tema tão delicado, complexo e tabu , penetraremos na vida íntima daqueles que se dizem espiritualmente esclarecidos . Talvez, assim, possamos lidar melhor com a nossa própria sexualidade e deixarmos em paz a vida sexual dos iluminados .

Por que a humanidade nega o sexo daqueles que consideram  espiritualmente superiores? Será mesmo que a vida espiritual é completamente apartada da sexual? O que dizer sobre as centenas de escândalos  e acusação de crimes  envolvendo líderes espirituais famosos?  Será que é tudo igual ou há  casos que envolve muito tabu e preconceito por parte dos conservadores?  

O ser humano tem a tendência a achar que todos os escândalos sexuais envolvem crimes. Mas será mesmo? Ou cada caso tem sua peculiaridade? Vamos lembrar alguns dos mais famosos casos envolvendo líderes espirituais renomados. Analise cada situação e responda à pergunta: será que é tudo igual? Lembro que não estamos fazendo juízo de valor e os casos apresentados têm por base relatos, testemunhos , reportagens e documentários.

Satya Sai Baba
1. Satya Sai Baba –   considerado por muitos o “Avatar da Era Moderna” , Sai Baba ainda é um dos gurus mais conhecidos e famosos de todos os tempos. Cultuado por várias celebridades e até líderes de outras religiões como,  por exemplo,  o médium espíritaDivaldo Franco,  Sai Baba foi acusado por centenas de pessoas do mundo inteiro de ter cometido diversos crimes  e abusos sexuais - incluindo, pedofilia. Há até um documentário da BBC sobre uma família que teria sido vítima do Baba. Os depoimentos são robustos e não dá para simplesmente ignorá-los - os indícios são muito  convincentes. Além disso, o guru das materializações, não era, nem de longe, exemplo de honestidade e ética. Há vário vídeos no  Youtube mostrando claramente que seu "milagres" eram todos fakes.Basta clicar Sai Baba Fake que aparecem vários vídeos em que  qualquer pessoa pode ver os truques feitos por esse suposto “deus” cujos milagres não passavam de truques baratos que qualquer mágico , profissional ou não, consegue replicar.

2.Maharishi Mahesh Yogi o guru dos Beatles e da Meditação Transcendental. Depois de terem sido  convidados para passarem um tempo no bangalô do guru indiano, os Beatles ficaram furiosos quando a namorada do Paul – a Mia Farrow- foi supostamente assediada pelo guru durante uma sessão particular no quarto do “mestre”. A opinião do grupo sobre o "incidente" ficou dividida. John Lennon ficou furioso e fez uma das músicas mais belas do fabfour, Sexy sadie, que nada mais era do que uma crítica ao guru que se passava por santo mas era , na verdade, um tremendo assediador.
O Maharishi e a Mia Farrow

3. João de Deus- o famoso médium milagreiro de Abadiânia-Goiás estampa desde a semana passada os principais noticiários do Brasil e do mundo ao tornar-se o centro de um escândalo de nível internacional. Mais de 200 mulheres alegaram ter sido abusadas por ele durante supostos tratamentos espirituais. O caso é grave porque vai desde assédio sexual a estupro de vulnerável e pedofilia. É talvez , depois do caso do Sai Baba, o mais grave de todos os escândalos  porque  além de envolver vários crimes tipificados pela legislação brasileira, surpreende também pela grande quantidade de vítimas. É certamente o maior escândalo sexual envolvendo um dos maiores "ícones" da  espiritualidade brasileira.
O milagreiro João de Deus

4. Prem Baba- O guru brasileiro se viu envolvido em várias acusações de ex-pacientes e discípulas que afirmam terem sofrido abusos por parte do líder  e ex-terapeuta sexual. Nesses casos, o guru usou de seu poder e posição privilegiada para ter relações sexuais continuadas com mulheres casadas, usando a desculpa de estar fazendo tratamento terapêutico tântrico. O guru tupiniquim teve que vir a público se desculpar e confessar que , apesar de ter pregado o celibato, ele mesmo não havia transcendido o sexo e que seus hormônios e desejos continuavam a todo o vapor. Para acalmar-se mais iria, dali por diante, sair de cena para viver um período de reclusão e meditação interior.
o brasileiro Prem Baba

5. Swami Rama- outro famoso indiano que tinha tudo para ser um grande mestre. Escreveu um livro fabuloso e único  intitulado “ Vivendo com os mestres do Himalaia” , livro este que ,por sua singularidade, só pode ser comparado ao  best seller “ Autobiografia de um Iogue” de Paramahansa Yogananda. Infelizmente, o Swami se viu envolvido em várias acusações de assédio sexual por parte de ex seguidoras e admiradoras. O problema aqui não foi o sexo em si - mas a manipulação , a desonestidade e a forma  com que ele usou  seu poder e prestígio para seduzir mulheres e até enganá-las, segundo alguns relatos.

6. Gurdjieff- O famoso mestre russo da Escola do Quarto Caminho não protagonizou nenhum grande escândalo sexual na mídia. Mas ele  usava seus poderes de telepatia e hipnotismo para seduzir mulheres e ter relações com elas - o que não é nada ético vindo de um suposto mestre espiritual.
Krishnamurti e Rosalind
7. Jiddu Krishnamurti- O “anti-guru” indiano se viu envolvido em um “escândalo” pelo fato de ter tido um relacionamento com a esposa do seu ex-secretário particular durante anos. Mas, pouca gente sabe dos bastidores do caso.  JK e Rosalind eram enamorados desde jovens, o problema é que JK estava sendo preparado pela sociedade Teosófica para ser o Instrutor do Mundo.  A presidente da Sociedade, Anne Besant, quando soube do caso, procurou uma forma de “consertar as coisas”. Então chamou o ex-candidato derrotado a Instrutor do Mundo, o Raja Gopal e lhe propôs um acordo : que ele servisse e dedicasse sua vida ao Instrutor escolhido, Krishnamurti, e ainda , de cara, lhe arranjou uma bonita esposa , a Rosalind. De uma tacada só Besant resolveu vários problemas : arranjou um casamento e um trabalho para o Raja,  casou a Rosalind, atrapalhou o relacionamento de Krishnamurti com ela e, de quebra, manteve a imagem de Krishnamurti a salvo - pelo menos por um tempo.  Raja Gopal aceitou o acordo e prometeu à Mama, servir e dedicar sua vida ao Instrutor do
Mundo.  
Ora, obviamente, JK e Rosalind continuaram seu relacionamento às escondidas, ao longo de anos e anos. Todo mundo sabia da relação, inclusive o Raja, que aceitava essa situação como um sacrifício pessoal seu em prol da missão do Instrutor a quem se dizia muito "devotado". Mas, claro que o Raja tirou vantagens disso tudo, afinal, ele trabalhava para  JK, sendo o responsável por toda parte administrativa e financeira do seu trabalho tornando-se, inclusive , seu procurador legal.  
Tudo transcorreu muito bem por mais de 20 anos . Mas começaram os desentendimentos: os outros sócios da Fundação Krishnamurti,  e o próprio JK se desentenderam com Raja Gopal em relação a questões administrativas e financeiras. O caso foi levado à justiça em um processo desgastante que durou vários  anos . Ora, em resumo: Raja Gopal detinha todos os direitos autorais da obra de Krishnamurti que se viu numa situação absurda : ele corria o risco de perder os direitos sobre sua própria obra, fundações e escolas. Foi nesse ínterim  que seu caso secreto veio à tona, uma vez que Rosalind tomou partido do lado do ex-marido - atitude que surpreendeu JK. Finalmente, depois de anos e anos de briga judicial, chegaram a um acordo.  Mas aí, muita sujeira já havia sido jogada no ventilador.

8. Mooji- No caso do guru advaita ( não-dualista) jamaicano que vive na Inglaterra NÃO HÁ nenhuma acusação jurídica formal,  nem conheço nenhuma notícia o envolvendo em  escândalo sexual de qualquer natureza . O que aconteceu foi que algumas pessoas não gostaram do fato dele ter trocado sua antiga shakit ( namorada) por uma moça muito mais nova que ele. O que há também são acusações de ex- discípulos que dizem haver exploração financeira e lavagem cerebral na comunidade liderada pelo guru . Mas esse é um outro assunto.


9. Osho ( Bhagwan Shree Rajneesh)-  O famoso guru dos 90 Rollss-Royces - é, talvez, o guru indiano - que viveu no ocidente - com maior popularidade de todos os tempos. Apesar de ter sido conhecido também como  o “ guru do sexo” não há nenhuma acusação de abuso contra ele . Seu ex-discípulo, Hugh Milne, afirma que , no começo, Osho costumava escolher as garotas que queria levar para o seu quarto- já que o sexo era livre na comuna . É verdade que havia sessões coletivas de sexo tântrico no ashram Mas ele, o Osho, não participava diretamente delas. E, se participou , não há registros que possam corroborar esse fato. Depois de um tempo, Osho arranjou uma narmorada – a Vivek, por quem se apaixonou- e deixou a namorada dos outros em paz. O problema do Osho não era sexual, mas mental mesmo. Vivek cometeu suicídio por motivos ainda confusos- mas há uma versão que diz que ela não suportava mais o estado  de insanidade mental  do seu mestre e namorado. O fato é que um mês depois da morte da Vivek, o próprio Osho também cometeu suicídio – alguns dizem que o estopim foi a morte trágica da sua namorada.  Essa versão é relatada pelo seu ex-discípulo Christopher Calder. Oficialmente, os discípulos a negam – óbvio.
Osho e sua namorada Vivek

Ora, o que há em comum entre todos os exemplos citados acima? Há duas coisas: o poder / status espiritual e o sexo. E o que os diferencia entre si?  A forma com que cada um usou - ou não usou- desse poder  para alcançar seus objetivos sexuais. Quando há abuso, há problemas seja de ordem ética, moral ou criminal. O que se percebe por parte de alguns é a relação exagerada, compulsiva , psicopática e até, mal resolvida, com sua própria sexualidade. A incompreensão  e o preconceito por parte da sociedade  em relação à sexualidade, também contribui, em parte, para o surgimento de  comportamentos abusivos e doentios . Mas aí entra outra questão muito delicada: o líder espiritual, o iluminado tem vida sexual ou não?

De onde vem a ideia de que os despertos não podem ter vida sexual? Da Bíblia com seus inúmeros casos de profetas com suas várias esposas? Dos livros sagrados? No Gita diz “ Eu sou a vida sexual que não é contrária aos preceitos espirituais”.   Então por que  a sociedade exige daquele que ela considera espiritualmente superior uma postura de “santidade”- incompatível com a realidade? Imaginar Jesus, Buda e outros mestres como seres assexuados é fácil uma vez que não temos documentos que comprovem o contrário - mas será essa a realidade? Como saber a verdade acerca da vida sexual dos tais “ Iluminados”? Só há um jeito : observando a vida dos iluminados modernos.

A ideia de que sexo não é compatível com espiritualidade vem de eras remotas e perpassa a história de todas as grandes tradições religiosas. Mas  há exemplos pontuais que demonstram uma mudança de paradigma. Boa parte das pessoas não aceita a ideia de que seus referenciais de espiritualidade possam ter desejos sexuais como todo mundo. O resultado é uma vida de repressão, conflito e muito sofrimento psicológico. Krishnamurti conta um caso de um senhor que foi conversar pessoalmente com ele. Seu problema? Por não aceitar seus próprios desejos sexuais ele amputou os órgãos sexuais na esperança de extinguir seus desejos carnais. O problema é que os desejos estão muito mais na mente do que no corpo. Este último, responde aos estímulos do primeiro. O resultado foi óbvio : seu sofrimento se tornou desespero, uma vez que o desejo – ao invés de cessar ou diminuir- aumentou. Esse é um exemplo extremo do  que um conceito idealizado de pureza e castidade pode levar . Muita gente na Índia ainda tem a ideia de que, para se elevar espiritualmente, tem que se retirar da vida em sociedade e se embrenhar nas montanhas e cavernas dos Himalaias , passando a viver como os  sanyasins  ( renunciantes) .
Swami Rama
Aqui merece uma ressalva.  O caso do Swami Rama segue um padrão totalmente diferente dos demais indianos buscadores de iluminação ou libertação espiritual.  Em geral, os aspirantes à espiritualidade vivem uma vida normal em sociedade, estudam, trabalham, casam e têm filhos. Depois dessa etapa, eles  abandonam  a vida familiar para seguir alguma rotina espiritual ao lado de algum mestre nas montanhas dos Himalaias. Swami Rama fez o contrário : segundo seu próprio relato, desde criança ele vivera entre os mestres, santos e iluminados na montanha sagrada.  Diz ele que fora criado por um iogue desconhecido de alta espiritualidade e grandes poderes. Em seu livro, há inúmeros relatos assustadores e surreais dos poderes e grandes feitos desses iogues isolados da Índia.  Ainda segundo ele mesmo, sua educação seria uma espécie de preparação para   uma grande missão : revelar  ao Ocidente o relato da vida dos grandes santos e mostrar ao mundo o poder do Espírito sobre a matéria. O problema é que, provavelmente, os grandes mestres  não contavam com a fraqueza de Swami Rama diante das tentações do poder, do dinheiro , da fama e, claro, do sexo. Apesar de Swami Rama ter negado as várias acusações contra ele, o fato é que tudo isso abalou sua imagem do Iluminado que venceu as fraquezas humanas. Não seria mais fácil adotar uma outra postura desde o começo e  admitir que o sexo faz parte do ser humano - independente dele estar Desperto ou não?

Paramahansa Nityananda
Sei que é difícil aceitar o fato de que os tais Despertos não são seres assexuados. Além dos casos citados acima, há inúmeros outros envolvendo gurus famosos, alguns deles estão respondendo- e com razão- a processos judiciais como por exemplo, o sorridente guru galã Paramahansa Nithyananda .  Por certo,  o problema não é o sexo em si, mas  sim a hipocrisia, a desonestidade, a repressão, o preconceito e a mentira que muitos têm que viver para serem aceitos como seres espiritualizados.  Não seria melhor assumir uma relação? Mas se ele assumir que é um homem fisicamente normal, com todos os seus hormônios no lugar, ainda será considerado um Iluminado pela sociedade ? Por certo que não. Daí que muitos líderes se submetem a uma imagem falsa de celibatários- quando na verdade não o são. O resultado disso tudo é a repressão que, ao invés de resolver o problema, cria outro muito pior. A energia represada vai se acumulando e, lá na frente , ela transborda causando grandes estragos na vida das  vítimas e do próprio líder espiritual. Uma energia que não é corretamente administrada e compreendida ocasiona inevitavelmente comportamentos desonestos, abusivos e até criminosos . Isso não é uma justificativa, mas uma explicação de todo o processo que culmina com os tais escândalos sexuais.

Talvez, se a sociedade aceitasse que padres, pastores, líderes espirituais, gurus, Iluminados e “apagados”, são todos seres humanos e, portanto, com vida sexual como tudo mundo, provavelmente,  os casos de abusos,  crimes e escândalos sexuais diminuíssem. Qual o problema do Mooji ter um relacionamento com uma moça muito mais jovem que ele? Ele está pregando o celibato? Ele está ensinando uma coisa e fazendo outra? Porque, se tiver, aí sim está sendo hipócrita. E o Jiddu Krishnamurti alguma vez pregou o celibato como condição sine qua non para o Despertar ? Quem é leitor de seus livros sabe que não. Assim, ele não pode ser chamado de hipócrita pois nunca pregou uma coisa e viveu outra. Em alguns raros momentos há registros em que  JK comenta sobre a necessidade de economizar energia e que o sexo, assim como o pensar e o conflito, por exemplo, precisam se harmonizar para que haja ordem e, portanto, energia. Mas nunca o vi defender a necessidade do celibato para o Despertar.

Os grande iluminados modernos estão aí. Tudo indica que eles não deixam de ser humanos "normais" quando despertam para a Verdade. Resta a cada líder, guru ou mestre espiritual saber como lidar como essa energia poderosíssima. Certamente não é pela repressão- alguns falam de sublimação- mas , particularmente, tenho minhas reservas em relação a esse termo. Penso que muitas vezes  a tal ideia de  sublimação só precisa de uma boa oportunidade para ir de “água abaixo”. E é isso que os tais líderes espirituais têm: a oportunidade conferida a eles pelo poder/status espiritual que ocupam. E, muitos caem na tentação por não terem sua própria sexualidade bem resolvida – não alcançaram o equilíbrio e a maturidade para saber lidar com seus próprios impulsos sexuais. É importante, portanto, respeitar o limite do outro. Se alguém,  que  já está espiritualmente fragilizado(a), vai atrás de tratamento e cura e o líder espiritual se aproveita dessa situação para satisfazer sua própria fome de sexo- isso- além de ser deplorável é criminoso.

 Não seria melhor se a sociedade aceitasse que o sexo faz parte do ser humano – independente de sua função ou condição espiritual ?  Se a sociedade pudesse compreender que mesmo iluminada a pessoa tem seus desejos biológicos, haveria necessidade de Anne Besant esconder a relação entre Krishnamurti  e a Rosalind?  Não é melhor assumir a verdade acerca dessa questão  a ter que mentir, enganar ou reprimir? Fazendo assim,  corre-se menos  risco de acontecerem os famosos crimes e "escândalos" sexuais no campo da espiritualidade . Como eu disse certa vez : não é porque uma pessoa se ilumina que se lhe caem os órgãos sexuais.

By Alsibar  

Fonte: 
https://alsibar.blogspot.com/2018/12/o-sexo-dos-gurus-e-possivel-um.html

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domingo, 9 de dezembro de 2018

A EXPERIÊNCIA DO CHÁ AYAHUASCA- PARTE II : AS MIRAÇÕES



 Nessa segunda parte do relato da experiência com o chá, eu descrevo as sensações, visões e experiências diversas que tive durante a sessão com o chá da Yahuasca.  É o começo da “viagem” propriamente dita. Para entender melhor toda a experiência, leiam a primeira parte  cujo link está no final da postagem! Boa viagem!

 ... Foi então que começaram as mirações:
Nesse exato momento, senti algo muito estranho: uma energia que vinha de dentro da minha cabeça, rodopiando na região da testa,  subindo da base do cérebro para cima.  Parecia que a glândula pineal estava envolvida numa  força espiral , semelhante a um pequeno vórtice, que a fez girar . Depois, todas as mandalas  começaram a girar rapidamente como um carroçel. Fiquei apreensivo. Pensei se aquilo não poderia causar uma crise de labirintite . Então, abri os olhos para ver se o mundo estava rodando também ,como numa labirintite mas, surpresa, estava tudo estável, normal. O rodopiar acontecia dentro da minha cabeça e eu só o via quando fechava os olhos. Fechei-os o novamente  e fiquei apenas “observando” os acontecimentos.

Finalmente , as imagens se estabilizaram. E  mentalmente  comecei a repetir o mantra “Eu sou” foi aí que vi surgir uma luz muito intensa, brilhante e que transmitia  muita paz. Na hora, senti como se fosse a própria Iluminação acontecendo. Era uma sensação muito prazerosa  e diferente. Depois disso, tive a intuição de que algo muito forte estava para acontecer e que eu poderia perder a consciência . Eu não queria perder o sentido de mim mesmo. Foi aí que criei uma estratégia  para manter-me consciente durante todo o processo. Era o seguinte : sempre que eu me lembrasse, eu moveria um dos dedos das mãos, batendo três vezes na minha perna   e, logo em seguida, os pés  responderiam com três batidas no chão .  Isso me daria a certeza de que eu estava no comando de mim mesmo- e consequentemente- consciente . Eu tinha muito medo de perder a consciência, de esquecer quem eu era e o que estava fazendo ali.
Foi uma sessão com  muita música e risos. As músicas eram cantadas ou tocadas- tanto canções do movimento, quanto músicas pop conhecidas. Enquanto eu as ouvia apareciam imagens que correspondiam ao conteúdo da música, além de sensações que coincidinam com a letra . Por exemplo: se a música falasse de amor- isso correspondia a uma intensa sensação de amor. Se falasse de paz- eu sentia uma profunda e intensa paz. Quando o mestre fazia as “chamadas” ou “ invocações” da “força” , meu corpo se fechava involuntariamente, minhas pernas e braços se cruzavam e o corpo se contorcia. Era como se ele  estivesse se protegendo para suportar o impacto  daquela  força estranha que o invadia. 
 A voz do mestre era hipnótica, grave e marcante. Era uma voz firme e lembrava o timbre de um velho índio . Tinha o poder de encantar. Mas em alguns momentos, ele se demonstrava inteligência e bom humor. À medida que a sessão ia avançando ele dava oportunidade para que as pessoas fizessem-lhe perguntas sobre o chá ou sobre a vida de um modo em geral. Ele sempre respondia com uma pitada de humor e os risos ecoavam dentro do meu cérebro:
- Mestre, o que é o sentimento Dejavu?
- Uma falha na Matrix! 
- Mestre, o que é o encanto da natureza?
- É Deus se manifestando.
Logo depois alguém fez a mesma pergunta e ele disse de uma forma engraçada:
- De novo?
Todo mundo riu. E eu também. Eu ria com muita facilidade. As emoções  e sensações  são potencializadas pelo  chá ficando tudo muito forte e intenso.
Os sentidos
Os sentidos ficaram super, hiper apurados e sensíveis. A primeira coisa que ouvi foi o que me parecia o som das asas de um mosquito batendo muito próximo de mim. Não sei exatamente o que era. Mas era um som muito alto, vivo e forte que vinha de algum lugar atrás de mim. Fiquei com medo de  olhar para trás para checar. Começou a tocar uma música da Zizi Possi. Eu via a cantora em miniatura cantando dentro da minha cabeça, como uma imagen holográfica. As músicas de um modo geral provocavam uma forte vibração energética que vinha acompanhada de sensações acústicas vívidas e diferentes.                                         
Os cheiros eram intensos , misturados e variados. Eles apareciam e desapareciam rapidamente de forma ligeira e dinâmica. Eu conseguia sentir o cheiro dos alimentos da cozinha , dos perfumes e outros não identificados. Isso causava um certo enjoo. Os sons também ficaram confusos e caóticos. Quando as pessoas riam, os risos pareciam  estar dentro da minha cabeça.  O tato também ficou hiper sensível. Eu botei a mão dentro do bolso e senti com os dedos  o formato da chave do
carro. Fiquei maravilhado com a textura e formato. De repente, vejo a chave e uma fechadura que tomam formas de órgãos sexuais e outras figuras eróticas. Nessa hora, pude sentir meu tórax  se expandindo e se contorcendo. A visão também se alterou. Quando abri os olhos eu vi as luzes , as cores, os objetos e as paredes etc. como se fossem uma tela de  cinema de filme antigo : tudo se passava em modo lento, quadro a quadro. As cores e formas estavam alteradas e desfocadas .
Os movimentos involuntários
Havia muitas sensações: paz, alegria , angústia e frio- muito frio. Meu corpo tremia muito e nunca ficava parado- havia sempre alguma parte do corpo fazendo movimentos involuntários. A cabeça , como se não fosse minha, virava de um lado para o outro sem parar. E as pernas se movimentavam seguindo o compasso da música que estava sendo tocada . Eu poderia pará-las se quisesse. E muitas vezes parei os movimentos para saber se eu ainda estava no controle. Mas logo depois que eu relaxava,  os movimentos involuntários  reiniciavam. A boca começou a fazer “ mugangos” e beijos- acho que dei uns 100 beijos involuntários para ninguém. Eram beijinhos e selinhos. Eu poderia pará-los , mas era só  relaxar que eles voltavam. Meu corpo continuou se movimentando muito. Meu peito se arqueava e se contorcia na cadeira, como se estivesse sob a pressão de alguma força.
Mas havia também movimentos belos e graciosos. Ao longo da sessão, involuntariamente meu corpo tomou três posições muito significativas para mim: a do pensador de Rodin, a posição de lótus de meditação budista e, por último, a posição fetal. Era muito interessante observar tudo isso acontecendo independente da minha vontade.
O sistema sob ataque
Eu li em algum lugar que o bocejo significa que o corpoestá buscando energia através do oxigênio como forma de se proteger e se fortalecer . Em vários momentos eu sentia como se meus centros energéticos estivessem sendo invadidos ou bombardeados. Era como se eu fosse um sistema de computador sofrendo ataque de harkers. Sentia como se algum vírus superpoderoso estivesse invadindo meu sistema de comando, revirando e remexendo em todos os arquivos que formam o meu software (programa). As defesas do corpo, como poderosos anti-vírus, detectaram a invasão e tentavam de todas as formas  destruir ou se proteger daquele vírus, mas não conseguiam. Era semelhante a  um poderoso ataque em massa , algumas vezes parecia um  tsunami arrastando e derrubando tudo que encontrava pela frente. 
Em alguns momentos, tive a impressão de que todas as defesas psíquicas, espirituais, mentais e energéticas se uniam em um enorme esforço contra aquela força desconhecida. Ela ameaçava destruir ou desestabilizar todo o sistema. Isso explicaria os vários bocejos, respirações profundas, contorções e cruzamento de pernas e braços. Era o sistema se auto protegendo da forma que podia.  Tudo isso fazia muito barulho, mas eu não estava consciente que o barulho estava incomodando os outros. Foi aí que o cara gordo ao meu lado me cutucou , eu abri os olhos e ele fez sinal de silêncio . Depois disso, tentei segurar os bocejos mas continuei respirando, afinal- pensei- será que nem respirar eu posso?  Aproveitei para olhar  ao redor e vi que  todo mundo estava quieto mas eu estava muito inquieto e tenso. Então resolvi meditar , na tentativa de relaxar e me aquietar mais . Deu certo, fiquei tão relaxado , calmo e silencioso que parecia estar morto.
O Frio
Em determinado momento, comecei a sentir muito frio. Um frio como eu nunca havia sentido antes. Antes disso, eu conseguia até sentir o calor das mãos. Mas, de repente, começou um frio terrível e eu comecei a tremer como se estivesse no Pólo Norte – sem agasalho. De repente, senti uma voz que parecia me chamar. Abri os olhos e vi alguém me entregando um cobertor quentinho. Era o rapaz que estava sentado do outro lado da “moça-gnomo”. Eu nem pude acreditar . Era tudo o que eu precisava naquele momento crítico. Agradeci e rapidamente me recolhi e me cobri na cadeira . Lembro que notei  o cheiro e a limpeza do cobertor . Aquilo era tudo que eu precisava naquele momento  . Mais tarde, depois da sessão, eu reencontrei esse rapaz e soube que ele era namorado da moça que estava do meu lado. Eu o agradeci de novo por aquele gesto de gentileza, ou compaixão, devido ao meu estado crítico. Ele disse que me viu tremendo  muito  e que não entendia o porquê. Mas logo ele pensou : deve ser frio! E então, teve a ideia de me oferecer o cobertor. Ele também explicou que o frio não é do ambiente, mas que vem de dentro de nós, pois naquela hora estamos vivendo a experiência arquetípica da morte. Ou seja, mesmo com o cobertor o frio continuaria- mas o cobertor ajuda psicologicamente a se ter a impressão de que o frio diminuiu.
O fato é que o frio realmente continuou. Então tive uma ideia: concentrar minha mente no oposto do frio, o calor. Lembrei-me de uma máxima do Caibalion : para mudar uma vibração, mentalize o seu contrário. Foi o que eu fiz. Mas não surtiu efeito. Eu precisava de outra coisa. Foi aí que tive outra ideia: ao invés de pensar, visualizei uma situação de calor imaginei que eu estava numa praia, de óculos escuros, em um domingo de sol escaldante e sentindo muito calor. Foi aí que a temperatura começou a mudar e o corpo foi voltando ao normal. Como não foi uma mudança automática, mas aos poucos, até hoje não sei se a mudança foi por conta da visualização mental ou porque o efeito já iria passar mesmo- já que tudo era muito dinâmico. Foi assim que  conclui que as sensações e visões não me obedeciam automaticamente, mas eu  acabava de alguma forma influenciando-as .
A ânsia de vômito
Eu sabia que muita gente vomitava durante a sessão, principalmente na primeira vez. Eu fiz de tudo para não vomitar. Se eu vomitasse, eu achava que ia parecer fraco ou passar vergonha. O vômito é considerado uma espécie de “pêia” ou limpeza. Mas a energia viva do chá parecia mover-se pela barriga perpassando por diversos orgãos- um de cada vez. Em alguns momentos, eu consegui controlar a ânsia de vômito  com a meditação. A minha sensação  era de que seria muito constrangedor para mim e para quem me convidou, se eu passasse mal. Por isso, procurei  manter-me calmo, equilibrado e no controle da gastura que era causada pelas várias sensações estranhas ao longo de todo o corpo- algumas dessas sensações eram angustiantes. Eu sentia algo estranho se movimentando dentro do meu corpo . Era uma sensação muito desagradável e angustiante que piorou quando eu percebi que eu não conseguia controlar “aquilo”.


A voz interna

Durante toda a sessão do chá eu “escutei” uma voz muito nítida que conversava comigo. É como um pensamento que, apesar de ser o seu, não é você pois esse pensamento  dialoga com você. Se você perguntar algo a ele, ele responde. Eu fiz várias perguntas a essa “voz” interior- que não deve ser confundida com a voz silenciosa da intuição. No caso do chá. você escuta nitidamente o pensamento conversando com você da mesma forma que você escuta os seus próprios pensamentos- mas nesse caso você sabe que não é você porque essa voz lhe responde e atende a algumas coisas que você pede. É como se existisse alguém conversando telepaticamente com você.

O silenciar dos pensamentos

Não custei muito a perceber qual era o modus operandi do chá: ele respondia aos pensamentos e anseios. Então comecei a acalmar meus pensamentos e ficar quieto para ver o que acontecia. Parecia que a “força” perdia sua potência quando eu não pensava. Mas quando soltava tudo, ela dominava -exatamente como acontecia com os movimentos involuntários do corpo. Mas quando, eu me distraia  e pensava alguma coisa, o chá “aproveitava” para criar sensações e visões. Quanto mais eu bloqueava o pensamento, mais o corpo tremia e se contorcia. Lembrei-me que, logo no começo, alguém comentou que o vegetal é conduzido pela palavra. Isso explicaria, por exemplo, o porquê do mestre fazer  “chamadas” , invocações e cânticos. Foi aí que procurei  silenciar os pensamentos e manter-me o mais quieto possível. Ficar no centro, na paz, no silêncio, seria a melhor maneira de “controlar” aquela força e atravessar aquela experiência avassaladora.
Para não perder a consciência de si

Em meio a esse turbilhão caótico de coisas, eu pensei noutras formas de evitar perder a sensação de mim mesmo. Uma delas foi repetir mentalmente o  mantra “ Eu sou” mas eu só conseguia repeti-lo em Inglês : I am. Tentei também repetir mentalmente : “eu estou aqui” mas, novamente, só saia em Inglês : I am here. Comecei também a fazer perguntas pessoais sobre mim mesmo e respondê-las, tipo : qual é o seu nome? Quem é você?  Qual sua profissão?  Qual o seu endereço? O que está fazendo aqui? E respondia cada uma na sequência. Depois terminava fazendo o teste do 1,2,3 com os dedos. Me esforcei para não esquecer onde eu estava e quem eu era. Teve uma vez que  o meu pé estava batendo no chão, como  resposta ao 1, 2, 3 da mão e, mentalmente, eu vi o formato e a cor da chinela e me vinha uma sensação de encantamento porque ela me parecia muito linda . 
Continua no próximo post... link abaixo:
Alsibar