sábado, 27 de outubro de 2012

O IMITAR E SEGUIR NA JORNADA ESPIRITUAL- The role of following and imitating on the spiritual journey



O papel do seguir e imitar na jornada espiritual

Nos dias de hoje é comum vermos pessoas repetindo e imitando o estilo dos mestres. Sejam pretensos gurus ou simples seguidores, o fenômeno da imitação e do seguir é uma questão complexa e por demais importante. Antes de Krishnamurti, o seguir e o imitar era tido como algo normal e até necessário. O jovem indiano, no entanto, questionou a necessidade do seguir, tornando esse um dos pontos principais de seu ensinamento. O artigo abaixo reflete sobre o seguir e o imitar e até que ponto isso pode ser positivo ou negativo para o meditador. Esperamos, com esta reflexão, contribuir para que cada um tire suas próprias conclusões e forme sua própria opinião. Boa leitura!

          Quando estamos aprendendo uma profissão é normal imitarmos os mais experientes. Por exemplo, um escritor, um cantor, um pintor, um lutador começam suas carreiras imitando o estilo daqueles que os ensinaram e precederam. Somente depois de ter alcançado uma certa maturidade e experiência é que partem para um estilo próprio imprimindo, assim, sua marca pessoal ao trabalho. Será que o caminho espiritual também segue o mesmo padrão?  É correto imitarmos os mestres e iluminados-mas até que ponto isto é salutar ? E quando torna-se um obstáculo à evolução interior?

Jesus dos 13 aos 30 anos teria ele ido à Índia?
          Obviamente, todos que estão aprendendo  precisam de um certo treinamento . É assim que as coisas funcionam –pelo menos neste plano de existência. Quem nunca passou um período de intensa busca espiritual? Até mesmo grandes mestres como Buda e Jesus – que  certamente já eram espíritos evoluídos- tiveram que passar por treinamentos, estudos e buscas. É famoso o mistério que ronda , por exemplo, a vida de Jesus dos 13 aos 30 anos. O Evangelho nada fala sobre este período desconhecido da vida do mestre nazareno. Muitos pesquisadores afirmam que ele estava estudando e se preparando para sua futura missão em escolas e mosteiros da Índia. Apesar de haver muitos indícios , não há prova cabal sobre essa afirmação- mas é uma hipótese bastante plausível. Buda, também, antes da Iluminação, estivera estudando os livros sagrados e seguindo os famosos mestres espirituais da época. Todavia, teve que abandonar tudo o que aprendera para seguir um caminho bastante pessoal. A questão é: será que Sidarta Gautama teria conseguido influenciar tanto a humanidade caso não houvesse seguido seu próprio caminho? Ou será que foi exatamente o espírito de rebeldia e inovação que o tornou tão importante e singular?

          Aqueles que mais se destacaram na história espiritual da humanidade não seguiram ninguém. Melhor dizendo seguiram a si mesmos - sua voz interna, sua intuição. Mesmo que isso significasse ficar contra tudo e todos. Mesmo que isso significasse seguir sozinho um caminho difícil e espinhoso. Krishnamurti e Ramana Maharish são exemplos de “rebeldes espirituais”. Não tiveram modelos. Tiveram que ser seus próprios modelos. Não tiveram mestres- a não ser Deus- que lhes falava ao coração e os guiava. Descobriram, acima de tudo, que o caminho é algo muito pessoal e próprio de cada um. Krishnamurti, por exemplo, é fruto de uma história que é única e rara. Assim também foi a história de Yogananda e de Ramana Maharish. Não há duas histórias iguais. Isto prova, mais uma vez, que a Verdade, apesar de Universal, se manifesta a cada um de uma forma peculiar. E nisto se encontra sua beleza e força. Daí vem a questão: até que ponto estamos apenas imitando os mestres? Até onde esta imitação nos levará? Não seria mais correto encontrarmos nossa própria “verdade” e nosso próprio caminho? Existe coisa mais ridícula do que querer ser o que “não se é”?

          Há certamente um período de imitação compreensível e aceitável até certo ponto. Todavia, creio que  chega um momento em que temos que encontrar a nossa verdade e o nosso próprio caminho. Temos que ultrapassar o nível da “aceitação e do seguir” para encontrarmos aquilo que nos identifica e nos torna únicos dentro da história humana. Temos que aprender a separar as coisas: verdade, fatos, crenças e supertições e construir nossa própria visão de mundo. Isso não significa ser ingrato àqueles que nos precederam e nos guiaram. Os mestres são nossos grandes referenciais e devemos a eles no mínimo nossa gratidão e reconhecimento. Todavia, temos que nos tornar nossos próprios mestres, por nosso próprio mérito e esforço.

Inri Cristo
          A jornada de cada um é certamente única. Cada mestre teve uma história com contextos sócio-culturais bastante específicos e diferentes. Uma pessoa nascida dentro do contexto e cultura brasileira, não pode ter a mesma visão de alguém nascido na Índia-por exemplo. Se o fizer soará falso, estranho e forçado. O Inri Cristo é um exemplo exagerado disso- quer imitar Jesus em “quase” tudo, até mesmo no estilo das roupas típicas da época. Algo patético, ridículo e absurdo. Até mesmo dentro de um mesmo contexto sócio-cultural, será impossível que duas pessoas tenham a mesma visão da Verdade. Babaji, Lahíri Mahasaya , Yogananda e Sri. Yuktéswar ,por exemplo, viveram numa mesma época e comungaram de uma mesma cultura-todavia a diferença de visão, compreensão e método entre os três é enorme. Fato este ressaltado em várias passagens do livro pelo próprio Yogananda. Por exemplo: Yogananda achava fundamental a fundação de organizações espirituais, já Lahiri Mahasaya sempre se opôs a criação de tais organizações. Ele dizia “deixe que o aroma da Yoga se espalhe naturalmente como o vento”. Sri. Yuktéswar tinha métodos bem mais severos e rígidos em relação ao “treinamento” espiritual dos discípulos. Já Yogananda era considerado muito mais amoroso e maleável com os mesmos.

          Assim, conclui-se que é impossível haver dois caminhos, duas visões iguais até mesmo entre pessoas de um mesmo contexto cultural- imagina entre culturas, sociedades, costumes e tempos absolutamente diferentes . O ideal de vida de Ramana Maharshi-um saniasin renunciante- em nada se parece com o de Krishnamurti considerado  um burguês pelo alto padrão de vida  que levava. Nisargadata Maharaj, por exemplo, comia carne e fumava, apesar de viver numa sociedade que tradicionalmente reprova tais hábitos. Mais uma prova de que o caminho de cada um é algo muito pessoal e íntimo.

          A questão então, não é seguir o ascetismo de Ramana, ou a vida regrada de Buda. Nem mesmo seguir os hábitos carnívoros de Nisarga, ou a vida confortável de pequeno burguês de Yogananda e Krishamurti. A questão principal é que cada um deve encontrar seu próprio caminho e sua própria verdade. E esta será influenciada- por mais que não se queira admitir- pela história de vida de cada um. Daí o erro de se querer imitar e seguir à risca seja quem for. Daí a importância do não-seguir, do não-obedecer, do não-acreditar.

          A jornada de cada um é uma obra de arte única e rara, resultado de diversas influência e fatores sociais, genéticos e espirituais que faz você ser você. É essa a grande lição que a vida nos dá através da diversidade de mestres com suas visões e vidas tão diferentes. Mas aí está a beleza, a grandeza e o mistério da vida. Parafraseando Lao Tsé no Tao-te-Ching: existe sim uma diversidade, mas misterioso é o fundo de sua unidade .

A jornada espiritual é única e singular.
          Que possamos valorizar nosso próprio caminho e percepção da verdade- pois ela não pode ser imitada, nem repetida. Ela está exatamente onde você está e reflete o conjunto de suas experiências e vivências. Nunca mais existirá um outro Jesus, nem um outro Buda, nem Krishnamurti, nem Ramana. São todos produtos únicos e raros- exatamente como você, eu e todo mundo. Querer ser igual a outro mestre é semelhante a um cantor amador que pretenda se tornar, por exemplo, um outro Elvis Presley, John Lennon, Michael Jackson ou outro cantor famoso qualquer- simplesmente impossível. Todos nós somos produtos da história, do tempo e  de uma variedade  de fatores  genéticos, sociais, históricos, espirituais, cósmicos etc que nunca mais se repetirão . Esses fatores em conjunto fizeram e fazem o homem- e não o contrário.



Um abraço a todos meditadores e aprendizes!

Alsibar
http://alsibar.blogspot.com

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

14 DICAS PARA SE RECONHECER UM ILUMINADO - 14 tips to recognizing an enlighted person



 Nesse artigo, o escritor e espiritualista Pierre Weill apresenta algumas características que podem-nos ajudar a reconhecer um iluminado. Não significa que  todas essas características existam obrigatoriamente no homem liberto, todavia, servem como orientação tanto para o pesquisador, quanto para o próprio meditador (Alsibar)

COMO RECONHECER UM ILUMINADO
Faremos agora um balanço sucinto de nossa percepção do atual estágio da
pesquisa do transpessoal, no que diz respeito à iluminação e, em particular, no âmbito desta, à vivência da Luz. Essa percepção é fruto da atividade daqueles vinte anos a que já nos referimos.
Deparamos um primeiro obstáculo quando desejamos estudar a iluminação: é necessário definir o que é um ser iluminado, a fim de avaliarmos as pessoas ou testemunhos com os quais vamos trabalhar. Podemos para isso utilizar vários critérios, tais como:
A observação do comportamento exterior desses possíveis iluminados, revela que sua conduta distingue-se principalmente por:
1. Uma abertura incondicional aos outros; trata-se, em outras palavras, de seres que dão de si a cada momento da existência. Mostram, com seu exemplo, que o amor altruísta incondicional e espontâneo é possível.
2. Uma excepcional capacidade de concentração e de atenção com referência a tudo que se passa em todos os momentos.
3. Uma capacidade de adaptação à mudança, que implica um completo desapego.
4. Uma reserva de energia aparentemente inesgotável, a qual lhes dá uma
capacidade de trabalho que pode ultrapassar vinte horas por dia.
5. Estarem despertos mesmo durante o sono e, em geral, levantarem-se bem
antes do sol.
6. Empregarem toda a sua energia visando criar as condições necessárias para a iluminação de todos os seres que os buscam com essa finalidade.
7. Serem o veículo de uma sabedoria primordial, traduzida, de maneira infalível, em suas palavras e ações.
8. Reduzirem as necessidades pessoais ao mínimo essencial à sua subsistência.
9. Terem domínio das formas sutis da energia, mantendo reserva a respeito.
10. Não exibirem seus poderes, salvo em certos casos, quando necessário, e
sempre com o objetivo de ajudar a quem precisa.
11. Um ambiente de paz, de serenidade e de respeito, que os circunda onde quer que estejam. − Mesmo quando vivem isolados, viverem sempre em benefício de todos os seres.
12. Possuírem um senso prático extremamente desenvolvido, aplicado aos
pequenos detalhes da vida cotidiana.
13. Uma paciência a toda prova.
14. Uma memória excepcional.

Do livro : Holística: uma nova visão e abordagem do real – Pierre Weil