Respondendo a uma
pergunta enviada pelo internauta Mauro Falleiros sobre a necessidade do ato
voluntário nos estágios iniciais da meditação, aproveitei pra fazer um pequeno
vídeo com a resposta, acompanhado de um artigo sobre o mesmo tema. Fiquem à
vontade para questionar, discordar ou comentar. Aqui o espaço é livre pois nada
vendemos, nem promovemos. O foco aqui é a viagem interior através da meditação
e do autoconhecimento! Boa Viagem!
A meditação tem muitos estágios e fases. Nos estágios
iniciais, o “querer” exerce papel crucial. Sem ele, o indivíduo não empreenderia
a viagem inicial em direção às profundezas do desconhecido de si mesmo. Sendo
assim, o ato voluntário inicial, não só é necessário – como é fundamental. Ao
se perceber preso ao tempo , à dor e à degradação psicológica, a pessoa procura uma forma, um caminho, uma
maneira de dar um basta a isso tudo. Sem esta vontade inicial , o indivíduo não buscaria o conhecimento profundo de si
mesmo. Esse movimento inicial é o que dá a partida, que faz o sujeito procurar
uma maneira mais harmoniosa, mais plena de se viver. Ora, se não fosse necessário tal movimento e
se não precisássemos fazer realmente NADA, então teríamos um mundo de iluminados e a Terra
seria o paraíso , não é verdade?
Apesar de haver apenas dois movimentos: o da busca e o do
abandono da busca, pois o resto não é da competência do sujeito- farei uma
descrição mais detalhada desses movimentos com fins didáticos.
O primeiro movimento é o da busca, o segundo é o das técnicas
e gurus e o terceiro é o do abandono de tudo isso e o quarto movimento? É o do
movimento pelo “não-movimento”. Em outras palavras, é quando o movimento do “eu”
enquanto “centro” dos desejos, da ânsia, dos pensamentos, do tempo, do vir-a–se
etc -cessa completamente. Daí por diante, não há mais a ilusão do “fazedor”e,
portanto, nada a ser feito ou realizado, pois tudo passa a ser o que é.
Vou dar o exemplo do balão- penso que é uma boa metáfora:
ora, para o balão subir é necessário , inicialmente, que haja bastante "ar quente" em seu interior. Após a subida, o balão voa por si mesmo, levado pelas correntes do vento. O controlador só precisa “aproveitar” esses
ventos da maneira inteligente – mas ele não os comanda. O erro do Ego é achar
que ele controla tudo, quando, ele não controla nada. A felicidade e liberdade está
em não querer controlar os ventos . Mas deixar-se levar por eles exatamente
como no caso do balão.
Vamos pegar outro exemplo: as correntes marítimas. É sabido
que peixes, baleias, golfinhos e pinguins aproveitam as correntes marítimas pra
viajarem milhares de kilomêtros com o mínimo de esforço possível. Ora, mas eles
precisam se dirigir até as correntes e só depois aproveitar o impulso das
mesmas.
Guardando as devidas proporções, podemos fazer as seguintes
analogias: o primeiro movimento – o do acionamento do gás hélio no balão - equivale
ao movimento inicial da meditação (postura,
atenção, lembrança, respiração, observação) e isso parte da vontade deliberada do indivíduo . O
segundo movimento é quando o balão deixa de estar sob o controle do baloeiro e
os ventos “assumem” o comando- seria o estado meditativo. Nesse estado, cessam
tanto o controlador, quanto o objeto controlado. Há apenas o movimento do
Atemporal, do Indescritível. Ao ego (a pessoa) resta apenas observar e decidir
se quer ficar ou não sob a influência deste movimento “desconhecido”. Mas isso
não significa- como poderia pensar alguns- um estado mórbido. O movimento do
Atemporal é vivo, dinâmico, cheio de nuances , variando de direção, intensidade
e profundidade.
Tao- o Desconhecido- é uma força/inteligência além do nosso
entendimento. Ele está sempre em nós-
todavia, nós (a consciência individual) é que não estamos nele. Como diz a
música do Raul parafraseando as palavras de Krishna no Gita: “mas saiba que
estou em você, mas você não está em mim”. E por que não estamos nele? Por que
nossa consciência está geralmente voltada para o mundo dos sentidos, das cores
e das formas. Ou então está identificada com os pensamentos, futuro , sonhos e
desejos- criando, assim o tal do “tempo psicológico”.
Ao voltar a atenção para o espaço infinito que se manifesta
antes dos pensamentos, no intervalo entre eles ou no fim deles. Ou ao observar/contemplar
o espaço silencioso no qual os pensamentos se movimentam , o sujeito vai se
tornando cada vez mais cônscio da necessidade de se voltar para dentro- e isso
depende exclusivamente de sua vontade e iniciativa. Essa é a parte que lhe
compete. É a única coisa que pode realmente
ser “feita”- pois além disso, nada mais pode ser feito ou dito. Resta apenas
uma profunda entrega e tranquilidade. Apesar da mente não conseguir perceber sua atuação, esse “algo” atua na consciência
do indivíduo, preparando-o para vôos cada
vez mais altos e mergulhos cada vez mais profundos.
Então na próxima vez que for “mergulhar no Eterno”, saiba que
a iniciativa deve partir de você e somente de você- principalmente nos estágios
iniciais da meditação.
Namastê!
Alsibar
Enviem suas perguntas e dúvidas para : alsibar72@gmail.com
Show!
ResponderExcluirEsse vídeo é praticamente um satsang! (tamanho o nível da explicação e lucidez consciencial da resposta) rsss
Não percebi o personagem Alsibar respondendo à questão, e sim Deus!
Muito obrigado a Quem apareceu como Alsibar para nos proporcionar este presente!
Namastê!
_/\_
Excluir... eu ficaria pelo 1º movimento, ou melhor aceito isso...
ResponderExcluirmais que isso é condicionamento, cada um que optar pelo desconhecido, que vá sozinho e...
só tem um probleminha amigo, o ego quando se sente ameaçado ele nos ataca de maneira discreta.
ResponderExcluirMesmo na meditação o ego está presente de maneira sutil, portanto é muito perigoso acharmos que alcançamos algum novo patamar, o que podemos fazer e diminuirmos o raio de ação do ego... de qualquer forma parabéns pela matéria.
Ola amigo anônimo de 14 de Novembro tudo bem?
ExcluirPenso que o "ego" nunca será completa e definitivamente extirpado. Há momentos em que ele está fraco ou "sob controle" como você disse. A grande questão é entender o que é o "ego" e perceber como ele se manifesta em nós. O próprio pensamento que diz "alcancei" não seria - ele mesmo- o ego? Concordo com você neste ponto. E realmente penso que a "estrutura egóica" continua existindo mesmo nos assim chamados "iluminados". Todavia, o núcleo, o centro controlador- esse sim pode ser transformado pela luz da meditação.
Fraterabraços amigo e obrigado por sua participação!