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domingo, 3 de novembro de 2013

O ATO VOLUNTÁRIO INICIAL NA MEDITAÇÃO


Respondendo a uma pergunta enviada pelo internauta Mauro Falleiros sobre a necessidade do ato voluntário nos estágios iniciais da meditação, aproveitei pra fazer um pequeno vídeo com a resposta, acompanhado de um artigo sobre o mesmo tema. Fiquem à vontade para questionar, discordar ou comentar. Aqui o espaço é livre pois nada vendemos, nem promovemos. O foco aqui é a viagem interior através da meditação e do autoconhecimento! Boa Viagem!

A meditação tem muitos estágios e fases. Nos estágios iniciais, o “querer” exerce papel crucial. Sem ele, o indivíduo não empreenderia a viagem inicial em direção às profundezas do desconhecido de si mesmo. Sendo assim, o ato voluntário inicial, não só é necessário – como é fundamental. Ao se perceber preso ao tempo , à dor e à degradação psicológica,  a pessoa procura uma forma, um caminho, uma maneira de dar um basta a isso tudo. Sem esta vontade inicial , o indivíduo não buscaria o conhecimento profundo de si mesmo. Esse movimento inicial é o que dá a partida, que faz o sujeito procurar uma maneira mais harmoniosa, mais plena de se viver.  Ora, se não fosse necessário tal movimento e se não precisássemos fazer realmente NADA, então  teríamos um mundo de iluminados e a Terra seria o paraíso , não é verdade?

Apesar de haver apenas dois movimentos: o da busca e o do abandono da busca, pois o resto não é da competência do sujeito- farei uma descrição mais detalhada desses movimentos com fins didáticos.
O primeiro movimento é o da busca, o segundo é o das técnicas e gurus e o terceiro é o do abandono de tudo isso e o quarto movimento? É o do movimento pelo “não-movimento”. Em outras palavras, é quando o movimento do “eu” enquanto “centro” dos desejos, da ânsia, dos pensamentos, do tempo, do vir-a–se etc -cessa completamente. Daí por diante, não há mais a ilusão do “fazedor”e, portanto, nada a ser feito ou realizado, pois tudo passa a ser o que é.

Vou dar o exemplo do balão- penso que é uma boa metáfora: ora, para o balão subir é necessário , inicialmente,  que haja bastante "ar quente" em seu interior. Após a subida, o balão voa por si mesmo, levado pelas correntes do vento. O controlador só precisa “aproveitar” esses ventos da maneira inteligente – mas ele não os comanda. O erro do Ego é achar que ele controla tudo, quando, ele não controla nada. A felicidade e liberdade está em não querer controlar os ventos . Mas deixar-se levar por eles exatamente como no caso do balão.

Vamos pegar outro exemplo: as correntes marítimas. É sabido que peixes, baleias, golfinhos e pinguins aproveitam as correntes marítimas pra viajarem milhares de kilomêtros com o mínimo de esforço possível. Ora, mas eles precisam se dirigir até as correntes e só depois aproveitar o impulso das mesmas.

Guardando as devidas proporções, podemos fazer as seguintes analogias: o primeiro movimento – o do acionamento do gás hélio no balão - equivale ao movimento inicial da meditação  (postura, atenção, lembrança, respiração, observação)  e isso  parte da vontade deliberada do indivíduo . O segundo movimento é quando o balão deixa de estar sob o controle do baloeiro e os ventos “assumem” o comando- seria o estado meditativo. Nesse estado, cessam tanto o controlador, quanto o objeto controlado. Há apenas o movimento do Atemporal, do Indescritível. Ao ego (a pessoa) resta apenas observar e decidir se quer ficar ou não sob a influência deste movimento “desconhecido”. Mas isso não significa- como poderia pensar alguns- um estado mórbido. O movimento do Atemporal é vivo, dinâmico, cheio de nuances , variando de direção, intensidade e profundidade.

Tao- o Desconhecido- é uma força/inteligência além do nosso entendimento. Ele está  sempre em nós- todavia, nós (a consciência individual) é que não estamos nele. Como diz a música do Raul parafraseando as palavras de Krishna no Gita: “mas saiba que estou em você, mas você não está em mim”. E por que não estamos nele? Por que nossa consciência está geralmente voltada para o mundo dos sentidos, das cores e das formas. Ou então está identificada com os pensamentos, futuro , sonhos e desejos- criando, assim o tal do “tempo psicológico”.

Ao voltar a atenção para o espaço infinito que se manifesta antes dos pensamentos, no intervalo entre eles ou no fim deles. Ou ao observar/contemplar o espaço silencioso no qual os pensamentos se movimentam , o sujeito vai se tornando cada vez mais cônscio da necessidade de se voltar para dentro- e isso depende exclusivamente de sua vontade e iniciativa. Essa é a parte que lhe compete. É a única coisa que  pode realmente ser “feita”- pois além disso, nada mais pode ser feito ou dito. Resta apenas uma profunda entrega e tranquilidade. Apesar da mente não conseguir perceber  sua atuação, esse “algo” atua na consciência do indivíduo,  preparando-o para vôos cada vez mais altos e mergulhos cada vez mais profundos.

Então na próxima vez que for “mergulhar no Eterno”, saiba que a iniciativa deve partir de você e somente de você- principalmente nos estágios iniciais da meditação.

Namastê!
Alsibar

Enviem suas perguntas e dúvidas para : alsibar72@gmail.com

5 comentários:

  1. Show!
    Esse vídeo é praticamente um satsang! (tamanho o nível da explicação e lucidez consciencial da resposta) rsss

    Não percebi o personagem Alsibar respondendo à questão, e sim Deus!

    Muito obrigado a Quem apareceu como Alsibar para nos proporcionar este presente!

    Namastê!

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  2. ... eu ficaria pelo 1º movimento, ou melhor aceito isso...
    mais que isso é condicionamento, cada um que optar pelo desconhecido, que vá sozinho e...

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  3. só tem um probleminha amigo, o ego quando se sente ameaçado ele nos ataca de maneira discreta.
    Mesmo na meditação o ego está presente de maneira sutil, portanto é muito perigoso acharmos que alcançamos algum novo patamar, o que podemos fazer e diminuirmos o raio de ação do ego... de qualquer forma parabéns pela matéria.

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    1. Ola amigo anônimo de 14 de Novembro tudo bem?

      Penso que o "ego" nunca será completa e definitivamente extirpado. Há momentos em que ele está fraco ou "sob controle" como você disse. A grande questão é entender o que é o "ego" e perceber como ele se manifesta em nós. O próprio pensamento que diz "alcancei" não seria - ele mesmo- o ego? Concordo com você neste ponto. E realmente penso que a "estrutura egóica" continua existindo mesmo nos assim chamados "iluminados". Todavia, o núcleo, o centro controlador- esse sim pode ser transformado pela luz da meditação.
      Fraterabraços amigo e obrigado por sua participação!

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