Até que ponto a prática da meditação pode ser útil? A prática da meditação leva à iluminação? Existe meditação sem prática? Em que consiste a meditação sem meditador? Quer saber mais sobre isso? Então
leia o artigo, reflita com serenidade e conclua você mesmo.
Durante
muito tempo, defendi a prática da meditação como o caminho mais seguro para a Iluminação.
Depois de uma vida meditando, finalmente compreendi que não é bem assim. Meditar não tem relação direta com a iluminação. A meditação- assim como os gurus- são fundamentais em algumas etapas do caminho espiritual. Mas chega um momento que tanto os gurus, quanto as técnicas de meditação, devem ser abandonados sob o risco de se tornarem verdadeiros estorvos.
Libertar-se
da meditação enquanto caminho para o Despertar é tão importante quanto libertar-se dos gurus. É necessário compreender que a prática de um método- seja
este qual for: Zen, MT, Vipassana, Mindfullness etc- acontece no campo da dualidade: praticante versus prática, buscador versus objetivo- o que cria o tempo psicológico. Compreender isso é fundamental. Acostumado às sensações que a prática meditativa proporciona, o aspirante pode sentir-se perdido e inseguro diante da ideia de abandoná-la. A meditação, dentro de certas limitações, pode ser saudável e benéfica. Todavia, aqueles que desejam encontrar a Verdade atemporal devem libertar-se do movimento do tempo. E como a prática da meditação é uma ação que ocorre dentro do processo temporal, faz-se mister libertar-se dela desde o início.
O
grau de importância da prática meditativa vai depender do estágio da viagem em que pessoa se encontra.
Para quem está começando no caminho da espiritualidade e do
autoconhecimento-esta prática é extremamente útil. Ela também ajuda na melhoria da saúde física e mental, diminuindo o stress, a ansiedade e a agitação dos pensamentos. Mas o buscador da luz ficará satisfeito apenas com a melhoria da saúde? Ou será que existe um estágio mais avançado? Será possível arrancar de vez as raízes da ilusão, do conflito e tornar-se verdadeiramente livre?
Para
quem pratica meditação há muito tempo é difícil conceber uma vida sem ela. Eu mesmo
não concebia. Considerava essa ideia uma espécie de blasfêmia. Eu não
compreendia quando alguns mestres criticavam a prática da meditação. Hoje
entendo que a meditação tem uma função específica- mas não aquela que eu imaginava. Muitas pessoas acham que a libertação depende da prática do estado de atenção/presença e que quanto mais se mantiverem nesse estado mais próximos estarão da iluminação. Mas, a meu ver, isso é um equívoco.
O motivo é muito simples : a prática deliberada da meditação é ação do pensador, do desejo- que é o ego. É
possível usar o ego pra libertar-se do próprio ego? Obviamente que não. Ele –o ego-
continua ali meditando no cantinho da mente. Como disse um amigo meu: torna-se
um “ego zen”. Mas ainda assim, ego- camuflado sob o manto do "meditador". A
meditação praticada deliberadamente com a finalidade de despertar proporciona uma falsa sensação de iluminação. Apesar dos inegáveis benefícios à saúde de quem a pratica-não deve
ser considerada o caminho para a libertação final. Pelo contrário, a libertação só
surge quando meditador e meditação deixam de existir . Quando cessa a divisão: ator e ação, pensador e pensamento, observador e coisa observada.
Sei
que esse artigo parece contrariar muita coisa que defendi ao longo desses anos. Mas estou falando da prática da meditação com vistas à iluminação. Isso
não deve ser motivo de estranheza . Buda disse: "depois de usar o
barco , abandone-o". No meu caso, a prática da meditação foi importante durante boa parte
da minha vida. Com ela consegui alcançar percepções fabulosas- algumas fundamentais
para amenizar crises, solucionar
problemas e harmonizar minha vida. Mas já fazia algum tempo que eu me sentia
estagnado- apesar de meditar muito. Com o tempo, a pessoa percebe que se não abandonar qualquer tipo de prática- não conseguirá ir muito longe. Foi então que percebi a necessidade de reavaliar meus conceitos- do contrário iria passar uma vida repetindo o mesmo padrão que vinha ocorrendo desde a adolescência. A "coisa" ia , ia e quando eu pensava que iria chegar "la´" voltava ao ponto de chegada. Percebi que não tenho mais tempo para isso. Foi então que me veio o insight.
A
jornada espiritual é cheia de fases-exatamente como um jogo de vídeo-game. Ao
se vencer os obstáculos e desafios de um nível, deve-se ir para o próximo, mais
avançado e difícil. Na jornada espiritual também é assim . Quando eu era mais
jovem, eu defendia a religião organizada, mas chegou o momento de deixá-la.
Depois vieram os gurus , passei um tempo defendendo-os mas- em seguida- tive que abandoná-los.
Na fase seguinte, me vi preso aos métodos
de meditação- que logo, logo se revelaram muito limitados- então os abandonei. Finalmente
me voltei para a "meditação-sem-método"- mas continuava praticando-a sutilmente. Hoje
percebo a meditação é um estado de consciência diferenciado que emerge quando cessa toda ideia de superar, praticar, observar, buscar etc. Sem a superação da dualidade sujeito versus objeto torna-se impossível “passar” para a próxima fase .
E
qual seria a próxima fase? É um
mistério. A mente não pode penetrá-la, descrevê-la ou interpretá-la pois ela
ocorre num estado de total ausência do eu . Ao contrário da "meditação-sem-método",
neste estágio não há direcionamento, nem intenção de nada. Ela ocorre por si mesma.
Era isso que Krishnamurti entendia por meditação: um movimento, uma energia, uma
presença que não se pode controlar, nem direcionar, nem produzir. Infelizmente
esta palavra foi deturpada pelo uso incorreto, por isso, muitos preferem não usá-la. Hoje em dia ela confunde mais do que esclarece .
Rubens Fieldman Gonzalez |
Segundo
o psiquiatra Rubens Fieldman Gonzalez- amigo de Krishnamurti- o próprio K. teria afirmado que não
mais usaria a palavra "meditação" em suas palestras .
A questão é que a meditação citada por K. não tem nada a ver com o que as pessoas conhecem e pensam . Para ele, ela era uma coisa viva, dinâmica e mutável – por isso ela
sempre se lhe apresentava de uma forma diferente. Penso que esta palavra é
inapropriada para descrever este movimento, sem tempo, sem intenção, sem direção, ou
divisão. Ao contrário da meditação deliberada, “isso” surge por si mesmo, não depende da vontade,
nem da intenção do meditador. É descontínuo e qualquer esforço para produzi-lo, mantê-lo ou
perpetuá-lo é inútil.
Pra
concluir, quero dizer que a viagem da alma é infinita. E todos haverão de passar por diversas fases. A ênfase na prática da meditação é importante principalmente para os que estão no começo do autoconhecimento ou querem encontrar mais equilíbrio e saúde mental. Mas é importante ter em mente que ela não vai além do conhecido. O mais importante é mergulhar naquele estado de silêncio e completa quietude- onde não exista nem mesmo a preocupação ou o pensamento em querer meditar. É nesses pequenos instantes de completa unidade e atemporalidade- onde não existe nem meditador, nem meditação- que a verdadeira meditação começa.
Até
a próxima !
Namastê!
Alsibar
http://alsibar.blogspot.com
A quem você esta se dirigindo?
ResponderExcluirOla Anônimo,
ExcluirAcho que é às pessoas que estão interessadas em encontrar a Verdade. As que são sinceras e honestas. Penso que elas me entenderão!
Abraços amigo!
Ao menos entendo que ainda estou no começo, mas fiquei
ResponderExcluirconfusa com o futuro.
Faz parte Rainha dos Raios de Sol rsrsr
ExcluirObrigado por participar!
Alsibar.Obrigado por compartilhar tuas experiências!
ResponderExcluirQue esse teu texto não seja mal entendido pelos preguiçosos(como eu).
Tu entendes muito bem esse processo de libertar-se até mesmo da meditação por que vivenciou por si próprio,mas mesmo lendo eu percebo que esse ciclo ocorre mesmo.No meu caso acontece mais por preguiça rsrsrs.Em alguns tempos atrás dedicava um tempo para meditar,depois o tempo que eu reservava para meditar usava para ver os vídeos K.Para mim aquele estado servia como meditação.Sabe que por percepção este processo todo de questionamento vem através deste estado que K nos proporcionou perceber.Posso estar errado mas no momento é assim que vejo.Ainda bem que tem tuas postagens que chamam a atenção neste mundo da internet que a gente é atraído pelos vícios do ''cão'' kkkkkkk
Abraços.. Feliz páscoa amigo!!
Ola amigo Oscar Canto tudo bem?
ExcluirObrigado pelo relato amigo. Achei muito interessante sua contribuição. Participe sempre. Este espaço é nosso.
Fraterabraços!
Obrigado Alsibar!
ResponderExcluirTexto bastante libertador!
A liberdade deve ser absoluta, ilimitada, sem nenhum tipo de condição. Nem mesmo a meditação deve condicioná-la. A liberdade deve estar acima de tudo.
Um abraço!
É isso aí amigo! Obrigado pela participação.
Excluir_/\_
Afff, quanta bobagem. Não é a toa q meditação não funcionou contigo. Tu não sabe o q é meditação de verdade. tá patinando no mesmo lugar e ainda ousa levar mais gente com vc.
ResponderExcluir??????
ExcluirIdentifiquei-me muito com o texto e o achei bem forte. Lembrei-me da historia de Hui Neng que vendo um monge meditar começou a esfregar uma pedra contra outra. O monge entao perguntou o que ele faria com aquilo. Hui Neng respondeu que estava a tentar fazer um espelho. O monge retorquiu que jamais faria um espelho raspando pedras. Entao Hui Neng disse que da mesma forma ele nao teria a iluminaçao meditando. abraços Jorge
ResponderExcluirOla Jorge,
ExcluirBoa citação amigo!
Abraços!
Olá Alsibar,
ResponderExcluirTexto no mínimo diferente, mas se permite deixe me fazer algumas perguntas a você que é mais experiente, minha experiência com meditação e que a mesma altera muito a percepção da realidade,como que os sentidos se aguçassem, mas o mais importante acho que ela altera o nível de atenção, permitindo a percepção dos próprios pensamentos, a minha pergunta e a seguinte, você acha que chega um nível que a dita "atenção plena " fique permanente?, outra coisa também, você acha que essa vida pode ser vivida sem um EGO, porque isso pra mim é muito confuso pois parece que tudo faço tem "alguém" fazendo, acho que não entendo muito bem a diferença de INDIVIDUO e EGO, mas de novo quem é esse que não entende? espero não te incomode esse interrogatório kkk.
abraços Alsibar
Ola amigo Gabriel Batista tudo bem?
ExcluirPrimeiramente: obrigado pela visita e participação.
Amigo, a conclusão que cheguei é que a verdadeira "atenção plena" não é o que normalmente se ensina por ai. Penso que o estado falado por grandes mestres dentre eles Buda, Dogen e Krishnamurti- é algo tão sutil e subjetivo, que achamos compreender- mas de fato não compreendemos. Foi isso que percebi após anos e anos tentando praticar a tal "atenção plena". O mais próximo que se pode falar disso é que é um estado sem esforço, silencioso, sem direcionamento ou escolha. Não é ficar total e continuamente atento- como ficamos quando estamos numa sala de aula. Como disse no artigo: é descontinuo, não pode ser causado, nem mantido.
A vida pode ser vivida sem um "ego" sim. Quando a mente está silenciosa- onde está o ego? O ego existe enquanto pensamento, identificaçao e desejo. Se não há desejo, não ha identificaçao, se não ha identificação não há ego- pensador- apenas pensamentos e sem o centro do "eu".
Há ação- mas onde está o ator que diz " eu faço isso?"- Isso é apenas um pensamento. O pensamento é reação da memória- inconstante e impermanente. Ao ver-se a si mesmo como um nada impermante, o pensamento cria o "eu" e daí começa a gênese da entidade que chamamos de ego.
O que você realmente é não pode ser descoberto pela mente-pensamento.
E fique à vontade pra perguntar e comentar o que quiser.
Fraterabraços!
Olá Alsibar,
Excluirmuito obrigado pelas respostas, a respeito da "atenção plena" realmente também acho que ela só aparece quando não há esforço algum, sobre o resto sinto que só posso ter uma ideá por enquanto e não uma percepção,
obrigado Alsibar continue com seu trabalho abraços
Oi Alsibar. Um texto muito interessante... E corajoso.
ResponderExcluirJá havíamos conversado uma vez sobre isso, você se lembra? De fato, ao usar um barco para atravessar o rio, haverá uma hora em que até o próprio barco - que havia possibilitado sua jornada - deve ser abandonado. No caso da meditação, isso também se aplica, é claro. Quando se diz que "...é morrendo que se nasce para a vida eterna (atemporal)...", essa chamada "morte" encampa tudo, até mesmo a meditação;
Eu costumo dizer que a decepção com a própria busca é o "satori incompreendido". Parece-me que você chegou a um satori, porém o compreendeu.
A questão é que estamos aqui falando de uma técnica utilíssima para a jornada individual, e talvez valesse esclarecer isso para os meditadores novatos, que podem abandonar um método que lhes está propiciando um primeiro lampejo, uma primeira chama, daquela que será a Luz definitiva e sempre presente, na Presença da qual tudo será desnecessário.
Abraços. Verdade, Saúde, Paz,
Ola Roberto Cardoso,
ExcluirEu falo sobre isso no artigo: que é uma etapa necessária, importante e útil- principalmente para quem está começando. Aqui, obviamente estou me dirigindo aos meditadores experientes e que já a praticam ha muito tempo.
Obrigado pela participação amigo!
Fraterabraços!
Meu Amigo Alsibar!
ResponderExcluirEste texto, sem dúvidas, é para pessoas que já estão adiantadas no caminho espiritual. A meditação (enquanto método, técnica) é um instrumento capaz de elevar a percepção da mente pensante até o estado silencioso (ausência de pensamento), onde o meditante começa a entrar em contato com a Consciência. Normalmente, vivemos utilizando apenas a mente e os pensamentos. A meditação (método, técnica) nos eleva às alturas da mente, onde ficamos mais próximos de um estado não-mental. Adquirimos habilidades tais como foco, concentração, estado de alerta, e tudo isso ajuda na melhoria de várias coisas em nossas vidas, e nos confere até mesmo maior capacidade interior.
Mas, como dizem os iluminados, a meditação verdadeira é uma experiência ou vivência. Não deve ser confundida com métodos ou técnicas. Ela é um acontecimento espontâneo, uma vivência. O indivíduo deixa de perceber o mundo através da lente (percepção) da mente, e passa a perceber tudo através da uma outra percepção: a percepção da própria Consciência do Ser. No ensinamento do Núcleo, dizemos que a pessoa não mais se deixa levar pela percepção da mente de seu personagem, mas percebe o mundo (a representação) com a percepção do próprio Ser. A "mente do personagem" existe somente dentro da representação, e está limitada/confinada à representação. Somente o Ser, pela percepção do próprio Ser, é capaz de transcender a mente do personagem e perceber consciencialmente. Por maiores que sejam os esforços que o personagem possa empreender, ele não é capaz de transcender a representação, pois em todo o esforço do personagem quem atua é a própria mente do personagem - inclusive no que diz respeito às técnicas de meditação.
Assim, o caminho para a meditação verdadeira consiste na compreensão do que vem a ser essa percepção consciencial (que não tem origem no personagem, mas no próprio Ser Real). A Verdade a que você se refere neste seu texto não é percebida pela mente do personagem. Somente o Ser Real é quem a percebe. Por isso, todo e qualquer esforço advindo do personagem, no sentido de atingir e vivenciar essa Verdade, se revelará infrutífero. O personagem é incapaz de perceber. Somente Deus é que percebe essa Verdade. Quando o personagem afinal consegue um contato com essa Verdade, ele imediatamente percebe que aquela Verdade não está sendo percebida por ele (personagem), mas que é Deus nele que está percebendo! É Deus em nós que nos revela essa percepção. E como, muito bem dito em seu texto, o personagem está totalmente fora do controle.
Deus é onipresente e, sendo onipresente, Ele está EM nós. Deus existe em nós, ocupando exatamente o mesmo lugar/espaço ocupado por nosso ser. E, a partir disso, é Ele quem percebe em nós. Esta é a percepção consciencial.
Mas, enquanto personagens imersos num universo de dualidade/separação, experimentamos o sentimento de que estamos excluídos da onipresença de Deus. E assim nos mantemos desconectados dessa Presença que existe aqui e agora EM nosso próprio ser. Essa crença nos isola e nos faz sentir que a única percepção possível é a que temos enquanto personagens: a percepção mental.
Todos os personagens iluminados transcenderam a visão mental e passaram a experienciar o mundo através da percepção do próprio Ser, que sempre esteve neles. Então, a meditação tornou-se uma atividade constante, natural, sem esforço, mesclada/integrada a toda e qualquer atividade diária da vida - como comer, varrer, caminhar, lavar pratos, respirar, etc. Eles não realizavam essas atividades como um meio para manter a percepção/meditação. Ao contrário, a meditação ocorria concomitantemente com o exercício de cada ato, comum ou extraordinário. Cada ação em si já era meditação.
Brilhante texto!
Apenas quis (tentar) acrescentar/contribuir com as ideias nele explanadas.
Muito obrigado!
Reverências!
Namastê!
Olá amigo Gugu quanto tempo!
ExcluirObrigado pela participação e comentário- e que comentário! Amigo sei que usas uma terminologia própria , uma linguagem específica. Mas apenas para deixar claro para quem ler esse comentário eu gostaria de esclarecer algumas coisas.
Tendo em vista que há muita confusão entre mente e pensamento, é importante salientar que a mente pode perceber a Verdade, mas o pensamento não. Da forma como você se expressou é como se a pessoa com sua mente não pudesse percebê-la. Afinal não existe outra mente, só existe uma e esta tem potenciais infinitos e ainda desconhecidos.
A mente já é dotada de toda capacidade e recursos para perceber, compreender, ver e investigar a Verdade- do contrário não faria nenhum sentido. Quem não percebe é o pensamento, o ego- acho que é isso que você chama de personagem. Pois estes são- por sua natureza- limitados em sua capacidade perceptiva.
Além disso, não vejo divisão entre o Ser e o personagem que sou- personagem no sentido desta manifestação corporal. Acho que devemos ter muito cuidado com as palavras e o caminho é a simplicidade . A vida já é complexa e se usamos palavras complexas para descrever seus fenômenos corremos o risco de criar os iniciados, os eleitos - aqueles que possuem a chave da compreensão e da interpretação.Penso que a verdade é algo muito simples e próximo- e não algo complexo e distante.
Uma linguagem dual , cria um mundo dual. E isto temos que ter cuidado, pois a linguagem dual, mantém uma visão dual . A tal "transcendência" que você fala já cria uma noção de divisão: transcender o que ? Não há nada para se transcender, pois tudo é UM. Tudo é o Ser- inclusive o tal "personagem". Pois nada ha fora do Ser- senão não seria o UM. Sendo assim, o personagem pode e deve perceber a verdade com sua própria mente- não existe outra. Senão criamos outra dualidade .Essa mente é em si mesma infinita, plena, luminosa . Apenas os pensamentos e o esforço bloqueiam a percepção dessa luz . Só isso e nada mais . Assim sendo, não é nem pelo esforço, nem pelo pensamento que ela é percebida. Estes dois precisam aquietar e silenciar .
Só isso amigo, pelo bem da clareza e simplicidade, achei importante fazer esses esclarecimentos!
Muito grato por sua brilhante participação e até a próxima!
Namastê!
Obrigado!
ResponderExcluirAcredito, também, que uma forma bastante viável de meditar seja a exposta pelo Eckhart Tolle. Ele não prescreve nenhuma técnica ou métodos específico - "apenas esteja consciente do momento presente", ele diz. Ele explica que o que importa é apenas estar consciente do momento presente, e não necessariamente das coisas (o conteúdo) que aparecem em nosso agora. O momento presente é como se fosse um puro espaço, um campo onde muitas coisas (conteúdos) estão sempre aparecendo. Basta ficar atento/conectado ao presente, e nesse estado as coisas começam a fluir. Não é necessário sentar de olhos fechados em uma postura e meditar. A meditação acontece naturalmente juntamente o que quer que surja no campo do momento presente. Em minha opinião, esse ensinamento do momento presente é extremamente simples, mas existem muitos segredos encerrados em tamanha simplicidade. É um ensinamento bastante poderoso. Não se trata necessariamente de "método". Acredito que, quando se abandona as técnicas e os métodos, o que sobra é algo bastante aproximado do que é explicitado nesses ensinamentos que falam sobre o Agora.
Namastê!
Bom dia Alsibar
ResponderExcluirNa sua caminhada espiritual sentiu necessidade de libertar-se da meditação para continuar a crescer espiritualmente?!
Na minha opinião a meditação nos primeiros anos é bastante benéfica para o progresso espiritual, chega a uma certa altura que ela passará a ser a bengala da caminhada, não querendo dizer que sem a bengala cairá.. a bengala é a tranquilidade. Na minha modesta opinião não é necessário libertarmo-nos da meditação para continuar a crescer espiritualmente.
Olá amigo(a) de 3 de maio,
ExcluirFalo no artigo sobre a libertação da prática e dos conceitos relativos a Meditação. Claro que algo surge ao longo desse caminho- mas penso que não seja mais o que tradicionalmente se chama de Meditação. E, ao mesmo tempo, é meditação no sentido dado por Krishnamurti. Todavia, isso difere totalmente da visão comum que se tem acerca disso.
Abraços e obrigado pela participação!
Amigo Alsibar és vegetariano? O que me podes dizer em relação a esse tema?
ResponderExcluirPenso que a sociedade, em geral, explora e mata animais para a satisfação do prazer corporal e para o enriquecimento financeiro, caracterizo isso como uma atitude egoísta.
A compaixão é algo maravilhoso, no entanto não vemos o efeito de nossas compras no ambiente. Não sabemos por quais processos os produtos passaram, quais os danos que eles causaram. Aparece no prato um bife com molho e simplesmente metemos na boca para saciar o paladar.
Diga-me seu ponto de vista em relação a este tema.
Abraço com muita Gratidão.
Rodrigo
Ola Rodrigo,
ResponderExcluirTudo bem?
Não amigo, não sou vegetariano. Mas evito comer carne de gado e frango. Só compro peixe aqui pra casa. Sinceramente, acho um assunto muito polêmico e prefiro manter uma posição mais equilibrada. Uma vez perguntaram a Krishnamurti por que ele não comia carne e ele respondeu
" por pena dos animais". Nisargadatta comia carne . Jesus comia peixe- afinal vivia entre pescadores. Dizem que Buda morreu de uma carne de porco que lhe fez mal ( os budistas tem uma teoria que carne de porco nessa época era o nome de uma planta, ou fruto). E assim por diante.
Percebo que é algo muito pessoal e cada um deve procurar seguir seu coração- sem fanatismos ou exageros de nenhum dos lados. Certa vez Jesus disse " o que entra pela boca não mancha o homem e sim o que sai". E na Bíblia o próprio Deus orienta os judeus a comerem carne.
Então- amigo -não dá pra saber se comer carne é realmente um ato abominável, indigno e pecaminoso. Afinal, somos animais também.
Penso que a indústria de carnes e laticínios são abomináveis. O consumismo desenfreado é abominável. A ambição descontrolada também .E acho que , de uma certa forma, toda a sociedade é conivente com isso. Mas penso também que todo fanatismo é igualmente desprezível. E acho que ninguém vai deixar de se "iluminar" por comer carne.
Mas sinto que quanto mais evoluimos, crescemos e amadurecemos espiritualmente- menos sentimos falta de alimentos grosseiros - como a carne de gado. Mas não implica dizer que se comê-la a pessoa estará condenado ao eterno "Samsara" (rsrsr). Conheci algumas pessoas que mesmo sem comer carne, eram pessoas violentas, egoístas, arrogantes e ambiciosas.
Temos que reconhecer que ninguém tem a "medida de todas as coisas". Então, as coisas devem ser vistas dentro de sua contextualidade, subjetividade e relatividade.
Particularmente, estou me sentindo bem com a redução do consumo de carne a quase zero na dieta diária.
Abraços amigo!
Até a próxima!
Obrigado pelo esclarecimento, cada um tem de encontrar o equilíbrio de consumo de animais para o bem estar individual e coletivo, há organismo que necessitam mais desses nutrientes que outros.
ResponderExcluirNo entanto acredito na frase do Mahatma Gandhi "Sinto que o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, para a satisfação de nossos desejos corpóreos".
"Um monge e os seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião a ser arrastado pelas águas.
O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e pegou no bichinho com a mão.
Quando o trazia para fora, o escorpião picou-o e, devido à dor, o monge deixou-o cair novamente no rio. Regressou à margem, apanhou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião com o ramo e salvou-o.
Depois, juntou-se aos seus discípulos na estrada.
Eles tinham assistido a tudo e estavam perplexos e penalizados.
- Mestre, a picada deve estar a doer muito! Porque foi salvar aquele bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o procurava salvar! Não merecia a sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu serenamente:
- Ele agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha.”
Grande Abraço e Obrigado
Abraços amigo e disponha desse espaço!
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