O que é o autoconhecimento ? Como supostamente vive e age uma pessoa que se autoconhece? Que relação tem o autoconhecimento com as necessidades psicológicas e biológicas do sujeito? Vamos investigar juntos?
O autoconhecimento, não é um processo com começo, meio e fim. Não é uma espécie de curso ou habilidade que se aprende, alcança-se um resultado e depois se esquece. “Aquele que se autoconhece” é apenas uma expressão para referir-se ao indivíduo que alcançou o pleno conhecimento dos limites, funções, artimanhas e ilusões do ego. E soube ir além disso tudo. A verdade é que o autoconhecimento nunca chega a um fim. É um processo dinâmico, ilimitado, infinito. Vivemos em constante mutação. Nossos pensamentos, atitudes, emoções e reações estão em constante e perene movimento. As situações, as percepções e o que passa em nossa consciência- é um universo infinito- sempre se autorrenovando, sempre se recriando. E é nesse mundo de relações variadas e infinitas que o autoconhecimento se realiza.
Alguém que “alcançou” este estado, é alguém que tem plena consciência de si. Suas atitudes estão em plena harmonia com o que prega e ensina. Sem as famosas contradições e incoerências que caracterizam boa parte dos homens. Sendo assim, não é um hipócrita. Não pode ser. Há nele uma harmonia. Uma perfeita conexão entre mente, corpo e espírito. Mas, essa integração, não é alcançada através do pensamento. O pensamento não integra. Ele desagrega, desuni, fragmenta. Por isso que este homem tornou-se um verdadeiro “indivíduo” no sentido pleno da palavra: aquele que é indiviso, uno em si mesmo. Aquele que se autoconhece é alguém humilde não de uma forma consciente e proposital. Ele não quer “tornar-se” humilde para ganhar a aprovação das pessoas ou as beneces dos céus. Sua humildade é um fenômeno natural. É o resultado, uma consequência de sua libertação do sentido do “falso eu”, ou ego. Há dentro dele uma dimensão desconhecida e inexplorada. E é a partir dessa dimensão que ele percebe o mundo ao seu redor.
O homem que se autoconhece vive em duas dimensões diferentes: a interior e a exterior. Exteriormente, ele vive uma vida comum. Trabalha, estuda, ama, come, bebe, dorme, lê, se diverte- faz tudo o que uma pessoa normal faz. Mas, como seu mundo interno é de silêncio, paz e harmonia, isso acaba se exteriorizando na maneira dele tratar as pessoas , a vida e as coisas em geral. Mas não dá para descrevê-lo ou prever suas atitudes, pois elas não estão radicadas no conhecido ou previsível. Elas são como o rio, como o vento, como a natureza – às vezes selvagem, às vezes ordenada. Às vezes um cosmos, à vezes um caos. Às vezes criação e às vezes destruição. Nosso pensamento – lógico e racional- não consegue compreendê-lo, nem acompanhá-lo.
Todavia, uma coisa é certa: o homem que se autoconhece é alguém liberto do conflito, da dor, da angústia, da dúvida, da arrogância, do orgulho e do egoísmo. Os desejos biológicos e as necessidades humanas ainda o acompanham- mas ele os vê como fenômenos passageiros, assim como o são seus pensamentos, suas emoções e todas as coisas no Universo. Livre da ignorância e cegueira , ele não quer ser melhor ou superior a ninguém, pois não há mais o desejo de ser “mais” ou melhor . Ele se sente feliz e satisfeito dentro de si, independente de qualquer situação ou de qualquer coisa.
Este homem é um verdadeiro espiritualista. Ele nunca se arvorará como dono da VERDADE , nem dono de nada, pois está livre dos pensamentos de “EU” e “MEU”. Por isso, aceitará as opiniões contrárias uma vez que está livre da ilusão de que existe uma verdade absoluta. Ele não precisa “provar nada pra ninguém”. Nem é candidato a nada, nem quer juntar nada no céu. Assim, não quer ser santo- no sentido em que a sociedade entende. Sabe ele, que enquanto houver ego, não poderá haver paz, nem paraiso- seja neste ou em qualquer outro mundo. Por isso, seu céu e seus tesouros - é a paz abundante e ilimitada- que nenhum dinheiro poderá comprar ou pagar.
O homem que se autoconhece superou suas necessidades psicológicas, não as biológicas. Por isso não será contra o prazer- pois é parte da vida e das necessidades do corpo. Sabe ele, que este tem suas próprias necessidades e seu próprio ritmo de desenvolvimento. Libertar-se do domínio do pensamento e do ego, não significa negar o corpo. Este deve ser considerado como um instrumento , um carro ou um animal do qual nos beneficiamos e que- por isso- devemos cuidar e zelar para que não quebre, não se acabe, não adoeça, nem morra.
Aquele que se autoconhece continuará agindo, fazendo sua parte, cumprindo sua missão. Mas sua mente estará totalmente liberta do EGO ou do “FALSO EU” como diz o GITA. Viverá na Consciência, na percepção clara do aquiagora que é Atemporal , Eterno e Desconhecido. É livre, não porque pensa que é- mas porque superou os limites do pensamento através do verdadeiro autoconhecimento!
ALSIBAR (inspirado)
msn:alsibar1@hotmail.com
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