quinta-feira, 23 de abril de 2020

UM DIÁLOGO SOBRE O INSIGHT




Nesse diálogo, eu converso com o Juninho- um amigo e buscador sincero - sobre o tema do “insight”. Devido a importância e o  papel fundamental desse assunto para a  jornada espiritual,  resolvi disponibilizá-lo aqui para que todos os buscadores sinceros possam se beneficiar, ou tirarem algum proveito dele. Boa leitura e comentem à vontade!

 Juninho: Na sua experiência pessoal, existe algo que pode ser dito estando além da mente e do pensamento, um algo que não depende de esforço, nem de raciocínio, um algo presente por si só?

Alsibar: Sim, claro. Isso é dito desde Buda. E eu também vi por mim mesmo que isso existe. O “insight” é isso.

 J: Mas isso é passível de ser perdido ou depende das condições mentais? Há Algum momento que você não está nisso e no outro penetra nisso mediante alguma atitude mental?

 A: Isso não é "perdido", nem "achado” porque não é uma "coisa" - não é como um objeto que você pode achar ou perder. Não é possível afirmar que isso dependa das condições mentais ou não-  pois parece não depender de nada. Isso vem por si mesmo, e também se vai da mesma forma que veio. Vamos pensar numa analogia: o  insight é como um raio. Nem todo raio toca o chão, mas há aqueles que são tão poderosos que acabam causando danos  como incêndios e mortes. O insight é como um raio, ele vem e desaparece. Mas o que ele causa em você vai depender da intensidade do mesmo. Ele pode trazer uma compreensão parcial de algo- o que JK chamou de "insight parcial”- o que para ele não tinha muito valor. Mas os verdadeiros insights têm poder de destruir/transformar o  centro do eu, do ego- o que JK chamou de  “mutação”. O insight, assim como um raio,  vem e vai. Mas seus resultados ficam , permanecem, assim como o raio físico  que deixa seus rastros de destruição por onde passa.


 J: Quais os mecanismos pelos quais isso se vai?  Atenção  pode evidência-lo? Existem algumas características que podem trazer a percepção disso? Seria possível que isso se firmasse? Será que isso veio para JK e ficou?

A: Entenda:

1. o ego não pode controlar nem causar isso. É um movimento que se origina fora do tempo e espaço. Então não há "mecanismos" nem para trazer, nem para liberar isso.

2.Não tem nada a ver com a atenção da mente ordinária, nem do esforço, nem de prática nenhuma .

3. Não há certeza nenhuma nesse campo. É algo sagrado, como uma espécie de "graça". Ninguém sabe ao certo como ele funciona. Há apenas suposições pois é um grande mistério.

4. Não se firma, não é fixo, não é morto- é algo vivo.  Pode durar um instante, dias, meses ou anos.

5. Não. Não ficou em ninguém de forma permanente e constante. Pelo menos é o que se infere de todos os místicos que li- inclusive Jesus.

J: Mas se é assim então não é um algo que está sempre presente sempre disponível? Sempre experienciável? Como uma luz sempre acesa na qual as experiências acontecem?

 A: Não. Não é algo “experienciável” . Aquilo que se experimenta não é "isso". Só se pode “experimentar”  algo no campo do tempo,  do espaço, da memória e da mente. Aquilo que se pode “experimentar”- como alguém experimenta uma comida, um passeio, ou um carro- não é “isso”. “ Isso” não tem nada a ver com experiências. Nesse estado não ha experimentador, nem experiência. Toda divisão cessa. Isso já aconteceu a diversas pessoas. Mesmo àquelas não religiosas ou espirituais, que nunca leram, nem praticaram nenhum tipo de exercícios espirituais. Mas, por outro lado,
isso também aconteceu a muita gente que tinha sede pela Verdade. Buda, Jesus, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Padre Pio, UG Krishnamurti, Dogen, Joyce Collin Smith, Rodney Collin,  Vimala Tankar - são alguns desses exemplos.

J: Mas no momento que isso não está acontecendo, de alguma forma eu sou inferior ou menos luz e vida em relação ao estado de quando isso está acontecendo?

 A: Sim , claro. O que difere o insight que eu tive ano passado do de Jesus por exemplo ? A intensidade, a força, o poder.  O que difere os insights que eu tive na adolescência desse último? A mesma coisa : esse último, por ter sido mais forte, trouxe mudanças mais drásticas e profundas.Quanto mais intenso é o insight mais revelador e transformador ele será.

J: Acho que você está se contradizendo agora .

A: Por que?

 J: Você cita esses estados como bons, desejáveis, bem vindos, agradáveis. Mas você já me disse que o desejar esses estados causa prisão, apego... e agora?

A:  Ótima pergunta. Você não pode desejá-lo. Você só pode desejar uma coisa : conhecer a Verdade. Se desejar esse estado, provavelmente nunca o encontrará. Mas se desejar conhecer a Verdade certamente a encontrará. Todos que desejaram com toda sinceridade do coração conhecê-la, encontraram-na.  Todos que tenho conhecimento tais como :Buda, Jesus, Santo Agostinho, O Canal das Cartas de Cristo, UG Krishnamrti etc etc- dentre outros.

J:  Olha como são as coisas. O curioso é que Sua experiência é a mesma descrita no advaita * a forma que você explica é similar ao advaita, apenas não usa os mesmos termos.

A: Pois é, mas quando falo sobre isso, que essa compreensão é a verdadeira não-dualidade, ninguém acredita.  Por isso prefiro nem citar o advaita. Tem sempre um guru, ou um “especialista” pra discordar de mim. Também não dou muita importância a isso. Não estou aqui pra provar nada a ninguém e nem quero convencer ninguém de nada.

J: Eu acredito. E se você disse aquele dia que eu tenho algum entendimento de advaita. Eu declaro que você realizou aquilo que o advaita aponta.

A: Grato amigo! Fica na paz!

(Editado e revisado por Alsibar)

* Advaita quer dizer “não-dualidade” e se refere ao ramo do Vedanta que defende a não- dualidade como essência última da existência.

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