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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

QUANDO O DISCÍPULO ESTÁ PRONTO, O TRÂNSITO APARECE!



Eu sempre achei  o trânsito um ótimo mestre espiritual. Ele te testa até os teus limites. Se alguém passar no teste do trânsito, certamente está apto a passar por muitas outras coisas difíceis. A vida é um sistema holográfico: o comportamento demonstrado por alguém em um engarrafamento diz muito sobre o sujeito. Exatamente por que é uma situação de máximo stress. O indivíduo será convidado a revelar tudo o que diz ser. Mas muita gente revela exatamente o contrário. Talvez, nem tivesse consciência de sua própria incapacidade de lidar com situação de grande pressão e stress como o trânsito de Fortaleza em véspera de feriadão- por exemplo.
Eu já passei por muitos congestionamentos, mas o desse dia da véspera do natal de 2018 foi memorável. Era umas 19:00, eu queria apenas ir ao supermercado que fica apenas a uns 15 minutos da minha casa. Dessa vez minha intuição não me ajudou . Talvez eu tivesse que passar mesmo por esse teste de fogo para saber a quantas andava minha paz espiritual. De repente me vi em meio a um congestionamento que mais parecia uma cena de filme apocalípto : uma fila gigantesca de carros totalmente parados. O problema é que levei tempo para perceber em que enrascada eu havia entrado pois, logo no começo, um homem que estava tentando ordenar o trânsito, deu a informação errada. Segundo ele, era apenas um acidente que havia ocorrido ali próximo e que bastava que  eu desviasse do caminho, procurasse outra rota, que estava tudo resolvido. Infelizmente a informação não procedia. E quanto mais eu procurava uma “rota alternativa” pior as coisas ficavam.
Era uma cena surreal. De filme mesmo. Um pequeno quarteirão que já passara  centenas de vezes , levei uma média de uma hora para passá-lo. E quanto mais eu procurava outras saídas, mais lento e difícil o trânsito ficava. A essa altura eu já havia desistido do supermercado. Eu só queria uma coisa: sair daquele imbróglio e voltar para casa o mais rápido possível. Descansar. A fome começou a bater. A gasolina começou a acabar. Pensei: se a gasolina acabar o que vou fazer? Mas ainda havia bastante. A questão era: eu não tinha ideia quanto tempo ainda eu ia ficar preso ali. O que poderia fazer ? Nada. Relaxei. Desliguei o carro para não gastar a gasolina. E fiquei ali esperando. Mas a fome era grande. Havia o risco real de passar mal em meio ao engarrafamento.  Até que finalmente vi uma lanchonete. Consegui encostar o carro e fui comer algo.
Depois de forrado o estômago, voltei de novo para a fila . Minha esperança era que o congestionamento tivesse diminuído e o trânsito pudesse fluir mais rápido. Nada. Tudo do mesmo jeito. Ou pior. Não havia nada a ser feito. Só relaxar , esperar e agir na hora certa. E comecei a refletir : não é assim a vida? Não é essa a atitude que todos deveriam ter diante dos obstáculos e dilemas da vida? Quando não há nada mais a ser feito , deve-se apenas relaxar e deixar as coisas fluirem no seu tempo.  Há momentos da vida que deve-se esperar a fila andar, mesmo que custe, mesmo que seja devagar. Um dia ela andará.
Minha mente estava tranquila- apesar da vontade de chegar em casa. Respirei profundamente várias vezes, veio de forma natural, não forcei nada. Dentro da minha mente havia um silêncio. O stress do trânsito, o cansaço do corpo e a fome não abalaram aquela paz que estava ali, como um campo de força a me proteger. A Meditação era uma realidade. Na hora apenas pensei: esse é o meu grande teste. Se minha mente conseguir se manter tranquila em meio a todo esse stress, então a Meditação realmente funciona. E funcionou. Aos poucos, de pouquinho em pouquinho o trânsito foi avançando. Olhei para o relógio. Havia passado quase três horas. Eu estava, agora de volta, quase no mesmo lugar onde tudo isso começou, mas agora eu estava a caminho da liberdade, voltando para casa.
O trânsito é um grande mestre e um ótimo teste. Da próxima vez que pegar seu carro, observe suas reações. O carro é sua escola de mistérios, o seu laboratório. Seja sincero consigo mesmo, não precisa se enganar. É uma ótima oportunidade para testar na prática, aquela paz  alcançada em Meditação. E agradeça a Deus pela oportunidade de ter esse grande guru para lhe ajudar a se auto conhecer melhor. Sem o teste do trânsito como você iria saber como está a fortaleza da sua paz espiritual? Quer maior teste do que o trânsito de Fortaleza? Se passar nesse teste de fogo, nada mais conseguirá abalá-lo.
Quando o discípulo está pronto, o trânsito aparece!
Alsibar



segunda-feira, 11 de março de 2013

A CULTURA DO DIÁLOGO- The culture of dialogue





O advento das redes sociais  nos possibilitou a interação instantânea com pessoas do mundo todo.  Percebemos, no entanto,  que muita gente ainda se mostra incapaz de utilizar corretamente uma das melhores formas de interação comunicativa: o diálogo. Por que será que não conseguimos ou não sabemos dialogar? Será que nos falta a cultura do diálogo? E por que não a temos? É sobre isso que iremos refletir um pouco.
Nem sempre quem vence o debate está com a Verdade

Participo do Facebook há três anos. Ao longo desse tempo, tentei explorar as diversas vantagens que essa moderna forma de interação poderia me proporcionar. Considero a possibilidade de conversar e trocar experiências com pessoas de outros lugares, com visões e culturas diferentes, seu melhor e mais vantajoso recurso. As formas de interação são várias. Bate-papos individuais ou coletivos, postagens em grupos e murais, web-conferência etc. contribuem para tornar este contato virtual o mais real possível.  Porém, como quase tudo neste mundo, o problema não está no recurso-mas no seu mau uso . Apesar de todo este avanço tecnológico, muitos ainda se mostram incapazes de interagir  com os outros- principalmente de opiniões diversas- de uma maneira educada, tolerante e respeitosa.

Devido à constância de alguns episódios desagradáveis vividos por mim ao longo deste tempo é que resolvi fazer esta reflexão. Já fui expulso ou impedido de postar em vários grupos “abertos”, várias vezes postaram insultos e expressões inapropriadas nas minhas postagens e, por último, vi um simples trecho de um post meu ser transformado em um grande debate competitivo e desproporcional- a meu ver. E me questiono o porquê de tudo isso. Será que não podemos respeitar a opinião do outro? Por será que sentimos necessidade de digladiar com o próximo mesmo que no nível das ideias? Por que temos dificuldade de aceitar e tolerar a diversidade de percepções e visões?
O diálogo socrático

Apesar do diálogo ser praticado desde o tempo de Sócrates o fato é que não temos a costume de dialogar. Talvez esteja aí parte da explicação para tantas atitudes lamentáveis. A raiz de todo problema pode estar na nossa própria incapacidade de convivência, de tolerância e de respeito . Ou, talvez, nos falte a prática do diálogo em si. A sociedade não nos incentiva a movimentos harmoniosos e pacíficos. Somos programados para competir, para ser o melhor e o primeiro em tudo. A educação formal nos ensina o debate- não o diálogo. Dificilmente o professor organiza diálogos na escola- é mais comum os debates.  Será por que o debate é mais motivador devido ao seu forte apelo  competitivo? No bom diálogo não há perdedores, nem ganhadores. Se o diálogo flui de maneira harmoniosa todos ganham. Do contrário, todos perdem.

À primeira vista podemos pensar: “ora, é apenas uma rede social!”. A questão a meu ver se mostra um pouco mais complexa. Nas redes sociais nos revelamos muito mais do que no contato pessoal. Sentimo-nos protegidos pela distância e ausência de contato social com a pessoa. Por isso, podemos falar um palavrão com alguém, insultá-lo ou desrespeitá-lo. Não ligamos se perder sua consideração, “amizade” e respeito. Ora, aquela pessoa é apenas um desconhecido que mora a milhares de quilômetros de distância . No contato social direto nos comportamos mais, modelamos melhor nossas palavras e atitudes. Nas redes sociais, a falta deste contato parece incentivar atitudes que levam à ruptura, ao conflito e à desarmonia.


David Bohm e Krishnamurti

O diálogo pode ser uma boa ferramenta de autoconhecimento. Não é à toa que Krishnamurti e David Bohm foram grandes incentivadores da Cultura do Diálogo. No diálogo as pessoas se revelam e aprendem. Geralmente quem se considera muito tolerante às opiniões pode se revelar intransigente e radical. Ou quem geralmente se acha um bom ouvinte, descobrir que só escuta a si mesmo. Participar de bons diálogos pode ser uma maneira excelente de aprendermos sobre nós mesmos e o mundo. Além disso, respeito, consideração, afetividade, educação e humildade são valores praticados no próprio ato de dialogar. Sem essas características presentes em nós mesmos, corremos o risco de transformar o diálogo é um debate inútil, numa discussão infantil ou até mesmo num embate fundamentalista.

A Cultura do Diálogo contribui para a edificação de uma nova consciência

          Que possamos fazer do diálogo uma ferramenta em prol da paz e do crescimento individual e coletivo, e não transformá-lo num insano e infantil conflito de egos . O diálogo nos oferece a oportunidade de aprender e crescer numa interação amistosa, positiva e saudável com os semelhantes. O diálogo virtual ou presencial pode ser o começo de uma grande mudança na forma como interagimos e nos comunicamos com outros. Organizar, incentivar  e promover a Cultura do Diálogo pode contribuir para a construção de uma nova consciência interativa, com foco na harmonia, compreensão e aprendizado mútuo .

 Namastê!

                Alsibar
 http://alsibar.blogspot.com

domingo, 18 de dezembro de 2011

ONDE ESTÁ A PAZ? Uma viagem ao desconhecido de si! Where's the peace? A Journey Through the Unknow of Himself!


Muitos falam de paz, mas nem todos sabem  onde ela está. E se a paz está dentro de nós por que é tão difícil encontrá-la? Nesse texto, fortemente influenciado pela visão de Krishnamurti, vamos fazer uma viagem em busca da paz. Você é nosso convidado nessa aventura.  Mas precisa ter coragem e disposição para prosseguir até o fim, está preparado?Então vamos lá!
htt;//alsibar.blogspot.com: a paz , onde ela está?
       Se pergunto a alguém onde está a paz, a primeira reação da pessoa é dizer: a paz está dentro de nós. Mas, será mesmo?  E por que não a encontramos? Se a paz está dentro, por que só encontro conflito, ódio, rancor, mágoas, tristeza e confusão? Um lixão de resíduos experienciais, pulsões e tensões em constante guerra e conflito. É fácil falar. Difícil é vivê-la. A paz não se encontra na idealização, nos sonhos, nas ilusões, nos esforços. Simplesmente não conhecemos seu endereço. Muito embora, muitos repitam o contrário.

          Os pseudo-advaitas (monistas) de plantão dirão que a realidade deste mundo é uma ilusão. Esse nível de percepção só é alcançado por iogues avançados em profundo êxtase espiritual. Repetir isso apenas intelectualmente nada mais é do que fuga. A verdade é que no nosso nível de consciência não podemos negar a realidade do mundo. Temos que compreendê-lo, vê-lo sem as distorções da mente. Destarte, não podemos negar a dor, a angústia e o sofrimento. Pelo contrário, temos que compreender seu mecanismo. Só assim a libertação será possível.  Precisamos entender que nunca vislumbraremos o céu negando as nuvens . Nunca veremos o dia negando a noite. Nem nunca veremos o sol, negando a escuridão. Finalmente, nunca encontraremos a paz através da negação do complexo mecanismo do conflito.
Filosofia Avestruz: nada disso existe, é tudo ilusão!

    Temos que ver  a VERDADE! E ver a verdade é ver o que realmente é- como é. Seja o que for. Conflito, confusão, angústia, fuga etc. Não conseguiremos acabar com a violência , corrupção, exploração etc negando a existência dos mesmos. Ilusão é negar o fato. Não podemos fechar os olhos à realidade. Ela grita e se impõe por si mesma. Só os tolos agem como avestruzes. E esta é a realidade: no nosso atual estágio de consciência, são raros os que realmente conhecem a paz. Para o ego-mente, a paz não passa de uma ideação, algo distante e  inalcançável.
Não corra atrás da Paz!
    Mas a paz pode estar perto e longe ao mesmo tempo. Ela não se revela aos tolos metidos a espertos. Ela é sutil e fugaz. Tampouco podemos prendê-la, comprá-la ou alcançá-la por nenhum meio ou artifício. Como o cachorro que tenta alcançar o próprio rabo. Como uma sombra que nos foge à medida que nos movimentamos - assim é a paz.  Ela só se revela aos simples e puros de coração. Àqueles que são sinceros e honestos em sua busca. Àqueles que estão abertos ao Desconhecido. Àqueles que prosperam até o fim. Às vezes chega de uma forma delicada como a neblina, ou forte como uma onda. Mas a nós não compete seu controle . Por isso que quem a busca no campo do "conhecido”, não a encontra. E é, por isso, que as “raposas em pele de cordeiro” nunca a encontrarão. Venderão gato por lebre. Bijuteria barata por ouro. Mas nunca a paz verdadeira, pois esta  nenhum pensamento pode contê-la. Tem vida própria e é tão rara quanto as pedras preciosas, resultado dos processos misteriosos da natureza e da eternidade do tempo . 
As raposas em pele de cordeiro não controlam a paz 

  Mas, será mesmo que queremos a paz? Mas, que tipo de paz buscamos? A paz fabricada, forjada para nossa própria satisfação e prazer? Será que isso é paz? Ou a verdadeira PAZ, não tem nenhuma relação com o nosso caos interno? Existe a paz é resultado de uma busca, de um desejo que te empurra para o amanhã?Ou ela só pode existir na eternidade do agora? A paz futura é proteladora e , por isso mesmo, mentirosa . E assim também o é a paz gestada como fruto do meu desejo. E isso significa dizer que, talvez, a paz não seja nada parecido com aquilo que conheço.   Será que existe paz no pensamento? O pensamento é capaz de vivenciar , tocar e sentir a paz? Ou esta só surge na ausência daquele? O pensamento não é o próprio usurpador do reino da paz? Como pode, ele próprio ser o promotor da paz? Não pode.  O pensamento, que é desordem e caos, não pode  nem mesmo "tocar nas vestes" deste estado sagrado e incorruptível.
Não há paz onde há conflito!

    O que somos sem paz? Um caniço agitado pelo vento? Uma folha à mercê das agitações do tempo ? Um pedaço de pau agitado por um rio caudaloso? É possível viver e ser feliz sem a paz ? Mas o que é essa paz? Não seria a ausência de conflito? A palavra “ausência”, talvez, seja um bom substituto para o termo "paz". Mas ausência de que? Ausência de mim mesmo enquanto entidade separada. Posso existir sem a separação do EGO? Ora, só quando não há mais o EGO é que pode haver paz . EGO é sinônimo de conflito, guerra, barulho. É somente quando estou ausente de mim mesmo, que  pode surgir a verdadeira paz.
Uma paz morta não é paz!

            Mas uma paz morta, vazia, embotada, não é paz. Um grande sábio da Era Moderna disse certa vez: “é no vazio do copo que se encontra sua utilidade ”. Sem o vazio, nada teria utilidade. Tudo precisa de vazio. Sem o vazio nada funciona nesse mundo. É pelos espaços vazios que as coisas fluem. Seja o que for. Um rio, só é rio porque a água tem espaço livre para correr. Sem isso, não seria um rio. Até mesmo os mares e oceanos são buracos gigantescos onde as águas repousam. Uma casa, só é uma casa porque existem espaços entre as paredes onde podemos nos instalar. Até mesmo o corpo humano precisa de espaços vazios desobstruídos para que o sangue e o ar possa fluir. Se uma via qualquer for obstruída, seja qual  for, causará sérios problemas à saúde, podendo levar à morte. 
  Na nossa mente ocorre a mesma coisa. Enquanto ela estiver ocupada, pesada, sobrecarregada do passado, dos pensamentos, das mágoas, dores, lembranças,  tristezas e desejos não poderá haver renovação. E sem a renovação nada flui. E se nada flui, fica obstruído, estratifica-se, petrifica-se… eis aí a formação do EGO-MORTE. Existe algo mais morto do que uma pedra? Nela nada vive, nada brota.  Não é nem mesmo como o solo que tem espaço em si para comportar nutrientes, água e elementos orgânicos.  A pedra não tem espaço suficiente entre suas moléculas. Assim também nos tornamos, quando não há espaço em nossas mentes e corações. A pedra, exatamente por ser dura, sofre grandes impactos em sua estrutura. Quanto mais duro o EGO, mais ele sofre o impacto dos embates com a realidade . 
A paz é insondável.

          A paz surge quando não mais resistimos ao movimento da vida, pelo contrário, dele nos tornamos conscientes. Uma simples testemunha das cenas em movimento, do qual o próprio observador é parte integrante daquilo que observa.  Nisso se encontra aquela paz que não tem nome. Tampouco é um conceito ou algo intelectualmente sondável. Se queremos sondá-la, explorá-la, conhecê-la- ela nos escapa. É no insondável desconhecido reino da Meditação que podemos finalmente tocá-la, ou seria melhor dizer... Despertá-la?
Namastê!
Alsibar ( inspirado nos mestres da Paz)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A FUNÇÃO DO INTELECTO E O DESPERTAR- The intelect function and the awakening

O intelecto e o Despertar http://alsibar.blogspot.com

Qual a função do intelecto para o ‘despertar”? Intelecto “sofisticado” é sinônimo de sabedoria? Devemos desprezar o intelecto ou ele tem sua importância?Qual a relação entre o intelecto e a percepção da ‘verdade’? Como poderemos considerar esta questão? Vamos refletir?

  Não sou nada. O que vou falar aqui são minhas reflexões pessoais sobre o tema, fruto de leituras, vivências e meditação. Para discorrer sobre isso,  faço  uso das minhas faculdades mentais de raciocínio. Por esse simples fato, já percebe-se que o intelecto tem sua importância. Preciso dele para me comunicar, refletir, investigar etc. Também faço uso dele como uma ferramenta de acesso aos conhecimentos científicos, espirituais e culturais . O intelecto tem sua função no mundo. Sem ele não poderíamos viver em uma sociedade moderna  onde a cultura, a leitura , a produção intelectual e científica são tão importantes para todos. 
Os livros nos dão acesso ao mundo do conhecimento
 Todavia, não podemos afirmar que o intelecto é “absolutamente bom” ou “absolutamente mau”. Tudo depende do referencial. Se temos como referência o acesso a cultura do conhecimento e da informação, então ele é bom e útil . O que os sábios tem dito ao longo dos anos é que ele -o intelecto- não ajuda diretamente na percepção do “Verdade”. Sendo, a Verdade, aquilo que está além das palavras e dos pensamentos. Mas até mesmo para saber sobre a "verdadeira função do intelecto" precisamos ter ouvido isto de alguém ou lido em algum lugar. Como, em geral, não temos acesso aos autênticos mestres iluminados os livros passam a ter grande utilidade. Principalmente no começo da busca, período fértil em leitura e pesquisas, essenciais para ampliação da visão de mundo. 

        Mas, o campo de atuação do intelecto é limitado. O problema surge quando a função intelectual, ou pensamento quer conter em si a compreensão  daquilo que é imensurável e insondável. Questão simples de lógica, pouco compreendido por filósofos e teólogos, mas que já fora dito por sábios e místicos ao longo da história. Ora, se o Desconhecido é como um abismo sem fim, um oceano insondável, ou um universo infinito, o intelecto pode ser comparado a um um carro, um foguete, um meio que nos transporta até certo ponto - não podendo  seguir adiante.  Os praticantes de esportes radicais, um astronauta ou mergulhador usam esses transportes para levá-los até certo ponto, até certa altura, após esse limite devem seguir sozinhos em suas aventuras. Da mesma forma é o buscador: deve usar o intelecto como um transporte, um meio, uma ferramenta. Mas, ao dar o "salto para a morte", deve seguir sozinho , sem muletas, sem nada. 
" Apenas sei que nada sei " - Sócrates
  Será que riqueza intelectual lhe aproxima do despertar? Qual a relação entre entre erudição e sabedoria ? É possível se autoconhecer apenas pela leitura de livros de autoajuda? Quantos eruditos iluminados  você conhece? Geralmente, os eruditos ficam tão presos ao conhecimento intelectual que não conseguem a liberdade necessária para o despertar. 


            No Quinto Evangelho Jesus diz: “Aqueles que conhecem tudo, mas não conhecem a si mesmo- não conhecem nada”. Sócrates costumava dizer: “apenas sei  que nada sei”.  Lao Tsé disse coisas similares no Tao-te-ching . Hui-Neng, o sexto e último patriarca Zen era analfabeto. Ramana, alcançou o despertar pelo método direto, sem a ajuda dos livros. Krishnamurti foi à escola mas, coitado, era considerado um “retardado mental” pelos colegas e professores. Estudou o bastante para falar e escrever bem, mas não se formou. Certa vez, um ex-professor seu foi ouvi-lo em uma de suas palestras e ficou emocionado. Não conseguia compreender como aquele menino tão “parvo”, pôde tornar-se alguém com uma sabedoria tão vasta e profunda. Yogananda não gostava de estudar. Mas seu mestre pressionou-o para que terminasse seus estudos formais. Missão que ele só conseguiu devido a intervenção e "ajudazinha" espiritual do seu guru, Sri. Yuktéswar.
"Quem não se conhece, não conhece nada" 

 Pelas evidências, se conclui, que não há necessidade de grandes dotes intelectuais para o despertar da consciência . Por que? É simples: quanto maior o conhecimento, maior a tendência à egolatria. Além disso, o apego ao conhecimento nos impede de perceber as coisas como são. A mente de um intelectual está muito pesada, sobrecarregada de conhecimentos "mortos" que funcionam como “filtros” alterando e distorcendo a percepção direta do Real - daquilo que é. Infelizmente, em geral,  quanto maior o conhecimento, maior é a prepotência. É o que acontece, por exemplo, com muitos estudantes de filosofia. Agem e falam como se tudo soubessem e tudo pudessem. Talvez lhes falte a humildade que surge do verdadeiro autoconhecimento. Muitos são completamente vazios, outros sofrem de sérios distúrbios comportamentais. Eu mesmo conheci  um filósofo que era pedófilo. Fato esse que lhe trouxe grandes problemas para a  vida profissional e pessoal.
É fundamental compreender a função e os limites do intelecto
  Um dos caminhos para o esclarecimento dessa questão é compreender a função e os limites do intelecto. O intelecto é um instrumento que deve ser usado com humildade e sabedoria . Ele é um poder que, se usado de forma errada, poderá trazer grandes infortúnios aos seu "usuário". O intelecto, por sua natureza limitada, não pode ir além dele mesmo. Sendo assim, não lhe é dado acesso à dimensão do Desconhecido. Todos os mestres autênticos são unânimes em dizer que Deus ou a Verdade, está além dos limites do pensamento e que apenas quando este se acalma ou silencia é que a Verdade se manifesta.
Iluminação não significa intelecto morto, apagado.
     Um último esclarecimento: iluminação não significa intelecto morto , apagado. A capacidade intelectual continua a ser usada na hora apropriada e da forma adequada. Ele apenas entra em "standby" . Veja o exemplo do nosso aparelho fonador. Quando não está sendo usado, ele fica quieto, em silêncio. Assim também é a mente  iluminada pela consciência. Usa do pensamento intelectual com parcimônia e funcionalidade. Após seu uso, retorna ao silêncio. Em suma, não podemos desprezar ou demonizar o intelecto.   Mas, para ver a Verdade,  para perceber diretamente Deus, "QUE É” - o intelecto não tem nenhum papel relevante direto. Sendo, na verdade, um empecilho.

Sabedoria é não confundir as coisas e saber o lugar , a função e os limites de cada uma delas.
Alsibar ( intelectualmente inspirado )
http://alsibar.blogspot.com
msn: alsibar1@hotmail.com