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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DEUS É UMA PESSOA? Reflexões sobre a visão antropomórfica de Deus- Is God a person? Reflecting on God's Anthropomorphic Vision

A Criação e o Caos
Como explicar o fato de uma criança inocente ser raptada durante uma missa e ser cruelmente assassinada? Como entender o fato de uma pessoa sofrer um acidente fatal ao fazer uma peregrinação  religiosa de agradecimento por ter sido salva de um acidente? Abaixo refletiremos sobre estas e outras questões que desafiam a  visão antropomórfica de Deus pregada pela maioria das religiões tradicionais.

FATOS QUE DESAFIAM A VISÃO ANTROPOMÓRFICA DE DEUS

Alguns fatos são tão intrigantes que põe em cheque a  lógica das religiões tradicionais, no que concerne à visão de Deus. Estes eventos sinistros, desafiam a nossa compreensão, o bom senso, e abalam a coerência  do discurso teológico tradicional. Será mesmo que Deus pode ser considerado um ser antropomórfico? ( forma e atributos humanos). Quando, diante de tragédias dolorosas, dizemos: “é a vontade de Deus!” não estamos tornando-o igual a nós e, consequentemente, reduzindo-o a nossa condição? Mas será que esta visão de um Deus pessoal é correta? Ora, se Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente e se tem vontades e emoções similares aos humanos por que permitiria tais acontecimentos ? Essa tese não tornaria Deus um ser sádico, cruel e omisso? Obviamente que isso não faz sentido. Então como poderemos lidar com tais questões de maneira, no mínimo, coerente?

COMO SABER QUAL É A VONTADE DE DEUS?

Há, certamente, muitas coisas além de nossa compreensão. Todavia , este argumento não pode ser usado sempre que nossas  crenças são desafiadas pelos fatos chocantes. O problema é que muitas religiões defendem a concepção de um deus antropomórfico somente quando assim lhe parece conveniente. Por exemplo, quando querem impor regras estritamente humanas , em nome de Deus.  Como alguém pode saber o que Deus quer ou não de nós? Alguns podem responder: “está nos livros sagrados”. Mas existem tantos e vários livros sagrados, tantas traduções e interpretações que não dá pra sabermos qual a mais verdadeira ou "autorizada".

A verdade é que, durante muito tempo, as religiões tradicionais usaram tais expedientes  para explorar, dominar e oprimir. A história já nos provou que este é um caminho perigoso , cujas consequências danosas a humanidade conhece muito bem. Quando edificamos uma “autoridade espiritual” o resultado são as divisões, os conflitos e as guerras. Não há religião, livro sagrado, ou intérpretes mais verdadeiro, sagrado ou autorizado do que o outro. Tais concepções fortalecem o fanatismo possibilitando a prática da crueldade em nome do Amor. No novo milênio, a humanidade precisa ultrapassar esse nível de compreensão puramente sectária, para uma visão mais essencial e universalista acerca da vontade divina.

 NÃO EXISTEM AUTORIDADES OU INTERMEDIÁRIOS

Temos  que entender uma coisa simples: ninguém é dono da verdade e ninguém é autoridade espiritual de nada. Aqueles que se autointitulam intermediários entre Deus e o Homem estão mentindo e explorando. Ninguém deveria aceitar como VERDADE concepções  radicadas no sectarismo,  na fé cega,  em teorias e especulações . A história nos mostra que muitas dessas visões e princípios  são impostas pelo poder estabelecido como forma de dominar as massas. Muitas delas, caíram, por terra com o passar dos anos diante da incontestabilidade dos fatos. Hitler pregava  a pureza e superioridade da raça ariana sobre outras "assim chamadas" sub-raças. A igreja católica pregava que o negro não tinha alma, que a Terra era o centro do Universo e que o papa era infalível. Dizia-se na antiguidade que o Império Romano era invencível e, mais recentemente, que o Titanic era o navio mais seguro da época.  Exemplos de crenças aceitas como verdade incontestável e que posteriormente provaram-se infundadas é o que não falta. Ou seja,  frequentemente nos vemos diante de situações que desafiam nossas crenças e certezas acerca da vida, levando-nos a reinventá-las ou repensá-las. Mas, infelizmente, muitos preferem continuam acreditando cegamente em algo - mesmo que seja totalmente sem fundamento.

NADA SABEMOS

Esses fatos apontam para uma coisa básica,  mas que teimamos em não aprender : NADA SABEMOS. Os cientistas vivem refazendo suas teorias e explicações acerca do Universo. Debruçam-se anos e anos à procura de fórmulas matemáticas e equações que consigam explicá-lo e não encontram. Assim também é na nossa vida. Como explicar a crueldade? As coincidências sinistras? As fatalidades? Devemos simplesmente fazer de conta que Deus  estava ausente ou estava “ocupado” demais e não viu  o que estava acontecendo? Sabemos que não  é assim. Uma concepção antropormófica de Deus  não se sustenta diante de tais fatos . Assim , não podemos considerar Deus uma pessoa, com sentimentos e emoções humanas pois, desta forma, ele perderia seus principais atributos: o de Amor,  Sabedoria e Poder Ilimitados e não seria, portanto, Deus. Infelizmente, é devido a concepções tradicionalistas como estas, que muita gente abandona a  espiritualidade para abraçar o ateísmo. Que nada mais é do que outra forma de crença. Isso é lamentável. Essas concepções equivocadas, ao invés de aproximar as pessoas de Deus , tem o poder de afastá-las.

SOMOS CO-CRIADORES DO UNIVERSO

Também é comum vermos alguns religiosos pregarem que se deve “exigir” coisas de Deus.  Alguns pedem, gritam, tentando impor suas vontades, como se Deus fosse alguém que cedesse às pressões humanas. Agimos com Ele como se fôssemos crianças choronas e teimosas  que pedem aos pais coisas que não podem ser atendidas. E, por incrível que pareça, boa parte dos desejos são atendidos ( não esqueçamos que a própria Bíblia diz que "somos deuses", portanto, co-criadores do Universo). Assim, quando pelejamos ou insistimos com Deus, muitas vezes somos atendidos. Mas isso não significa que essa seja “a vontade de Deus”- talvez seja a nossa própria vontade posta em ação.  Apesar de Jesus ter dito “pedi, pedi e dar-se-vos-á”, ele enfatizou várias vezes, que devemos nos resignar à Vontade do Pai que sabe, melhor que ninguém, o que é melhor pra nós. Não é à toa que na oração do Pai Nosso, ele  diz " Seja feita a tua Vontade assim na terra como no céu." 

SEJA FEITA A TUA VONTADE !

No Pai Nosso, Jesus diz : seja a feita a Tua Vontade.  Significando que não devemos pelejar contra a vontade de Deus. Mas, muitas vezes não ficamos satisfeitos. Vivemos reclamando ou infelizes e, muitas vezes, praguejando. O que se deve entender é que há momentos na vida para cada coisa. Há momentos de  ação e momentos de resignação. Aprender a diferenciar os dois é o começo da sabedoria.  Certa feita, Jesus disse : até o cabelo de vossas cabeças estão contados e não cai uma folha que não seja pela vontade do Pai. Eis então  o argumento perfeito para os ateus : se Deus é ilimitadamente poderoso e compassivo porque não age de forma a evitar calamidades, injustiças e crueldades? A resposta do senso comum  seria: ele é bom, mas é justo. Todavia, há centenas e milhares de casos em que crianças inocentes são vítimas de crueldade e injustiça. Sabemos que as religiões orientais, notadamente budismo e hinduísmo,  explica tudo isso através da crença na reencarnação e no carma. Mas será que essas explicações são capazes de nos trazer a paz e conforto? Para alguns, talvez sim. Todavia, não podemos considerar as crenças como sendo fatos. O fato é que são crenças. Será que não haveria uma outra forma de se considerar a questão, sem precisarmos recorrer às crenças?

 CONHECER A VERDADE PELA EXPERIÊNCIA DIRETA

Os verdadeiros místicos e sábios dizem que sim. Eles não defendem qualquer posição radicada na fé cega ou crenças. Em geral, são contra todo tipo de radicalismos e sectarismos, pois sabem  que tanto a crença quanto a descrença , impedem a experiência direta da Verdade ou Deus. Por isso defendem que o homem deve conhecer a Verdade diretamente. Sendo este o única caminho capaz de nos trazer a verdadeira paz e libertação da dor. 

A IDÉIA  ANTROPOMÓRFICA DE DEUS TRAZ DIVISÕES

Deus não pode ser reduzido às proporções humanas. Quando assim o fazemos, nós o destruímos . Como o Imensurável pode se encaixar dentro dos estreitos limites e medidas humanos? A idéia antropomórfica de Deus, torna-o mais próximo da gente mas, ao mesmo tempo, o distancia pois deixamos de vê-lo como a Essência de tudo que há no Universo. Essa centelha essencial se manifesta em todas as coisas, inclusive no homem. O deus antropomórfico, traz divisões e guerras pois as religiões dominantes  sempre brigam pela supremacia do seu deus, em detrimento dos outros "deuses". A verdade é que, as diversas formas e  imagens existentes sobre Deus refletem a cultura de um determinado povo, região e época. Talvez o Hinduísmo seja uma das poucas religiões tradicionais que aceitam a multiplicidade de manifestações divinas. Mesmo assim, ainda há grupos que discutem sobre qual é  a forma mais original, a mais poderosa ou suprema se é Brahma, Krishna, Shiva, Kali etc

DEUS É INFINITO, INCONCEBÍVEL E INCOGNOSCÍVEL

Os grandes místicos e sábios não se preocupam com tais dilemas. Suas experiências de Deus vão além de todo sectarismo . Assim, se entendemos que Deus é inconcebível, incognoscível, atemporal e ilimitado então resolvemos vários dilemas. Quando consideramos Deus como sendo "alguém"- no sentido humano, os fatos tomam aparência de crueldade e injustiça. Ora, se Deus é ILIMITADO e INFINITO, não podemos querer “abarcá-lo” ou “prendê-lo” nas garras da nossa lógica finita e limitada . Consciente disso é que o sábio reconhece sua própria limitação e lida com a questão de outra maneira  : se a vida no parece incompreensível isso se deve ao fato de atribuirmos a Deus  valores e medidas estritamente humanos. Então, concluímos que há coisas no Universo que nossa limitada capacidade nunca compreenderá. Ora, se não conseguimos compreender o simples universo visível, como compreenderemos o que é Invisível, Incondicionado, Atemporal e Infinito? Por isso, Lao Tsé dizia no Tao Te Ching: “o Inconcebível que se pode conceber não é o Inconcebível… o Sábio deve auscultá-lo no silêncio”. Posições bastante similares são compartilhadas por outros místicos e iluminados como Krishnamurti, Buda,  dentre outros.

RECONHECENDO NOSSAS LIMITAÇÕES

Desta forma, quanto mais tentamos entender as razões e o sentido das coisas, mais confusos e perturbados ficamos. Por isso é dito que o “sábio cala”. Não há nada a se falar ou discutir sobre Deus pois nunca teremos capacidade para compreendê-lo em sua magnitude e amplidão. Neste particular, os mitos e os símbolos exercem uma função  importante : são tentativas de comunicar de maneira simples e inteligível, concepções complexas e profundas. Como entender quando Krishna diz no Bhagavad- Gita: “ Eu sustento todo o Universo com apenas uma centelha do meu esplendor”? Como entender o Amor de Deus? Como entender a morte, a solidão, as perdas, as tragédias e o sofrimento que atingem a todos- muitas vezes sem   nenhum motivo aparente e de forma "injusta" pelos padrões humanos? Como entender o episódio que envolveu Hitler e sua escalada ao poder, permitindo assim, o Holocausto?  Só nos resta reconhecer nossas limitações e abandonarmos essa mania de querer entender as razões de tudo.

SOBRE A NECESSIDADE DAS CRENÇAS

Uma outra questão seria : será que as crenças  são necessárias a uma conduta ética e uma vida plena, equilibrada e saudável? Talvez para algumas pessoas a resposta seja sim. Todavia, algumas vezes, elas são verdadeiros empecilhos e até mesmo prejudiciais. Mas se tua crença não cria divisões, não incita ao ódio,  ou à ilusão, então não há problemas, desde que você esteja plenamente consciente de que  crenças não são a VERDADE. É algo que você escolhe confiar porque lhe parece razoável, ou lógico, ou porque lhe ensinaram assim. Mas temos que compreender que podem não ser exatamente como acreditamos que seja.  Então a questão sobre se Deus existe, qual sua aparência e quais suas "vontades e desejos"- nunca serão completamente respondidas. E qualquer que seja a conclusão que cheguemos, por mais confortadoras que sejam, não deixarão de ser crenças. Falando isso não estou afirmando que são falsas- as crenças podem ser verdadeiras ou não. Simplesmente não temos como comprová-las, se tivéssemos não seria crença. Mas, será possível irmos além das crenças? Sim, é possível.

INDO ALÉM DAS CRENÇAS E CONCEPÇÕES INTELECTUAIS

Para aqueles que não se satisfazem com as crenças, mas querem encontrar a Verdade, experimentá-la e vivê-la como uma experiência direta, então só resta um caminho : a MEDITAÇÃO. Todos os grandes mestres sem excepção, a ensinaram.  A meditação pode  transformar, iluminar, libertar  e unir os homens pois não está radicada em concepções teóricas,  mas na experiência direta e objetiva da verdade . A meditação pode libertar os homens das falsas concepções e fazê-los penetrar na dimensão do Desconhecido. Lá estão todas as respostas e o bálsamo para todas as dores. Quando o homem se liberta das limitações do pensamento, do tempo e do desejo passa ele a sintonizar-se com aquela Energia ilimitada, infinita e atemporal chamada Deus. Chegando aí o indivíduo não se questiona mais, não se confunde mais, nem exige, nem pede mais nada. Passa também a compreender que  Deus é simplesmente o Absoluto, sendo assim, é tudo o que existe: o perceptível  e o imperceptível,  o imanente e o transcendente; o que está dentro, fora, acima, abaixo e além.

HUMILDADE E FÉ DO HOMEM SÁBIO

Quando a mente questionadora silencia, não há mais espaço para sectarismos, radicalismos ou discussões teóricas acerca do transcendental. Ao  reconhecer suas limitações, o homem sábio demonstra humildade e fé no Absoluto. Também demonstra verdadeira confiança no Amor e na Proteção Divina pois não suplica ou impõe nada à Divindade. Se Deus é o criador e mantenedor Supremo, ele  nunca pode estar “ausente” ou “omisso”. Mas não compete a nós questionar suas atitudes e os movimentos do Destino Inexorável. Quando sentimos a existência de uma Força Superior do Universo, então qual o sentido da inquietação, medo ou preocupação? O sábio  relaxa pois sabe que Universo  existe por si mesmo e que sua vida não depende de sua medíocre e limitada vontade. Tudo que existe vive pela “vontade” do PAI. A "vontade do Pai" é apenas uma metáfora usada por Jesus  para expressar o fato de que o Universo é regido por Leis e Forças Superiores, matematicamente exatas, Infinitas, Inteligentes e Autocriadoras.

DEUS “É  O QUE É”

E se aceitamos que Deus  é o Absoluto Insondável, e portanto cria, destrói, comanda, sustenta e controla tudo no Universo, desde o pequeno átomo até as galáxias infinitas, então compreenderemos quando Ele afirma na Bíblia que “É O QUE É”.  E assim compreendemos quando os sábios afirmam que perceber  "o que é", é perceber a Verdade, o Desconhecido, Deus, enfim.

AUTOR : ALSIBAR (inspirado)

http://alsibar.blogspot.com



terça-feira, 23 de agosto de 2011

OS PRINCIPAIS ERROS NO CAMINHO DO BUSCADOR- The main mistakes on the searcher's way

O caminho para o Infinito.
 Buscador é uma pessoa que quer encontrar Deus, a Verdade, a Libertação, o Despertar. Todavia, muitas vezes ele  envereda por caminhos e concepções erradas o que pode  trazer graves problemas para sua vida. O objetivo deste artigo, não é ensinar, mas refletir sobre os principais erros cometidos por aqueles que procuram a verdadeira paz espiritual.

Quase todo mundo já teve sua fase de “buscador(a)”. A “busca”é natural de todo ser humano e faz parte nossa vida  – seja a felicidade, sejam respostas, seja paz, seja Deus. Por isso que muitos viajam pelos livros, filosofias, religiões, movimentos. Esperam, assim, encontrar algo que possa aplacar sua angústia, sua dor e inquietação. Poucos param para analisar e aprofundar-se no significado e importância do próprio  ato de buscar. Obviamente, que há estágios de desenvolvimento, em que a busca não somente é saudável como também necessária. Mas será correto passar uma vida buscando? E por que  buscamos. E o quê ? Abaixo iremos refletir sobre os principais erros cometidos pelos buscadores. Novamente repetimos : não somos  donos da verdade, mas sentimos o dever de ajudar a todos que buscam, já buscaram, ou vão começar sua busca pela Felicidade , Deus, a Verdade,  Amor,  Céu,  Nirvana etc.
1.     A BUSCA PODE SER UM ERRO.

As pessoas em geral, não sentem nada de errado em buscar. Buscar é algo tão comum que nunca questionamos essa atitude  universalmente aceita como algo saudável. É.  Até certo ponto. Mas  será que não terá um momento em que toda a busca cessa? Ora, se ela não cessar, como poderá haver paz ou felicidade? Assim, a busca não pára com o encontro do objetivo buscado, mas pela própria compreensão da inutilidade da busca. Pode ser que “o encontro” nunca ocorra e, além do mais, o que estamos buscando? Se for Deus, peguntaremos : será que ele está em algum ponto distante do Universo? Se você procura é porque acredita que ele não está aqui e isso é um pressuposto que pode ser falso. Então como descobriremos? Certamente, mantendo-nos abertos. Sem afirmações prévias , nem pressupostos. Assim, o próprio “buscar” pode ser um erro, por isso, pare de buscar como se Deus, a Verdade, estivesse longe ou fora de você. Reflita sobre esta atitude e perceba que ela apenas lhe distancia do seu objetivo.

2.     A CRENÇA NA EXISTÊNCIA DE UM EU SEPARADO E PERMANENTE

Este é outro grande problema mais sutil e difícil de se compreender. O “eu separado e permanente” é uma outra expressão para a palavra EGO. O EGO é um dos maiores entraves no caminho do buscador. Primeiro porque lhe ensinaram que o EGO esta relacionado com nossos defeitos como inveja, ambição, materialismo, egoísmo, concupscência, luxúria etc. Em oposição ao “EU SUPERIOR” – cujos atributos são bondade, equanimidade, tolerância, paciência, compaixão, desprendimento, espiritualidade etc. Mas será correta esta divisão? Nunca paramos para questioná-la pois ela nos é ensinada , desde o berço, pela sociedade, família, educação e religião. Nasce, desta forma, a dualidade “bem-mal” o maniqueísmo que irá torturar nossos espíritos pelo resto de nossas vidas. Mas essa concepção também deve ser questionada, pois nada a sustenta como verdadeira. Tanto o EGO, quanto o EU podem ser criações de nossas mentes e esta divisão, que tortura tantos espiritualistas, pode ser uma mera ilusão diabólica. Sim, maligna, pois sustenta o conflito, a dor, o medo, a depressão, a baixa autoestima, a fraqueza interior, a falta de auto-confiança. A dualidade pode ser uma grande falácia, sustentada há séculos pelas religiões  e falsos gurus, como forma de manipular e dominar  as massas, em geral, ingênua, manipulável e ignara. Krishnamurti contou certo dia, sobre a visita de um “saniasin” - um renunciante- que cortou os próprios genitais pois não suportava mais lutar contra eles. Não preciso dizer o inferno que esse homem viveu daí por diante. O desejo não está nos órgãos genitais – está  na mente. O conflito está na mente, assim como a dualidade. Sustentar a existência do EGO e do EU Superior- pode ser um caminho tortuoso e sem volta. Pode ser que o EU SUPERIOR exista, mas não está ao alcance do nosso pensamento. Não podemos concebê-lo como uma entidade. Não sabemos o que ele é, pois está no além do além. Ao buscador só resta encontrar dentro de si mesmo o silêncio, o reino infinito do não-pensamento. Só assim haverá “aquilo ou aquele” que trancende toda dualidade, desejos e concepções. Mas somente na paz interior, e na unidade da meditação é que este “ outro” pode se manifestar.

3.     O VALOR DAS CRENÇAS

Crenças são apenas crenças e nada mais. Não o levarão a lugar nenhum, a não ser aonde você acredita que vai. O poder de criação da mente é conhecido desde tempos imemorias. Hermes  Trimegistro já dizia que o universo é mental – significando que a mente molda e cria sua própria realidade. O homem  não pode moldar sua vida pelas crenças. Elas impedem que vejamos a VERDADE- o que é verdadeiro. Assim, o homem sábio deve ter bem claro em sua mente o que é crença: algo que pode ser verdadeiro ou não. E o que é verdade: eu sei que é verdadeiro por experiência própria . Certamente que algumas crenças podem ser verdadeiras – PODEM. Mas que importa isso? O mais importante é que percebamos a Verdade e esta existe independe de qualquer tipo de crença. Importa meditarmos para que possamos nos auto-conhecermos. Do contrário, não nos libertaremos das ilusões e do sofrimento psicológico. As crenças só separam. São fontes de guerras, divisões e brigas.  O homem pode e deve procurar a Verdade além das concepções e das crenças.  Só assim poderá encontrar em si a paz e o amor que unifica e irmana os homens.

4.     A QUESTÃO DA DISCIPLINA, DO ESFORÇO E DO TEMPO


Outro erro muito comum entre os buscadores é acreditar que o esforço e a disciplina são condições necessárias à vivência da espiritualidade. Será que é mesmo? Nos ensinam que sim. Os livros, os gurus, as religiões mas será que esse pressuposto é verdadeiro? Por que não analisamos? Por que não refletimos? É muito simples. O esforço e a disciplina partem de vários pressupostos que podem ser falsos. O esforço que fazemos para encontrar Deus ou a Verdade, seja na luta contra os desejos, contra as imperfeiçoes, contra os defeitos etc. nos trará realmente a libertação desses “defeitos”? Ou será que ele –o esforço- apenas o fortalece? Ora, sabemos que o conflito e a repressão são becos sem saídas. Quanto mais lutamos mais perditos e fracos ficamos. Além disso, qual é o sentido da disciplina ( entende-se aqui disciplina espiritual tais como sacrifícios, práticas rituais, regras, imposições etc.)? Como se Deus ou a Verdade, pudesse ser comprado, ou surgisse como o resultado final de nossos esforços e buscas. Mas será mesmo? Talvez Deus não venha como um “resultado” final de uma longa e penosa disciplina. Como se fosse um prêmio ganho por um atleta que muito treinou e venceu a prova. Será que é? Será que não estamos passando para a dimensão espiritual nossas práticas humanas? É bom que se reflita seriamente sobre esta questão. Talvez Deus não seja algo distante no espaço e no tempo. Talvez ele já esteja no aquiagora. Para descobrirmos, temos que investigarmos e para isso temos que abandonar todas as nossas crenças, conceitos e preconceitos. A meditação poderá nos revelar a resposta.

5.     A CRENÇA NAS PRÁTICAS, TÉCNICAS E MÉTODOS

Outro ponto muito sutil, mas por ser tão simples, torna-se difícil para nossas mentes complexas. Alguns iluminados defendem que a crença nas técnicas é errada. Como saber a verdade? Investigando, vivendo, experimentando, refletindo. Qual o objetivo das práticas, métodos ou técnicas? A idéia é a seguinte: acreditamos que precisamos “fazer” algumas coisa, praticar alguma técnica, seguir algum método para se alcançar o objetivo –ou objetivos. Ora,  se o seu objetivo é “expandir a consciência”, alcançar o “êxtase”, sentir-se mais “calmo e sereno”, ter visões e experiências extrassensoriais, desenvolver poderes de cura e clarividência, fazer viagens astrais, ler pensamentos etc então continue praticando que você chegará lá. Mas não se engane achando que encontrou Deus, a Verdade ou seja o que for. Você apenas alcançou o que seu desejo determinou em sua mente – e isso não é a Verdade- que está além da mente. Muitos espiritualistas e buscadores, não entendem porque mesmo alcançando êxtases e “poderes” ainda se sentem presos à ilusão. Sua mentes ainda voam pelos vendavais do desejo, do medo , da tristeza e da dor. É porque tudo o que você deseja você alcança, mas o que sua mente alcança através do desejo NÃO É O REAL. Não é a VERDADE LIBERTADORA. O que alcançamos através das técnicas ainda está circunscrito na dimensão da mente, do tempo, da dualidade e do EGO. Somente quando não buscamos mais nada, não praticamos mais nada, nem desejamos mais nada – é que se revela algo que nosso pensamento não conhece. E isso não se pratica, pois quem vai praticar? É o EGO que pratica, que busca através de uma técnica e método aquilo que ele acredita ser DEUS ou a VERDADE. E este é o caminho seguro para a frustração, a depressão e o sofrimento.

Certamente que não se esgotam aqui os erros cometidos pelos buscadores. Mas, percebo que os acima descritos são os mais comuns , os mais graves, pois não só impedem o buscador de avançar, como causam estragos irrecuperáveis tais como loucura, suicídio, doenças graves, amputações etc. As reflexões acima tem como único objetivo levar aos buscadores sinceros, uma outra linha de reflexão e raciocínio.
Que aqueles que choram a dor do conflito e da dualidade possam encontrar nesse artigo a coragem de se desfazer de seus condicionamentos e crenças arraigadas, pois só assim poderão  encontrar a paz da libertação.  O conflito, a dualidade, a guerra interior , são os verdadeiros males da humanidade não nossos defeitos e imperfeições- próprios do nosso atrasado estágio evolutivo- mas cuja libertação só vem quando encaramos o que somos- quanod vemos como e o que realmente somos.
O homem sábio vive em paz consigo mesmo e com o mundo. Sem paz não somos nada, não temos forças, nem preservamos a energia necessária ao bem viver, ao verdadeiro discernimento,  ao despertar espiritual, à libertação da Matrix.

Que todos possam chegar à Verdade por si mesmos. A MEDITAÇÃO é a porta.

AUTOR : ALSIBAR
http://alsibar.blogspot.com/
MSN: alsibar1@hotmail.com