Acabei de assistir ao documentário da Netflix, “Em Busca de Sheela” sobre a ex-secretária do guru Bhagwan Shree Rajneesh - o Osho. De antemão, achei pouquíssimo o tempo do documentário - apenas cinquenta minutos. Pensei : será uma forma da produtora surfar um pouco mais no grande sucesso de Wild Wild Country que tem basicamente o mesmo tema, apesar das gigantescas diferenças de produção?
Sim, “Em Busca de Sheela” fica muito aquém da produção que revelou os bastidores da história da comuna do Rajneesh nos EUA. Fiquei pensando: qual o sentido desse documentário? O que a protagonista tem mais pra nos revelar? O que ela pode trazer de novo além daquilo que já fora apresentado no documentário anterior? E, como eu desconfiava, absolutamente nada.
Nessa nova produção, o público é levado a acompanhar a ex-secretária do Osho em um tour pela Índia depois de 35 anos longe de sua terra natal. O que mais me surpreendeu foi o quanto ela foi requisitada pela imprensa para participar de programas, encontros, festas e eventos. Sheela, como de praxe, demonstra muita inteligência, personalidade e até um certo “jogo de cintura” para dizer ao mundo aquilo que ela sempre disse depois que fugiu da Comuna, foi presa e, posteriormente, libertada por bom comportamento: “deixem-me em paz!”
Demonstrando grande insatisfação com as perguntas previsíveis e repetitivas dos entrevistadores, aparentemente, Sheela aproveitou a oportunidade que lhe foi dada pela Netflix para viajar, voltar às suas origens, rever sua terra e seu povo- nada além disso. Sim, o público continuará sem saber quem realmente foi o grande culpado(a) pelos abusos e crimes cometidos em Rajneeshpuram: se foi ela, ou o seu amado e idolatrado guru a quem ela diz não guardar nenhuma mágoa.
Sem dúvidas, algo que ninguém pode negar sobre a Sheela é sua personalidade forte, coragem e inteligência. Talvez, a única coisa que tenha de interessante nesse documentário é poder vê-la chorar pela primeira vez. Não por arrependimento , nem pelo que supostamente fizera. Suas lágrimas desceram quando visitou o local onde seu pai se sentava ao receber suas cartas da prisão e as lia para todos na casa ouvirem.
Sim, Sheela é humana e, talvez, toda essa confusão tenha lhe feito relembrar a boa educação que seu pai lhe dera ao longo da vida mas que Osho, a comuna e o poder, fizeram-na esquecer. Continuamos sem entender exatamente quais os seus verdadeiros sentimentos em relação a todas as acusações que pesam sobre ela e que culminaram com o desfecho surreal e imprevisível que destruiu um dos maiores e mais poderosos impérios “espirituais” da história moderna .
E aí? Está afim de fazer um tour pela Índia com a Sheela? Então assista ao documentário. Mas não alimente muitas expectativas pois ela não dirá nada além daquilo que todos já sabem. (Alsibar)