Ao longo da minha caminhada, eu me deparei com
diversas visões sobre a espiritualidade. Havia sempre duas correntes
predominantes: uma mais conservadora e a outra mais liberal. A conservadora era
marcada pela disciplina, controle dos sentidos e distanciamento dos prazeres
sensoriais. Segundo essa visão, ninguém chegaria até Deus se não houvesse um
completo e absoluto controle da mente e de si mesmo.
Por outro lado, havia a outra corrente encabeçada
por gurus liberais como Osho. Essa via não exigia nada de controle ou
disciplina. A ordem era fluir, observar, estar presente, ser completo e
permitir tudo que se apresentasse. Percorri os dois caminhos dando o melhor de
mim. Mas nenhum dos dois lados me trouxe a paz que eu tanto procurava.
Intuitivamente, havia em mim uma certeza íntima de
que existia uma terceira via distante tanto do controle quanto da permissividade. Um caminho livre tanto da angústia do esforço, quanto da
ilusão da facilidade. Essa intuição me levou a confiar no direcionamento dado
por Krishnamurti.
Krishnamurti aponta o mesmo caminho de grandes
mestres como Buda, Jesus e Lao Tsé. Todavia, sem os penduricalhos culturais e
religiosos. Jesus, por exemplo, enfatiza a oração como caminho para o 'Pai'.
Apesar de JK não falar sobre a oração, ela não contraria seus ensinamentos na
medida em que lhe aproxime da Verdade.
A terceira via, portanto, é um caminho de
investigação e experimentação daquilo que é verdadeiro, bom e útil. Não é um
caminho de obediência cega, mas de autodescobrimento contínuo em que o sujeito
é seu próprio protagonista.
Nesse contexto, os mestres servem muito mais de
referenciais do que de juízes e fiscais.
À primeira vista, a terceira via pode parecer
fácil mas não é, uma vez que, o ego
estará sempre sendo testado e confrontado em suas próprias ilusões e
limitações.
Caminho do Meio, Jnana Yoga, Caminho do Homem Astuto, etc. são alguns dos
nomes usados ao longo do tempo para nomear essa terceira via que tem na compreensão sua principal característica.
Apesar desse caminho não exigir esforços sobre-humanos, ele demanda do indivíduo
uma constante e apaixonada busca pela verdade acerca da natureza dos fenômenos,
de si mesmo e dos conceitos tidos como
verdades absolutas.
Para isso, a reflexão, a meditação e a investigação
imparcial são os grandes instrumentos
usados pelo buscador na sua viagem até o seu objetivo. A terceira via é uma
busca constante pelo equilíbrio e, por isso, o ego a evita já que, no
equilíbrio, ele perde sua centralidade e poder.
Sim, minha intuição estava certa: existe uma terceira opção que não é nem
fácil, nem difícil - tudo depende da força ego. Quanto mais poderoso ele for,
maior será a dificuldade. Mas, quando o ego desperta para o fato de que ele
mesmo é seu maior obstáculo, então o caminho se torna leve, natural e prazeroso. Todavia, não é
fácil perceber isso pois o ego não consegue aceitar que exista vida além de
suas fronteiras e fora do controle de sua jurisdição
By Alsibar
Canais: YouTube:https://youtube.com/c/DESPERTAREScomAlsibar
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