A primeira vez
que ouvi essa expressão foi através de um livro dos Hare-krishnas
intitulado 'A Ciência da Autorrealização'. Era um pequeno livro com a imagem de
Vishnu na capa. Foi incrível o impacto que aquele título teve sobre mim na
época.
Os livrinhos dos hares eram fininhos e baratos. Mas,
mesmo assim, eu não tinha dinheiro para comprá-lo. Juntei minhas economias e ,
na primeira oportunidade que tive, comprei-o. Lembro-me da emoção ao começar
sua leitura, emoção essa que foi, aos poucos, tornando-se decepção. Todas as
minhas expectativas foram por água abaixo. O livro era filosoficamente fraco e,
para ser sincero, não falava nada sobre autorrealização. Mesmo assim, aquela
ideia ficou impregnada de tal forma na minha
mente que, dali por diante, fui procurar caminhos que me levassem à realização
espiritual.
Hoje, passados algumas dezenas de anos, vejo que há
grandes problemas com esse termo.
A palavra autorrealização passa a falsa ideia de que
existe um 'objetivo' ( a realização de si mesmo). E, para alcançá-lo é necessário um meio -
sadhanas, técnicas e práticas espirituais. E, o mais grave, reforça a ilusão de
que existe um 'eu' não realizado que precisa se realizar no futuro. Ou seja,
três equívocos que fazem a pessoa se perder casa vez mais, ao invés de
encontrar-se.
Mas qual é o fato? Qual a verdade?
A verdade é que o eu não existe. Se ele não existe,
não pode ser aperfeiçoado. Se não pode se aperfeiçoar, então não há nenhum
objetivo. E se não há objetivo, não há
necessidade de sadhanas, técnicas, meditações e práticas espirituais.
Compreender todo esse processo de nascimento do
sentido do 'eu' é o que mais se aproxima da ideia de autorrealização. Mas por
que ele é tão difícil de ser visto e compreendido?
É simples: a palavra autorrealização tem um forte
apelo sobre a mente por reforçar o ego, ao invés de enfraquece-lo. Sentir-se
uma pessoa autorrealizada dá um enorme prazer pelo sentimento de superioridade
que tudo isso provoca.
Porém, o verdadeiro sábio 'autorrealizado' é aquele
que percebeu que não há um "eu" para se realizar. Não havendo um 'eu'
cessam todos os esforços e sem esforço cessa o tempo. Até que, finalmente, tudo
se reduz a nada. É nesse sentido de ser
'nada' que tudo se realiza.
No entanto, como ninguém quer ser reduzido a
'nada', as pessoas fogem daqeles que
pregam a verdade preferindo seguir caminhos que lhes dêem respaldo para
sentirem que são alguma coisa - mesmo que isso não passe de uma grande ilusão.
(Alsibar Paz)
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