Quando Buda
alcançou a Iluminação desfez-se a ilusão do "eu" enquanto entidade
autônoma e separada. Dizer que o 'eu' não existe seria incorreto pois é ele que
cria toda a ilusão do mundo de maya, a divisão e o sofrimento. Afirmar que ele
existe seria, igualmente, impreciso pois incorreria no erro de afirmar a
existência de algo que está sempre se transformando, em um constante processo
de morte e renascimento. O eu, portanto, existe e não existe ao mesmo tempo.
Quanto mais apegados à ideia de sua existência concreta/permanente, maior é a
resistência à Realidade e, por conseguinte, maior o conflito e o sofrimento.
Quando o ego
enquanto entidade autônoma está plenamente cônscio de sua própria existência e,
consequentemente, da realidade criada por ele mesmo, seja ela de luz, escuridão
ou neutralidade - diz-se que ele vive no 'conhecido'- ou seja, com pleno
conhecimento daquilo que vive, sente e experimenta.
O
'conhecido' é a extensão sutil do próprio ego. Imagine o ego como uma lanterna
acesa que ilumina o mundo ao seu redor. Sem a luz da lanterna não há mundo
visível, não há cores, sensações e percepções. É o ego que torna o mundo
perceptível e visível aos olhos da consciência.
Em termos
práticos é o seguinte: se estou plenamente consciente da minha própria ascensão,
das minhas virtudes, da minha Iluminação e espiritualidade então é tudo
ilusório pois é o ego que está 'iluminando' tudo. É essa a dimensão que
Krishnamurti apelidou de 'conhecido' pois há um conhecimento pleno do ego
acerca de suas próprias ações, conquistas , perdas, ganhos, objetivos,
processo, etc, etc.
No Antigo
Testamento, há uma vaga alusão a essa questão. Quando Deus diz a Moisés:
'aquele que vê minha face morre' (Êxodo 33:20) é exatamente Isso. Em outras
palavras: o ego não pode ver (conhecer) Deus - o Eterno Desconhecido. Assim,
apenas com a morte do ego ilusório é que o Desconhecido pode então se
apresentar.
Ego é
sinônimo de conhecido/conhecimento/consciência de si, o sentido do eu
auto-existente e separado. O conhecido é a dimensão onde o Ego governa e reina
- inclusive quando trata dos assuntos ditos ' espirituais'.
O
Desconhecido é a dimensão onde o ego não mais manda, não resiste, nem existe -
exceto nas questões de ordem prática para garantir a sobrevivência, o conforto
e a proteção do corpo. No Reino do Desconhecido não há mais o 'mundo do eu'.
Internamente, esse mundo perde a consistência, existência e importância.
Por isso
que, quem alcança o Desconhecido penetra na imensidão do Infinito. Lá, passado,
presente e futuro fundem-se na Eternidade. Nesse estado, tudo está
constantemente emergindo e imergindo, aparecendo e desaparecendo, nascendo e
morrendo. É como um movimento constante das ondas do mar que quando vem cria o
mundo com suas aparências, cores e dores. E quando se vai, leva tudo consigo
revelando a natureza essencial da realidade aparente onde tudo se manifesta: o
Espaço Imensurável, o Grande Vazio de onde tudo nasce e para onde tudo retorna.
Alsibar Paz
05/01/22
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Texto Excelente. O ego não é algo sólido.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras e participação amigo 🙏
ExcluirGratidão!
ResponderExcluirDisponha
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