Há crises que são decisivas em nossas vidas.
Certas situações são tão dolorosas que deixam marcas profundas na psique
e no corpo tais como: doenças físicas e psicológicas, distúrbios e
desequilíbrios emocionais que podem levar à tragédias . O pior é que
certas situações parecem estar sempre retornando. Muda o cenário, os atores, o
diretor, o figurino, o tempo mas o roteiro é essencialmente o mesmo. Quem
nunca teve uma sensação de Dejavú ou de estar preso em um “looping” do
tempo? A questão é : como libertar-se destes repetitivos
“sonhos acordados" ?
Perceber sua própria parcela de culpa no
encadeamento das crises é o começo da libertação. Fugir para religiões,
igrejas, drogas, futebol, sexo, festas ou alguma outra fuga superficial não
impede que o fantasma das crises nos acompanhe como sombra nefasta e
sinistra. É importante compreender que mudanças superficiais não
arrancam as raízes do problema . E somente extirpando-as é que poderemos evitar
esse círculo vicioso . Mas onde estão estas raízes ? Como exterminá-las de vez?
O primeiro
passo é assumir que as causas estão dentro de nós mesmos. Mas admitir isso é
muito difícil. Há que haver uma busca incessante, sincera e corajosa pela
verdade. Não a "Verdade Universal", abstrata e distante- mas a
verdade sobre si mesmo. Temos que olhar para nós mesmos assumindo a culpa
pela configuração do "agora". Há que se ter coragem para
admitir que tudo o que está ocorrendo de ruim é, em grande parte, resultado de
nossas próprias ações e falhas. O sofrimento simboliza a hora do resgate e do
redirecionamento .
Depois dessa "mea culpa"- temos que saber
como arrancar de vez as causas inconscientes do sofrimento. Ora, isso não pode
ser feito através de uma ação direta e deliberada do ego. Terá que haver uma ação
que seja o antídoto dele. Essa "ação" surge com o percebimento
da verdade acerca do fato sem idealizações.
O ideal é o que desejamos, ou imaginamos. O real é aquilo que realmente
somos. Se imaginamos que somos "seres perfeitos", budas, deuses ou
iluminados - nunca nos tornaremos de fato. Os iluminados não chegaram ao
despertar imaginando pontinhos de luz. Eles vêem a Verdade da vida de
forma direta. Mas qual a sua verdade no seu atual estágio de consciência?
Uma delas é que quando o EGO se identifica com algo maior do que
ele, o resultado é frustração e dor.
A tal partícula divina talvez exista em algum lugar dentro e fora de nós. Ela
pode existir enquanto potencial. Mas, assim como um ovo não é um pinto e assim
como uma semente não é uma árvore- mas tão somente possibilidades- assim
também é a essência divina nos seres humanos. Os potenciais
internos não se atualizam através de idealizações mas apenas através da
percepção da VERDADE.
Temos que encarar o que realmente somos . Aquilo que somos em
potencial deve ser esquecido, do contrário, não se atualizará. O
"ideal" é uma ilusão e, por isso, não liberta. Ver o que
realmente somos é que liberta . Mas o que somos realmente?
Afinal, não passamos de uma gama de desejos contraditórios,
fragmentos de egos, pensamentos condicionados, lixos do passado, memórias
escravizantes, medo, esperança, ilusões, sonhos, projeções, conflito e dor. Na
verdade, somos uma montanha de lixo acumulado através de milênios. Talvez
haja um valioso tesouro por baixo desse entulho - mas não sabemos ainda. Se ele
existir, será em estado de latência.
Assim como a lama não deixa de ser a água pura que desceu da fonte, assim
também são os seres humanos em sua essência. Mas para encontrar essa fonte de
água pura, o sujeito deve passar por um processo de purificação. Só assim
tornar-se-á aquilo que ele é essencialmente. Em outras palavras, enquanto
não encararmos nossa própria verdade interior, continuaremos sendo enganados
pelas ilusões da MATRIX. Daí a importância fundamental do autoconhecimento.
Lamentavelmente,
poucas pessoas sabem como empreender a viagem interior . Até mesmo aqueles que
se julgam muito sábios e espiritualizados se enganam. Muitos não entendem algo
simples: o pensador não pode analisar a si mesmo. Como poderia? Uma ilusão
analisando outra ilusão?A auto-análise é um processo dual e, por isso
mesmo, não liberta. Ela é útil apenas no começo. É um start, um
ponto de partida. Depois deve ser abandonada como um foguete que abandona a
carga para tornar-se leve e passar para o próximo estágio de propulsão.
Há muitos erros e equívocos sendo ensinados por aí. A busca pela
autoconsciência, a prática do agora, o esforço para "lembrar-se de
si", o tal "estado de presença" tudo isso são importantes como
processos iniciais e intermediários- mas podem tornar-se impedimentos se não
forem abandonados na hora certa . O motivo é muito simples : quando
há esforço, desejo ou idealização cria-se o tempo, o
"vir-a-ser" que é a própria raiz do sofrimento. O esforço e
o desejo, nunca libertarão ninguém da prisão do tempo pois eles são os próprios
causadores de todo esse caos. Como libertar-se desse movimento contraditório
?
É preciso ver a verdade de que o ego não pode libertar a si mesmo. Que a
não-dualidade NÃO pode ser alcançada por meios duais. E que o
autoconhecimento não se realiza na dualidade sujeito x objeto.
Ele acontece na não-dualidade. Isso é um paradoxo difícil
de ser entendido . Vou tentar explicar de outra forma: o ego não pode se
autoanalisar. É como usar o fogo para apagar o incêndio. Ou usar água para
secar a roupa. O despertar é a compreensão da inexistência da dualidade
observador x coisa observada, sujeito x objeto.
Portanto, não há um "eu" para analisar nada, nem nada para ser
analisado. Tampouco existe um objetivo a ser alcançado . O que realmente
existe é algo que não pode ser descrito, neti, neti:
nem isso, nem aquilo. Assim sendo, palavras como autoconsciência, observação de
si, autoconhecimento, atenção etc só têm sentido em situações muito peculiares
e específicas- não são o estopim do Despertar da Consciência.
Isso acontece porque o ser humano atual é predominantemente ego. O mundo
é percebido como extensão de si mesmo. Então, o ego distorce tudo,
deturpa tudo, destrói e corrompe tudo. Esse EGO é como uma droga poderosa
que nos impede de despertar para a Verdade do que somos. A verdade é o
que você é agora, não o que será no futuro. Evitar as idealizações e
projeções acerca de si mesmo é o começo do verdadeiro autoconhecimento.
Olhar para si, perceber e ver suas própria reações, atitudes, pensamentos
etc representam apenas o começo, o estágio inicial da jornada espiritual. É o
nível mais básico do autoconhecimento. Mas e depois?
Essas práticas têm seu tempo e limite e se não forem abandonadas na hora
certa o sujeito não se jogará no Desconhecido. Por isso que buscar a
autoconsciência de forma permanente e contínua assemelha-se a jornada insensata
de Dom Quixote. Afinal, o desejo e a expectativa criam um novo problema. Por
isso, esqueça essas práticas que todo mundo repete feito papagaio. Deixe
que as coisas "venham" naturalmente, por si mesmas. Na hora certa,
algo muito forte e valioso eclodirá dentro de você. Seja através de um insight,
de uma súbita compreensão ou do apontamento de alguém. Não precisa perseguir ou
buscar nada. Apenas esteja aberto para a compreensão, sempre fazendo a sua
parte, morrendo para si mesmo, para o ontem, para as opiniões , crenças e
experiências do passado, sempre se renovando.
Se preferir, reserve alguns momentos do dia para ficar
quieto, sozinho, relaxado e em paz. Mas isso não pode virar um esforço ou um
ideal. Ou acontece ou não acontece. Ou está ali ou não está. Se não tiver,
levante-se e vá fazer outra coisa. Repito : o esforço para alcançar um ideal,
mesmo que seja o simples observar ou ficar consciente, cria e mantém o fazedor,
o observador, o sujeito do tempo, o vir-a-ser , o tornar-se, o
tempo psicológico. E aí você terá um novo problema a ser resolvido.
A verdadeira Meditação só surge se o meditador/observador estiver
totalmente ausente. Quando não houver nada para ser alcançado, nada
para ser transformado, nem ninguém para alcançar nada- então você terá acordado
do sonho da separação. Esse estado não é mórbido, nem passivo. Nele há muita energia,
vida pulsante e abundante. Krishnamurti dizia que a meditação é um
movimento do Desconhecido.
Quando se percebe que nada pode ser feito, uma vez que, "o
observador é a coisa observada" inicia-se um novo capítulo que nada tem a
ver com o velho movimento da mente. Um movimento que o pensamento não pode
sondar, controlar, direcionar, nem manipular. Nesse "estado", surge
uma energia totalmente nova cujas palavras e pensamentos são incapazes de
definir. Só nesse estado de completa ausência de si mesmo como
"observador" é que você estará realmente livre das ilusões da Matrix-
até lá você apenas sonhou que estava livre.
A Matrix está dentro e fora de você! Não sonhe que está acordado! O que
sinaliza que você acordou não é o que você pensa, faz ou acredita, mas a paz, a
felicidade, a bem-aventurança, o amor, a compaixão e o sentido de estar
finalmente livre de si mesmo!
por Alsibar
Fonte para repostagem: https://alsibar.blogspot.com/p/noticias.html
Data da revisão: 26/06/2020
#Libertação
#Meditaçao
#Despertar
#LibertaçãodaMatrix
#Libertando-se
#Matrix
#Iluminaçao
#LibertaçaodaMatix
Apenas é
ResponderExcluirSem mais sem menos
Total relaxamento de tudo e de todos...
Exato Klaudio
Excluir