Depois de ler um post no Facebook em que o autor usa o Gita para fundamentar sua posição contra o candidato Jair Bolsonaro resolvi escrever esse pequeno artigo como contraponto ao mesmo. Não sou nenhum erudito ou estudioso profundo do Gita. Mas, como percebi que a análise em questão, apesar de ser de autoria de um professor em filosofia e lógica, revela-se absurda, simplória e superficial, senti-me confiante em fazer uma breve análise demonstrando exatamente o contrário do que o mesmo tenta demonstrar.
A começar pela própria história que serve de pano de fundo para o Gita: uma guerra (batalha de Kuruksetra) contra os usurpadores do Reino. De um lado estão os Pandavas, assessorados por Krishna e Arjuna, que representam respectivamente a Luz e a dúvida, e do outro lado está o exército de Kauravas que representam as trevas, o mal, a ignorância. Ora, Arjuna não quer lutar, porque vê do outro lado seus parentes, tios e primos. Fica em dúvida e esmorece. Ao ver isso, Krishna, a Luz da Suprema Sabedoria, lhe diz para que ele pegue sua arma e lute. Os defensores do desarmamento talvez não entendam essa atitude de Krishna, todavia, deve-se lembrar que o dever de um guerreiro é lutar. Um dos pilares do Gita é exatamente o cumprimento do dever de cada um, sem apego. Ora, é dever do Estado e direito do cidadão assegurar-lhe a segurança, mas na falta do primeiro o cidadão tem sim o dever de defender sua família e propriedade, mas sem apego e sem se considerar proprietário de nada, pois tudo pertence a Deus. Mas cada pessoa tem seu dever e segundo o Gita, este deve ser cumprido.
Vejamos alguns trechos desse comecinho do Gita:
“Quando a irreligião predomina na família, ó Krishna, as mulheres da família se corrompem, e da degradação das mulheres, ó descendente de Vrisn vem progênie não desejada. Quando há aumento de população não desejada, cria-se uma situação infernal tanto para a família como para aqueles que destroem a tradição familiar. Em tais famílias corruptas, não há oferecimento de oblações de alimento e água para os ancestrais.”
Nas primeiras falas de Arjuna, vê-se a importância que o mesmo dá a família, a tradição e como ele ataca a corrupção. Esse zelo pela família e tradição é próprio das pautas políticas de direita mais conservadora. Ao contrário dos socialistas de esquerda-cuja pauta prega a ideologia de gênero e a destruição da célula familiar , como preconiza o filósofo comunista Antonio Gramsci que defende a destruição da família, da religião e da moral como forma de dominar a sociedade- é a famosa “ revolução cultural”, ensinada por ele e tão bem aprendida pelos esquerdistas tupiniquins.
E mais a frente ele diz :
“Devido aos atos malévolos dos destruidores das tradições familiares, todos os tipos de projetos de comunidades e atividades para o bem-estar da família são devastados.”. Ó , mantenedor das pessoas, eu ouvi através da sucessão discipular que aqueles que destroem as tradições familiares residem sempre no inferno”
Esse verso reforça a tese da defesa das tradições familiares como central na visão de Arjuna neste momento. Visão essa totalmente alinhada com a posição do candidato Bolsonaro, ao contrário de seu adversário, com seu famoso “kit-gay” para as escolas, a ausência de Deus, e o materialismo Marxista. Não é à toa que nos países socialistas ou comunistas a religião é proibida e o culto a Deus é substituído pelo culto ao Líder Político do país, ou o culto à personalidade.
Os críticos podem argumentar que Krishna logo depois o repreende por se lamentar por algo que não é “digno de pesar”. Mas, logo depois ele se explica, demonstrando que ninguém “mata nem morre” porque a Alma é imortal. E que ele, Arjuna, deve lutar sim pois é esse o seu dever. Quando alguém com a mente equânime, cumpre seu dever, sem se importar com derrota ou vitória, esta pessoa está iluminada pela consciência divina. Ou seja, Krishna não refuta o argumento em si de Arjuna sobre a importância da família, tradição e religião. Apenas diz que ele não pode usar esse argumento para justificar sua fraqueza e covardia e que ele deve lutar pois esse é seu dever divino ( Darma).
“Considerando seu dever específico como ksatriya, você deve saber que não há melhor ocupação para você do que lutar sob os princípios religiosos; e por isso não há necessidade de hesitação.”
Nesse trecho o próprio Krishna defende a importância da religião e dos princípios religiosos. Basta uma olhada rápida nos movimentos de esquerda para ver que esse povo, em sua maioria e boa parte dos seus líderes, não se importam com a religião, nem a respeitam. Há casos de manifestações públicas de uso de espaços e símbolos religiosos de forma profana e desrespeitosa. Novamente, vemos que o posicionamento conservador, de defesa da ordem , da lei e da religião , está muito mais alinhado com o Gita do que o posicionamento subversivo da esquerda.
Bolsonaro não é nenhum santo. É um ser humano. Mas ele já deu várias entrevistas em que se considera numa missão divina. E que se for da vontade de Deus ele chegará lá. Bolsonaro, ao reconhecer que está à serviço do Senhor Deus, se aproxima muito mais do Gita, do que seus rivais esquerdistas. O falso ego é aquele que se considera mais do que Deus. O “ Eu Iluminado” é aquele que se submete à vontade do Senhor:
“Só uma pessoa que tenha renunciado a todos os desejos para gratificação dos sentidos, que vive livre de desejos, que renunciou a todo o sentido de propriedade e está desprovida de falso ego - pode alcançar a paz verdadeira. Portanto, sem se apegar aos frutos das atividades, deve-se agir por uma questão de dever; pois trabalhando sem apego a pessoa alcança o Supremo.”
Krishna, O Senhor Supremo, abomina os canalhas. E ele mesmo renasce para restabelecer a ordem de tempos em tempos. Canalhas são todos aqueles que enganam, roubam, usurpam o povo. Ora, quer alguém mais canalha do que um sujeito mentiroso e corrupto? Então afirma Krishna:
“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante de irreligião -ai então Eu próprio descendo. Para salvar os piedosos e aniquilar os canalhas bem como para restabelecer os princípios da religião, Eu próprio advenho milênio após milênio.”
Sobre a questão das mulheres, o autor do texto argumenta que Bolsonaro não trata as mulheres igualmente- e que isso contraria o Gita- que prega a equanimidade. Quando Krishna fala de mente equânime é um estado de completa unidade com o Todo- em que a diferença “observador e coisa observada” deixa de existir. Ou seja, a vitória sobre dualidade . A mente nesse estado está iluminada, em paz e harmonia. Não quer dizer com isso que, em termos sociais, as diferenças deixam de existir. Ora, a sociedade é diversa. A própria Índia tinha seu sistema de castas- não para privilegiar alguns em detrimento de outros- mas para demonstrar que as pessoas são diferentes conforme sua natureza- obviamente- se todos fossem tivessem vocação para soldado como ficariam os médicos, professores, veterinários, cantores, atores, mecânicos etc? Então o próprio Krishna diz que ele mesmo criou as divisões sociais. Uma mente equânime não quer dizer que a pessoa não saiba a distinção entre uma cobra e um peixe, ou entre uma pedra e um pão-isso seria idiotice. Samadi é o estado de união profunda em que a mente está completamente integrada , harmoniosa , una e em paz. Em suma, é uma “ uma mente estável”, controlada, silenciosa , quieta e, ao mesmo tempo, alerta.
“As quatro divisões da sociedade humana foram criadas por Mim, de acordo com os três modos da natureza material e o trabalho atribuído a eles. E, embora Eu seja o criador deste sistema de trabalho, você deve saber que Eu, sendo imutável, não trabalho. Aquele que se satisfaz com os ganhos que vêm por si mesmos, que está livre da dualidade e não inveja, que é estável tanto no êxito como no fracasso, nunca se envolve, embora execute ações.
Outra ponto a ser considerado é o respeito às escrituras sagradas. Como o próprio Krishna diz que desce ou envia seus enviados , quando necessário, as escrituras cristãs, hindus ou budistas devem ser respeitadas. Os socialistas não respeitam religião, nem muito menos as escrituras, óbvio. Para eles, apenas Marx, Gramsci e seus seguidores valem a pena ser lidos e venerados. Quando Bolsonaro bota Deus acima de todos, ele está claramente reconhecendo a autoridade divina que nos fala através das escrituras, nesse caso específico, a cristã.
“Mas as pessoas ignorantes e infiéis que duvidam das escrituras reveladas, não alcançam a consciência de Deus. Para a alma que dúvida não há felicidade nem neste mundo nem no próximo. A pessoa que trabalha com devoção, que é uma alma pura e que controla sua mente e sentidos, é querida por todos, e todos são queridos por ela. Embora sempre trabalhe, tal homem nunca se envolve.”
Todos sabem que Marx e Gramsci eram ateus. Que os líderes comunistas são ateus .Vide a China , Coreia do Norte e outros países comunistas/socialistas/esquerdistas. E compare com esse verso do Gita:
“Os canalhas que são grosseiramente tolos, os mais baixos da humanidade, cujo conhecimento é roubado pela ilusão e que participam da natureza ateísta dos demônios, não se rendem a Mim.”
O posicionamento de Bolsonaro em relação a Deus e à religião é muito claro. Sua fé em Deus e nos valores religiosos e morais são inegavelmente características que se opõe à ideologia materialista comunista.
“Aqueles que estão assim confundidos são atraídos pelas visões demoníacas e ateistas. Nesta condição iludida, suas esperanças de liberação, suas atividades fruitivas e seu cultivo de conhecimento são totalmente frustrados.”
Por fim, vejam o que diz Krishna sobre os homens demoníacos:
“Os homens demoníacos, refugiando-se na luxúria insaciável, no orgulho e no falso prestígio, e encontrando-se assim iludidos, estão sempre entregues a trabalhos sujos, atraídos pelo que não é permanente. Eles acreditam que gratificar os sentidos até o fim da vida é a necessidade primordial da civilização humana. Desse modo, não há fim para sua ansiedade. Estando atados por centenas e milhares de desejos, por luxúria e ira, eles acumulam dinheiro através de meios ilegais para gratificação dos sentidos.”
O grifo é meu. Aqui fica claro a posição do Gita em relação aos corruptos, aqueles que “ acumulam dinheiro através de meios ilegais”. É público e notório os escândalos e roubos dos petistas desde o Mensalão até o Petrolão e outras dezenas de escândalos. Sem falar no seu próprio Guru, o Lula, que além de ter sido condenado e estar preso, ainda responde a vários outros processos por corrupção e lavagem de dinheiro.
Esse é um pequeno artigo sem muita pretensão feito apenas para demonstrar que a tese que afirma o Gita vai contra as posições políticas do candidato Bolsonaro é uma falácia e não se sustenta. Bolsonaro representa a religião, os bons costumes, a família, o conservadorismo , a honestidade-mas nunca a perfeição- pois é humano e , como tal, tem seus defeitos e imperfeições. Quem vota nele sabe que ele não está envolvido em nenhum esquema de corrupção e que ele representa a esperança de um novo capítulo na política e na sociedade brasileira. Nesse momento, ele traz de volta o respeito às instituições, à ordem e à religião- ao contrário dos seus opositores, que pregam e estimulam a destruição de todos os valores religiosos, morais e tradicionais.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!
Alsibar
Um contraponto:
ResponderExcluirBudista de direita é fajuto
https://tzal.org/budista-de-direita-e-fajuto/
Creio que não seja verdade! Budista respeita a vida, como, então, ser favorável à alguém que defende o assassinato de crianças em formação?
ExcluirAlsibar, concordo plenamente com você. Por isso, votei em Bolsonaro! Não há como cristão votar em alguém que defende a morte de crianças ainda em gestação no ventre de suas mães! E o PT quebrou nosso país.
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