Primeiro Diálogo com Swami Venkatesananda 25 de Julho de
1969
Swami Venkatesananda:
Krishnaji, eu venho como um humilde questionador que vem até um guru, não no sentido
do herói venerado, mas no sentido literal, como um removedor das trevas da
ignorância- que é o que palavra guru significa. “Gu” significa trevas da
ignorância e “ru” significa removedor, aquele que dispersa. Já que o guru é a luz que dispersa as trevas da
ignorância , você é uma luz para mim agora. Nós nos sentamos nesta tenda
ouvindo você, e eu não consigo
visualizar outra cena . Por exemplo, Buda se dirigindo aos Bhikshus (discípulos)
ou Vasishta instruindo Rama na coorte real de Dasaratha. Nós temos alguns
poucos exemplos destes gurus nos Upanishads; Primeiro houve Varuna, o guru, ele
é muito parecido com você. Ele apenas incitava seus discípulos com as palavras
“ Tapasa Brahma… Tapo Brahmeti”. “Que
é Brahman? Não me pergunte”. Tapo
Brahman, tapas, “austeridade ou
disciplina” ou como você mesmo frequentemente diz; “ Descubra”. E o próprio
discípulo descobre a verdade – mas, por etapas.
Yajnyavalkya e Uddhalaka adotaram uma abordagem mais
direta. Yajnyavalka instruindo sua esposa Maitreyi, usava o método “neti, neti” ( nem isso, nem aquilo).
Você não pode descrever Brahman positivamente, mas quando você elimina todos os
outros, ele está lá. Como você disse outro dia : o amor não pode ser descrito:
“é isto”. Mas apenas eliminando-se o que o amor não é- é que ele se revela.
Uddhalaka usava diversas analogias para capacitar seus
discípulos a ver a verdade e então cravá-los com a famosa analogia Tat- Twam- Asi ( Você é isto).
Darkshinamurti instruía seus discípulos pelo silêncio e
Chinmudra. É dito que Sanatkumaras foram até ele para se instruírem. Quando eu
li as descrições de como era Krishnamurti quando jovem, eu sempre me recordo
disso. Estes velhos sábios foram até ele e Dakshinamurti ficou em silêncio e
mostrou Chinmudra. Os discípulos olharam para ele e se iluminaram. É possível
que alguém perceba a verdade sem ajuda de um guru- ou como queira chamar.
Obviamente mesmo aqueles que vem regularmente a Saanen são socorridos em sua
busca. Agora, na sua visão, qual é o papel de um guru, um preceptor ou um
despertador?
Krishnaji: Senhor, se estás usando a palavra guru no sentido
clássico, que é o de removedor das trevas da ignorância, pode uma outra pessoa
-quem quer que seja, iluminado ou estúpido -realmente ajudar a dispersar esta
escuridão em alguém? Suponha que “A” é um ignorante e você seu guru- guru no
sentido usual, aquele que dissipa a escuridão e aquele que suporta o peso do
outro, aquele que aponta- pode tal guru ajudar o outro? Ou melhor, pode o guru
dissipar a escuridão do outro? Não teoricamente mas de verdade?
Você
pode, se você for o guru de alguém, dispersar a escuridão de uma outra pessoa?
Sabendo que ela é infeliz, confusa, não tem muita massa cinzenta, não tem
bastante amor ou sofrimento, você pode dissipar isso?
Ou ele
tem que trabalhar tremendamente sobre si mesmo? Você pode apontar, você pode
dizer , “ Veja, passe por aquela porta” mas ele tem que fazer todo o trabalho
do começo até o fim. Desta forma, você não será um guru no sentido normalmente aceito
dessa palavra- se você disser que não
pode socorrer o outro.
Swamiji: É
apenas isso: o “se” e o “mas”. A porta está lá. Eu tenho que atravessá-la. Mas
existe esta ignorância sobre onde a porta está. Você, ao apontá-la, remove esta
ignorância.
Krishnaji: Mas eu
tenho que caminhar até lá… Senhor, você é o guru, se você aponta para a porta,
você terminou o seu trabalho!
Swamiji: Assim a
treva da ignorância é removida.
Krishnaji: Não. Seu
trabalho terminou! Agora fica por minha
conta me levantar, caminhar e ver o que está envolvido no caminhar. Eu tenho
que fazer tudo isso.
Swamiji: Isto é
perfeito.
Krishnaji: Assim
você não dissipa minha escuridão.
Swamiji: Me
desculpe. Se eu não sei como sair desta sala…Eu sou ignorante acerca da
existência da porta naquela direção. O guru remove as trevas daquela
ignorância. Então eu dou os passos necessários para sair.
Krishnaji:
Senhor, vamos ser claros. Ignorância é a falta de entendimento, ou é a falta de
entendimento de si mesmo? Não do grande “eu”, mas do pequeno “eu”? A porta é o
“eu” através do qual eu tenho que ir. Não está fora de mim. Não é uma porta de
verdade-como aquela porta pintada. É uma porta em mim, através do qual eu tenho
que ir. Você diz: “faça isso”.
Swamiji:
Exatamente.
Krishnaji: Você,
como guru, terminou. Você não se torna algo importante. Eu não coloco
guirlandas ao redor de sua cabeça. Eu tenho que fazer todo o trabalho, todo o trabalho! Você não dissipou as
trevas da ignorância. Você , ao contrário, me mostrou que “ Você é a porta
através do qual você mesmo tem que passar”.
Swamiji: Mas
você, Krishnaji, aceita que foi necessário apontar?
Krishnaji: Sim, é
claro. Eu aponto, eu faço isso. Nós todos fazemos isso. Eu pergunto a um homem
na estrada, “ Por favor, você pode me dizer qual é o caminho pra Sannen?” e ele
me diz. Mas eu não gasto meu tempo, devoção e amor dizendo: “Meu Deus, você é o
maior dos homens”. Isso é muito infantil.
Swamiji:
Obrigado, senhor.
Extraído
do livro “ The Awakening of Inteligence” ( O Despertar da Inteligência)
Tradução:
Alsibar
http://alsibar.blogspot.com
Terrivelmente simples para a Espetaculosa Granja Humana... Não creio que a maioria dos s esteja buscando a própria porta, ainda mais nesta "geração do Me Leva": me leva para a porta, me leva para a luz, me leva à liberdade... Em troca me levam a alma... Quem quer acordar? O espetáculo deve estar muito interessante...
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