Qual a diferença entre o filósofo, o sábio , o místico e o iluminado ? Quais os limites do pensamento, do silêncio e da experiência mística? E no que a Iluminação se diferencia disso tudo? Qual a relação do ser humano comum com estas dimensões? O que os grandes mestres iluminados nos ensinam sobre isso ? Vamos investigar juntos?
Muitos provavelmente me perguntarão se tenho "autoridade" ou se sou iluminado para falar sobre estas questões. Não sou autoridade, nem muito menos iluminado. Para falar , investigar ou refletir sobre qualquer assunto, só é necessário um cérebro saudável. Essa premissa pode ser falsa pois cria as tais autoridades e- por isso- deve ser questionada. Qualquer pessoa pode falar sobre qualquer assunto, principalmente questões internas e universais. Basta que seja capaz de penetrar um pouco em sua própria natureza, de perceber o mecanismo de sua própria mente, fazer inferências, relações, pesquisas, estudos e - ainda- meditar. Os iluminados nos apontam verdades que podem ser comprovadas por qualquer um que esteja disposto a "ir e ver". Creio que a inteligência é um dom divino acessível a todos. Com o raciocínio se pode investigar qualquer assunto de natureza concreta ou abstrata.
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o filósofo, o sábio, o místico e o Iluminado |
A jornada individual de cada um parece seguir o mesmo paradigma da história humana. Ao longo da vida passamos por diversas fases : começamos como filósofos, depois enveredamos pela sabedoria, em seguida pelo misticismo até chegar à Iluminação. Boa parte das pessoas começam sua busca questionando coisas como "o que sou?", "quem é Deus?" " por que sofremos?". Nesta fase, são comuns os estudos e pesquisas sobre religiões, filosofias, ocultismos e ensinamentos espiritualistas. Após algum tempo, nos fartamos de tudo isso . Então, procuramos algo mais substancial do que a simples teoria. Algo que possa aplacar nossa inquietação e vazio interior. É aí que começam as praticas de ioga, meditação, hipnose, mentalização, visualização etc. Com sorte, aprendemos a meditar de verdade e começamos a experimentar a paz e o silêncio interior . É a fase do sábio. À medida que o tempo passa, descobrimos que enquanto houver um sujeito experimentando o silêncio, ou seja, a dualidade - não avançaremos ao estágio seguinte. A vivência mística começa com a experiência da unidade . É quando o observador se une com a coisa observada, o experimentador com a experiência, o adorador com o objeto adorado.
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Sócrates: filósofo e sábio |
Voltando aos filósofos, o que caracteriza a filosofia é a investigação sobre os grandes temas da vida e do universo buscando compreender a verdade acerca delas. Sócrates, Platão, Aristóteles, Heráclito, Pitágoras, Schopenhauer, Nietzche, são alguns desses exemplos . Pelo que sabemos, a maioria deles eram eruditos mas não eram sábios. Muitos se perderam em seu excesso de teorização e especulação. Sócrates e Platão, ao contrário, além de filósofos eram também sábios. A principal característica do sábio é o silêncio, a serenidade e a paz interior. Lao Tsé , Bodhidarma, Hui Neng , Dogen foram grandes sábios, alguns foram também filósofos e iluminados . A principal característica do místico é a experiência da unidade com Deus . No caso dos místicos cristãos, eles se identificavam de tal modo com seu objeto de devoção que manifestavam sinais físicos que remontam ao drama vivido por Cristo tais como chagas, dores, sangramentos etc. São Francisco de Assis, Santo Antonio, Tereza D'ávilla etc são grandes exemplos de místicos cristãos. Já Santo Agostinho, apesar de ser considerado um santo, estava mais para filósofo da religião do que místico . Mas também fora considerado um grande sábio por sua serenidade, humildade e exemplo de vida.
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Bodhidharma- mestre Zen |
Na Índia, grandes místicos como Ramakrishna, Vivekananda, Trailanga etc . vivenciaram esta experiência não-dual de forma bastante peculiar. Ramakrishna era chamado de "O louco de Deus". Seus êxtases eram tão intensos que frequentemente desmaiava, tendo que ser sustentado por seus discípulos para não se machucar. Trailanga andava completamente nu, como se fosse uma criança. Por causa disso, fora preso diversas vezes, mas- ainda na prisão- seu corpo era visto caminhando livremente por cima da cela totalmente sem roupas.
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Registro dos êxtases de Krishnamurti |
O estado místico é marcado pela manifestação do êxtase espiritual ou samadhi e também pelos sidhis (poderes) . Neste estado, é comum sinais físicos visíveis, tais como : transes, desmaios, chagas, dores, transfigurações, sinais corporais etc. O místico pode ser religioso ou não. Jiddu Krishnamurti e U.G. Krishnamurti foram exemplos de místicos não religiosos- pois não estavam ligados a nenhuma tradição religiosa tradicional . U.G. descreve com detalhes os sintomas físicos que se manifestaram nele devido a esse estado diferenciado de consciência- que ele denominava de "estado natural". Já J Krishnamurti descreveu com detalhes seus êxtases místicos diários em seu livro "Diário de Krishnamurti". Ao longo de sua vida, K. protagonizou diversos casos de cura e manifestações milagrosas- inclusive transfigurações. Ele não gostava de falar sobre isso e pedia que as pessoas não comentassem. Mesmo assim, há vários testemunhos e registros sobre estas e outra manifestações místicas.
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Dogen: sábio que se iluminou |
Mas e o Iluminado? O que diferencia o iluminado do filósofo, do sábio e do místico? Para responder a esta pergunta temos que recorrer aos próprios iluminados. Um Iluminado é aquele que está totalmente Desperto, plenamente atento e consciente de si. Sidarta Gautama, o Buda fora um dos maiores exemplo de iluminação espiritual. Sobre os grandes iluminados do passado temos pouca ou quase nenhuma informação. Todavia, felizmente, temos grandes iluminados nesta era moderna e são eles que nos dão as pistas sobre este raríssimo estado de consciência. O iluminado é ao mesmo tempo um filósofo - pois conhece as verdades essenciais sobre a vida e o ser. Um sábio, pela equanimidade mental e silêncio interior. E um místico, por causa dos estados superiores de consciência ou supraconsciência . O quarto e último fator é que o Iluminado vive tudo isso PLENAMENTE CONSCIENTE DE SI. Ele navega por todas as esferas sem perder a consciência de sua individualidade. É a tal "unidade na diversidade". Há grandes exemplos de iluminados modernos, tais como: Babaji (do Autobiografia, não os fakes posteriores a obra), Sri. Yuktéswar, Lahíri Mahasaya, Krishnamurti , Ramana Maharish, Nisargadatta, dentre outros.
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Na oração vivenciamos a experiência mística da devoção |
Mas, será que nós, seres humanos comuns, não vivenciamos um pouco de cada um em vários momentos da nossa vida? Eu diria que sim. Quando pensamos sobre questões existenciais como o sofrimento e o significado da vida estamos filosofando. Quando conseguimos ficar quietos e em silêncio, ouvindo uma palestra ou um sermão, ou quando somos pacientes -por exemplo, estamos vivenciando a sabedoria. E quando, nos momentos de intensa devoção religiosa, experimentamos, o êxtase e o gozo espiritual -seja em uma missa, culto ou celebração religiosa experimentamos, naquele momento, o misticismo. Essas dimensões estão dentro de nós. São etapas arquetípicas, universais que fazem parte de nossa jornada espiritual rumo ao Infinito.
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Contemplar com total atenção é Meditação |
E quando será que experimentamos a Iluminação? Quando, de repente, ouvimos atentamente o canto de um pássaro, o som das árvores e do vento de forma atenta e silenciosa. Quando , por um instante, olhamos com atenção para as cores de um ambiente, a beleza das pessoas ou uma bela paisagem . Ou até mesmo quando damos total atenção à fala de alguém importante, ou algum assunto que nos interessa . Nestes momentos, muitas vezes rápidos e raros, a mente silencia e nos tornamos totalmente atentos ou conscientes. CONSCIÊNCIA E SILÊNCIO caracterizam a mente iluminada. Assim, quanto mais conscientes estivermos em nosso dia-a-dia , mais iluminados seremos. Para isso, basta observar atentamente os processos internos e externos tais como emoções, reações, pensamentos, pessoas e acontecimentos em geral. Esta observação deve ser silenciosa, sem julgamento, análise ou pensamentos, procurando tornar-se uma testemunha silenciosa do drama da vida. Se fizermos isso sempre que pudermos ou nos lembrarmos, nem que seja por alguns segundos, minutos ou instantes, estaremos meditando e se iluminado- mesmo sem saber.
A Meditação ou quietude interior consciente é tão fundamental, que até mesmo a Bíblia judaico-cristã traz uma referência memorável a ela:
“ Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário da morada do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais será abalada.(…)Aquietai-vos e sabei que EU SOU DEUS!”- Salmo 46- versículos 4 e 10 .
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"Aquietai-vos e sabei que sou Deus" |
Assim, todos nós temos nossos momentos de filósofos, sábios, místicos e iluminados. Mas apenas a QUIETUDE CONSCIENTE ou MEDITAÇÃO pode nos levar à CONSCIÊNCIA PLENA ou ILUMINAÇÃO. Daí por diante, a alma segue sua jornada infinita por estágios cada vez mais profundos, vastos e desconhecidos.
Namastê!
Alsibar
Sim! também sou um iluminado, mas ando meio apagado ultimamente pois esqueci de pagar minha conta, mas prá tudo têm um jeito....vou fazer um gato lá na casa do Mago Guru e resolver meu problema.
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluir"O teu irmão é teu amigo porque o Pai o criou como tu. Não há diferença. Tu foste dado ao teu irmão de maneira que o amor pudesse ser estendido e não tirado do teu irmão. O que deixas de dar está perdido para ti. Deus Se deu a ti e ao teu irmão e lembrar disso é agora o único propósito que compartilhais. E assim é o único que tendes" (UCEM-T-24.I.7:1-6).
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ResponderExcluirAlsibar, considero você um iluminado.
todos somos iluminados é uma pequena e simples
ResponderExcluirquestão de acordar no sonho cósmico.
assim falaram :
jesus,sócrates, buddha e osho...
Ola Iara, gentileza sua. Sou apenas um blogueiro.
ResponderExcluirOla Mário, obrigado por sua participação. Agora fico aqui me questionando será mesmo que é uma questão tão "pequena e simples" assim? Me parece que acordar desse sonho não é tão simples não. Se fosse não haveria tanto caos no mundo e em nossas vidas.
ResponderExcluirFraterabraços amigo!
Gostei muito, me esclarecer algumas dúvidas. Obrigado.
ResponderExcluirBryanna
"esclareceu"
ResponderExcluirObrigado Bryanna por sua visita e participação .Volte sempre!
ResponderExcluirGostei muito do texto.
ResponderExcluirObrigado
José Elias
Obrigado Elias por sua visita e comentários. Fraterabraços!
ResponderExcluirIncrível a questão da sincronicidade... nem sei como cheguei a vc, ao seu blog...
ResponderExcluirNa dimensão que estamos habituados essas questões de sintonia e conexão ainda nos causa uma certa perplexidade, mas qdo deparo com um texto desses como o seu, Alsibar, percebo qto isso é possível.
Parece q as indagações se unificam e as respostas e experiências vão sendo compartilhadas.
Um grande abraço, caro amigo, e muito obrigada pelo texto :)
Vanuza Cavancante, sim, você tem toda razão. Grato por sua participação e visita. Namastê! _/\_
ResponderExcluirA minha sensibilidade me leva por todos esses caminhos. Como você mesmo disse: Todos nós temos nossos momentos de filósofos, sábios, misticos e até mesmo a iluminação.
ResponderExcluirMas sempre falta algo... falta a liga... a conexão entre estes momentos.
Gostei muito do texto, foi esclarecedor.
Gratidão!
Clara Luz - Amor em Grãos.
Olá Clara Luz,
ResponderExcluirSim, gostei do questionamento. O que será que falta para conectar, ligar esses momentos? Fica aí a reflexão. Muito obrigado mais uma vez por sua visita e participação. Namastê!
amei como sempre, caro investigador!
ResponderExcluirahahahahah beijaço, Alsibar!!!
Olá Ritinha, fico feliz que tenhas gostado! bjs
ResponderExcluirOlá Alsibar.
ResponderExcluirRelendo este post, lembrei-me de um livro que li recentemente. Não sei se conhece, é Filosofia e Consciência de Sérgio L. de C. Fernandes. Se ainda não leu, recomendo por ter relação com o tema deste post. Neste trabalho, que por acaso chegou até mim, Sérgio faz uma reflexão do sentido da filosofia e do fundamental objetivo do filósofo que é a busca da sabedoria, que nenhuma relação tem com o conhecimento, muito pelo contrário.
Saudações Krishnamurtianas. Krishnamurti que é nosso companheiro dessa estrada que não tem meta, não tem fim, nem descanso.
Um abraço fraternal.
Ola amigo Psicoanarco,
ExcluirMuito grato por sua indicação. Sim, é um irmão de jornada- felizes quem o descobre em sua viagem interior.
Fraterabraços amigo!