domingo, 20 de novembro de 2011

“DAI LEITE ÀS CRIANÇAS E SÓLIDO AOS ADULTOS” MAS…ATÉ QUANDO? Give milk to the children and solid food to the adults but... until when?

Alsibar-  Dai leite às crianças e alimento sólido aos adultos

Será que a humanidade já está madura o bastante para compreender a Verdade ? O que é a humanidade? Não são os indivíduos? Será que nós enquanto indivíduos não somos ainda capazes de seguirmos nosso próprio caminho sem necessitarmos das muletas, das técnicas, dos gurus e das religiões? Vamos refletir sobre isso?

Paulo de Tarso em 1Coríntios 3:2, nos fala sobre o alimento específico para as crianças ( leite) e o alimento aos adultos ( sólido). Obviamente, o grande Apóstolo dos Gentios referia-se ao fato que nem todos estão preparados para receber a Verdade em sua plenitude e profundidade. São ainda como “bebês”. Certamente que todos nós, ao longo desta caminhada de busca, um dia fomos “bebês”. Não tínhamos ainda o discernimento e a maturidade para compreendermos a Verdade . Naquele momento, poderia ser insurportável para nós. Sim. Isto é totalmente compreensível e aceitável. A humanidade é a prova disso. Primeiro veio Abraão, e falou ao povo o que eles podiam entender, em uma linguagem própria àquela mentalidade da época. Depois veio Moisés e nos trouxe a imagem de um Deus Amoroso, mas justo e por vezes “vingativo”. Depois veio Jesus, ensinando-nos que Deus é Amor. Passaram-se mais de dois mil anos. Estamos no Terceiro Milênio, será que ainda precisamos de leite? Ainda não estamos maduro o bastante para mudarmos do leite ( verdade parcial) para o alimento sólido (Verdade total). Obviamente, muitos não estão. Continuam precisando de muletas e consolos a saber: dos gurus, dos livros, das técnicas e dos Lexotans espirituais. A grande questão não são as muletas e consolos, mas até quando seremos dependentes deles! É esta a pergunta que cada um deve fazer a si mesmo, e é sobre isso que iremos refletir.
A “humanidade” não existe. Este é um conceito abstrato que define uma coletividade, um conjunto de indivíduos. O que existe realmente são os “indivíduos”.  Se cada um de nós enquanto indivíduos não  tomarmos a consciência que chegou a hora do “desmame”, a humanidade nunca amadurecerá. Continuará alimentando-se à base de verdades superficias e confortadoras, que em nada ajudam no despertar. Vamos lembrar direitinho como vivem os bebês?
Eles passam boa parte do tempo dormindo. Às vezes brincam, às vezes acordam e querem mamar. São muito dependentes de suas mães e necessitam de total atenção e cuidados. Se por um instante, a mãe lhes falta. Eles choram. Querem sentir-se confortáveis e seguros.  É a presença da mãe, seu cuidado, amor e afeto, que lhes dão a sensação de segurança, paz e conforto que tanto apreciam e precisam. Perfeito, assim é a natureza. É assim que são as coisas. Mas nossos problemas crescem à medida que vamos crescendo. Os estudos psicanalíticos de Freud nos esclarecem que temos três corpos : o carnal, o mental e o emocional. Enquanto os dois primeiros se desenvolvem normalmente. O corpo emocional só se desenvolve até os três anos de idade. Ou seja, emocionalmente,  boa parte das pessoas só tem três anos de idade. Isso acarreta uma série de problemas na vida do adulto- emocionalmente imaturo. Ele, mesmo adulto,  continua necessitando sentir aquelas mesmas sensações de paz e conforto, de quando era um bebê.  Mas, aí, o problema : não tem mais a mãe ao seu lado . Então o indivíduo começa a procurar essas mesmas sensações em outras coisas e pessoas.  Pode ser em um parceiro ou parceira, nos amigos, em uma organização social ou religiosa, em uma ideia ou ideal.  Outros, procuram-nas na bebida, nas drogas, nos chás alucinógenos, nas religiões, na ideia de “Deus” e, por último, nos livros, nos gurus e nas técnicas.
O resultado disso tudo? Essa nossa sede de paz , conforto e segurança é tão forte que ela passa a influenciar quase tudo na nossa vida. Por isso procuramos os gurus. Mas não queremos um guru qualquer,  tem que ser aquele que nos proporcione muitas sensações. Do contrário, o guru não serve. Queremos técnicas que nos leve a um estado de paz e conforto. Buscamos essas sensações praticando técnicas de respiração e mentalização. E quando a encontramos, dizemos : eis aqui o grande Guru! Eis aqui a técnica infalível! Muitos estão dispostos a pagar caro por qualquer vislumbre de paz e felicidade. Isso alimenta um mercado que cresce a cada dia.  Mas será mesmo que o fato de algo me proporcionar sensações confortantes,  determina a medida do que é verdadeiro ou falso? Do certo e do errado ? Do que é sagrado e profano? Do que é divino e mundano?  Será que é assim mesmo? Será que experimentar sensações de paz e conforto é mesmo um critério confiável? O que nos mostra a história recente dos gurus  e seus movimentos  religiosos? Por que não percebemos a verdade sobre as técnicas e os gurus? É porque ainda somos bebês? Será mesmo que ainda não temos a capacidade de compreender isso , ou será que não queremos sair da nossa “zona de conforto”? Ou será medo de encararmos a Verdade? Mas o que tememos? O Desconhecido? Mas, no conhecido, existe alguma segurança, ou simplesmente a “ilusão da segurança”?
A viagem de cada homem, é uma viagem arquetípica em direçao ao Desconhecido. A Psicologia Transpessoal , sistematizada por Jung, já falava sobre isso. O próprio nascimento é um salto no desconhecido. A primeira grande experiência traumática do ser humano. Daí por diante, nossa viagem se inicia, e com ela, uma eterna resistência , um eterno medo do desconhecido, da dor, e do crescimento. Poucos conseguem ser exceção à regra. O desconhecido está aqui, sempre do nosso lado. Mas, porque temos medo, tratamos de “alterá-lo”. Então transformamos tudo em conhecido. E como fazemos isso? Simples: através de nossas crenças, fantasias, sonhos, palavras e pensamentos. Assim, diante do desconhecido da Morte, criamos teorias, o céu, o paraíso, a reencarnaçao. Obviamente, não estou afirmando se são verdades ou não. Podem ser ou não. Estou analisando o processo da mente que cria o conhecido, como forma de fugir aos Desconhecido. Assim também fazemos com Deus- o grande Desconhecido. Tratamos de “moldá-lo” à nossa imagem , semelhança e  gosto. Só acreditamos em um Deus que nos convém. Que possa nos passar confiança e bem estar. Por não aceitarmos a ideia de que Deus é o Inconcebível, o Impensável, criamos deuses pensáveis e concebíveis.  É uma forma de nos sentirmos mais confortáveis, felizes e confiantes. Mas Deus existe para nos satisfazer, ou é o contrário? A "Vontade" que deve ser feita é a nossa ou a Dele? É Ele que tem que se encaixar em nossos padrões ou nós que temos que evoluir, crescer,  e despertar para a Verdade?
Assim, vivemos presos ao Conhecido. Sendo o conhecido nossos temores, angústias, esperanças, nosso passado, desejos e pensamentos. Muitos de nós, não estão maduros o bastante para se libertarem de suas muletas. Isso é um fato. Mas, diante desse fato, aqueles que despertaram para essa verdade, devem se omitir? Se uma criança não quer deixar a “chupeta”, o “ consolo”, ou  o leite materno, qual deve ser a atitude do adulto em relação a isso? Forçar a mudança, o desmame? Obviamente que não. Mas não devem se omitir, nem se calar. Se há ainda irmãos que não conseguem desvencilhar-se de suas dependências psicológicas, deve ser respeitado sua condição, seu passo e ritmo. Mas aqueles que já se “desmamaram”, não devem abandoná-los. Mas também não deve jogar-lhes pedras, ou maltratá-los. Todos devem ser tratados com amor, respeito e dignidade. Os que já são adolescentes, os adultos e os maduros, provarão que realmente ultrapassaram esta fase da “jornada”, não pela incompreensão e intolerância- mas pelo amor, compreensão e sabedoria que demonstram com os demais.
Se somos luz, que esta luz brilhe realmente a todos que estão ao nosso redor. E ser luz é ajudar. Nunca empurrar. Cada pessoa tem seu livre arbítrio. E este é um direito divino que nem mesmo os deuses podem usurpar. Além disso, cada aluno tem sua série, seu grau. Alguns conseguem  “subir de nível” no tempo certo. Outros demoram mais. Outros tem que "repetir de ano". Alguns talvez nunca terminarão o ensino Fundamental. Outros terminarão apenas o ensino Médio. E outros conseguirão continuar seus estudos superiores, mestrados e doutorados sem nunca parar de estudar pois o aprendizado é infinito. Ajudar os irmãos das séries iniciais, os que tem dificuldade de aprender, é nosso dever não só como  cidadãos, mas como Filhos do Deus Altíssimo. Grandes seres que terminaram seus estudos aqui, e que continuam estudando nas Altas Esferas Celestiais, retornam com frequência a este mundo, para ajudar aqueles que ficaram pra trás. São os místicos, os santos, os sábios, os iluminados, os Avatares. Se eles, que já estão cursando Altos Estudos Superiores, descem ao mundo para ajudar seus irmãos que ficaram pra trás, que faremos nós- pobres mortais- senão seguir-lhes o exemplo?
Algumas profecias nos dizem que vivemos o  Tempo do Despertar e que logo depois virá o "Fim". Mesmo, que estas previsões estejam erradas, homens como Krishnamurti, Ramana , Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri. Yukteswar e outros mais,  são provas vivas de que o homem deve despertar- independente se o “Fim” esteja próximo ou não. Que importa para o homem que está dormindo se o mundo vai se acabar  no próximo ano ou daqui a milênios? Se ele dorme, não vive. E se não vive, é como se já estivesse morto. E se já está morto, o mundo "real" para este homem já acabou. Que mundo queremos salvar? O mundo dos sonhos? O mundo da nossa mente? O mundo dos desejos e da Ilusão? Salvemos nosso mundo interior! Temos que acordar agora! Já ! Independente do que possa acontecer amanhã. O "despertar" se faz necessário, não porque o mundo poderá explodir no próximo ano, mas porque sem despertar, nossa vida é uma sequência infindável de ilusão e sofrimento- só isso.
O que os mestres e iluminados sempre tentaram fazer é simplesmente acordar-nos. Somente acordando é que poderemos nos libertar da dor da Ilusão e ignorância. Eles nos convidam a viver a vida não como um sonâmbulo, não como um bêbado, mas vivê-la  sobriamente e com plena consciência. Só quem está desperto pode viver a vida em sua Plenitude e Beleza. Não é à toa que Cristo disse : “ Eu vim para que todos tenham vida, e que a tenham em abundância”. A vida em “Abundância” só pode é possível quando nos desvencilhamos do “ conhecido” e passamos a viver no “Desconhecido”. Viver no Desconhecido é libertar-se de nossas muletas, nossos consolos , suportes, ilusões e sonhos. É libertar-se dos livros, dos gurus, das técnicas , dos pensamentos , das crenças e de tudo que nos dá a falsa sensação de conforto e segurança. É ser livre.  Absolutamente livre e independente das coisas que nos prendem ao desejo, ao medo e à Ilusão.
Ninguém nunca culpará um bebê por ser dependente das sensações de conforto e segurança que a mãe lhe proporciona. Mas  se um adulto, ou mesmo um adolescente, continua ainda dependente do colo , do leite e da presença da mãe para sentir-se bem. Então algo está errado. Mas, ninguém, absolutamente ninguém irá nos fazer amadurecer à força. Ou percebemos este fato ou correremos o risco de chegarmos à maturidade ainda chupando  dedo, ainda mamando, ainda dependente da companhia da mãe. Continuaremos sendo emocionalmente bebês, carentes de carinhos e afagos maternos, procurando em vão ouvir a doce e melodiosa voz de nossa genitora cantando uma canção de ninar e nos dizendo:
“Nã, nã, nã, nã, nã, nã, nã… “Schiiiii, dorme em paz meu filho! Mamãe está aqui”
Alsibar ( apenas um canal)




4 comentários:

  1. Sim! sou surdo e com isso não precisa puxar as minhas orelhas, aliás nem sei para que as tenho.....para que sevem as orelhas?

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  2. Pra separar a cabeça? Uma a mais do que a boca pra ouvir mais do que falar? Não sei... é uma boa pergunta! rsrsrs . Fraterabraços anônimo!

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  3. Sim! você tem toda razão, "não sei" foi um dos ensinamentos que ofereci ao jovem Sócrates quando andava aflito por saber os mistérios do mundo e dos dois orifícios nasais do peixe boi.
    Alsibar, vc por acaso é parente do grego?

    Abraços.

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