terça-feira, 7 de janeiro de 2025

UCEM OU CARTAS DE CRISTO: QUAL É O IMPOSTOR? #ucem #cartasdecristo

 



Esse texto foi retirado de um comentário feito por uma pessoa de nome Liliane lá no vídeo que fiz  para o Youtube sobre o UCEM e as Cartas de Cristo. No vídeo, eu comparo as duas obras e defendo a tese de que o autor de um dos dois é um impostor, ou seja, não é Cristo, uma vez que falam coisas totalmente diferentes e opostas. Aqui no Blog, deixo registrado tanto o comentário dela, quanto minha refutação, comentando e, às vezes, refutando, cada  ponto de seus argumentos. O comentário foi enumerado para facilitar a compreensão e a identificação entre o argumento e a refutação.

 

“(1) Com todo respeito Alsibar, mas só de ver seus argumentos pegando trechos isolados do UCEM para comparar com as Cartas de Cristo já deu pra perceber que não entendeu o propósito prático do UCEM, em momento nenhum tem dizendo no UCEM que quem criou o ego foi o Homem, (2) esse "Tu" não se refere ao homem, mas a consciência/a observação, que se identifica com a separação (Ego), tem uma pegada de reconhecer na experiência direta isso. (3) E Ego no UCEM se refere a ideia mental de separação, a todo um sistema de pensamento de separação que é o que gera todos os conflitos e confusões que acontecem no mundo, ou é mentira?

(4) Basta olhar pro mundo e ver a realidade nua e crua, não que seja mal ou bom, mas é um equívoco que nos leva a pensar que somos todos separados e não uma Unidade como apontam todos os caminho não-duais.

(5) Já nas cartas de Cristo o Ego refere-se a mesma coisa que na psicologia, questões de individualidade no mundo para um viver cotidiano aqui, já o UCEM aponta para a não-dualidade, no não-eu não tem ego nenhum, senão não é não-eu/não-dual, tem 2,3,4....

(6) Claramente as cartas de cristo falam do relativo e o UCEM aponta para o absoluto e nos convida a ver o mundo sem um óculos cor de rosa. Essa palavra Cristo é utilizada por muitas tradições espirituais e religiosas onde cada uma dá um significado a ela,  (7) no fim as palavras pouco importam, quando se desapega das palavras e se entende para onde elas estão apontando fica mais fácil de entender para onde os caminhos apontam, (8) que é para dentro de si, onde a mente cai (Conceitos, palavras e narrativas) e o imutável UM sem segundo é reconhecido.

(9) A iluminação é um reconhecimento: Todos os caminhos não-duais falam a mesma coisa,  (10) o imutável não muda, a iluminação é o reconhecimento do imutável na prática, na sua experiência direta. (11) Se já aconteceu um mínimo de lucidez ai, já reconheceu que na verdade última não tem nem Eu, nem Você, nem Cristo, nem Krishnamurti, etc.

(12) Automaticamente com esse reconhecimento pode-se dizer que as situações melhorem, mas não pelo que acontece, mas pelo olhar que você vai ter sobre tudo a partir desse reconhecimento da verdade.

(13) Utopia achar que tudo vai ser mil maravilhas na forma onde tudo é transitório e muda o tempo todo e ficar criando expectativa, e se não acontecer cair em uma frustração, quem tem coragem para observar tudo no mundo e não só para o próprio umbigo consegue ver isso.

(14) Até se levarmos essas histórias de Jesus como verdade veremos que até pra ele próprio não foi mil maravilhas, mas com o reconhecimento da verdade imutável pouco importa o que aconteceu em um mundo onde tudo passa.

(15) Esse papo das Cartas de Cristo ainda falam muito de dualidade, não vejo nada de Não-Dual.  (16) Mas respeito e que pode ser um caminho totalmente útil para determinadas pessoas em determinados momentos, assim como o UCEM também pode ser útil para determinadas pessoas em determinados momentos, até porque tanto os livros quanto qualquer coisa que qualquer pessoa fale, serve apenas como apontamento e que cada um vai reconhecer a verdade diretamente.

 

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Minha resposta: 

Olá Liliane, tudo bem?

Primeiramente, quero dizer que as explicações expostas abaixo são totalmente impessoais. A intenção aqui não é mostrar mais conhecimento ou sabedoria. Mas poder mostrar com mais detalhes aquilo que penso sobre tudo o que o UCEM representa.  Então, com todo respeito, vamos por partes:

1.       “Com todo respeito Alsibar, mas só de ver seus argumentos pegando trechos isolados do UCEM para comparar com as Cartas de Cristo já deu pra perceber que não entendeu o propósito prático do UCEM…”

 

Bom, quando se compara duas obras, certamente é por partes, trechos, ou não? Já fui pesquisador de Literatura Comparada e sempre pegamos partes ou que concordam ou que discordam entre si. No caso, peguei pontos específicos que são discordantes. Uma metodologia usada universalmente nos meios acadêmicos. A própria análise que vou fazer de seu comentário, é por partes, não é necessário pegar aquilo que não interessa à tese que estou defendendo.

 

2.       “…esse "Tu" não se refere ao homem, mas a consciência/a observação, que se identifica com a separação (Ego)”

 

“Tu” é segunda pessoa do singular e se refere a quem o texto se destina, ou seja, o leitor. Por mais que vocês queiram fazer malabarismos linguísticos, isso não funciona na prática. Você pode até tentar reinterpretar o significado do que é uma pessoa, mas isso não muda o português. Aliás, a gramática não está interessada em questões filosóficas. O que você e esse tal livro considera ser a natureza do leitor é assunto para a filosofia.

 Já sobre o “tu” ser a consciência/observação, que aparentemente você interpreta como impessoal, é uma falácia. A observação sempre é pessoal porque parte de um ser humano, de uma pessoa ou de um ser vivo com olhos para ver. O problema é que o UCEM se apodera de conceitos e o mistura numa grande salada  incoerente e indigesta.

 

A observação pode ser impessoal, mas apenas no “campo psicológico”.  E para se chegar a ela, há um longo caminho a ser trilhado. Com certeza não é fácil e não decorre da repetição exaustiva de palavras e conceitos de livros.

 

Como dizia Krishnamurti: a observação é o observador. Caso queira entender melhor o que ele quis dizer com isso, eu escrevi um livro só explicando essa pequena frase dele e, de antemão, lhe aviso que ela não tem nada a ver com a destituição dos pronomes pessoais da gramática.

 

 3. “E Ego no UCEM se refere a ideia mental de separação, a todo um sistema de pensamento de separação que é o que gera todos os conflitos e confusões que acontecem no mundo, ou é mentira? “

Assim como o UCEM se utiliza sempre de meias verdades, sua afirmação acima está parcialmente correta. Senão vejamos:

a)      A sua definição de ego de acordo com a visão do UCEM está correta. Não que eu concorde com ela, estou apenas dizendo que sua explicação está de acordo com a explicação do UCEM. E eu discordo categoricamente dela.

 

b)       “ A ideia mental de separação é o que gera todos os conflitos e confusões do mundo, ou é mentira”? Sim, é mentira. A ideia mental de separação, ou seja, de me sentir separado de tudo como um sujeito, uma pessoa, um indivíduo, é totalmente salutar e importante. Simplesmente não haveria humanidade, nem vida se não houvesse a ideia mental de separação. Busque saber sobre a experiência da neurocientista Jill Bolte Taylor. Ela teve um AVC e de repente perdeu o sentido de ser uma entidade separada. E isso foi um pesadelo para ela. Ou seja, a própria criação, natureza, Divindade, etc, criou em nosso cérebro uma área específica responsável pelo sentido de separatividade. Sem ele, não seria possível ter uma vida social funcional. E essa experiência da cientista está em completo acordo com o que diz as Cartas de Cristo: o sentido de separatividade é importante e fundamental para a sobrevivência do ser humano.

 

4.       “…Basta olhar pro mundo e ver a realidade nua e crua, não que seja mal ou bom, mas é um equívoco que nos leva a pensar que somos todos separados e não uma Unidade como apontam todos os caminho não-duais.”

   

Quase isso. Você já ouviu falar da expressão: unidade na diversidade? Significa que ver apenas Unidade em um mundo tão diverso acarretará problemas. Assim como ver somente diversidade, sem considerar a unidade fundamental, também. A Unidade é o aspecto elementar do universo porque essencialmente somos feitos da mesma matéria prima básica. Todavia, essa Unidade se desdobra na diversidade Universal que é o próprio Universo. Não reconhecer isso representa um  grande perigo e ignorância. Em resumo: em essência somos unos. Mas quando manifestos na relatividade da existência, somos múltiplos e diversos. E é uma benção que seja assim.

 

5.       “…Já nas cartas de Cristo o Ego refere-se a mesma coisa que na psicologia, questões de individualidade no mundo para um viver cotidiano aqui, já o UCEM aponta para a não-dualidade, no não-eu não tem ego nenhum, senão não é não-eu/não-dual, tem 2,3,4...”

 

Vê-se que você não leu as Cartas de Cristo e se leu não entendeu. O conceito de “ego” das Cartas nada tem a ver com a Psicologia. A visão das Cartas é única. Sua abordagem difere de tudo o que li sobre a Psicologia. Algumas coisas “batem”, mas não tudo. Como a minha refutação já vai ser enorme, não há espaço aqui para eu entrar nos pormenores da questão. Seria bom lê-las, pois a abordagem pode ser muito profunda e complexa para alguns.

 

E a última revelação que talvez lhe choque: no “não eu” o EGO continua sim. Mas isso é um outro assunto. Sugiro ler Krishnamurti, um verdadeiro mestre advaita, ou meu livro:  “ A Observação Sem Observador” para entender melhor esse ponto. O livro está disponível no site do Clube de Autores.

 

6.       “…Claramente as cartas de cristo falam do relativo e o Ucem aponta para o absoluto e nos convida a ver o mundo sem um óculos cor de rosa.”

 

Primeiro porque não é “claramente”. E segundo que você está dizendo que as Cartas estão falando do “relativo” e não do absoluto. Há dois problemas aí: sua conceituação é dual (a relativa e a absoluta). Além disso, as Cartas tratam esse mundo como parte do absoluto e não como algo à parte dele. Significa que você e o UCEM é que estão separando as coisas apesar de falarem sempre em não separação.

De fato, como diz o Budismo: “o vazio é a forma, a forma é o vazio”. Não existem duas visões. Apenas uma. E ela é essa: tanto o mundo do fenômeno, mentalmente solidificado na 3D, quanto nas mais altas esferas, tudo É ABSOLUTO. Brahma Satyam!

 

7.       “…no fim as palavras pouco importam, quando se desapega das palavras e se entende para onde elas estão apontando fica mais fácil de entender para onde os caminhos apontam”.

Sério isso? Seu UCEM tem quase 600 páginas de pura repetição e verborragia conceitual — fora os outros dois livros — e você vem me dizer que as palavras pouco importam?  “ Tá Ok”!

 

 

8.       “…que é para dentro de si, onde a mente cai (Conceitos, palavras e narrativas) e o imutável UM sem segundo é reconhecido. “

Deixa eu ver se entendi: quer dizer que no UM “conceitos, palavras e narrativas” caem….  Mesmo assim vocês precisam se apegar a uma enorme quantidade de conceitos e narrativas para entender isso. Sim, porque o UCEM não passa de conceitos, palavras e narrativas. Nada mais do que isso.

E então” O Um sem segundo é reconhecido” quem reconhece? Questão básica de lógica, só se reconhece o que foi conhecido antes. Aquilo que é reconhecido através da memória não pode ser o Eterno que é sempre novo e não pode ser reconhecido pela mente. Além disso, se não há, como vocês dizem, a entidade, o eu, o ego, etc. Quem reconhece no reconhecimento? Simplesmente não faz sentido nenhum.

 

9.       “A iluminação é um reconhecimento: Todos os caminhos não-duais falam a mesma coisa.”

Dizer que  todos os caminhos não duais falam a mesma coisa acerca do tal “reconhecimento” é um argumento falso para defender um posicionamento. Um dos maiores mestres do advaita moderno chama-se Jiddu Krishnamurti e, ao longo de sua obra, ele repetiu varias vezes que a Verdade não pode ser reconhecida.

Além disso, as próprias Cartas falam literalmente, como citei no vídeo: a iluminação NÃO é um reconhecimento, mas sim um acontecimento.

 

10.    “Todos os caminhos não-duais falam a mesma coisa, o imutável não muda”.

 

Sério que o Imutável não muda? Mas a mudança faz parte da natureza imutável do Absoluto. Assim como mudar faz parte da natureza imutável do vento ou da água, por exemplo.

 

11.“…Se já aconteceu um mínimo de lucidez ai, já reconheceu que na verdade última não tem nem Eu, nem Você, nem Cristo, nem Krishnamurti, etc.”

 

Novamente, outro argumento parcialmente verdadeiro. Isso ocorre durante o Samadhi. Mas quando o Samadhi passa ou diminui volta a existir eu, você, Cristo, krishnamurti, Buda, etc.

 

12.   Automaticamente com esse reconhecimento pode-se dizer que as situações melhorem, mas não pelo que acontece, mas pelo olhar que você vai ter sobre tudo a partir desse reconhecimento da verdade. “

 

Ou seja, uma simples questão de “ressignificação” nada mais do que isso. Mas, olha que interessante, as Cartas já dizem outra coisa. Elas afirmam não só que o seu olhar/percepção vai mudar, mas que a própria situação, a própria realidade física ao seu redor será transformada a partir dessa iluminação/mutação interior. Talvez, esteja na hora de você dar uma olhadinha no que diz as Cartas de Cristo.

 

13.   “Utopia achar que tudo vai ser mil maravilhas na forma onde tudo é transitório e muda o tempo”

Sério que tudo é “transitório e muda o tempo todo”? A mesma coisa que Buda disse há dois mil e quinhentos anos? Ou seja, o óbvio. Preciso mesmo seguir um livro estranho como esse para ver o que é tão óbvio e ululante?

 

14.   “Até se levarmos essas histórias de Jesus como verdade veremos que até pra ele próprio não foi mil maravilhas, mas com o reconhecimento da verdade imutável pouco importa o que aconteceu em um mundo onde tudo passa. “

Essa foi a “cereja” do bolo.  Pouco importa o que aconteceu? Talvez para você pouco importe mesmo. Mas não para ele. Segundo as Cartas a dor e o sofrimento foram tão grandes que ele evitou entrar em detalhes sobre o ocorrido durante a canalização das Cartas devido ao trauma que sentiu e as vibrações pesadas que ainda podiam ser sentidas ao reviver aqueles fatos. E mesmo sendo o Cristo, o Avatar dos Avatares, doeu e muito. Mas o livro de vocês, pelo que me parece, nega o sofrimento não é? Estranho isso, não? Pois no caso de uma pessoa comum, vocês podem dizer que ela sofre devido “ao não reconhecimento da verdade”. Mas isso vocês não podem dizer sobre Cristo.

 Além disso, se vocês disserem que Cristo sofreu por não reconhecer a tal “verdade”,  vocês tirariam a “autoridade” de Cristo e, consequentemente, do próprio livro que vocês dizem ser de autoria dele. Como ele pode defender uma coisa que ele mesmo não viveu?  A outra opção seria assumir uma falha na personalidade terrena de Cristo. Mas tal coisa não existe no livro de vocês. Existe para o ser humano comum, mas não para o Cristo. Defender essa última opção seria dar um tiro no próprio pé.

15.   “Esse papo das Cartas de Cristo ainda falam muito de dualidade, não vejo nada de Não-Dual.”

Engraçado, eu digo a mesma coisa sobre o UCEM. Aliás, é ele que está sempre dividindo tudo ao longo do livro ao falar de: ego x Espírito Santo; Inspiração x fadiga, luz x escuridão, miséria x alegria, professor x aluno, ego x “Ser”. Além disso, o autor passa o livro todinho condenando o EGO, apesar de se dizer contrário aos julgamentos e condenações. Estranho, não?

 

16.   E por último:”… Mas respeito e que pode ser um caminho totalmente útil para determinadas pessoas em determinados momentos, assim como o Ucem também pode ser útil para determinadas pessoas em determinados momentos, até porque tanto os livros quanto qualquer coisa que qualquer pessoa fale, serve apenas como apontamento e que cada um vai reconhecer a verdade diretamente.”

Sim, concordo parcialmente com você. Livros como o UCEM, O Poder do Agora, O Livro de Urântia, O Caibalion, etc. podem realmente ser úteis em algumas situações específicas. Mas discordo totalmente que eles podem lhe revelar a verdade, muito menos através do tal “reconhecimento”.

 

 Abraços e obrigado pela oportunidade de esmiuçar tudo isso!

 

Link do meu vídeo sobre o UCEM e as Cartas de Cristo no Youtube:

https://youtu.be/xmrnf-Mv5oA?si=hKLkxjddnbyRYUnG

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