Ram Gopal Muzumdar- foto da Internet |
Ram Gopal Muzumdar foi discípulo do grande iogue Lahíri Mahasaya- discípulo direto de Babaji- o Avatar Imortal. Neste curioso relato, Yogananda nos conta como “abandonou” seu mestre Sri. Yuktéswar para ir meditar nas montanhas solitárias do Himalaya. Antes, porém, fora ao encontro de Ram Gopal- o santo que nunca dorme. Vamos conhecer esta história fascinante?
Yogananda nos conta que certo dia, pediu a seu mestre permissão para meditar nas montanhas solitárias dos Himalaias, Sri Yuktéswar deu a célebre resposta:
- As montanhas não podem ser seu mestre.
Relutante e sem a benção explicita de seu guru, Yogananda viajou para uma pequena cidade chamada Ranbajpur perto de Tarakeswar em busca do recluso iogue Ram Gopal Muzumdar- conhecido como o Santo que não dorme e discípulo direto do grande Yogue Lahiri Mahasaya. Pelo caminho, passou pelo templo de Tarakeswar onde havia o símbolo de Infinito em forma de uma grande pedra redonda. Yogananda não prestou reverências àquele símbolo de pedra. Saiu do templo, e continuou sua jornada .
Yogananda não conhecia o caminho até a casa do iogue, por isso, perguntou a um transeunte que lhe informou que quando chegasse na encruzilhada, deveria dobrar à direita. Ele continuou caminhando até escurecer e nada de chegar ao seu objetivo. Finalmente, encontrou um camponês que lhe informou que ele havia pego o caminho errado, pois na encruzilhada deveria ter dobrado a esquerda e não a direita . Ele passou a noite na casa desse camponês e pela manhã retomou sua jornada de volta. Após horas e horas de caminhada e já estando muito cansado e exausto, um desconhecido se aproximou dele e falou-lhe:
- Eu estava planejando deixar Ranbajpur, mas suas intenções eram sinceras por isso eu esperei. Não pensa que é esperto demais achar que poderia aparecer sem me avisar? Seu professor não deveria ter lhe dado meu endereço.
Yogananda permaneceu calado e um tanto ressentido com a recepção do mestre. Depois ele perguntou bruscamente:
- Me diga, onde pensa que Deus está?
- Ora, dentro de mim e de tudo!- respondeu Yogananda.
- Onipresente, hein? Então por que, jovem senhor, você não reverenciou o Infinito, ontem, no Templo de Tarakeswar? Seu orgulho motivou seu castigo de ser posto em rumo errado por um transeunte. Hoje também você teve um dia bastante desagradável.
“ O devoto tende a pensar que seu caminho para Deus é único. A ioga, que permite encontrar Deus dentro de si, é certamente a senda mais elevada, como afirmou Lahiri Mahasaya. Mas, ao descobrirmos ele dentro de nós, logo o percebemos fora de nós. Santuários como o de Tarakeswar, e de outros lugares, são , com justiça, centros nucleares de poder espiritual”
A atitude de censura havia desaparecido.O santo continuou, com serenidade e suavidade:
“ Jovem iogue vejo que está fugindo do seu mestre. Ele tem tudo o que você precisa. As montanhas não podem ser seu guru. Os mestres não estão sob obrigação cósmica a viver nas montanhas. O que alguém não se dá ao trabalho de procurar dentro de si, não será descoberto transportando o corpo de lá pra cá. Mas assim que o devoto se dispõe a ir até o fim do mundo, seu guru aparece, bem próximo.
“ Você dispõe de um quarto pequeno onde possa fechar a porta e ficar sozinho? Essa é sua caverna. Essa é sua montanha sagrada. É ali que encontrará o Reino de Deus.”
O santo o levou para sua cabana, e depois de comerem e meditarem, Yogananda fez-lhe a seguinte pergunta:
- Senhor, por que não me concede o samadhi?
- Meu querido, eu teria o prazer de transmitir-lhe o contato divino, mas não me cabe fazê-lo. Seu mestre conceder-lhes-á essa experiência em breve. Seu corpo ainda não está sintonizado.(…) Se eu lhe desse o êxtase infinito agora, você arderia como se cada célula estivesse queimando.
“ Você me pede a iluminação- continuou o iogue pensativamente- enquanto eu próprio cismo- insignificante como sou e com pouca meditação que fiz- se consegui agradar a Deus, e que merecimento poderei encontrar a Seus olhos no ajuste de contas final!”
- Senhor não procurou Deus, com toda sinceridade, durante longo tempo?- perguntou Yogananda.
- Não fiz muito. Durante vinte anos, morei numa gruta secreta, meditando dezoito horas por dia. Depois, fui para uma caverna mais inacessível e ali fiquei por vinte e cinco anos, permanecendo em união iogue durante vinte e quatro horas todos os dias. Não precisava dormir pois estava sempre com Deus. Meu corpo estava mais descansado pela tranquilidade absoluta da superconsciência do que poderia estar pela imperfeita paz do estado subconsciente ordinário. Na superconsciência, todos os orgão internos permanecem em estado de animação suspensa, eletrificado pela energia cósmica. Assim, há anos não tenho precisado dormir.
- Céus, o senhor medita há tanto tempo e ainda não tem certeza do favor de Deus? Então o que será para nós pobres mortais?
- Mas , não vê , querido jovem, que Deus é a própria eternidade? Pretender conhecê-lo plenamente com quarenta e cinco anos de MEDITAÇÃO, é expectativa bastante absurda. Babaji nos assegura , entretanto, que até uma pequena MEDITAÇÃO nos salva do terrível medo da morte e dos estadoS pós-morte. Não atrele seu ideal de espiritualidade a pequenas montanhas, mas sim à estrela da absoluta realização divina. Se for bem esforçado chegará lá.
Yogananda passou a noite na cabana do misterioso iogue mas não conseguia dormir. O mestre perguntou-lhe:
- Por que não dorme?
- Senhor como posso dormir quando relampagos fulguram ao meu redor, estejam meus olhos abertos ou fechados?
- Você é abençoado por esta experiência. As radiações espirituais não são vistas facilmente.
Ao amanhecer. Yogananda retornou para sua cidade e para o convívio de seu mestre Sri Yuktéswar. Este, ao vê-lo, apenas disse:
- Vamos à cozinha buscar algo pra comer!
Adaptado por Alsibar, do livro “ Autobiografia de um Iogue” de Paramahansa Yogananda- Self Realization Fellowship.
alsibar72@hotmail.com
htt://alsibar.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário