Alsibar -Olá Leia bom dia, tudo bem?
Leia-Tudo
bem graças a Deus! Ontem tive um “insight” a respeito do apego, que vou
compartilhar contigo: o que liberta a mente não é o desapegar da coisa apegada
mas o entendimento, a compreensão do porquê
alguém se apega. De fato, é o
medo de “não ser". Medo do vazio. Isso me trouxe um relaxamento, um
silêncio muito profundo!
Alsibar -Lindo! É exatamente isso !
Leia - Engraçado que você só observa que se apega e a luta termina.
Alsibar -Yes ! Cessa o conflito.
Leia -Eu achava que a libertação seria você
estar desapegado de tudo, só que não é! É quando você se conhece de verdade e não pode fazer
nada a respeito!
Alsibar - Sim, porque cessa a luta.
Leia - Só que nisso está a grande mudança: a “não
ação”! Jesus ! Um “vazio” imenso se abre sem luta.
Alsibar - A luta sustenta mais ainda aquilo do
qual você quer se livrar.
Leia - Simmm! Exatamente! Não tenho mais
controle nem memória de nada... me perdendo de mim!
Alsibar - Leia... Você já mergulhou.... E
assim como eu, Jesus, Krishnamurti, UG, Vimala, ou qualquer outra pessoa, você vai se aprofundando cada vez mais.Você
vai chegar no estágio de completo desapego. E só terá o apego funcional. O que
seria o apego funcional? O necessário pra você viver e lidar com as questões
práticas da vida .
Leia -
Entendo sim: necessidade básica de sobrevivência.
Alsibar - Exatamente! Foi essa a 'jogada de
mestre' que JK fez com o Raja Gopal. Ele não esperava que K o processase para
reaver seus bens e direitos. Você entende mais ou menos xadrez?
Leia - Não (rs)
Alsibar - Tem a jogada do cavalo. É, tipo, uma
jogada imprevisível e inesperada. O Raja nunca imaginou que JK fosse demonstrar
apego às coisas materiais. E aí foi que ele quebrou a cara. Esse é o apego
funcional. Ele tem uma razão , um sentido...
Leia - Humm...entendi! Acordei ontem pensando
num vídeo do Krishnamurti em que ele
fala de religião e meditação e, à tarde,
assisti ele por três vezes. Parecia que algo dentro de mim queria
repetir o vídeo até que a ficha “caiu”.
Alsibar- Então, não é um simples apego... Mas um apego
“necessário” em prol de uma razão maior.
Leia – Simm!
Leia - Apego que não traz conflito, nem sofrimento!
Muito diferente deste que falamos.
Alsibar- Isso mesmo! Não traz porque é movido
por uma razão maior. Não é um simples capricho do ego.
Leia - Entendi.
Alsibar - Vou dar outro exemplo: o seu
trabalho. Você precisa dele. Então tem que amá-lo e protegê-lo. Precisa ter
esse 'link' com ele.
Leia - Sim! Amo minha vida ali. Fico um dia
sem trabalhar hoje e já quero ir pra cozinha. rs
Alsibar - Porque ele é uma fonte de prazer e sobrevivência.
Leia - Amo mesmo! Não é “trabalho”!
Alsibar- Leia, a propósito, você tem noção de quanto tempo
faz que nós conversamos?
Leia - Bom, comecei a busca faz 2 anos. Faz 1
ano que a gente começou a conversar. Antes completamente dormindo.
Alsibar - Sim! Foi a minha previsão também.
Então... Mesmo contabilizando os dois anos...Pra algumas pessoas isso parece
impossível! Mas defendo a tese de que isso é relativo e depende de cada um.
Leia- No meu caso, eu tinha uma intenção
profunda. Reflexão dia e noite. Não parei um segundo até compreender.
Alsibar - Sim, eu também tinha. Mas você levou dois anos pra chegar a uma
compreensão que levei a vida toda rs.
Leia - Acho que essa intenção vai abrindo as portas do entendimento.
Alsibar - Então qual o diferencial? Tem gente
que não acordará nessa vida por mais que pareça tentar. Outras levarão
muitas...
Leia - Verdade! Talvez por serem muito
fechados, no fundo não querem mudar. Quem quer mudar não desiste.
Alsibar - Bom.... É isso também! Que é o que
chamam de “carma”. Carma é o que você é: seus pensamentos, sentimentos e
atitudes. Se você é arrogante, orgulhoso, duro.... Esse é o teu “carma”. Porque
ele fecha os teus caminhos de crescimento. Ou seja, você MESMA se fecha . Mas
aí tem um fator secundário, mas não menos importante: o LIXO DE CONHECIMENTO
ACUMULADO!
Leia - Sim! A própria pessoa é seu carma. Ela
cria sua própria “caixa”.
Alsibar - Exatamente. Por exemplo, a minha “caixa”
era pesada e cheia de tralhas. Levei anos pra limpá-la.
Leia - A de todos nós...
Alsibar - Mas
a sua tinha pouca coisa em comparação com a minha. A sua só tinha o Joel Goldsmith que eu me
lembre. E parece que teve contato com as coisas do Hélio Couto.
Leia -Mas
acho que tinha também porque foram dois anos doloridos... Não foi fácil...
Tinha dias que a sensação era a de estar arrancando a pele.
Alsibar- Mas estou me referindo
especificamente às tralhas do “conhecimento”, das leituras nesse campo. Por
exemplo, você não conhecia o Osho, nem o Advaita, ou o Gurdjieff. Esses
conhecimentos que, a meu ver, mais atrapalham do que ajudam. Porque dão margem
à interpretações equivocadas, inflam o ego
na medida em que fortalecem a ilusão do “saber”. Obviamente que você tinha
suas questões pessoais a serem resolvidas. Mas não tinha a ilusão e a
prepotência de que já sabia o caminho. Pelo menos, não tão forte como a maioria
dos tais “espiritualistas” modernos.
Leia - Realmente não tinha. Não li ninguém.
Nem um livro sequer. Só vi vídeos do JK e os seus. O K foi tudo!
Alsibar-Pois é disso que falo. Estou falando
das tralhas do conhecimento livresco. Alguns confundem e até desvirtuam as
pessoas.
Leia - Sim, egos guiando egos.
Alsibar - Por isso continuo meu trabalho .
Tentando esclarecê-las, avisá-las.Osho não é JK. Tolle não é JK. Zen não é JK.
Advaita não é JK. Gurdjieff não é JK.
Leia - Não sei nada desses daí. Rsrs.
Realmente K é único. Fiquei só nele , ali
já tinha tudo.
Alsibar – Lamentavelmente , as pessoas tendem
a botar tudo num saco só e acabam ficando perdidas. Que foi o que eu também
fiz.
Leia- Sim ! K não escondia nada. Mandava a
“real” na cara da gente. A verdade sobre o que realmente somos.
Alsibar - Então, quando eu quebrava a cara com
Osho, eu pedia a Deus uma luz.... E meu coração me levava ao K. Depois foi com
o Gurdjieff... novamente Deus me apontou o “K”.
Leia - O primeiro vídeo do K me pegou de
primeira...
Alsibar - Porque você não tinha o lixo do “
conhecimento acumulado”.
Leia- Algumas pessoas me perguntaram : como você consegue ouvir esse velho estranho?
Alsibar - Pois é, sua mente estava fresca,
nova, não contaminada. Que é o estado mental que JK insistia que as pessoas
estivessem ao ouvi-lo.
Leia -
Fui “direto ao ponto”, não tinha muita bagagem. Hoje percebo o “falso”
facilmente.
Alsibar- Essa “bagagem” ao invés de ajudar,
atrapalha. Ela é muuuuuuito pesada pra muitas pessoas e o pior é que elas se identificam com a bagagem e aí ficam
confusas.
Leia - Porque a confusão aumenta o conflito.
Alsibar- Sim, mas por que elas se
identificam? Porque isso lhes dá um sentido de superioridade e prazer. E não
percebem que é o ego que está se fortalecendo nisso tudo.
Leia – Simm, muita coisa só alimenta o ego.
Alsibar - E o resultado final? Dor e
sofrimento pois ficam presas em suas próprias teias egóicas.
Leia -
Graças a Deus agradeço por ter despertado um pouco pelo menos porque quando a
gente se conhece, conhece o mundo. Na compreensão de como eu" funciono”
compreendo o outro. A liberdade nada mais é do que parar de brigar com tudo o
que sou.
Alsibar – Isso. O meu caso foi muito
específico e às vezes procuro entender por que ele foi tão demorado e penoso. E
aí me vem a resposta: como eu poderia fazer esses paralelos e esclarecer as
pessoas sobre esses equívocos se eu mesmo não tivesse passado por eles?
Leia- A gente acha que vai se libertar
primeiro e só depois sentir paz plenitude. Só que não. Sou “isso”. FIM! Mas é
muito relaxante. É o descansar,
apaziguar a mente.
Alsibar - E aí, quando digo que conheço uma “iluminada”
ninguém acredita. rs
Leia - (rsrs) Não me sinto assim! Estamos
todos no mesmo barco. Só me compreendo um pouco mais e parei de “brigar” comigo
mesma.
Alsibar - Óbvio que não sente. Se sentisse
não seria. Por mais que dissessem a JK que ele era Iluminado ele não se sentia.
O mesmo com o UG. O Iluminado nunca sente que seja. E essa é a marca das mentes
Iluminadas. Isso quando o sentimento é sincero, óbvio.
Leia -
Acho que tem muita carga em cima desta palavra “iluminado” porque é só o fato
da pessoa se auto conhecer, mais nada. As pessoas criam a ilusão de que o iluminado é algo a mais que
os outros. Há uma espécie de endeusamento. Apesar da luz do entendimento,
continua tudo igual.
Alsibar - Sim. Autoconhecimento é Iluminação.
Essa palavra está muito carregada sim. E por isso que esse movimento iniciado
por JK não pode terminar. Exatamente pra “desmistificar” o termo. E trazê-lo ao
seu real sentido. Uma vez que ninguém se torna mais ou melhor do que ninguém.
Apenas passa a sentir paz, alegria,
amor, compaixão, felicidade.
Leia -Sim.
Felicidade não produzida, mas que surge
espontaneamente da ausência do conflito. A paz sempre esteve ali. Quando cessa
a “briga interna” ela toma espaço.
Alsibar
- Isso não torna ninguém um “santo”, superior ou melhor do que ninguém. Nem
mesmo “autoridade” . Porque se ela se sentir autoridade, então a mutação não
aconteceu.
Leia - Óbvio. Pois quem se conhece mesmo a
fundo não vê ninguém diferente de si mesmo
Alsibar – Isso.
Leia - Lembra que uma vez te perguntei se
conhecia algum iluminado no Brasiil? Naquela época eu ainda não tinha entendido
nada.
Alsibar- Ainda bem que eu não conhecia. A
propósito, ontem vi um vídeo em que o Bohm pergunta ao K se o iluminado sente a
dor e o caos do mundo. E ele responde, meio embaraçoso, : é claro que sim! Logo depois ele “tira de tempo” e fala de uma
outra forma a mesma coisa.
Leia -
Sim, é verdade. O mesmo sofrimento meu é o do mundo, mas o mundo ainda luta. E
a gente sente compaixão porque não há nada que possamos fazer.
Alsibar: Isso . Foi nessa mesma linha de
raciocínio. Mas o que você pode você faz-dentro das suas capacidades e
limitações.
Leia - Sim, porque quando alguém recebe a luz
do entendimento já benefícia toda a consciência humana. Não é algo individual,
só da pessoa.
Alsibar : Isso mesmo! Algumas pessoas pensam
na Iluminação como um estado de graça e perfeição....algo místico, etéreo e
distante. Como se a pessoa fosse viver numa eterna bolha protetora, livre dos
desafios e problemas práticos.
Leia -
Simm. Essa visão leva muita gente a buscar a iluminação nesse sentido aí.
Alsibar - Mas é exatamente no dia a dia que o
Iluminado encontra a energia e o sentido da vida. Antes era só conflito, dor e
confusão. Depois é paz, amor, alegria, êxtase e muitos desafios.
Leia - Verdade! As situações que antes
causavam conflito passa ser simplesmente a vida acontecendo. Não ficam marcas
depois!
Alsibar – Exatamente! Você resolve tudo o que
pode ser resolvido. De uma forma que antes seria impossível de imaginar. As “graças”,
as bençãos, a inteligência, os insights,
as intuições e soluções que de repente chegam “do nada”, tornam a vida muito
mais emocionante significativa e plena. E tudo vai fluindo como numa dança
cósmica.
Leia –Sim, recebo tudo que vem como uma “graça”.
Alsibar
- E aí é só alegria de ver esse movimento divino acontecendo. E você se
deixando levar... E também agindo quando precisar, claro.
Leia - Sim, e tem esse silêncio que de repente tá ali
e você não quer tocar pra não estragar (rs)
Alsibar - Exato . Você sabe que tem que
deixar quieto porque se tocar ou até mesmo “olhar”- pode estragar, ao criar uma “onda” de turbulência.
Leia –
Verdade. Era a briga, a busca, o “vir-a-ser” que faziam barulho. Só isso já maltrata demais neh? Como esse mundo
sofre.
Alsibar –
Sim, muito. Muito mesmo pois do conflito interior nascem todas as outras
desgraças do mundo: depressão, angústia, raiva, violência, ambição, guerras de
toda espécie. Porque sem paz não há amor, nem compaixão.
Leia – Sim, por que a pessoa joga no mundo o
que tem por dentro. Então o mundo sou eu.
Alsibar
– Isso! A paz interna marca o início da compaixão. Na paz o amor transborda!
Leia -
É o que sinto também por algumas pessoas. Muita compaixão porque entendo como
elas funcionam. Por isso que Jesus deixou-se prender na cruz, sem luta. Essa é
a “não-ação” que atua sobre o mundo.
Isso surge quando a gente entende todo esse processo.
Alsibar – Isso mesmo!
Leia -
Obrigada Alsibar, por tudo mesmo! Que a tua luz continue alcançando mais
mentes!
Alsibar
: Ok, eu que agradeço pela conversa muito produtiva. Abcs!
Link do vídeo de Krishnamurti com David Bohm citado no diálogo
Vocês são a prova viva de que, qualquer um de nós,seres humanos, podemos despertar para a verdade Atemporal.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras e participação Miguel! Abcs
ExcluirGratidão pela partilha desse rico diálogo
ResponderExcluirDisponha Paulo🙏
ExcluirMuito bom e esclarecedor esse diálogo! Vejo-me claramente nos conflitos mencionados, inclusive no que se refere à bagagem de conhecimento desnecessário, que foi denominada no artigo de lixo, mas é isso mesmo, qualquer conhecimento que não acrescenta autoconhecimento, é lixo mesmo. E desvencilhar desse lixo é um das maiores dificuldades. Mas se nossas intensões forem intensas e persistentes, na medida do possível, ininterruptas, chegamos lá.
ResponderExcluirOlá Aram, verdade amigo. Obrigado por sua participação e palavras. Fica na paz!
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