sábado, 10 de novembro de 2012

LIBERDADE OU VERDADE: O QUE VEM PRIMEIRO? Freedom or Truth: what comes first?



Liberdade ou Verdade: o que vem primeiro? http://alsibar.blogspot.com

Jesus diz no Evangelho de João 8-32 …“ Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.  Alguns interpretam que a Verdade deve vir antes da Liberdade. Mas, outros – como Krishnamurti- não concordam. Para ele, a  liberdade  surge no começo como condição  necessária à percepção da Verdade. Ao longo desse artigo, analisaremos os dois pontos de vista e suas possíveis implicações.  A questão não é discutir se  JC ou JK está certo. Pode ser que ambos estejam corretos – ou não. Ou até mesmo, falando da mesma coisa sob óticas diferentes. E você o que acha? Leia o artigo, reflita e depois tire suas próprias conclusões.

Primeiro de tudo, temos que entender o que é a Verdade. Antes de K. havia a ideia predominante de que a Verdade era um ensinamento através do qual as pessoas poderiam encontrar a  felicidade, paz, libertação etc. Os livros sagrados seriam o registro dessa Verdade. Ao segui-los, o homem trilharia seguramente o caminho do céu, Nirvana, Moksha (libertação) etc. Ora, será  mesmo que a Liberdade deve ser encontradaa apenas no final do caminho? Seria o coroamento de todo um processo que envolve esforços, luta, disciplina etc? Ou será que Krishnamurti  estava certo ao afirmar que a liberdade está no começo- e não no final?

Durante sua infância e juventude, Krishnamurti viveu o drama humano universal do condicionamento social, cultural e religioso de uma forma intensa e singular. Isso permitiu-lhe perceber claramente os males que os mesmos causam ao homem. Excetuando-se os dois primeiros- pois são inevitáveis e necessários à convivência social- pergunta-se: é possível ser  interiormente livre de condicionamentos ? Krishnamurti defende que sim. Mas ele foi além disso e fez da liberdade o fundamento de todo o seu ensinamento. 

Ao dissolver a ordem da Estrela do Oriente, K. proclamou solenemente: “ Minha missão é tornar o homem absoluta e incondicionalmente livre”. Toda sua vida fora pautada nisso. Por isso não fundou organizações religiosas- apenas administrativas e educacionais. E repetia frequentemente a importância do duvidar, do não-seguir, do não aceitar . Daí sua insistência em criticar as religiões organizadas, os livros , as tradições e os gurus. Não como males intrínsecos. O problema real encontra-se no fato de que o homem que segue seja o que for perde a condição sine qua non para o encontro com a Verdade: a Liberdade.

Isso significa ser livre de tudo e de todos no sentido  interior. Não aceitar a autoridade espiritual de ninguém. Como disse Buda, em um famoso discurso : “não acrediteis em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores”.Não é uma exortação ao ateísmo ou anarquismo. É mostrar que sem liberdade é impossível à Verdade manifestar-se .

A Verdade  não é um conhecimento morto que deva ser cultuado, reverenciado ou seguido. É um estado de percepção direta daquilo que é bom , verdadeiro e sagrado. Daquilo que traz o bem, a paz e a plenitude. Daquilo que  torna o homem realmente livre e feliz.

 Uma mente livre para refletir, analisar, pensar,  decidir, meditar, vivenciar e experimentar é, sem dúvida, fundamental ao descobrimento da Verdade. Não é à toa que iluminados como Buda, Ramana Maharish e Krishnamurti  não tiveram mestres. Não seguiram as tradições. Trilharam um caminho próprio, pessoal e solitário.  Tiveram a coragem de ser livres desde o começo. Fizeram da Liberdade seu mestre e por isso encontraram a Verdade.

Quando Jesus diz “ conhecereis  a Verdade e a Verdade vos libertará” sua proposição está correta pois somente a Verdade liberta. A questão não é saber o que vem antes ou depois pois trata-se de um só processo. No momento em que percebo a Verdade, esta já me liberta. E se a percebi é porque minha mente estava livre. Do contrário não a perceberia. Mas esta liberdade surge da percepção de que sem liberdade a Verdade não se revela.

Em resumo, para encontrar a Verdade, preciso, antes ser livre. E se percebo a Verdade, nessa própria percepção me liberto. E a própria percepção desta Verdade é o começo da Liberdade.

Namastê!

Alsibar

http://alsibar.blogspot.com

Um comentário:

  1. Excelente artigo!!! É exatamente por aí. A liberdade como um salto no abismo - não vou à procura de uma verdade, de algo que já construí em pensamento, não. Pode não haver nada lá. Pode o que está lá surpreender. Esta colocação, este realinhamento é sagrado. A plena consciência do agora. Muito bom, rapaz!!! NAMASKAR!

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