É nessa hora que nos convencemos da nossa incapacidade para lidar com essa situação e nos voltamos para o poder misterioso do Universo, seja através de uma oração sincera, uma forte intenção ou um grito silencioso da alma. É aí que vemos claramente a verdade acerca de nossas próprias fraquezas e limitações e “entregamos” a ele o controle de nossas vidas. E, de repente, algo maravilhoso acontece: a graça se manifesta e, “do nada”, nos libertamos daquele impulso que nos escravizou durante tantos anos de forma tal que esquecemos a sensação de ser livre.
Então, depois desse processo, nos sentimos limpos, renovados e gratos pela nova oportunidade que nos foi dada. Mas temos a consciência de que precisamos fazer a nossa parte. Por exemplo: quando é problema com bebidas ou drogas procuramos os grupos de autoajuda. Quando é o problema com sexo, nos afastamos dos lugares e pessoas que possam nos influenciar negativamente. Se for problema com jogos de azar, nos ocupamos com outras coisas que possam preencher nosso tempo. Um novo caminho e uma nova esperança se abrem para nós.
E, assim, o que antes parecia impossível acontece: recuperamos o poder de dizer não e de fazer escolhas responsáveis e conscientes. Isso é como uma epifania. Uma experiência mística semelhante à iluminação espiritual, só que em escala menor. É a Ordem Suprema se fazendo presente através de sua infinita misericórdia e poder.
Finalmente, retomamos as rédeas de nossas vidas. Daí por diante, as decisões e escolhas são feitas da forma certa e sem grandes dificuldades. Rejeitar o que nos prejudica se torna tão fácil quanto ajeitar a posição de um quadro na parede. Mas é importante compreender que esse controle não vem de você. Vem do alto. O ego por si mesmo não pode fazer nada. É o poder Supremo que reconfigura a mente, fortalecendo o espírito para que ele recupere o comando da máquina mental.
Resumindo: diante de nossos impulsos e desejos intintivos, o ego precisa ser forte o suficiente para poder freá-los evitando, assim, prejuízos para si mesmo e para os outros. Mas, nem sempre ele consegue. Nesses casos, é necessário a intervenção de um Poder Divino. E este só vem quando o ego “se entrega”, admitindo sua insignificância, fraqueza e incompetência para lidar com essas questões. Só então, o Poder Superior pode atuar e restaurar aquilo que estava danificado: a capacidade do ego de decidir, organizar e administrar sua própria casa interior.
Alsibar Paz
02/10/25