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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

MEU DEUS NÃO É O DE SPINOZA




O Deus de Spinoza' é no mínimo estranho e contraditório. Ao mesmo tempo que desautoriza os Mandamentos, ao longo do texto, não faz outra coisa a não ser mandar. Manda a pessoa parar de rezar e ir desfrutar a vida, como se as duas coisas fossem excludentes. Não dá pra rezar e, ao mesmo tempo, aproveitar a vida?


O Deus de Spinoza me parece bastante neurótico. Ao mesmo tempo que ele diz que não se incomoda com nada, ele passa o texto todo falando exatamente das coisas que não quer e que, portanto, parece incomodá-lo sim. Se incomoda com as rezas, as escrituras e até com os louvores.


O Deus de Spinoza ao mesmo tempo que diz estar nas montanhas, nos rios, nas praias, também diz para pararmos de procurá-lo fora. Realmente, me parece uma imagem muito mais neurótica do que aquela apresentada pelas religiões tradicionais.


Meu Deus não é o deus de Spinoza. Meu Deus é amoroso, compassivo e compreensivo com nossos erros, falhas e limitações.


Meu Deus é o Deus de Krishna que diz: ' Aquele que me oferecer, com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu as aceitarei.'


Meu Deus é o Deus de Yogananda que diz: eu estou em todas os lugares e em todos os templos onde quer que haja um coração sincero e devocional, independente de crenças e tradição religiosa.


Meu Deus é puro amor e, por amor, ele faz a justiça, não para castigar ninguém mas porque é através  das leis divinas que as entidades vivas aprendem, amadurecem e evoluem espiritualmente.


Meu Deus está tanto dentro quanto fora de mim. E se ele está em tudo, então os cânticos, rituais, símbolos e orações - quando feitos com sinceridade e amor - são meios limitados, mas legítimos, de se buscar uma aproximação com o Sagrado.


O meu Deus aceita sim o perdão como meio de cura, mas nunca o sentimento de culpa. O perdão é um artifício útil para elevar a consciência daquele que, por ignorância, cometeu algum ato leviano e imprudente. Nem todos precisam do perdão, mas alguns sim: tanto para si mesmos, quanto para com os outros.


Sim, não existe o inferno enquanto lugar ou uma região específica. Mas existe o inferno da consciência, da dor do conflito, do sofrimento mental. É impossível dizer quanto tempo durará, anos, séculos, vidas? Vai depender da dureza do coração de cada um. Deus não castiga ninguém, é o próprio homem quem se castiga através de suas atitudes, pensamentos e sentimentos.


Deus não é contra as crenças, se o fosse, não teria feito o homem com o poder de criá-las. Cada pessoa acessa Deus conforme suas condições e entendimento. Algumas pessoas precisam da crença para lhes dar força, motivação e esperança. O nível das crenças é como o 'leite' do Apóstolo Paulo, o nível do 'místico' é como a carne. O alimento Espiritual é dado conforme a capacidade e limitação de cada um.


Deus não rejeita ninguém pois é pura fonte de Amor e Compaixão. Apesar disso, suas Leis são perfeitas, eternas e imutáveis.   E se ele está em um amanhecer, no anoitecer e na Natureza, ele também está em todos os objetos, inclusive nos livros sagrados. E mesmo que elas tenham sido deturpadas pelos homens, é possível extrair-lhes o tesouro do Dharma, quando o coração se abre à Verdade. Dizer que Deus está em tudo e em todos não o exclui, obviamente, das escrituras, da literatura, da música, da arquitetura, da dança, da pintura e das Artes em geral.


Esse é o meu Deus. Que não é meu, mas de todo mundo, inclusive de crentes e ateus.


By Alsibar Paz

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