Nesse diálogo, eu converso com o Juninho- um amigo e buscador sincero -
sobre o tema do “insight”. Devido a importância e o papel fundamental desse assunto para a jornada espiritual, resolvi disponibilizá-lo aqui para que todos
os buscadores sinceros possam se beneficiar, ou tirarem algum proveito dele.
Boa leitura e comentem à vontade!
Juninho: Na sua experiência pessoal, existe algo que pode ser dito estando além da mente e do pensamento, um algo
que não depende de esforço, nem de raciocínio, um algo presente por si só?
Alsibar: Sim,
claro. Isso é dito desde Buda. E eu também vi por mim mesmo que isso existe. O “insight”
é isso.
J: Mas isso é passível de ser
perdido ou depende das condições mentais? Há Algum momento que você não está
nisso e no outro penetra nisso mediante alguma atitude mental?
A: Isso não é
"perdido", nem "achado” porque não é uma "coisa" - não é como um objeto que você pode achar ou perder. Não é
possível afirmar que isso dependa das condições mentais ou não- pois parece não depender de nada. Isso vem
por si mesmo, e também se vai da mesma forma que veio. Vamos pensar numa
analogia: o insight é como um raio. Nem todo raio toca o chão, mas há aqueles que
são tão poderosos que acabam causando danos
como incêndios e mortes. O insight
é como um raio, ele vem e desaparece. Mas o que ele causa em você vai
depender da intensidade do mesmo. Ele pode trazer uma compreensão parcial de
algo- o que JK chamou de "insight parcial”- o que para ele não tinha muito
valor. Mas os verdadeiros insights têm
poder de destruir/transformar o centro do eu, do ego- o que JK chamou de “mutação”. O insight, assim como um raio, vem e vai. Mas seus resultados ficam ,
permanecem, assim como o raio físico que
deixa seus rastros de destruição por onde passa.
J: Quais os mecanismos pelos
quais isso se vai? Atenção pode evidência-lo? Existem algumas
características que podem trazer a percepção disso? Seria possível que isso se
firmasse? Será que isso veio para JK e ficou?
A: Entenda:
1. o ego não pode controlar nem causar isso. É um
movimento que se origina fora do tempo e espaço. Então não há
"mecanismos" nem para trazer, nem para liberar isso.
2.Não tem nada a ver com a atenção da mente ordinária,
nem do esforço, nem de prática nenhuma .
3. Não há certeza nenhuma nesse campo. É algo sagrado,
como uma espécie de "graça". Ninguém sabe ao certo como ele funciona.
Há apenas suposições pois é um grande mistério.
4. Não se firma, não é fixo, não é morto- é algo
vivo. Pode durar um instante, dias,
meses ou anos.
5. Não. Não ficou em ninguém de forma permanente e
constante. Pelo menos é o que se infere de todos os místicos que li- inclusive
Jesus.
J:
Mas se é assim então não é um algo que está sempre presente sempre disponível?
Sempre experienciável? Como uma luz sempre acesa na qual as experiências
acontecem?
A: Não. Não é algo “experienciável”
. Aquilo que se experimenta não é "isso". Só se pode “experimentar” algo no campo do tempo, do espaço, da memória e da mente. Aquilo que
se pode “experimentar”- como alguém experimenta uma comida, um passeio, ou um
carro- não é “isso”. “ Isso” não tem nada a ver com experiências. Nesse estado
não ha experimentador, nem experiência. Toda divisão cessa. Isso já aconteceu a diversas pessoas. Mesmo àquelas não
religiosas ou espirituais, que nunca leram, nem praticaram nenhum tipo de exercícios espirituais. Mas, por outro lado,
isso também aconteceu a muita gente que tinha sede pela
Verdade. Buda, Jesus, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Padre Pio, UG Krishnamurti,
Dogen, Joyce Collin Smith, Rodney Collin, Vimala Tankar - são alguns desses exemplos.
J:
Mas no momento que isso não está acontecendo, de alguma forma eu sou inferior
ou menos luz e vida em relação ao estado de quando isso está acontecendo?
A: Sim , claro. O que difere o insight que eu tive ano passado do de Jesus por exemplo ? A
intensidade, a força, o poder. O que
difere os insights que eu tive na
adolescência desse último? A mesma coisa : esse último, por ter sido mais forte,
trouxe mudanças mais drásticas e profundas.Quanto mais intenso é o insight mais revelador e transformador
ele será.
J:
Acho que você está se contradizendo agora .
A:
Por que?
J: Você cita esses estados
como bons, desejáveis, bem vindos, agradáveis. Mas você já me disse que o
desejar esses estados causa prisão, apego... e agora?
A: Ótima pergunta. Você não pode desejá-lo. Você
só pode desejar uma coisa : conhecer a Verdade. Se desejar esse estado,
provavelmente nunca o encontrará. Mas se desejar conhecer a Verdade certamente a
encontrará. Todos que desejaram com toda sinceridade do coração conhecê-la, encontraram-na. Todos que tenho conhecimento tais como :Buda, Jesus,
Santo Agostinho, O Canal das Cartas de Cristo, UG Krishnamrti etc etc- dentre outros.
J: Olha como são as coisas. O curioso é que Sua
experiência é a mesma descrita no advaita
* a forma que você explica é similar ao advaita,
apenas não usa os mesmos termos.
A:
Pois é, mas quando falo sobre isso, que essa compreensão é a verdadeira não-dualidade,
ninguém acredita. Por isso prefiro nem
citar o advaita. Tem sempre um guru,
ou um “especialista” pra discordar de mim. Também não dou muita importância a
isso. Não estou aqui pra provar nada a ninguém e nem quero convencer ninguém de
nada.
J: Eu
acredito. E se você disse aquele dia que eu tenho algum entendimento de advaita. Eu declaro que você realizou
aquilo que o advaita aponta.
A: Grato amigo! Fica na paz!
(Editado e revisado por Alsibar)
* Advaita quer dizer “não-dualidade” e se refere ao ramo
do Vedanta que defende a não- dualidade como essência última da existência.
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