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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CRÍTICAS À RAMANA MAHARISH?




( Paul Bruton foi quem primeiro revelou Ramana para o mundo através do seu best-seller  "A Índia Secreta". Esta convivência diária rendeu-lhe não apenas graças e bençãos- como podia se imaginar-mas também muitos problemas- alguns bastante peculiares a todas organizações burocráticas que começam a envolver dinheiro e poder.   Esse artigo é uma síntese dos vários anos em que Brunton passou com o sábio em seu ashram (mosteiro). É curiosa a visão de Brunton  acerca da personalidade de Ramana, dos seus ensinamentos  e da própria viagem espiritual em si. Uma análise crítica de quem não apenas leu- mas conviveu diariamente com um dos maiores iluminados de nossa época. No final, há uma resenha em que se analisa a própria atitude de Brunton como mestre. Seria algo como " tal mestre, tal discípulo?"- Leia e tire suas próprias conclusões- Alsibar)

 AS CRÍTICAS DE PAUL BRUTON AO SÁBIO RAMANA MAHARISH

Como alguém que pesquisa nos anais da história:

Paul Brunton foi um escritor Inglês que escreveu sobre  espiritualidade   e assuntos relacionados. Ele manteve mistério sobre detalhes de seu próprio passado. O nome original de Paul Brunton era Raphael Hurst. Ele foi um jornalista londrino que estava muito interessado nos ensinamentos espirituais orientais e achava que para um estudo inteligente e valorização dos mesmos, a causa da cooperação entre o oriente e o ocidente deveria ser promovida intensamente. Ele foi ao encontro Sri Ramana Maharishi depois de visitar muitos mestres espirituais, swamis e iogues. Brunton escreveu sob vários pseudônimos, incluindo Raphael Meriden e Raphael Delmonte. Ele mudou seu nome quando  visitou a Índia e decidiu escrever sobre assuntos espirituais. No começo, ele escolheu o pseudônimo de Brunton Paul. Mais tarde, ele mudou para Paul Brunton.

 Paul Brunton foi quem tornou Sri. Ramana Maharishi famoso no mundo ocidental. Ele conheceu Sri, Ramana Maharishi em 1931, e em 1934, publicou um livro sobre seu encontro com Ramana. O livro foi chamado de  “ A Índia Secreta” (A Search in Secret India).    Pessoas do mundo todo citam as obras de Brunton.
Agora é interessante que Brunton tenha tido críticas muito semelhantes às que Ramana sofreu. Trechos do livro de Brunton  “A Índia Secreta”  ainda são publicados e distribuídos pelo  Ramana  ashram . O que o  ashram  não diz é que Brunton teve uma profunda discordância com eles. Brunton diz que sofreu ameaças de violência contra sua pessoa. Na verdade, ele diz que se sentiu forçado a deixar o  ashram e, por isso, partiu "abruptamente" (32).

Brunton diz que ele não viu Ramana  nos 12 anos antes da morte da morte do sábio, embora elepassasse a poucos quilômetros do  ashram ( 33).

Em um livro escrito em 1941, “O caminho secreto”, Brunton se refere a "ameaças de violência física" e "ignorância mentirosa e maldosa." Ele fala de ter sido “duramente separado pela má vontade de alguns  homens”. Ele cita "ódio" e "baixarias", que ele atribui à inveja por causa do seu sucesso. Os principais problemas foram: em março de 1939, Brunton chegou a Tiruvannamalai, onde se hospedara no Ramana  ashram , não para passar os três meses que era  esperado, mas por três semanas. Brunton descreve a situação no ashram  como: ... uma situação altamente deplorável no ashram de Ramana representando a culminância de uma crise degenerativa que vinha acontecendo e piorando durante os últimos três anos. E que o  ashram  acabou se tornando "um fragmento em miniatura do mundo imperfeito que eu havia abandonado" (O caminho secreto  , 43).

Ele reclama que Ramana não estava exercendo qualquer controle sobre o ashram: “mas durante minhas duas últimas visitas a Índia tornou-se dolorosamente evidente que a instituição conhecida como  Ashram - que tinha crescido em torno dele durante os últimos anos, e sobre os quais sua ascética indiferença ao mundo rendeu-lhe temperamento inclinado a  não exercer o menor controle- poderia apenas dificultar e não ajudar meus próprios esforços para alcançar a meta mais elevada, então eu não tive outra alternativa senão a oferta de uma abrupta e final despedida ( O caminho secreto   p. 18)

É claro que havia desentendimentos entre Brunton e o irmão de Ramana -que estava no comando do ashram. Masson diz que Brunton tinha dado entrevistas nos jornais indianos sobre Ramana que o irmão dele não tinha ficado satisfeito. Seriam esses desentendimentos ainda mais antigos do que 1939? Brunton não esteve no ashram desde o início de 1936. Em setembro de 1936, perguntaram a Ramana sobre "algumas declarações desagradáveis feitas por um homem bem conhecido de Maharshi". Ramana respondeu, “eu lhe permiti fazê-lo. Eu já tinha permitido .Deixe-o fazê-lo ainda mais. Deixe que outros sigam o exemplo. Apenas deixe para que eles me deixem em paz. Se por causa desses relatos ninguém vier a mim, vou considerar como um grande serviço feito para mim. Além disso, se ele se importa de publicar livros contendo escândalos sobre mim, e se ele ganhar dinheiro com sua venda, isto é realmente bom. Tais livros vão vender ainda mais rapidamente e em maior número do que os outros (...) Ele está me fazendo um bom trabalho. (36B).

 Agora Brunton não é especificamente identificado aqui. Mas as datas coincidem com a partida de Brunton para o Himalaia "em exílio."

Foi iniciada uma ação judicial pelo controle do ashram. Algumas pessoas disseram que Brunton estava envolvido. Brunton sentiu que deveria negar esta alegação.

Brunton reclamou que Ramana não deu a orientação que ele estava buscando ( O caminho secreto    , p.15 ).Agora, o que Brunton queria? Ele certamente tinha instrução sobre o método de auto-investigação de Ramana. Provavelmente ele estava querendo os poderes mágicos ou  siddhis  associados a yoga . Por exemplo:  o poder da telepatia ou de prever o futuro. Sabemos que Brunton estava interessado em tais poderes. E ele se refere aos "mistérios mais elevados de  yoga . " Parece que ele queria algum tipo de iniciação de Ramana. Mas Ramana nunca iniciou ninguém. E embora tais poderes possam surgir no curso de iluminação, as tradições hindus afirmam que é um erro buscar tais poderes em si mesmos. Curiosamente, o próprio Brunton foi criticado por seus próprios seguidores por não cumprir  suas promessas. Brunton contou para seu jovem discípulo Jeffrey Masson sobre seus poderes. Masson diz que Brunton sempre carregava uma varinha mágica ou bastão de vidro. Masson ficou desapontado por não ter conseguido tais poderes.

O transe não desperta a consciência
Brunton diz que a meditação separada da experiência é "inevitavelmente vazia" ( , O caminho secreto   p. 19). As iluminações alcançadas pela  yoga  ou por estados de transe são sempre temporárias. Embora um transe possa produzir um sentimento de exaltação, esse sentimento vai embora e é preciso repetir a experiência diariamente. Ele cita o filósofo/sábio hindu Aurobindo: “o transe é uma maneira de escapar . O corpo é mantido tranquilo, a mente física está em um estado de torpor, a consciência interior é deixada livre para continuar com sua experiência. A desvantagem é que o transe torna-se algo indispensável e  o problema da consciência desperta não é resolvido, ela permanece imperfeita.” ( O caminho secreto  , p.27.

Brunton refere-se ao Zen como mais sensato e prático. Os jovens são treinados por 3 anos; durante esse tempo lhes são dadas tarefas ativas. Eles não estão autorizados a passar o dia numa existência preguiçosa, inútil ou parasitária ". Depois de sua saída do mosteiro uma meia hora de meditação diária é suficiente para mantê-los em contato com a paz espiritual. Sua vida mundana não foi afetada, pelo contrário, foi enriquecida ( O caminho secreto   , 28).

Brunton refere-se à " enorme complacência atrofiada" de alguns dos seguidores de Ramana, e seu "complexo de superioridade escondido." Ele se refere a esta atitude mística como uma atitude de querer ser mais santo do que os outros, e um pressuposto de que o conhecimento total tenha sido alcançado quando, na verdade, foi apenas um conhecimento parcial (O caminho secreto  , p. 16). Ele diz que, sem a  saudável oposição de uma ativa participação nos assuntos do mundo, eles [os místicos] não têm meios de saber se eles estão vivendo em um reino de auto-alucinação estéril ou não. ( O caminho secreto  , p. 19).

 Brunton teve divergências éticas com Ramana. Para Brunton, a meditação não era suficiente para uma pessoa realizada. Interação e envolvimento com o mundo exterior é necessário. Ele sentiu que Ramana não tomou nenhuma posição sobre questões como a guerra iminente. Brunton parecia particularmente aborrecido com um incidente quando chegaram no ashram notícias sobre os aviões italianos que haviam assassinado cidadãos indefesos nas ruas da Etiópia (os italianos invadiram a Etiópia em outubro de 1935).

Brunton relata que Ramana disse: O sábio que conhece a verdade de que o Ser é indestrutível, não é afetado, mesmo que cinco milhões de pessoas sejam mortas em sua presença.(Lembra o conselho de Krishna para Arjuna quando este ficou desanimado com o pensamento do massacre iminente de parentes no lado oposto do campo de batalha)

 Agora, eu acredito que a crítica do Brunton em relação à Ramana é correta, pelo menos no que diz respeito à ética. Ken Wilber também diz que, embora Ramana fosse realizado, ele tinha deficiências éticas (39). Eu vejo um problema de inconsistência nos ensinamentos de Ramana entre os diferentes pontos de vista do self. Por um lado, o eu (self) é visto como algo estático e imóvel, não envolvido com o mundo. Por outro lado, há o ponto de vista do eu como algo dinâmico e participante do mundo. Brunton diz que o campo da atividade humana não é pra ser vivida num mundo de transe , mas no mundo externo, neste " mundo cuja fachada é o tempo e o quintal é o espaço."

Experiências anteriores de Brunton com yoga e meditação: No  O caminho secreto  , Brunton diz que ele ainda considera Ramana como “O mais eminente Yogue do Sul da Índia” .Mas ele também diz algo bastante surpreendente : que ele sabia sobre meditação e yoga antes de vir para o Ramana  ashram , e que sua experiência com Ramana não foi uma  experiência nova.
 Ele faz a "confissão" de que quando veio pela primeira vez à Índia, ele não era um novato na prática da yoga . Mesmo quando adolescente ... o inefável êxtase do transe místico tornou-se uma ocorrência diária no calendário da vida , os fenômenos mentais anormais -que acompanham a experiência anterior da yoga - era comum e familiar, foi quando o árido trabalho de meditação tinha cessado facilmente e sem esforço. (O caminho secreto    , p. 23).

Brunton afirma que ele não apenas tinha praticado  yoga , mas que ele tinha experimentado os fenômenos anormais, ou  siddhis . Ele refere-se à experiência de estar aparentemente projetado no espaço como um ser incorpóreo. “O que eu omiti de dizer, e agora revelo, é que não foi nenhuma nova experiência, porque muitos anos antes de eu ter encontrado o santo yogue de Arunachala, eu tinha experimentado êxtases exatamente similares, repouso interior e intuições luminosas durante meu treinamento em meditação -. ( , O caminho secreto   p. 25).
 Brunton diz que Ramana apenas confirmou suas experiências anteriores: “Quando, mais tarde, me deparei com traduções de livros indianos sobre misticismo, eu percebi - para meu espanto - que os sotaques arcaicos de sua fraseologia formavam descrições familiares de minhas próprias experiências centrais e cardeais ... ( O caminho secreto  , p. 23).

Esta última afirmação é quase exatamente o que Ramana reivindicou para si mesmo: que sua experiência foi direta, e que os livros posteriores que ele leu foram apenas para "analisar e nomear o que eu tinha sentido intuitivamente sem análise ou nome." Brunton estava sendo honesto aqui? Ou ele inventou esta história de experiência anterior, em virtude de seu desencanto com Ramana? Surpreendentemente, uma gravação independente parece mostrar que Brunton pode estar dizendo a verdade. Há evidências de que Bruton tenha tido experiências anteriores. Um relato de 1931 do seu primeiro encontro com Ramana relata Brunton (então conhecido como Hurst)  dizendo a Ramana que ele já havia experimentado momentos de bem-aventurança. (41)

 Brunton diz que suas experiências com Ramana trouxe de volta essas experiências anteriores. Isso pode ser verdade, mas o que Brunton diz sobre seu primeiro livro,  Em Busca da Índia Secreta , deve ser motivo de grande preocupação no que se refere ao relato sobre Ramana. Brunton diz que ele usou a história de Ramana como um "peg"(pregador de roupas) no qual ele pendurou suas próprias teorias sobre meditação: “Assim, ficará claro para os leitores perspicazes que eu usei o seu nome e realizações como um “peg” conveniente sobre o qual pendurei um relato sobre o que a meditação significou para mim. A principal razão para este procedimento era de que se tratava de um artifício literário conveniente para garantir a atenção e manter o interesse dos leitores ocidentais, que dariam naturalmente consideração mais séria para o tal relato da "conversão" de um jornalista ocidental , cabeça dura e mentalmente crítico em relação à yoga. “(O caminho secreto   ) ,

 Deus como uma ilusão: Brunton também critica a visão de Ramana que até Deus é uma ilusão: “a declaração final que realmente me deixou de fora do advaita como um investigador Ocidental, veio mais tarde: era de que Deus também era uma ilusão, bastante irreal. Se não tivessem deixado por isso mesmo, mas se tivessem dado ao trabalho de explicar como e por que isso tudo era assim, eu poderia ter sido convencido desde o início. Mas ninguém o fez”.

Esta é uma crítica um pouco estranha, e reflete uma visão bastante ingênua do Vedanta. O próprio Bruton  muda posteriormente de uma visão pessoal, para uma visão do Absoluto-impessoal.

 Finalmente, Brunton parece criticar Ramana por falta de originalidade. Ele diz, "alguns anos depois de eu conhecer o Maharshi eu descobri em um antigo texto sânscrito o mesmo método “ Quem sou eu?" [ 101 ]. Esta é também uma crítica estranha, tendo em vista o fato de que Brunton não estava realmente interessado nas idéias de Ramana , exceto como um “peg” para suas próprias idéias. No entanto, há alguma razão para a crítica, pois os discípulos de Ramana muitas vezes assumiram mais originalidade em Ramana do que o justificado. Ramana se valeu de muitos trabalhos escritos anteriormente, incluindo algumas obras tântricas, como já mostrado no  Jivanmukta .

Parte -2
A Yoga Além do Caminho Secreto (1941)

 No   Ensino Oculto , Brunton muda a pergunta "Quem sou eu?" para "O que sou eu?" Ele diz que "Quem sou eu" era uma pergunta que emocionalmente pré-supunha que último "eu" do homem seria um ser pessoal, ao passo que " O que sou eu?" elevou a questão da investigaçao impessoal  a um nível racional e científico quanto a natureza final do 'eu' ( O caminho secreto   , 17).

Brunton teve muitos desentendimentos com Ramana . Um artigo no  The Maharshi  a seguinte razão para as divergências de Brunton com o  ashram . Ele diz que depois do sucesso de seu livro  “A Índia Secreta” Brunton publicou muitos livros sem reconhecer que Ramana era a fonte de suas idéias.

 Como vimos, há certamente um fundo de verdade na alegação de que Brunton não reconheceu suficientemente Ramana como a fonte de muitas de suas idéias. Chadwick diz que Brunton era "um plagiador de primeira linha" (Chadwick, 16). Mas também houve outros desentendimentos com Ramana, pelo menos, como foi observado por Brunton.

Brunton diz que com Ramana, ele experimentou intermitentes sensações de paz mental. Mas estas entraram em conflito com "um racionalismo inato e sempre questionador” (O caminho secreto    , 21). Ele tinha esperança de obter mais orientações de Ramana: “eu me segurei  com força na esperança de encontrar uma orientação clara do Maharishi. Mas a orientação nunca veio. Esperei pacientemente que o tempo pudesse tirar isso dele, mas eu esperei em vão. Aos poucos, foi ficando claro para mim que esta questão de obter o conhecimento mais elevado- que até então era central em minha mente- que ele nunca havia instruído qualquer outra pessoa nisso. A razão emergiu lentamente quando eu ponderei sobre a questão. Da minha longa amizade com ele, foi possível concluir  principalmente que este não era o seu caminho e que isto não lhe interessava muito. Sua imensa realização estava nos reinos do ascetismo e da meditação. Ele possuía um tremendo poder de concentrar a atenção interiormente,  perdendo-se em um arrebatado transe, de sentar-se calmo e impassível como uma árvore.”

Mas com todo o respeito e profundo carinho que sinto por ele, devo dizer que seu principal papel não era  o de ensinar sabiamente- porque ele era essencialmente um místico absorvido em si mesmo. Isso explica o porquê do seu desdém explícito para com os aspectos práticos da vida, seu desinteressado serviço para com os outros tinha levado seu ambiente externo imediato a conseqüências inevitáveis e decepcionantes . Foi, sem dúvida, mais do que suficiente para ele - e certamente para seus adoráveis seguidores - que ele tenha se aperfeiçoado na indiferença para com atrações mundanas e no controle da mente inquieta. Ele não queria mais que isso. A questão do significado do universo em que ele vivia não parecia incomodá-lo. O que realmente o incomodava era a questão do significado do ser humano e pra isso ele havia encontrado uma resposta que o satisfazia. (  O caminho secreto  , 16)

 Embora Brunton tenha deixado o ashram, e escrito publicamente sobre seus desentendimentos com Ramana, ele, no entanto, expressou sua "amorosa devoção e profunda reverência para com ele": “como escrevi em um jornal de Londres, quando ele morreu, em 1950: "Ele foi o místico indiano que mais me inspirou ... O contato telepático interior e a estreita afinidade espiritual entre nós permaneceu viva e intacta ... (O caminho secreto  , 33).

Note-se que, mesmo neste comentário apreciativo, Brunton está enfatizando poderes ocultos especiais, tais como a telepatia.

 Em seus cadernos, Brunton escreveu que ele se arrependeu de algumas coisas que disse sobre Ramana.Ele lamentou as críticas a Ramana, e diz que essas críticas foram ocasionadas "mais por eventos na história do ashram do que por ele próprio". [ 102 ] Mas, embora ele continuasse a admirar Ramana como um místico, Brunton não mudou seus pontos de vista sobre a importância da ética.

Esta resenha é de : O Guru de Meu Pai: Uma viagem através da espiritualidade e da desilusão (Paperback)  por BY   E. Verrillo

Eu peguei esse livro, não porque eu estava interessado em Paul Brunton (eu não sou esse tipo de garoto), mas porque eu estava intrigado com Jeffrey Masson. Depois de ler três  dos polêmicos livros de Jeffrey Masson em psicologia, eu queria saber o que o inspirou a desafiar uma das lendas do nosso tempo: Sigmund Freud. Este livro não só respondeu a essa pergunta, mas vários outras que eu não havia nem imaginado perguntar.

Este livro, ao contrário de outros de Masson, é um livro de memórias pessoais. Ele relata a estranha e longa relação que a família de Masson mantinha com o seu "guru", Paul Brunton. Por razões que não estão totalmente claras, embora irresistivelmente insinuem, o pai de Masson "adotou" Brunton, convidando-o para sua casa, tornando-se seu discípulo. Finalmente, todos os membros da família acabaram adotando o "Caminho da Iluminação" de Brunton. Por fim, a associação da família com Brunton provou-se  desastrosa, envolvendo perda financeira, uma partida precipitada ao Uruguai para evitar a "Terceira Guerra Mundial", e o afastamento permanente do tio de Masson, Bernard. Embora seja verdade que ter um guru vivo como Brunton,  não foi algo tão prejudicial como se juntar aos seguidores do reverendo Moon ou seguir Jim Jones para a América do Sul, Masson apontou algumas semelhanças.

Em seu epílogo, Masson escreve:.. "Ver profundamente a estrutura de uma tirania é entender algo básico sobre todas as formas de opressão: o totalitarismo. Como outros sistemas autoritários, que exige uma suspensão e supressão do questionamento crítico, este exige uma inquestionável submissão a uma estrutura hierárquica rígida, que gira em torno do culto à personalidade, e isso gera invasões pessoais e abuso ". Este foi o ponto de memórias de Masson, e explica completamente por que ele se juntou ao culto freudiano da  psicanálise, e por que –no final- acabou rejeitando-o. Em Freud, Masson viu um reflexo do apelo de Brunton, mas viu-se incapaz de suprimir as suas faculdades críticas mais uma vez. Um charlatão na vida de Masson foi suficiente.

 Nós podemos e devemos aplicar lição de Masson sempre que nos depararmos com alguém que exige de nós  a supressão do questionamento - seja ele um sacerdote ou um presidente. Esses "gurus", de acordo com Masson, sempre nos levam do caminho de rosas ao desastre. É uma lição importante para se ter em mente, e que a experiência pessoal de Masson demonstra tão amplamente.

 A Contribuição Paul Brunton é muito valiosa para o mundo buscador. Pessoas de todo o mundo há muito tempo que usam o livro de Paul Brunton  'A ÍNDIA SECRETA' , que foi fundamental para tornar Sri, Ramana Maharishi  alguém famoso, Meher Baba estremecer. 

Este livro foi na época o maior best-seller de todos os tempos e continua a vender ainda hoje.
Em 1940 e 1950, Brunton viveu com o autor americano e ex-psicanalista Jeffrey Masson -filho de um judeu americano, amigo de Brunton, [10] - os pais de Masson estavam entre o grupo de discípulos mais próximos de Brunton. Masson publicou um livro de memórias de sua infância, sob o título: “ O Guru do meu pai”. Inicialmente influenciado por Brunton, Masson gradualmente tornou-se desiludido com ele.  Segundo Masson, Brunton o escolheu como o herdeiro em potencial do seu reino espiritual. Em 1956, Brunton decidiu que uma terceira guerra mundial era iminente e os Massons mudaram-se para Montevidéu, pois este foi considerado um local seguro. Do Uruguai, Masson atendeu a solicitação de Brunton para ir estudar sânscrito em Harvard. Brunton não se mudou para a América do Sul, em vez disso, passou algum tempo vivendo na Nova Zelândia. [11]  Masson, posteriormente, tornou-se proficiente em sânscrito, e percebeu que Brunton não tinha a facilidade com o idioma que ele dizia ter. [12] wiki
Os livros de Paul Brunton ainda podem ser lidos com mérito, mas ninguém deve ignorar o que Masson expôs  apenas por aceitar a escrita de Brunton como uma vara de quintal em nossa busca pela verdade. Antes que qualquer coisa seja aceita  como verdade, tudo tem que ser verificado.C / N

 Tradução: (Alsibar)

Links do original em Inglês:

http://www.speakingtree.in/spiritual-blogs/seekers/philosophy/paul-brunton-s-criticisms-of-sri-ramana-maharshi

Fonte: http://sunthosh-formlesspath.blogspot.com

 Nota do tradutor: alguns trechos repetidos no original foram suprimidos para melhor síntese e compreensão do artigo.


 Fonte desta tradução: http://alsibar.blogspot.com

7 comentários:

  1. O ego sempre esta a divergir, o self nunca!

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  2. "Deveríamos nos tornar aptos a ver Deus todo poderoso, o Ser Supremo, até mesmo em nossos inimigos, pois esse é o sinal do estado de ausência de ego. Aquele cujo ego se foi é o verdadeiro Sadhu (o Santo). A natureza das pessoas consiste em encontrar faltas nos outros, mas a natureza do Sábio não é olhar os pontos ruins ou o que está faltando nos outros. Como pode alguém que está preocupado com o que é bom ou ruim nos outros ser um sábio? O sábio é diferente de tais pessoas, ele se comporta de maneira diferente das pessoas do mundo. A natureza de um homem mau é não ver nada de bom nos outros. O homem que é realmente grande vê o que é bom nos outros e sabe que é a própria “Luz de Deus” que está brilhando dentro de si.
    Seja gentil com todos e você não sentirá necessidade de nada. A compaixão por todos os seres é a melhor maneira de destruir a rede da Ilusão. Não há nenhum pecado pior do que a fofoca maldosa."

    Sri Siddharameshwar Maharaj

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  3. Foi bom conhecer um pouco melhor o Paul Brunton. Estava pesquisando sobre o livro Índia Secreta, pois queria saber se ele é um livro inteiro falando sobre meu amado mestre Bhagavan, ou se tem pouco texto sobre ele. Não encontrei a resposta mas a sua matéria me fez não querer mais ler tal livro, escrito por uma alma consideravelmente perturbada, que teve o privilégio de conviver com Bhagavan mas não sentiu diante de quem estava, um grande iluminado, e por isso desperdiçou tal oportunidade. Quanto à falta de ética em Bhagavan, ele acreditava que o poder da Realização é o maior que existe, e que aquele que alcança a Iluminação ajuda os outros seres, mesmo sem falar nada, através da energia que emana de si. Bhagavan parecia ser indiferente às guerras não por falta de ética, mas porque ele sabia que o mais importante não é nos preocuparmos com guerra, mas sim em descobrir quem somos de verdade, ou Realizar o Eu. Pois o estado sem ego é a maior riqueza que existe. A meta suprema. Então Bhagavan sempre tentava tirar a mente das pessoas com preocupações seja lá com o que for para trazer a mente das pessoas para o que verdadeiramente importa, que é o Eu. Apenas quem tem a verdadeira sede de Deus, uma necessidade verdadeiramente crucial de Deus, sabe o que Ramana estava dizendo. Alguém com tal necessidade de Deus é como alguém morrendo afogado que precisa subir à superfície para respirar. Para tal pessoa só Deus importa. Já aqueles que não tem essa necessidade absoluta de Deus, esses podem criticar seres verdadeiramente iluminados das mais diferentes maneiras, e ganharem muito dinheiro com seus livros, como esse Paul Brunton e esse Ken Wilber. Se eles sentissem uma necessidade realmente crucial de Deus, eles entenderiam o que Ramana queria dizer.

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    1. Brunton cumpriu um excelente papel, apresentando Ramana para muitos. Todos nós temos muito a lhe agradecer por isso.

      Claramente, nâo compreendeu o ensinamento de Ramana a ponto de se libertar do "eu" fictício. Portanto, o ego, com toda a sua ignorância, vaidade e confusâo continuou atuando.

      Passou a ser um cego a guiar cegos.

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