Páginas

domingo, 16 de setembro de 2012

O FIM DA “ERA DOS GURUS” ? The end of Professional "Gurus" ?


Novo Milênio: o Final da "Era dos Gurus"?

 O novo milênio representa, para muita gente, uma nova era de elevação da consciência espiritual. Muitas pessoas já compreendem a importância da autonomia, independência e liberdade no processo do despertar. Em tal contexto, questiona-se o papel e a função dos gurus profissionais.  Será o fim do domínio dos tradicionais gurus e "autoridades" espirituais? O ser humano finalmente chegou à maturidade espiritual? Este artigo se propõe a analisar esta e outras questões afins.


Na Índia antiga os gurus educavam os jovens
   O mestre espiritual, ou guru, sempre desempenhou um papel de destaque em todas as sociedades ao longo dos séculos. Nas civilizações antigas, como Índia e Grécia, ele era o responsável pela educação e formação dos jovens. Infelizmente, com o passar dos séculos, a profissão de guru foi se tornando algo questionável. No século XX, a imagem do guru renunciante e espiritualizado tornou-se cada vez mais rara. Ao ganhar o status de deus, o guru passou a ser considerado alguém acima do bem e do mal. Um ser com poderes irrestritos e absolutos, de caráter infalível e atitudes incontestáveis. Isso propiciou o surgimento de gurus megalomaníacos geralmente envolvidos em escândalos e crimes de toda espécie. 

           Ao contrário dos  gurus da antiguidade, os “autoproclamados gurus”, ou gurus profissionais, são pessoas que acreditam ser iluminadas ou fingem sê-lo, mas que, na verdade, são pessoas comuns. Em geral, possuem ótima oratória e forte magnetismo pessoal, qualidades que quando usadas incorretamente se transformam em perigosas armas de dominação mental. Muitos desses gurus são verdadeiros hipnotizadores e usam todos os recursos para manipular e explorar pessoas com dificuldades emocionais, mentais ou espirituais. Vale tudo para a realização de seus objetivos mundanos de expansão, fama, poder e riqueza. 

Quase mil mortos na tragédia de Jonestown
O século XX foi fértil em produzir gurus profissionais. Verdadeiros psicopatas, caras-de-pau e sem o mínimo de escrúpulos  . Alguns como Jim Jones e David Kolesh levaram centenas de inocentes à morte. A grande pergunta que se faz é se, no novo milênio, os gurus profissionais terão tanto destaque como tiveram no  passado. Afinal, se é verdade que a humanidade vive um despertar gradativo e coletivo, aproxima-se o tempo em que  “ser desperto”, tornar-se-á regra e não excepção. Então que lugar terão os gurus profissionais cujo o discurso  se fundamenta no suposto poder de despertar os outros com a "graça" de sua presença?

Krishnamurti, Ramana, Lahiri Mahasaya, Nisargadatta
     Com o advento de seres espirituais como Lahíri Mahasaya, Krishnamurti, Nisargadata Maharaj e Ramana Maharish a compreensão do papel do "guru” passou por uma drástica e total reformulação. Com Lahíri Mahasaya, o iogue pai de família, ficou comprovado que família e emprego não são empecilhos à vida espiritual. Nisargadata chegou a uma conclusão parecida.Ora, se “tudo é um”, que diferença faz viver em uma caverna ou num quarto? Por isso, abandonou a ideia de se isolar nas cavernas do Himalaya e continuou sua vida normalmente. Durante o dia trabalhava na sua quitanda e à noite atendia os discípulos e visitantes. Ramana Maharish,  um tradicional mestre advaita, também compreendeu que a verdadeira renúncia não era externa e sim interna, por isso, não exortou o abandono das coisas exteriores, e sim das “ilusões internas do EGO”. Por último, Krishnamurti, que apesar de ter sido um grande mestre espiritual, não abandonou um estilo de vida considerado “burguês” por muitos críticos. Através dos ensinamentos e do exemplo destes mestres espirituais autênticos, o guru deixou de ser um “parasita do povo”, abrindo assim uma nova concepção sobre a figura do guru no novo milênio.

Ser desperto não concede privilégios, nem autoridade
 Não se pode esquecer que o novo milênio é agora. Por isso, está cada vez mais comum encontrar pessoas despertas, ou despertando. Muitos, já compreendem que ser “desperto” não concede privilégios a ninguém, nem muito menos o status de superioridade espiritual . Viver à custa dos outros, não prover seu próprio sustento, pode até ter sido normal no passado. Hoje, os tempos são outros. Teremos cada vez mais profissionais e especialistas “despertos”, cada um “fazendo a diferença” em sua própria área de atuação. Serão cientistas, educadores, biólogos, físicos, escritores, intelectuais, artistas etc que contribuirão para a edificação de novos paradigmas,  constituindo, assim, os fundamentos sobre os quais serão erguidos um novo mundo e uma nova consciência .

Será o fim dos gurus profissionais?
   No novo milênio, ninguém será considerado especial apenas por ser “desperto”. Ser desperto será regra e não exceção. Assim, desde muito cedo, as crianças conviverão com pessoas espiritualizadas- famílias, amigos e educadores- que lhes ensinarão que o despertar só depende delas mesmas. Ninguém fará da espiritualidade uma profissão, nem uma desculpa para ser adorado ou bajulado. Se a pessoa insistir em viver apenas da espiritualidade, sem querer estudar ou trabalhar  será, certamente, criticado. Afinal, ninguém mais aceitará a ideia “ultrapassada” de que família, estudo e trabalho são obstáculos à espiritualidade. Em um mundo de “despertos”, o guru que não trabalha será uma aberração, uma anomalia. Os gurus perderão seu status de “deus”, pois aumentará cada vez mais o número de pessoas espiritualmente despertas. Será que isso já não está acontecendo? Será que não se aproxima o fim da era dos “gurus profissionais”?

               Talvez, esta geração ainda presencie o fim da era dos gurus. Um novo mundo em que todos sejam, ao mesmo tempo seu próprio mestre e discípulo. Uma sociedade sem exploração, ou manipulação, em que ser “desperto” seja algo comum e ordinário. Talvez, chegue o dia, em que causará estranheza e perplexidade o fato de alguém querer ser considerado especial ou superior, apenas por ser aquilo que ele originalmente "é”.

Que venham então os novos tempos!

Alsibar

http://alsibar.blogspot.com


12 comentários:

  1. Um tempo de despertos... A cada desperto seu aroma, suas pétalas, nenhuma flor igual. Mas vemos hoje um mundo cada vez mais infestado de zumbís. Um apelo cada vez mais desesperado de domínio das mentes (pela mídia e sistemas), um povo cada vez mais estupidificado e sofrido. Talvez o tempo dos despertos surja em plenitude após ou ao início dos tempos de Extirpação da espécie. Quando o Universo afunilar e abrir os portais - A grande massa dorme. A carga inerente a um despertar, para aqui onde estamos, torra, extirpa. Será pesado. Talvez alguns despertem neste breve tempo anterior. Grande texto!!!

    ResponderExcluir

  2. Alsibar,

    Creio que ainda estamos longe da situação que você descreve:


    No novo milênio, ninguém será considerado especial apenas por ser “desperto”. Ser desperto será regra e não excepção.

    Pelo comportamento do ser humano ( eu me incluo), me parece que ser vai demorar para que "ser desperto" seja a regra.

    José Elias

    ResponderExcluir
  3. Sim, Alsibar. É o que sinto também. Somos todos mestres e alunos de todos nós. Um só pode ajudar muitos; e muitos podem ajudar um só. Porém, não mais haverá aquele "único" que ajuda a todos. Porém, creio que nosso papel é observar este novo tempo com serenidade, sem polarizar, pois uma atitude muito crítica de nossa parte poderia contribuir ainda mais para a polarização. Eis o grande "problema" que surge agora: a polarização. Uns vislumbram algo mais - outros se tornam ainda mais resistentes e reagem com mais força, redobrando a inconsciência. Evitemos contribuir com isso. Evitemos polarizar. Paciência...

    ResponderExcluir
  4. Obrigado a todos pela participação: Nestor, José Elias e Roberto Cardoso. Quero dizer que meus textos visam motivar reflexões... não são textos acabados, vocês podem contruí-lo, complementá-lo etc Obrigado a todos pelos elogios, críticas e comentários. Namastê!

    ResponderExcluir
  5. Concordo com suas opiniões, mas me assusto ao ver o poder dos pastores de igrejas evangélicas pregando suas convicções e arrebanhando "ovelhas" e construindo catedrais da fé por todos os lugares do país. Construídas com o palpite dos ricos e o dinheiro dos pobres fiéis. Que tipo de gurus são estes Alisbar? Como classificá-los?

    ResponderExcluir
  6. Ola... Marta Farina tudo bem? Esse assunto é bastante complexo e delicado. Seria muito dificil dar minha opinião em poucas palavras, por isso, sugiro a leitura do meu artigo sobre religiões " As Religiões e a Natureza Humana" neste mesmo blog :

    http://alsibar.blogspot.com.br/2011/10/as-religioes-e-o-homem-o-nivel_04.html

    Fraterabraços!

    ResponderExcluir
  7. E não é? Ainda não consegui descobrir o porquê da necessidade da maioria das pessoas em ter um líder, seja espiritual, político etc... Todos os Mestres estimularam seus discípulos a andarem com suas próprias pernas. Alguns chegaram a afirmar que Deus não existia para ver se caia a ficha, mas passaram a ser execrados por muitos. Enfim... adorei seu texto e vou compartilhá-lo pq é tempo de fazer o upgrade!
    Um grande abraço

    ResponderExcluir
  8. Olá Shivshakti... essa é a grande questão: o motivo dessa carência do Lider-que passa a funcionar como muleta. Penso que descobrir as causas disso é um grande passo para o amadurecimento espiritual. Muito obrigado pela participação e comentários. Namastê!

    ResponderExcluir
  9. Pois é, nova era, novos tempos, novo entendimento para a espiritualidade. Gostei muito do texto e tenho que concordar, agora o mais interessante é que estão aparecendo pessoas DESPERTAS em todos os lugares, filosofias e correntes espiritualistas e/ou religiosas.

    Porém o que me incomoda é saber que TANTA GENTE ainda PREFERE, ou GOSTA de ser manipulada, não é?

    grande abraço

    ResponderExcluir
  10. Olá Rangel Silva, é sim. São essas pessoas que alimentam e dão sustentáculo a essa onda de "DE-ESPERTOS". Mas, nesse particular, nada podemos fazer pois cada um é dono do seu destino. O que podemos fazer é alertar sobre o perigo. Mas pouquíssimos escutam. Obrigado por seu comentário, fraterabraços amigo!

    ResponderExcluir
  11. O que te leva a crer que exista mesmo algo como nova era? A palavra despertar por si não me diz muita coisa. O que seriam seres despertos? Ao meu ver buscar o proprio despertar e iluminação não é nem um pouco diferente de quem busca ser rico e poderoso. Torço pelo dia em que o mundo ao invés de pessoas despertas, seja la o que isso seja, esteja repleto de pessoas generosas preocupados com o bem coletivo e do próximo.

    ResponderExcluir
  12. Olá Henrique tudo bem?
    Concordo em parte com você: buscar o despertar como quem busca sucesso numa carreira, ou iluminação como quem busca um carro ou casa- não difere das pessoas em geral. Por isso que na verdade não se pode buscar o despertar, nem iluminação.
    Pra entender o Despertar precisa experimentar ou reconhecer o próprio sono, a própria falta de autoconsciência. O despertar seria um estado de consciência plena de si mesmo e do agora.
    Pessoas boas e generosas já tem um bom grau de consciência . Quanto mais desperto e consciente , maior é ao sentimento de unidade entre o sujeito e o outro. Não só isso, quanto mais alguém " desperta" maior é sua capacidade de compreender e amar o próximo.

    Fraterabracos e obrigado pela participação e visita.
    Alsibar

    ResponderExcluir