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sexta-feira, 30 de março de 2012

O PSEUDO NÃO-DUALISMO


Este texto versa sobre a onda de mestres e gurus não-dualistas que apareceram aos montes nos últimos tempos. Para Jhanananda (Jeffrey S, Brooks), boa parte desses neo não-dualistas são, na verdade, pseudo não-dualistas. Apesar de centrar seus estudos, principalmente na análise do instrutor espiritual neo-advaita Adyashanti, Jeffrey investiga a própria natureza do fenômeno neo-advaita em si e seu desprezo pela meditação. E você? Qual a sua opinião?

Uma Crítica ao Neo Não Dualismo e Adyashanti

Na primeira semana de Junho de 2004 Elliot Isenberg, de São Francisco, levou-me para o Mountain View, Califórnia para ver Adyashanti falar.  O discurso foi no centro de uma igreja da vizinhança. Adyashanti aparentava estar nos seus 30 ou 40 naquela época. Foi a segunda vez que o vi. A primeira vez que eu o vi ele estava em Tucson, Az durante o inverno de 2003. Cada uma das duas vezes que o vi falar eu achei seu discurso e método de ensino praticamente o mesmo.  Nas duas vezes fiquei feliz por ver que ele começou cada uma das suas falas com aproximadamente 15 minutos de meditação.

Embora, Adyashanti afirme que sua prática está baseada na tradição do Zen ele chama a si mesmo “Advaita”, ou um instrutor espiritual não-dualista. Ele chama seus discursos de “Satsangs”. Que é um termo sânscrito usado no Hinduísmo para uma palestra espiritual. O termo “satsang” literalmente significa “ em companhia da verdade”. Sat, ou verdade, é entendido como uma verdade espiritual.

Antes de Adyashanti começar a ensinar, ele era um competidor de corrida de bicicleta que trabalhou numa loja de bicicletas e outras coisas. Mais tarde,como maquinista de seu pai que produzia  protótipos de artefatos médicos. Naquela época, ele estudou meditação zen durante 14 anos com um dos professores Zen americanos (Arvis Justi) da região Sul  da Baía de São Francisco. Este era aluno de Shunryu Suzuki Roshi, fundador do Centro Zen de São Francisco. Após 14 anos de ardente prática e estudo sob orientação de sua professor, Justi reconheceu seu aluno Adyashanti, como um “ desperto”. Ele agora ensina ao redor da Baía de São Francisco, Tucson, Santa Fe e outras localidades.

Este instrutor é uma agradável ruptura do típico não-dualista, ou neo-advaita, porque ele medita e recomenda meditação aos seus estudantes. Isto está em completa contradição com os típicos neo-advaitas que rejeitam a meditação por ser algo que eles chamam de “esforço”. Esforço, neste sistema de crença, é visto como uma atividade centrada no ego. O raciocínio por trás da rejeição dos neo-advaitas em relação à meditação, é que eles acreditam que é um “esforço” e, assim, uma atividade do ego, e, consequentemente, deve ser rejeitada.

A rejeição “neo-advaita” da aspiração espiritual, disciplina e prática e seus métodos de diálogo para desencadear um estado não-dual em seus estudantes, me faz relembrar a campanha de Nancy Regan: “ Apenas diga não às drogas”. Apenas dizer não às drogas é ingênuo porque as pessoas se tornam viciados em drogas. Lidar com o vício das drogas, que é um o problema número um das nações industrializadas, alguém precisa mais do que um programa que apenas diga “Não”. O vício da droga é uma consequência de um longo padrão de vida de pensamento improdutivo e, assim também o é o vício de pensar e do egoísmo. É simplesmente ingênuo dizer apenas “Não” para o dualismo e para o ego, porque as pessoas estão viciadas em suas construções mentais, assim, elas precisam de uma metodologia para abandonar seus padrões mentais e o apego ao ego.

Esta rejeição da meditação e outros esforços espirituais tem feito muitas pessoas dizerem que os neo-advaitas são pseudo-advaitas porque, na maior parte, parece que seus métodos são uma farsa. Todavia, no Budismo Tibetano ( Vajrayana), existe uma escola que é baseada no cultivo da visão, concepção e crenças na mente iluminada, que é muito parecido com a concepção neo-advaita. Esta escola é chamada de ‘Dzogchen”(Dogen).

Alguém poderia considerar o cultivo desta visão, concepção ou crença na mente iluminada como bastante superficial, todavia devemos ter em mente que o Nobre Caminho Óctoplo de Buda foi articulado com o primeiro dos oito ramos como “samma-ditti” que significa “ visão correta”. Assim, Dzogchen, Advaita e outras escolas e instrutores que trabalham com o cultivo do visão da mente iluminada, que é chamado de Bohichitta no Budismo Mahayana, estão trabalhando no primeiro dos oito ramos do Nobre Caminho de Oito Passos. Que é realmente muito bom. Mas, e o os outros 8 passos?

Esta rejeição da meditação por parte dos pseudo-não-dualistas contrasta totalmente com as principais figuras do Advaita Vedanta e do não-dualismo. Sankaracharya, um dos primeiros patriarcas do Advaita Vedanta, ensinou uma rigorosa prática meditativa. Sri. Ramakrishna, um expoente do não-dualismo do século 19 ensinou uma rigorosa disciplina meditativa e, assim, o fez Ramana Maharshi que foi um expoente do não-dualismo do século xx.  Assim, nós deveríamos provavelmente concluir que aqueles  instrutores não-dualistas que rejeitam a meditação por considerarem um esforço do ego, estão simplesmente enganando a si mesmos e aos outros. Assim eles deveriam realmente ser chamado de pseudo-não-dualistas.

O método típico dos não-dualistas é  usar o diálogo para desencadear um estado mental não-dual em seus estudantes . Estes método foi usado por Nisargadtta , Ramana Maharshi e outros na investigação do “ Quem Sou Eu” e suas variações. O “satsang” de Adyashanti foi uma adaptação deste modelo. ( continua)

Por Dhammaccariya Jhanananda (Jeffrey S, Brooks)
157th day of a solo wilderness retreat
Inyo National Forest
October 7, 2005
 (copyright 2005 all rights reserved)


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