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( ÚLTIMA MENSAGEM DO ANO)
O final de ano se aproxima e com ele renovam-se as esperanças de mudanças e dias melhores. Mas é possível haver mudanças significativas se interiormente não mudo? Como posso esperar dias melhores se , interiormente, não melhoro? E ainda, há mudança verdadeira no âmbito do “conhecido”?Neste artigo, refletiremos sobre estas e outras questões cruciais para quem quer realmente “mudar de vida”. Você é nosso convidado!
Este ano foi um ano de grandes mudanças paradigmáticas. Tenho visto isso tanto em níveis pessoais quanto coletivos. Minha própria vida sofreu grandes transformações em 2011. E tenho testemunhado essas mudanças na vida de muita gente também. Familiares, amigos, pessoas famosas… Parece haver um padrão cósmico impulsionador de grandes mudanças. Para melhor, obviamente. Familiares meus conseguiram empregos depois de longo tempo desempregados. Outros viajaram para outras cidades, para recomeçarem uma nova vida. Por onde olho vejo mudanças em todos os níves, âmbitos e áreas.
Particularmente, muita coisa mudou em minha vida neste ano. Cito mudanças em nível interno e externo. Em nível interno, aprendi a meditar- após anos e anos achando que sabia. Comecei a “ensaiar” a meditação desde os meus nove anos. Hoje estou com trinta e nove e , somente neste ano, percebi que não sabia de nada. E que aquelas práticas de nada me serviram… ou melhor, serviram, mas muito pouco. Após isso, muita coisa mudou. Resolvi criar um blog e comecei a fazer parte das redes sociais. Isso me abriu novos horizontes e perspectivas. Através do blog pude compartilhar com os outros minhas impressões, reflexões e aprendizado. Através das comunidades e redes sociais, conheci muitas pessoas, fiz novos amigos, aprendi com também. Hoje posso dizer que transito entre esses dois mundos – o real e o virtual- e estou feliz com isso. As redes sociais, se bem usadas, podem ser grandes intrumentos de evolução e crescimento . O aprendizado só realiza-se nas relações, no contato e nas trocas de experiências. Quando estamos abertos, tudo pode transmutar-se em aprendizado- inclusive os mal entendidos, as disputas infantis, os erros, as ilusões, as brigas, as agressões gratuitas. Temos apenas que aprender a lidar corretametne com isso, nunca se considerando superior ou inferior a ninguém. A todos estes companheiros virtuais, o meu agradecimento por me ajudarem a crescer. Espero que não tenha ficado mágoas. Da minha parte não ficou nenhuma. Peço desculpas se feri alguém, magoei ou disse algo que atingiu pessoalmente a quem quer que seja. Tudo que escrevo, tem apenas um objetivo: contribuir para o crescimento, aprendizado e esclarecimento interior. Apenas isso.
Mas, quero agradecer especialmente àqueles que gostam do que escrevo. Àqueles que me “seguem” no blog, aos que contribuiram com uma visita, um comentário, uma palavra de incentivo, uma experiência, um elogio, ou até mesmo com uma crítica. Amigos, é pra isso que estamos aqui: para aprender. Dizer que a vida é uma escola, é mais do que um cliché. É uma realidade. Todo dia aprendemos, e quanto mais abertos estivermos ao aprendizado, mais evoluiremos. Evoluir não significa tornar-se mais do que ninguém. Significa alinhar-se aos poderes criativos da vida, às forças evolutivas do Universo, que amorosamente velam e cuidam de toda Criação – incluindo nós- a humanidade. Evolução nada tem a ver com sentir-se superior a ninguém. É justamente o contrário: quanto menos nos sentimos superiores, mais caminhamos em direção à Luz. Aqueles que sentem-se evoluindo, como algo consciente e intencional, não estão, em absoluto. A Evolução Interior só ocorre na ausência da autoafetação, na ausência da sensação do “EU”. Assim, enquanto houver em nossa mente o sentimento de “eu estou evoluindo”. Não há evolução nenhuma. Por um motivo muito simples: não há evolução na mente, no “conhecido”. A mente que diz a si mesma: “eu estou evoluindo”, continua limitada dentro de suas próprias limitações psicológicas. Só há evolução, mutação, transformação, fora do conhecido, fora da mente, fora do “eu sou”- enquanto expressão verbalizada do pensamento.
Ora, pra que não haja dúvidas, refletiremos um pouco mais sobre o que é o “conhecido”. O conhecido é tudo o que conhecemos, pensamos, projetamos, desejamos, verbalizamos. É todo o nosso “background”, tudo o que ficou acumulado em nossa mente através de séculos de história. Tudo isso nos é repassado pela educação, pelas experiências vividas, pelos familiares, amigos, sociedade, livros, meios de comunicação etc. Tudo isso fica acumulado na MEMÓRIA. E essa memória, que é tudo o que somos, projeta e busca a transformação, a mutação, a Felicidade, a Iluminação, Deus etc. Mas por que essa mutação nunca acontece? Por que a paz nunca chega? Por que não encontramos a Verdade, Deus, o Desconhecido? Muito simples. Porque na memória, no conhecido não pode haver nada de novo. Pelo simples fato que o conhecido é a continuidade do velho, do passado. E na continuidade não pode haver rompimento. Sem rompimento, sem a morte do “velho”, não pode haver renascimento, renovação. E , assim, como pode haver alguma mudança ou mutação?
Não pode. Simplesmente não pode. As mudanças ocorridas no âmbito do conhecido são superficiais. Não atingem o fundo, o centro, a raiz. E assim, nada muda realmente, há apenas “remendos”, “gambiarras”. Sei que muitos almejam mudanças. Infelizmente, muitos se contentam com os remendos e as gambiarras. Se o telhado é velho e tem goteiras, nos contentamos em “tapar” algumas delas. São resultados imediatos. Mas, se o telhado é velho, temos que trocá-lo completamente, não? Gambiarras apenas nos dão uma passageira e ilusória sensação de segurança, paz e conforto. Mas quando vem uma chuva mais forte, logo, logo, abre-se uma goteira e temos que consertá-la de novo, e de novo… e assim passamos a vida inteira. E o que são essas gambiarras em nossa vida? São nossos conceitos de felicidade . Muitos se contentam com um bom emprego, estabilidade financeira, uma boa casa, um bom carro, uma esposa bonita. Outros querem fama, dinheiro e poder. Ao alcançarem isso, pensam: agora estou feliz e seguro. Não mais sofrerei. Mas, o que acontece de fato? Não custa muito e essas “gambiarras” se mostram frágeis, passageiras, e ineficazes. Diante da perda, da velhice, da dor, da doença e da morte, essas gambiarras são inúteis. De repente percebemos que tudo o que somos e temos é “poeira ao vento,” como cantou Sarah Brightman em “Dust in the Wind”.
Pouquissímas pessoas procuram a riqueza interior. Não a riqueza falsa da mente ilusória. Mas a riqueza que apenas o Desconhecido pode nos proporcionar. Quando nos daremos conta que apenas no Desconhecido pode haver verdadeira mutação e evolução? Todavia, não conhecemos o que é isso. Mas todos nós entramos em um estado parecido, à noite, quando dormimos. No sono, entramos no Desconhecido. O sono é um grande mistério. Cientistas o estudam há anos tentando entendê-lo. Porque dormimos? O que ocorre com as células durante o sono? Porque nos reabastecemos de energia ao dormimos? Dormir é dar repouso ao nosso consciente ( conhecido). O estado meditativo pode ser descrito como “ um sono acordado”. É o momento em conseguimos acalmar nosso “consciente”, sem no entanto, perdermos a “consciência”. Em outras palavras, o consciente “adormece”, mas continuamos acordados e “conscientes”. O corpo atinge um relaxamento muito próximo ao do sono. Às vezes ouvimos o corpo “roncar”, ou respirar profundamente, sinais característicos do sono profundo. Isso é Meditação.
Durante a Meditação não há “eu”, ou EGO (conhecido). Há apenas o Desconhecido, sendo este, a ausência de qualquer pensamento identificador, ou formador do EGO. Embora possa haver os pensamentos, mas não nos identicamos com ele, pois o observamos como “uma testemunha”- como diria Ramana Maharish. O silêncio e a consciência são “sinais” de que transcendemos o “conhecido”. Se, por um instante que seja, consigo perceber , observar e sentir as coisas que acontecem dentro e fora de mim- esse é o Desconhecido. Essa observação deve partir não de um “centro” analisador ( EGO). Ela deve ser sem centro. Sem a dualidade: observador e coisa observada. Não pode haver direcionamento, nem desejo de duração, nem de controle. De repente, estamos nele, e pronto. Se não estamos, não tem problema. Não podemos ‘dominar” o estado de atenção, querer prorrogá-lo ou estendê-lo. É como se ele tivesse vida própria. É um movimento que manifesta-se por si mesmo. Krishnamurti costumava dizer que “perceber a desatenção, é atenção”. Ou seja, se percebemos que passamos o dia todo desatentos, aproveite esse momento para manter a atenção e não pra autocensurar-se, ou criticar-se porque “perdeu” o dia sem conseguir ficar “atento”. Além disso, no estado de “atenção”, que é o estado em que não há observador e coisa observada, mas simplesmente, “observação silenciosa e passiva”, se realmente estás neste estado, não há “ninguém” para reclamar ou censurar-se pelo dia “perdido” em “desatenção”. Se existe esse “alguém”, então não estás em meditação. No estado meditativo não existe ninguém pra dizer nada, para reclamar de nada, pra criticar nada. Há apenas um silêncio, que nem mesmo silêncio é. Pois não é do reino das palavras.
Por fim, quero conclamar a todos que querem mudanças no próximo ano. Àqueles que não aguentam mais viver sob domínio da dor e da ilusão. Àqueles que querem encontrar uma vida mais plena, rica e feliz. A todos que procuram a paz, a paz verdadeira, não a ilusória. Quero dizer a todos, que há sim uma saída da Matrix. Mas encontrá-la é muito difícil. Não que realmente o seja. Mas porque não queremos abrir mão de nada. Queremos mudanças, mas não queremos mudar. E para mudar, precisamos ter coragem e humildade para aprender. O EGO, que é a presença da Matrix em nós, não aceita que “não sabe”, que está confus e que não tem a “receita”. Não admite que precisa de ajuda. Não tem coragem de jogar-se no Desconhecido, pois o Desconhecido não oferece segurança nenhuma. Só o EGO oferece segurança e conforto- mas são ilusórios. Não são reais. Mas muitos preferem viver de sonhos e ilusões, a ter que enfrentar a VERDADE e a REALIDADE.
E a verdade é que não existe segurança, nem paz, nem conforto no conhecido, na mente, no EGO. Só quando não estamos mais à procura de paz conforto e segurança. Só quando abrimos mão da continuidade do EGO. Só quando desistimos de nossas razões e certezas. Só quando houver uma quebra total deste padrão psicológico do conhecido- a que todos estamos presos- é que poderá haver algo de Real e Verdadeiro. Algo que não foi produzido pelas ações mesquinhas e medíocres da mente-pensamento-ego . Mas, sei que a mente de muitos, nessa hora, vai escandalizar-se e dizer: “isso não existe! Não existe nada fora de mim! Isso é um desparate! Uma loucura”. E continuarão com suas vidinhas medíocres, insossas, sem brilho, sem vida, sem profundidade. Pois é muito mais fácil e cômodo continuar com o conhecido, afinal, é o que eu já conheço. Que importam as crises? Que importam as quebras de expectativas? Que importa se me apego a tudo o que amo ? Que importa se tudo isso pode acabar a qualquer hora? Que importa o sofrimento, as crises e a dor?
Mas quando o “inesperado” bate a nossa porta. Quando a dor e o desespero entram em nossas vidas sem serem convidados. Só então, começamos a refletir sobre nossa ela. É a morte de um parente, é a velhice que nos chegou tão rapidamente. É a dor da solidão. São as ingratidões. São as doenças. As fatalidades da vida que nos deixam impossibilitados de viver e ser quem somos. Nessa hora falta-nos dinheiro e, muitas vezes, os amigos. É a morte da esposa querida, do filho querido, de um ente querido. É a nossa própria morte. É a dor da separação e da perda. Qual de nós está preparado para perder objetos, pessoas, cargos, saúde, dinheiro? Quase ninguém não é? Mas qual de nós está preparado para abrir mão de idéias, concepções, pensamentos, posições e certezas? Qual de nós tem coragem de abrir mão de seus pensamentos, de seu EGO e da sensação de segurança, conforto e paz que ele traz- mesmo que saibamos ser ilusórias? Quem tem coragem de renunciar ao Conhecido, sabendo que não terá nada em troca? Afinal, renunciar para ganhar, não é renúncia, é? Só há renuncia verdadeira quando nada esperamos como recompensa.Mas é mente é esperta e ladina. Ela nunca faz nada “sem motivo”. Sempre faz visando algo em troca. Algum retorno, alguma recompensa. Alguma vantagem. E isso não é renúncia, em absoluto.
Mas, qual a diferença entre o sábio e o ignorante? Afinal, o sábio também adoece, tambem envelhece, também está sujeito às separações e perdas inesperadas. Qual a diferença então? Veremos: o sábio não alimenta ilusões acerca de nada. Não identifica-se com os desejos, embora eles continuem a existir. Não alimenta esperanças sobre o futuro. Não projeta sua felicidade no amanhã. Ele a vive no agora. O sábio a nada se apega, nem mesmo aos seus próprios desejos, pensamentos, emoções e reações. Ele apenas observa o infinito movimento da vida, dentro e fora de si. Se há uma dor, ele a observa. Se há paz, ele a observa. Se há desejos, novamente observa. Se há companhias e dinheiro, ele os observa. Se há ausência e carência financeira, novamente aí a observação. Se tem abundância de amigos, saúde e bens materias ele os observa. Se não há, continua observando - da mesma forma.Falando assim, parece que, ser sábio é algo morto, sem vida. Pois ele “apenas observa”. Mas , não é assim. Ele observa, está consciente, mas não rejeita nada, nem resiste a nada. Ele nem quer, nem não quer. Se veio até ele, ele pega. Se tem, ele usufrui, se não tem, ele usufrui do mesmo jeito. A pessoa sábia nada retém. E, quando deseja, está consciente dos seus desejos, enquanto desejos apenas. A pessoa sábia está sempre aprendendo e vivendo cada momento. Se o momento é de dor, ele observa e vive- sem a dualidade, sem resistência, sem considerar como sendo algo pessoal. Mas como algo da vida. Próprio da natureza das coisas. Daí vem sua paz, que não pode ser descrita nem analisada pela mente pensante.A pessoa sábia vive tudo com plenitude e totalidade. Pois na totalidade está o segredo da Felicidade. Mas não há totalidade quando há “EGO”. Não há totalidade enquanto houver a dualidade “sujeito observador- objeto observado”. Só existe paz, felicidade e harmonia, quando cessa completamente o pensamento de “eu sou isso, ou sou aquilo”. Ou mesmo o pensamento de “não-sou”. Então o que restará depois disso?
Só vivendo pra saber. Que no próximo ano, você possa mudar pra melhor. Trazendo, assim, grandes mudanças em sua vida. Faça disso, um dos objetivos principais para o próximo ano. Não sossegue enquanto não encontrar a paz - além das palavras e conceitos. Não precisa deixar emprego, família, amigos, rotina, sonhos, objetivos e planos. Não precisa abrir mão do seu “projeto de vida”. Não. Apenas perceberás que a verdadeira felicidade e paz, não está nas coisas, nem no futuro. Assim, poderás ser feliz no agora, mesmo sonhando, mesmo tendo projetos e planos para o futuro. Mas descobrirás uma nova dimensão. Pois antes só imaginavas a felicidade como algo abstrato e distante. Como se ela só fosse acontecer no futuro, como resultado de tuas conquistas e realizações. Mas, sabemos que não é assim. A Felicidade só pode existir no aquiagora e ela não é resultado de nada. A questão é de mudança de paradigma: se antes pensávamos em “realizar as coisas pra somente depois sermos FELIZES”. A sabedoria nos mostra que é exatamente o contrário: "SEJAMOS FELIZES, e tudo o mais realizar-se-á".
Que a mudança possa se fazer na vida de todos no próximo ano. Que possamos continuar nesse aprendizado mútuo, despertando para uma verdade muito simples: SEM MEDITAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO NÃO HÁ CRESCIMENTO. Nem mudanças, nem mutaçao.
Paz, Felicidade e Sabedoria , é o que desejo a todos!
Muito obrigado por sua leitura, participação e visita!
Alsibar ( inspirado)
msn: alsibar1@hotmail.com