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sábado, 1 de outubro de 2011

O AMOR , A ENTREGA E O ÊXTASE- The Love , the Surrender and the Ecstasy


O que é o amor ?  É emoção? É sensação? É algo forjado pelo pensamento? Podemos amar de maneira proposital e consciente? O que é a entrega? Existe entrega enquanto há EGO? Vamos refletir juntos sobre tema intrigante?

O poeta e compositor mineiro Paulinho Pedra Azul, já dizia “ O amor, será belo se dois serem um”. Jesus, já afirmava no quinto evangelho “Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea (…) então entrareis no Reino”. E a explicação é muito simples. O Amor é a experiência da Unidade com tudo e com todos. Isso só pode ocorrer na ausência completa do EGO. O EGO não pode amar. É contrário a sua natureza. Como poderia? Ego é interesse, desejo, ambição, pensamento, tempo, limitação. Tudo que o EGO faz tem um interesse e um motivo por trás. E o que tem interesse e motivo é falso. “ Ao terminares tudo o que tens de fazer dizeis : sou servo inútil, apenas fiz minha obrigação”- disse Jesus nos evangelhos canônicos. “ A ação que é feita com interesse de ganho é ação no modo da ignorância” Afirma Krishna no Bhagavad-Gita. Resumo da ópera : enquanto há EGO , não há AMOR. Um é a negação do outro. Do que se infere uma coisa simples: enquanto houver o observador- o pensador- não há espaço para o amor. Amor não é emoção. Amor não é sensação. Amor não é desejo. Se a sua “experiência” com o amor resume-se  a estes três aspectos- é melhor refletir sobre o que você está realmente sentindo. Será que não está havendo um equívoco? Não seria melhor observar este sentimento, não à luz do pensamento- mas da sabedoria, da percepção direta- sem a interferência das palavras ?
Ora, certamente, que podemos descobrir a Verdade diretamente, por nós mesmos e não de acordo com opiniões – seja de quem for. A mente, o pensamento, adora se apoderar de tudo. Nesse suposto “domínio” de tudo ele se sente seguro e feliz- na ilusão de que entendeu. Na ilusão de que está sentindo algo sagrado e valiosos. Ora, mas será que algo tão sagrado e puro- como o amor- pode ser tocado pelo pensamento? Sabemos o que é o pensamento. Conhecemos suas artimanhas, sua astúcia, sua megalomania. Importa ir além dele. Importa que ele se extinga e morra por inanição. Só assim poderemos vislumbrar algo realmente sagrado e puro. Algo que denominamos de Amor- mas que na verdade- está além de toda classificação, de todas as palavras e denominações.
Temos mania de separar e classificar o amor. Dizemos que ele é sensual (eros) e fraterno (ágape). Mas quem fez essa divisão? O pensamento, não? Ora, quando o pensador se extingue há alguma divisão e classificação? Ou tudo se reduz ao UM? O Um não significa sentir pelos seus amigos a mesma coisa que você sente por sua mulher. Significa que não há mais o EGO fragmentando e classificando as coisas em termos de palavras e definições. Então cada coisa passa a ter seu lugar, campo e função. Estabelece-se uma nova ordem  e harmonia que o pensamento não conhece. Então não irás mais confundir “desejo” com amor. Não irás confundir “ apego” com amor. Nem “sentimento de posse” com amor. Nem “ciúmes” com amor. Nem mesmo “emoção” com amor.
Muitos de nós apenas buscam a sensação que o “amor” proporciona . Mas isto nada mais é do que um processo biológico, resultado da ativação de  proteínas na química cerebral : tais como a serotonina e a dopamina. Isso já está cientificamente comprovado. Quando o cérebro deixa de produzi-las o que resta? Nada. Por isso que as pessoas se separam e se casam tanto. Estão sempre buscando novas sensações, procurando sentir o “barato” que aquele estado lhe proporciona. Quando o cérebro deixa de produzir aquelas substâncias, dizemos : “acabou o amor. Tenho que procurá-lo novamente !” E passamos a vida  buscando sentir aquilo novamente.  Em geral, nos iludimos pensando que o erro está no outro. Buscamos mil e um motivos para justificar o término dos nossos casamentos e relacionamentos. Não existem relacionamentos eternos e perfeitos. Isso é uma idealização. Uma perigosa e confortável ilusão que nos agarramos por não querermos encarar a realidade. Nada neste mundo do pensamento é perfeito e duradouro. Tudo o que o pensamento cria, toca e deseja tranforma-se, deteriora-se e morre- pois esta é a sua natureza. Embora ele não queira aceitar isso. E nem pode, pois é próprio da natureza do EGO desejar a continuidade, a segurança e o conforto.
Só quando o homem liberta-se dos tentáculos do EGO- que é o desejo de permanência e continuidade. Só quando o pensador – que também é EGO- se extingue totalmente, pela percepção de suas próprias limitações e natureza, é que algo novo, original e verdadeiro pode “surgir”. Nesse “algo” não há amanhã, não há passado, nem futuro. Nele todas as coisas se esclarecem e se unem. Não há espaço para lamentações, apego, ciúmes, ou fragmentações. Não há espaço para  sentimento de posse ou exigências de qualquer espécie. Sei que muitos não me entenderão. E com razão - pois só conhecemos a dimensão do pensamento. E o que estou falando está além dele, transcende ele. E somente aqueles que alcançam esta dimensão podem “sentir” isso- pois não é do reino das palavras, nem das definições. O “pensador-EGO” tenta aproximar-se dele, dominá-lo, apossar-se dele como faz com tudo e todos a seu redor- mas não consegue. Simplesmente porque esse algo está totalmente fora do seu alcance .
Quando todas as barreiras da ilusão forem dissipadas. Quando não existir mais sentimentos de “EU” ou “MEU”. Quando, por um instante que seja, o homem conseguir se libertar, sair do reino do pensamento e do EGO. Então algo de novo surgirá. Não tente senti-lo. Não tente vê-lo. Não tente tocá-lo, nem dominá-lo.  Alguns chamam isso de entrega. Não gosto deste termo pois abre margem para muitos mal-entendidos. Se você entender “entrega” como “alguém se rendendo ou se entregando a algo ou alguém”- está errado - pois a ilusão da dualidade continua. Na verdadeira entrega  não há um alguém (EU, EGO) entregando-se a algo/alguém (Deus, Guru). O “AMOR”, só pode surgir quando não há mais nada em termos de idéias e conceitos.  Assim, somente com a extinção e superação de conceitos como  “EGO”, “DEUS”, “ENTREGA”, “AMOR” é que o ser humano poderá realmente “perceber” ou “sentir” algo que está além do  campo de atividade do EGO. Do contrário, estaremos apenas nos iludindo, nos dopando, nos hipnotizando. E isso terá o mesmo efeito que qualquer droga química que causa prazer, euforia, sensações e dependência .
O amor é a negação de todo o caos criado e mantido pelo pensamento fragmentado e fragmentador. Nós só podemos nos aproximarmos dele de maneira indireta e negativa- ou seja compreendendo o que ele não é. Se tentarmos contatá-lo de maneira positiva- através de nossos conhecimentos, pensamentos e desejos- ele se esquivará pois ele é a única coisa no universo que é incriado e não-condicionado. E somente atingindo o estado de não-condicionamento, de “limpeza” total do pensador, do passado e do conhecido -é que este algo poderá surgir. Mas ele só “surge” quando não estamos mais aí para experimentá-lo, para explorá-lo, para usá-lo a nosso bel-prazer. Em outras palavras:  a verdadeira entrega  é uma consequência natural da extinção do EGO. Somente quando "ele" desiste de querer dominar, classificar e usufruir de tudo, é que o AMOR- a experiência máxima da Unidade- poderá vir à tona.
A relação homem mulher é apenas uma representação desta Unidade ensinada pelos grandes mestres, sábios e iluminados. O homem comum só alcança a Ananda, ou êxtase da Unidade nos raríssimos momentos do sexo. Mas o místicos e iluminados alcançam este estado, de forma  natural e espontânea. O amor é a experiência máxima da Unidade, da Totalidade, consigo mesmo, com o outro e com o Universo. É a experiência mística por excelência pois não existe mais EGO, com sua sensação de fragmentação e separatividade. 
Mas este estado não pode ser desejado nem buscado. Somente quando, pela meditação e autoconhecimento, o homem se liberta das ilusões do EGO, é que este algo surge. Enquanto houver qualquer movimento do desejo e do EGO- tanto em níveis conscientes e inconscientes. Enquanto houver busca, esforços ou motivos  por mais sutis que sejam- o Amor não surgirá. Chame-o de Amor, Verdade, Deus, Cristo, Buda- como quiser. Não fará diferença pois ele está além de todas as palavras, conceitos e definições .
Que tal experimentar este novo caminho e descobrir a Verdade por si mesmo? A hora é agora!
Alsibar ( inspirado)

Um comentário:

  1. Muito bom meeeeesmo.
    De onde vem tanta inspiração?
    Sei que você já comentou que não há técnica para se alcançar este estágio, mas é muito difícil nos livrar-mos desse nosso EGO.

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