Páginas

domingo, 30 de outubro de 2011

AMORTECEDORES OU SUPORTES: O QUE ISSO TEM A VER COM VOCÊ?



Você já ouviu falar em suportes ou amortecedores ? Sabia que existem amortecedores psicológicos? Será que você tem algum e não sabe? Até que ponto os suportes são benéficos ou maléficos? É possível viver sem eles? O pensamento é um amortecedor? Vamos refletir juntos sobre este intrigante assunto que diz respeito a todos nós?

Você sabe qual é a função dos amortecedores , não sabe? Sua função principal é amortecer os choques resultantes da trepidação dos movimentos do automóvel. Na vida da gente, também temos vários amortecedores.  Eles servem para amenizar ou diminuir o choque das situações, acontecimentos e eventos dolorosos. Existem muitos tipos deles e, sem eles , o homem provavelmente enlouqueceria por não suportar o impacto dos choques a que estamos constantemente expostos. Apesar de haver uma pequena diferença entre suportes e amortecedores, ambos ajudam o homem a suportar algum tipo de insegurança, embaraço, ou sofrimento. O suporte é mais uma espécie de muleta, dando-lhe segurança e sustentação diante de situações embaraçosas ou momentos difíceis. Ex: diante de uma situação que o deixa nervoso ou desequilibrado, muitos recorrem ao cigarro, bebida ou algum outro subterfúgio para tentar restabelecer a calma. Já os amortecedores amenizam impactos dolorosos , ex: diante da solidão, do vazio, da tristeza ou frustração muitos recorrem à religião, esporte, atividades sociais, técnicas, bebidas, drogas, comprimidos etc visando suportar a dor. Mas, ambos funcionam como verdadeiros “consolos” que objetivam nos acalmar ou reestabelecer um certo equilíbrio necessário ao desempenho das atividades sociais e profissionais.
Não há mal nenhum em ter amortecedores, todavia, temos que tomar alguns cuidados com eles. Dependendo do caso, eles podem nos causar sérios problemas e imperdir- inclusive- nossa evolução e crescimento. Qualquer coisa pode tornar-se um suporte ou amortecedor: um livro, um amigo, um familiar, um animal, um jogo, um programa, uma atividade, uma religião, técnica, comida, viagem, trabalho, bebida, cigarro, droga etc. Estamos rodeados deles, e desde criança, aprendemos a usá-los conforme nossa conveniência e necessidade. Mas, como surgem os suportes? Por que nos tornamos – com o tempo- tão dependentes deles? Até que ponto um suporte é saudável e quando se torna prejudicial?

Segundo a Psicanálise, somos constituídos de três corpos : o físico , o mental e o emocional. Quando bebês, temos nossas carências, necessidades e desejos. Nessa época, a presença e companhia dos pais nos dão  a sensação de conforto, paz  e segurança que precisamos para nos sentir bem. Mas, infelizmente, à medida que crescemos, o nosso corpo emocional não acompanha o ritmo de desenvolvimento do corpo físico e mental. Resultando, daí, uma extrema imaturidade emocional. Estudos psicanalíticos comprovam que, em geral, a idade emocional das pessoas é de mais ou menos três anos de idade. Isso significa  que , mesmo adultos, continuamos agindo como crianças no que concerne às questões de natureza emocional. Isso explica porque, em geral, somos tão carentes, medrosos e inseguros e o porquê de precisarmos tantos das “muletas”, dos “amortecedores” e dos “suportes”.Ora, interiormente continuamos bebês. Todavia, como somos fisica  e mentalmente adultos, seria absurdo continuarmos com os mesmos hábitos de bebês. Já imaginou um adulto chorando porque os pais não estão ao seu lado? Ou um adulto berrando porque lhe falta um carinho, um consolo ou um mimo? Na impossibilidade de continuar com os mesmos suportes dos bebês- o que seria uma atitude socialmente vergonhosa e absurda- o ser humano substitui os suportes infantis por suportes “adultos” , pois estes são aprovados socialmente e amplamente aceitos. Daí que quase tudo em nossa vida passa a ter  uma função de suporte- pois ajuda-nos a superar ou suportar nossas dores e carências emocionais .
A sociedade está cheia de suportes. E, a cada dia, enventa-se mais. O mercado vive inventando coisas que simplesmente não precisamos. Mas, saciam alguma necessidade psicológica, geralmente relacionada à alguma necessidade de autoafirmação, distúrbio de comportamento, ou desequilibro mental. Objetos de consumo, tais como, novidades  eletrônicas, novos produtos , novos alimentos, novidades da informática, ou do ramo automobilístico etc. Além de novas técnicas esportivas , dietas,  técnicas revolucionárias, e treinamentos  de última geração, tudo pode funcionar como um suporte. O importante é entendermos que não há um “mal” intrínseco no suporte. Ele se torna um mal de acordo com a dependência ou do uso exagerado do mesmo. Por exemplo, o celular é  considerado um suporte que preenche minha necessidade de amenizar a solidão. Todavia, se o uso nos momentos certos, como instrumento de trabalho e comunicação, não há nenhum problema. Mas,se indivíduo tem uma extrema e neurótica dependência em relação ao celular. Se não consegue viver sem ele e quando está sem ele issocausa-lhe sofrimento psicológico -então temos aí um problema.
Vejamos o caso do computador, Internet,  redes sociais, bate-papos e os games, por exemplo. Ora, se uso essas coisas de uma forma saudável, moderada e útil, de modo que não atrapalhe, nem prejudique minha vida social, meu trabalho, família etc. Não há mal nenhum nisso. Todavia,  se me isolo do mundo para viver apenas para a Internet, deixando de ter vida social, prejudicando assim minhas relações familiares e profissionais- então, temos aí um grande problema- merecendo a atenção de um profissional. Da mesma forma são os demais suportes: bebida, sexo, fumo, droga, malhação, religião etc. Em suma, enquanto estivermos trilhando o “caminho do meio”, ensinado por Buda, que significa ser moderado e comedido em tudo, não há certamente, nenhum problema ou “neurose” mais grave.
Não podemos deixar de mencionar que os suportes químicos ,tais como, drogas, bebidas e cigarros etc. representam um risco a mais, pelo seu alto poder viciante e potencialmente destruidor. Podendo, inclusive, trazer sérios riscos  à saúde física e psicológica do indivíduo. Por exemplo, não há problema em se beber socialmente. Mas, o “socialmente” pode evoluir para uma doença mais grave, uma dependência química mais séria. Aí pesam  fatores genéticos, psíquicos e emocionais, que deve ser avaliado de acordo com cada caso. Por isso, não é exagero dizermos que há alguns suportes com potencial de riscos maior  do que outros-o que varia de pessoa a pessoa. Há, no entanto, suportes que não oferecem nenhum risco direto à saúde  do indivíduo sendo  até considerados  normais e saudáveis . É o caso, por exemplo, da religião, da malhação e dos esportes.
Existe ainda um amortecedor amplamente aceito e que, em geral, ninguém se dá conta: são os pensamentos. Assim como todos os outros amortecedores, os pensamentos não são intrinsecamente suportes – mas tornaram-se suporte  devido ao seu “uso abusivo” e descontrolado. E quando  é que os pensamentos passam a funcionar como amortecedores? Quando se interpõe entre o sujeito e a realidade, impedindo-o de contatar as sensações, emoções e reações de forma direta e objetiva. Vivemos pequenas crises a toda hora e instante, mas por que não percebemos? Porque vivemos constantemente sob o domínio dos pensamentos automáticos e reativos, que funcionam como um filtro entre você e a realidade. Se pudéssemos ouvir e sentir todos os sons, todas as impressões visuais, olfativas, sensoriais e táteis, diretamente, sem  a intermediação dos pensamentos, o que aconteceria? Cada "crise" seria percebida, compreendida e resolvida na hora da percepção, não permitindo a acumulação de resíduos na mente. Esses resíduos de experiências do passado, com o passar do tempo, acumula-se na consciência gerando a falsa noção de uma entidade permanente a que chamamos EGO.

  Os pensamentos tem funções claras e próprias, devendo ser usados de forma útil e funcional-como tudo na vida. Mas quando ele, o pensamento, torna-se descontrolado, reativo e caótico, isso gera um sujeito neurótico e desequilibrado. Contribuindo, também, para a manutenção de um mundo cada vez mais descontrolado e caótico. Ao colocarmos o pensamento em seu devido lugar, organizamos nosso mundo interior e ele passa a não funcionar mais como um suporte ou amortecedor.  Por ser  apenas mais um instrumento, o pensamento pode ser extremamente útil e importante para questões práticas que envolvem a comunicação, a lógica e o raciocício. Todavia, enquanto amortecedor, ele nos impede de viver a vida diretamente , completamente e em  toda sua plenitude.
Em suma,  temos que conhecer o que dentro de nós não está funcionando em seu devido lugar. Como, em geral,  somos extremamente carentes e imaturos, a facilidade de tranformarmos qualquer coisa em suporte é muito grande. Basta que essa coisa, pessoa, situação ou atividade nos forneça um pouco de paz, conforto e prazer -tudo o que uma mente emocionalmente imatura procura. Mas, suportes são sempre suportes-sejam eles quais forem. A questão é : será que poderemos viver sem eles, ou a sociedade fundamenta-se neles? Será que algum dia poderemos ser livres dos suportes – psicologicamente falando? Ora, o fato é que todos nós temos que conhecer nossos suportes e saber quais necessidades emocionais ou psicológicas eles preenchem. Desta forma, poderemos saber se algum deles está nos prejudicando ou não. A  Psicologia, a Psicanálise, o Autoconhecimento e a Meditação poderão ,certamente, ajudar-nos neste particular. Ao profundarmos nosso autoconhecimento, descobrindo nossos suportes e carências emocionais, estaremos  iluminando nosso interior, e essa luz estabelece a ordem ,o equilíbrio e a autonomia em relação a eles. Só assim, poderemos  nos tornar seres humanos mais saudáveis e equilibrados. E assim, contribuiremos para construção de uma sociedade mais humana, plena e feliz.

Alsibar ( inspirado)
alsibar1@hotmail.com

sábado, 22 de outubro de 2011

GENIALIDADE X ESPIRITUALIDADE : O CASO STEVE JOBS OU O DRAMA PÚBLICO DOS ÍCONES HUMANOS




Quem foi Steve Jobs e o que ele  representou para muitos de nós?O que seu drama pessoal tem a nos ensinar? Será que o Zen é para relaxar ou para acordar?Quais os problemas da genialidade sem espiritualidade ? Vamos fazer essa viagem juntos, refletindo sobre nossa condição existencial humana?

Quem foi Steve Jobs? Além de um gênio da informática, grande empresário e marqueteiro, Steve, certamente, encarna um ideal que povoa a mente de muitas pessoas, de todas as idades, principalmente de jovens idealistas e amantes da tecnologia. Apesar de não ser unanimidade, o fundador da Apple tornou-se símbolo de um vanguardismo que tem na inovação empresarial, no marketing e no visionarismo- suas principais características. Jobs sonhou alto, conquistou, conseguiu. Provou que mesmo as ideias aparentemente absurdas, seriam realizáveis. Homem de vontade e persistência notáveis, representou toda uma geração que busca obsessivamente a excelência em tudo que faz. Lamentavelmente, a vida o levou muito jovem. O poderoso empresário, homem de vontade férrea e gênio da informática, sucumbiu ante o poder da vida. Que mensagem pode-se tirar daí? Será que a vida não nos está alertando para algo? O que o drama de Steve Jobs pode nos ensinar ?

Há um provérbio hindu muito famoso que diz: “ alguns aprendem vendo, outros ouvindo e outros apanhando”. E há ainda os que nem apanhando aprendem. Gostaria de me dirigir aos primeiros e aos segundos. A vida está constantemente nos enviando  lições . Se fôssemos mais atentos, certamente, evitaríamos muitos problemas em nossas vidas. Vamos refletir não sobre o ser humano Steve Jobs mas sobre o que ele representava. Quais valores ele encarnou? Além da notável persistência e genialidade- o que mais ele inspira em uma legião de admiradores?  Não será salutar refletirmos sobre o significado de sua vida e de sua morte - supostamente precoce? Steve representa uma espécie de filosofia de vida, que é seguida por uma boa parcela da sociedade. Sua ganância e incessante busca pelos avanços tecnológicos exemplifica uma atitude comum a vários seguimentos empresariais. Afinal, estamos falando de negócios. O problema  é que, muitas vezes, colocamos os avanços tecnológicos, a fama e o poder como algo central em nossas vidas. Esquecemos completamente de nutrir outras áreas do nosso ser e de nossa da vida- tais como a espiritual, a mental, a emocional etc.

Quem não quer ser famoso? Quem não quer dinheiro, poder e… reconhecimento? Steve Jobs teve tudo isso. Tudo o que muita gente sonha noite e dia. Há pessoas que vivem completamente para isso. Isso é o centro e a razão de suas vidas. Mas, penso, em minhas humildes reflexões: isso é tudo? Será que estamos agindo corretamente? Será que a vida, quando desequilibrada, não traz consequências ? Será que viver se resume ao desenvolvimento de coisas materiais- mesmo que estas tragam mais “benefícios”  ao mundo? Não questiono o valor dos avanços tecnológicos- isso seria absurdo. Questiono porque muitos de nós não se empenham no auto-desenvolvimento com a mesma garra e energia que se empenham em descobrir engenhocas cada vez mais esquisitas - e muitas vezes inúteis. Só me pergunto por que com tantos avanços tecnológicos e com tanto conhecimento científico, ainda não fomos capazes de curar doenças como, por exemplo, o câncer. Só me questiono porque nós não acordamos para o fato de que desenvolvimento tecnológico, sem autoconhecimento, não representa muita coisa. Principalmente quando estamos diante da velhice, da doença, da morte e da dor.

Na biografia de Steve Jobs, diz-se que ele passou um tempo em um templo Zen-budista. Muitos fazem isso. É chique. É moda: “ Se Steve Jobs foi, eu vou também”. Muitos pensam que Zen é como uma espécie de Spa. Algo, “tipo…” Para descansar,  desestressar, ficar relax! Fico aqui refletindo… que espécie de Zen é esse? Só há duas possibilidades nesse caso: ou o Zen se perdeu, ou eu perdi o Zen. Se depois de conhecer o ZEN eu continuo dormindo, provavelmente eu não entendi o Zen. Ou o Zen não me serviu de nada. Foi inútil. Não creio no Zen que faz o homem dormir . Não penso que este é o verdadeiro espírito dos grandes patriarcas do passado. O Zen não é para dormir. Dormindo já estamos. O Zen não é um calmante… é uma “porrada”. É um choque no nosso sonambulismo materialista. Um homem que passa pelo Zen e não se transforma, realmente não passou pelo Zen. Talvez tenha olhado. Talvez tenha visto a cor e ouvido o som das águas. Mas não mergulhou. Não houve realmente um “batismo”. Uma transformação interior.

Infelizmente, muitos continuarão usando práticas como o Zen, a Ioga e a religião para continuarem seus lindos e confortáveis sonhos. O Zen, a Ioga e a religião só são verdadeiros quando lhe levam a um estado de consciência fora da sua “normalidade”. Ora, se continuo o mesmo, de que me servem estes caminhos? Mas, o fato é que estamos tão anestesiados que tudo já se tornou trivial e comum. Por isso que muitos continuam do mesmo jeito, anos e anos- sem nunca experimentarem algo além de seus próprios sonhos. O verdadeiro espírito da religião - seja ela qual for- deveria ser o de transformação e despertar. De que adianta ler a Bíblia se não mudamos nossas atitudes e comportamentos? De que adianta praticarmos o Zazen se ao voltarmos para nossa rotina- trabalho e família- continuamos agindo da mesma forma tirânica e cruel? Do que vale a Ioga, se isso não se reflete na minha vida e nas minhas relações? Do que vale qualquer coisa,  se isso  não me traz  sabedoria , felicidade e paz interior?

Provavelmente, o símbolo da Apple- o da maçã mordida- é uma referência à Nova York, também chamada de Big Apple. Mas em nossos inconsciente coletivo, sabemos que a maçã também é símbolo de tentação e queda. Tanto no mito bíblico de Adão e Eva quanto nas fábulas infantis- como Branca de Neve- a maçã estava lá simbolizando o mal e a tentação. Não sou purista, nem conservador. Mas quando o homem esquece-se de seu crescimento espiritual e só pensa obsessivamente no crescimento material isso, certamente, é deplorável e maléfico. Seja que homem for. Do mais anônimo transeunte, ao mais famosos e poderoso dos homens.  A vida não perdoa aqueles que não a escutam.  E não é possível que não consigamos enxergar o que ela está nos dizendo. Não é possível que não tenhamos a capacidade de ler os fatos nas entrelinhas . As mensagens nos chegam diariamente. O Universo está gritando, nos alertando sobre nossos erros, mas muita gente finge que não é consigo- será que não é mesmo?

Quando acontecem casos como o de Jobs, fico pensando qual será a grande mensagem do Universo para nós. E uma das respostas é esta:  somos seres materiais e espirituais, portanto, quando cuidamos apenas de um em detrimento do outro- este último se enfraquece e causa um desequilíbrio. E quando isso acontece surgem as doenças, as tragédias, as mortes e as crises. Através de exemplos dramáticos como os de Steve Jobs, Christopher Reeve (Super-man) e Patrick Swayze ( Ghost - do outro lado da vida), a Divindade nos alerta sobre a importância de buscarmos algo mais do que o ouro e a prata. Aquilo que Jesus chamou de o Reino dos Céus - e que está dentro de nós. Ora, tudo mais é consequência desse encontro. Sem este encontro interior, sem  despertarmos esta dimensão interna , nos reduziremos a simples máquinas superinteligentes e potentes. Mas se não despertarmos  “ a dimensão do sagrado” dentro de nós, essa inteligência não servirá para muita coisa. Não estou advogando uma espiritualidade conservadora e tradicionalista, estou defendendo que o homem sem autoconhecimento e meditação, não passa de uma espécie de máquina útil e inteligente . Nada além disso. O que falta a este robô humano? Falta a dimensão sagrada do Amor, da Consciência, do Sagrado, do Eterno, do Atemporal. É isto que nos faz superar  nossa natureza animal e despertando-nos nossa essência divina.

Essa dimensão não pode ser comprada, nem vendida. Não tem preço no mercado, nem podemos fazer marketing dela. Não podeis manipulá-la, nem dela se apoderar para fins pessoais e egoístas. Mas ela é o que há de mais sagrado no Universo. O que há de mais valioso e importante. É o encontro com o que alguns chamam de Deus interior. Isso está ao alcance de todos. Não importa o quê ou quem você é: se  um Steve Jobs ou um monge  Zen. Ambos serão iguais se ambos não se autoconhecerem e não despertarem sua própria luz interior. Do contrário, só haverá escuridão e ilusão. Que importa ser um pai de família, um  grande empresário, ou um monge, se todos viverem sob domínio da ignorância do EGO ? Não estou falando de atitudes externas. Falo do essencial, que é interno e “invisível aos olhos”.

Steve Jobs nos deixou. Com ele o mundo pôde conhecer o drama humano-individual e pessoal- de um ícone. O drama dele é o nosso drama. É o drama de toda humanidade. Através de Steve Jobs, o Universo mais uma vez nos alerta sobre a fragilidade e impermanência da vida. Exatamente como Jesus disse, na parábola do  rico insensato : “Louco! Esta noite te pedirão tua alma, e o que tens juntado para quem ficará?” (Lc 12:20). Não importa se você não crê em alma, ou coisa parecida. O homem coisificado é um homem sem alma  no agora-não no pós-morte. Um homem angustiado e infeliz vive seu inferno no agora- não no depois. Que importa o depois? Todo drama humano acontece no agora. O depois é apenas uma extensão do “que ele é” agora.

O homem do Novo Milênio não pode pensar apenas em desenvolver novas tecnologias. Tem também que se autodesenvolver, verdadeira e profundamente. A Verdade Universal está aí disponível através das diversas tecnologias e mídias. Desde os antigos rishis hindus até os patriarcas Zen; passando por seres como Buda, Jesus, Babaji e por último Krishnamurti, a vida está nos mostrando o que precisamos “fazer” para sermos felizes. Para sermos livres da dor e da ilusão. Jesus exortou-nos a buscar até encontrar. Se queres realmente encontrar a paz , a luz e a libertação- não pare de buscá-la. Isso não significa ir aos mosteiros, à India ou à procura de gurus e mestres. Isso significa ir fundo dentro de si mesmo. Os mestres apenas “apontam” como isso deve ser feito. Mas ninguém, abolutamente ninguém pode fazer essa viagem por você. Ninguém pode dar-lhe aquilo que você tem que conquistar por seus próprios “esforços”. Ninguém pode perceber a Verdade por você.  Assim como ninguém pode enxergar por você, dormir por você, comer por você, ou aprender por você. Essa é uma viagem que, certamente, você terá o apoio e a colaboração de muitos “mestres”- não necessariamente humanos. O Universo e a Natureza, além de pessoas como nossos pais, familiares e amigos nos ajudam nesta caminhada. E certamente, todos os iluminados que já passaram por este mundo e deixaram suas mensagens de libertação. Os fatos , as tragédias e os dramas também podem nos ensinar, fazendo-nos refletir  sobre o significado  de nossa própria vida .

Que Steve Jobs descanse em paz. Esteja onde estiver. Mas que, mesmo ele, sirva de exemplo para gerações futuras. Que sua morte trágica e, supostamente precoce, faça-nos refletir sobre a condição existencial humana . Que ela nos ensine o quanto somos frágeis e o quanto somos impotentes diante do poder inexorável  da vida. E que saibamos que  alimentar a arrogância, a ganância e a ambição, mesmo que seja em prol de um suposto avanço “científico”, não nos livrará do nosso drama pessoal e único. E que  não esqueçamos algo fundamental : que genialidade sem espiritualidade de nada vale. Somente a sabedoria e o autoconhecimento podem nos tornar mais plenos, sábios e felizes. Que a humanidade continue buscando o crescimento e a superação das barreiras materiais e tecnológicas, mas que nunca, nunca, esqueça-se de superar e libertar sua própria mente da ignorância, da ilusão e do egoísmo!

“Inútil vencer na batalha milhares de inimigos- a vitória sobre si mesmo é a maior das vitórias”- Buda.

Alsibar (inspirado)

domingo, 16 de outubro de 2011

A VERDADE E O PROBLEMA DA LINGUAGEM: The Truth and the Language's problem

A Verdade e o problema da linguagem- Alsibar
 Qual a importância da linguagem no nosso dia-a-dia? Será que todos nós realmente usamos uma "linguagem comum" ? Qual a relação entre linguagem e a percepção da Verdade? O que precisamos fazer para compreender o “novo”e , consequentemente, nos transformarmos? Vamos refletir sobre estes e outros assuntos ?
      A linguagem molda nosso mundo subjetivo e, consequentemente, a forma como o percebemos e dele nos acercamos . Gurdjieff costumava afirmar que uma das nossas maiores ilusões é acreditar que “usamos uma linguagem comum e que nos compreendemos”. Não nos damos conta o “quão subjetiva é a linguagem, quão diferentes são as coisas que dizem, embora todas empreguem as mesmas palavras”. Assim, é impossível haver um verdadeiro estudo ou uma verdadeira comunicação, se não estivermos conscientes do papel que a linguagem exerce sobre nós. 

              Ora, tudo em nossa vida é comunicação. As relações se baseiam nela. Quanto melhor o nível de comunicação, maior o entendimento. Se nos entendemos bem, não há espaço para confusões ou mal-entendidos. Mas se nossas linguagens são tão confusas como haveremos de nos comunicarmos corretamente? Será que somos capazes de entender o Novo que é a Verdade? Será que somos capazes de transmiti-la?
Em geral , achamos que para entender a Verdade transmitida por um sábio basta  lê-lo ou ouvi-lo. O problema é que, à medida que vou lendo ou ouvindo, vou fazendo associações com as coisas que já conheço. Se o que o autor fala condiz com o meu pré-conhecimento, então passo a gostar dele.  Senão, taxo-o de complicado ou simplesmente discordo dele. Além disso, mesmo quando penso que  compreendi o que o autor disse , em geral, o que aconteceu foi apenas uma reinterpretação das falas do autor de  acordo com o meu pré-conhecimento .  E isso não é compreensão .
    Na verdade, a compreensão só surge quando não faço associações. Se escuto algo realmente novo, esse algo só é novo, quando minha mente não a reinterpreta de acordo com o velho. Caso contrário,  perderá o impacto que deveria ter sobre minha mente e sobre minha vida. O resultado é a continuidade do velho, em detrimento do novo. Vamos pegar, por exemplo, a palavra "vigiar". Se em toda sua vida, você ouviu esta palavra sob a visão da cultura judaico-cristã, então no seu universo linguístico a palavra “vigiar”  tem um peso moral e repressor muito específico. Significaria algo como  “cuidar para não cair em pecado ou em tentação”. Mas, se escuto um monge budista dizer: Vigiai o pensamento!- então o significado não é o mesmo. Um budista pensa na vigilância do pensamento dentro de uma perspectiva não-dual e impessoal. Enquanto um cristão tem nessa frase uma perspectiva totalmente dual e pessoal . Assim, se o cristão não libertar sua mente de conceitos  fortemente arraigados, dificilmente irá compreender o novo significado que está sendo apresentado a ele dentro de uma nova perspectiva cultural. 

         Em suma, a linguagem e a capacidade de compreensão estão interligados. E se para evoluir preciso compreender, tenho então que refletir sobre minha capacidade de compreensão e como isso se manifesta na minha mente. Ora, será que existe o novo se estou apenas reinterpretando e fazendo associações? Existe o novo se já considero que aqueles conceitos já me são conhecidos e que, por isso mesmo, penso já tê-los apreendidos? Existe o novo se minha mente está saturada de  velhas idéias, conceitos, imagens e definições ? Ou será que tenho que me libertar de tudo isso para que o novo possa “nascer” ?
  O novo só pode surgir quando se compreende o quanto o “velho” é prejudicial. Infelizmente, estamos tão dominados por velhos conceitos que fica difícil entendermos o quanto isso é verdadeiro. Para demonstrar o quanto nossa linguagem  é confusa, plural e imprecisa vamos analisar, algumas palavras e conceitos do  nosso cotidiano. São palavras que, em geral, acreditamos saber o significado mas será que sabemos mesmo? Senão, vejamos:

1.  ILUSÃO: uma palavra que tornou-se, ela própria, fonte de muitas ilusões. Ora, a ilusão para uma pessoa criada e educada dentro de uma perspectiva religiosa repressiva e moralizadora poderá considerar como ilusão tudo o que esteja dentro da esfera dos desejos biológicos ou carnais. Todavia, temo que ter cuidado para não confundir as coisas. Ilusão por definição é tudo que parece ser mas não é. Mas os “desejos da carne” são bastante reais. Além do mais, se considero ilusão tudo o que é carnal então por que tenho lutar contra ? O que é ilusão simplesmente não existe e se não existe para que a luta, a disciplina, a repressão?  Na verdade , a ilusão  está na mente. Não está nas coisas tangíveis, não está nos nossos desejos sexuais-estes são muito reais. Dizer que “o mundo é uma ilusão, um sonho”- não tem significado nenhum. A verdadeira ilusão, a verdadeira Maya, está na nossa mente. É dela que parte nossa visão subjetiva de mundo. É esta visão de mundo subjetiva, forjada pela cultura e educação, que nos impede de ver a Realidade como ela realmente é. 

    2.  EGO- esta palavra é uma verdadeira salada de significados e fonte de muitos mal-entendidos. Por isso que, quando me refiro ao EGO, sempre procuro usá-la em “caps lock”-pois tenho em mente um sentido bastante específico. Seus significados são múltiplos e variam conforme o autor, a cultura, a tradição, a fonte, o livro etc. Para mim,  EGO é  simplesmente o conteúdo da mente representado pelas pensamento, pelo passado, as imagens, as convicções, as certezas, os desejos psicológicos, o futuro psicológico, as vontades, as escolhas, as lembranças, as expectativas, o meu senso de “mim mesmo” etc.  Muitos autores dizem por aí que o EGO é uma ilusão. Mas como o EGO pode ser uma ilusão se ele existe? Em outras palavras, o sonho é uma ilusão? O sonho é real, pois todos nós sonhamos. O problema surge quando confundimos as "realidades". Mas se compreendo que sonho é sonho e realidade é realidade então está tudo bem.  A miragem existe, enquanto miragem e assim deve ser considerada. As imagens na tela do cinema são reais enquanto imagens projetadas em uma tela branca. Tolo é quem confunde a realidade objetiva com a realidade encenada na tela . Cada coisa deve ser considerada em sua própria natureza. Assim o EGO é uma realidade projetada na tela da mente original. Mas ele existe, não como entidade essencial, verdadeira mas existe; e se o negamos corremos um grande risco de sermos, por ele,  enganados.

           3. CRENÇAS-As crenças, por exemplo, são crenças apenas- não podem ser confundidas com a realidade ou consideradas verdades absolutas. Se assim compreendo, e coloco cada coisa em seu lugar, então não há problema nenhum. 
   4.  AMOR- Esta palavra é, talvez a mais desgastada e incompreendida de todas. Não irei defini-la, pois a considero indefinível. Apenas mostrarei que esta palavra tem para cada pessoa um significado diferente. Para alguns ela significa caridade, para outros ela encerra uma Força, uma Luz. Alguns acreditam que amar é cultivar as virtudes da tolerância, gentileza e bondade. Há  aqueles que dizem que o amor não se pratica, pois está além de todas as práticas , palavras e virtudes. E também aqueles que defendem que não há diferença entre Amor e Deus- quem encontra um, encontra o outro pois estão intimamente associados. E assim, por diante. O fato é que em termos de significado a palavra amor está totalmente alterada e desgastada pelo seu mau uso. Como resgatar seu significado puro e original? Eis um dos grande desafios daqueles que procuram resgatar a força de uma palavra tão bela, poderosa e importante.
   5. A VERDADE- É dito que a Verdade, está além de todos os conceitos e palavras mas, até mesmo para compreender isso, precisamos estar abertos ao novo. O novo só surge quando o velho morre. Assim, se queremos nos autoconhecermos, se queremos realmente nos transformarmos, temos que morrer também para velhos e desgastados conceitos que nos impedem  a percepção da Verdade. Deus, ou o Desconhecido é definido em algumas culturas e autores como “ o eternamente novo”. Ele, não pode ser “captado” por uma mente que opera dentro da dimensão do velho e do conhecido . Somente quando a mente liberta-se completamente do seu próprio conteúdo -velho, desgastado e repetitivo- é que ela poderá entrar em contato com uma nova dimensão. Chame-a de Deus, Desconhecido, Verdade… Ou, se preferir, fique quieto e em silêncio- deixando que “aquilo” se revele por si mesmo.
          Por fim temos o problema  da transmissão. Muitos sábios optaram pelo silêncio. A lenda diz que Bodhidharma- o grande introdutor do Budismo na China- foi um deles. Passou nove anos olhando para uma parede, pois não encontrava ninguém que pudesse entender a Verdade. Após esse tempo, um discípulo apareceu e o desafiou, cortou sua própria mão e disse: “Já cortei minha mão, se não virares e não me ensinares, cortarei também a cabeça !”. Foi aí que ele se virou, satisfeito por ter encontrado um discípulo com condição de entender a verdadeira essência do Budismo, daí surgiu o Chan ou Zen. Ramana passou um bom tempo em silêncio. E Lao Tsé  dizia que o Tao é indefinível. Eis o grande dilema: como comunicar o incomunicável? Como falar daquilo que não se pode falar? Como nomear o que é “ inonimável”? Essa foi e continua sendo a grande dificuldade de todos os mestres, sábios e iluminados. Talvez, por isso, o Tao Te Ching nos adverte: “ o sábio cala, quem fala- não sabe”.
    O silêncio, talvez, seja a resposta- não o exterior, mas o interior encontrado na verdadeira Meditação. 

 Namastê!
 Alsibar ( inspirado)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O APEGO E A DOR- The attachment and the pain


É possível compreender e se libertar do apego ? Qual a relação entre apego e dor? É possível alguém viver desapegado, sem se tornar insensível, cruel e frio?O que a meditação tem a ver com isso tudo?
As tradições religiosas em geral pregam que o apego é uma das causas do sofrimento humano. Na vida diária, não é difícil perceber o quanto o apego  causa dor. Não é fácil separar-se das coisas que tanto se ama -seja o que for: um amor, um parente, um amigo, um trabalho, um animal, um objeto, uma rotina, um lugar, nosso corpo, a juventude, a vida etc. Essas coisas são muito caras e ninguém quer perdê-las ou delas se separar. Diante das inevitabilidades da vida- a perda, a separação, a velhice e a morte -a pessoa sente o quanto aquele apego pode custar-lhe caro. Em geral, as pessoas não sabem lidar com aquela dor tão peculiar a esses momentos. Será possível compreender o apego e dele se libertar? É possível gostar, amar, sentir, sem se apegar e sem se tornar uma pessoa distante, fria e insensível?
Não é possível compreender o desapego sem compreender o apego. Por que a mente se apega a qualquer coisa? É por que lhe dá prazer não? Ninguém se apega ao que não traz satisfação, conforto e felicidade. Ao analisar bem esse assunto, apesar do apego estar ligado a uma sensação de prazer, o que o alimenta não é a experiência em si- mas sim o desejo de continuidade . Posso ter várias experiências prazerosas, senti-las, vivê-las plenamente e quando elas cessarem, não permitir que a lembrança daquela experiência se transforme em um "desejo por mais"? Afinal, é isso que causa o sofrimento, não ? Ou seja, posso viver cada instante, sem desejar a continuidade daquele instante? Por exemplo: posso viver o prazer de estar ao lado da pessoa amada- mas quando não estiver, não sofrer por isso? Posso viver a alegria de estar em um lugar lindo e maravilhoso- mas quando não estiver mais- posso deixar as experiências e lembranças lá- sem transformá-las em um motivo de pesar? Posso viver cada momento, tão plenamente, que  não reste nenhuma sensação de insatisfação e incompletude?
O apego nada mais é do que o desejo de continuidade de uma experiência de prazer ligado a algo ou alguém. Uma vez que perco aquilo que me dava prazer, sendo o meu presente triste e vazio, lembro-me das experiências do passado e  desejo ardentemente sua continuidade como forma de amenizar meu sofrimento. Em suma: o ciclo do apego pode ser resumido na seguinte fórmula:

PRAZER> PERDA> DOR> MEMÓRIA> DESEJO DE CONTINUIDADE

não necessariamente nesta sequência. O ser humano está acostumado a considerar essa cadeia como algo normal e natural.  E, por nunca questionar sua validade, de repente, se vê nas garras da dor e do sofrimento. Mas é possível ser uma pessoa saudável, ter uma vida normal e equilibrada- sem cair nas  armadilhas do apego?
Conhecer o ciclo do apego é o primeiro passo para a libertação. O problema, pelo que percebo, não está na experiência do prazer- mas no  desejo de continuidade, ativado pela memória, tendo como causa principal, a dor causada pela separação. Posso olhar minha dor diretamente sem medo- sem justificá-la, sem nomeá-la, sem procurar dela fugir? Posso simplesmente olhar como minha mente cria este ciclo, ficar consciente dele, percebê-lo claramente sem querer alterá-lo ou dele escapar? Posso ficar com o “fato” e compreendê-lo em sua totalidade-de forma que aja apenas o fato e nada mais?

 Certamente que perceber o fato inclui a percepção de todo o ciclo- minha dor, minhas memórias e meu desejo de fuga ou continuidade. Em geral, são as memórias a causa dos tormentos pois a mente é escrava das memórias, das imagens do passado. As imagens da pessoa, coisa ou situação  continuam, ainda por muito tempo, vivas em na mente. Quando a mente percebe que a realidade é outra, que estas coisas não existem mais, o que ela faz? Ela reativa as lembranças como forma de evitar a realidade dolorosa. Mas -você pode perguntar- apenas a compreensão e a percepção de tudo isso é capaz de  libertar do apego e da dor ?  

A resposta a esse questionamento é a seguinte : enquanto não houver o percebimento de que o próprio desejo de se libertar da dor é em si o alimento da dor- nunca haverá libertação. Assim, o que fazer? Diretamente nada. Indiretamente,  muita coisa. A própria percepção clara e direta deste ciclo – “percepção sem escolha” como diz Krishnamurti- faz a mente libertar-se deste ciclo. Em outras palavras, quando a mente percebe que qualquer movimento da sua parte não pode transformar ou mudar esse ciclo- então o que ela deve fazer? Relaxar, não? E esse próprio perceber e consequente relaxamento e quietude- produzirá uma mudança  independente de qualquer ação direta por parte da mente.
Agora, ao se perceber todo esse ciclo o que se pode fazer em relação a isso?  É possível tornar cada experiência um momento novo e único? É possível olhar diretamente para a realidade independente do que ela seja, de forma que não haja mais a tristeza, nem a memória, me impelindo a evitar a dor e desejar o prazer? Em outras palavras, posso viver cada momento, sem permitir que a memória me roube a experiência direta com o agora -que é único -seja ele o que for ? Isso é uma maneira de viver que poucos, muito poucos conhecem. Em geral só vive-se de memórias, lembranças, medo e desejos e a vida se torna uma eterna busca pelas experiências passadas e que se tenta revivê-las. Nesse ínterim, perde-se o aquiagora- que não é bom nem ruim- somente é.
Sim- é possível um novo caminho. Mas para isso, é necessário aprender a experimentar a realidade do agora- “que é”- sem medos, receios e sem a interferência da palavra, das memórias e imagens do passado. A meditação é exatamente a vivência dessa  outra maneira viver a vida. Na meditação, vive-se o presente plenamente. No presente não há perdas,  pois ele é completo em si- não deixa margens para ideais, imagens, desejos ou lembranças. Na meditação, tudo o que existe, existe neste momento de percepção. E se tudo- absolutamente tudo o que precisamos está no aquiagora- não haverá carência psicológica de espécie alguma e- consequentemente- nenhum espaço para o apego, nem para a dor.
Experimente e constate por si mesmo!
Alsibar- (inspirado)

sábado, 8 de outubro de 2011

SATHYA SAI BABA E KRISHNAMURTI: O GURU-DEUS E O NÃO-GURU


 Você já ouviu falar em Sathya Sai Baba? E Krishnamurti? Que tal conhecer um pouco mais sobre estas duas personalidades tão díspares ? Será que eles representam um mesmo caminho ou dois caminhos totalmente opostos? Leia o artigo, reflita e tire suas próprias conclusões.

O Guru-deus, aos 14 anos de idade, se auto-proclamou encarnação divina. O Não-guru foi proclamado deus pelos outros - mas, depois, rejeitou o título.
O Guru-deus fazia questão de proclamar sua divindade. O Não-guru fazia questão de negá-la.
O Guru-deus tinha um ar exótico e misterioso. O Não-guru era uma pessoa absolutamente comum e igual a todos.
O Guru-deus tinha milhares de seguidores famosos e discípulos  importantes . O Não-guru não tinha discípulos, nem seguidores.
O Guru-deus não trouxe nada de novo em termos de ensinamentos, apenas repetiu a fala das antigas escrituras e tradições . O Não-guru, rejeitou toda autoridade de livros e tradições, incentivando a liberdade, independência e a autonomia .
O Guru-deus dizia que todas as religiões leva a Deus. O Não-guru ensinava que não existem caminhos para Deus ou a Verdade.
O Guru-deus rejubilava-se em demonstrações públicas de supostos milagres e poderes de materialização . Sabe-se que o Não-guru tinha poderes  que ele usava de forma discreta e para fins terapêuticos.
O Guru-deus adorava presentear os outros com jóias caras, supostamente materializadas. O Não-guru tinha como presente sua presença e mensagem de libertação.
O Guru-deus era frequentemente visto em cerimônias oficiais, recebendo reconhecimento público das autoridades. O Não-guru, mesmo tendo amigos importantes, entre eles intelectuais, cientistas e ministros de estado, sempre manteve a discrição e costumava recusar convites de reconhecimento público.
O Guru-deus tem seu nome ligado a uma poderosa organização com  atividades sociais, hospitais, escolas e filiais no mundo inteiro. O Não-guru tem as fundações que cuidam dos seus livros e escolas inspiradas em seu ensinamento .
O Guru-deus teve seu nome ligado a centenas de escândalos de pedofilia e também de assassinatos. O Não-guru teve seu nome ligado ao "escândalo"  de ter se relacionado com uma amiga de infância - casada com seu secretário particular.
Há vários vídeos e artigos na Internet  denunciando que o Guru-deus era um prestidigitador  e pedófilo- mas muita gente se recusa a ver. Há centenas de vídeos na Internet  com palestras do Não-guru sobre meditação e autoconhecimento- mas quase ninguém quer ver, nem ouvir.


      O funeral do Guru-deus foi um acontecimento pomposo com grande repercussão na mídia. O Não-guru teve um funeral simples, com pouquíssimos amigos íntimos presentes.
       
       Ambos inspiraram milhares de pessoas no mundo todo, mas qual deles encarnou e viveu o ideal de sabedoria e humildade dos grandes mestres iluminados do passado?

         Fica aí a reflexão!

“Porque surgirão  falsos cristos  e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos”( Mateus 24:24)

Alsibar*
 *o texto acima não expõe juízo de valor, apenas os fatos. Cada um faça sua própria reflexão.
msn: alsibar1@hotmail.com



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A FUNÇÃO DO INTELECTO E O DESPERTAR- The intelect function and the awakening

O intelecto e o Despertar http://alsibar.blogspot.com

Qual a função do intelecto para o ‘despertar”? Intelecto “sofisticado” é sinônimo de sabedoria? Devemos desprezar o intelecto ou ele tem sua importância?Qual a relação entre o intelecto e a percepção da ‘verdade’? Como poderemos considerar esta questão? Vamos refletir?

  Não sou nada. O que vou falar aqui são minhas reflexões pessoais sobre o tema, fruto de leituras, vivências e meditação. Para discorrer sobre isso,  faço  uso das minhas faculdades mentais de raciocínio. Por esse simples fato, já percebe-se que o intelecto tem sua importância. Preciso dele para me comunicar, refletir, investigar etc. Também faço uso dele como uma ferramenta de acesso aos conhecimentos científicos, espirituais e culturais . O intelecto tem sua função no mundo. Sem ele não poderíamos viver em uma sociedade moderna  onde a cultura, a leitura , a produção intelectual e científica são tão importantes para todos. 
Os livros nos dão acesso ao mundo do conhecimento
 Todavia, não podemos afirmar que o intelecto é “absolutamente bom” ou “absolutamente mau”. Tudo depende do referencial. Se temos como referência o acesso a cultura do conhecimento e da informação, então ele é bom e útil . O que os sábios tem dito ao longo dos anos é que ele -o intelecto- não ajuda diretamente na percepção do “Verdade”. Sendo, a Verdade, aquilo que está além das palavras e dos pensamentos. Mas até mesmo para saber sobre a "verdadeira função do intelecto" precisamos ter ouvido isto de alguém ou lido em algum lugar. Como, em geral, não temos acesso aos autênticos mestres iluminados os livros passam a ter grande utilidade. Principalmente no começo da busca, período fértil em leitura e pesquisas, essenciais para ampliação da visão de mundo. 

        Mas, o campo de atuação do intelecto é limitado. O problema surge quando a função intelectual, ou pensamento quer conter em si a compreensão  daquilo que é imensurável e insondável. Questão simples de lógica, pouco compreendido por filósofos e teólogos, mas que já fora dito por sábios e místicos ao longo da história. Ora, se o Desconhecido é como um abismo sem fim, um oceano insondável, ou um universo infinito, o intelecto pode ser comparado a um um carro, um foguete, um meio que nos transporta até certo ponto - não podendo  seguir adiante.  Os praticantes de esportes radicais, um astronauta ou mergulhador usam esses transportes para levá-los até certo ponto, até certa altura, após esse limite devem seguir sozinhos em suas aventuras. Da mesma forma é o buscador: deve usar o intelecto como um transporte, um meio, uma ferramenta. Mas, ao dar o "salto para a morte", deve seguir sozinho , sem muletas, sem nada. 
" Apenas sei que nada sei " - Sócrates
  Será que riqueza intelectual lhe aproxima do despertar? Qual a relação entre entre erudição e sabedoria ? É possível se autoconhecer apenas pela leitura de livros de autoajuda? Quantos eruditos iluminados  você conhece? Geralmente, os eruditos ficam tão presos ao conhecimento intelectual que não conseguem a liberdade necessária para o despertar. 


            No Quinto Evangelho Jesus diz: “Aqueles que conhecem tudo, mas não conhecem a si mesmo- não conhecem nada”. Sócrates costumava dizer: “apenas sei  que nada sei”.  Lao Tsé disse coisas similares no Tao-te-ching . Hui-Neng, o sexto e último patriarca Zen era analfabeto. Ramana, alcançou o despertar pelo método direto, sem a ajuda dos livros. Krishnamurti foi à escola mas, coitado, era considerado um “retardado mental” pelos colegas e professores. Estudou o bastante para falar e escrever bem, mas não se formou. Certa vez, um ex-professor seu foi ouvi-lo em uma de suas palestras e ficou emocionado. Não conseguia compreender como aquele menino tão “parvo”, pôde tornar-se alguém com uma sabedoria tão vasta e profunda. Yogananda não gostava de estudar. Mas seu mestre pressionou-o para que terminasse seus estudos formais. Missão que ele só conseguiu devido a intervenção e "ajudazinha" espiritual do seu guru, Sri. Yuktéswar.
"Quem não se conhece, não conhece nada" 

 Pelas evidências, se conclui, que não há necessidade de grandes dotes intelectuais para o despertar da consciência . Por que? É simples: quanto maior o conhecimento, maior a tendência à egolatria. Além disso, o apego ao conhecimento nos impede de perceber as coisas como são. A mente de um intelectual está muito pesada, sobrecarregada de conhecimentos "mortos" que funcionam como “filtros” alterando e distorcendo a percepção direta do Real - daquilo que é. Infelizmente, em geral,  quanto maior o conhecimento, maior é a prepotência. É o que acontece, por exemplo, com muitos estudantes de filosofia. Agem e falam como se tudo soubessem e tudo pudessem. Talvez lhes falte a humildade que surge do verdadeiro autoconhecimento. Muitos são completamente vazios, outros sofrem de sérios distúrbios comportamentais. Eu mesmo conheci  um filósofo que era pedófilo. Fato esse que lhe trouxe grandes problemas para a  vida profissional e pessoal.
É fundamental compreender a função e os limites do intelecto
  Um dos caminhos para o esclarecimento dessa questão é compreender a função e os limites do intelecto. O intelecto é um instrumento que deve ser usado com humildade e sabedoria . Ele é um poder que, se usado de forma errada, poderá trazer grandes infortúnios aos seu "usuário". O intelecto, por sua natureza limitada, não pode ir além dele mesmo. Sendo assim, não lhe é dado acesso à dimensão do Desconhecido. Todos os mestres autênticos são unânimes em dizer que Deus ou a Verdade, está além dos limites do pensamento e que apenas quando este se acalma ou silencia é que a Verdade se manifesta.
Iluminação não significa intelecto morto, apagado.
     Um último esclarecimento: iluminação não significa intelecto morto , apagado. A capacidade intelectual continua a ser usada na hora apropriada e da forma adequada. Ele apenas entra em "standby" . Veja o exemplo do nosso aparelho fonador. Quando não está sendo usado, ele fica quieto, em silêncio. Assim também é a mente  iluminada pela consciência. Usa do pensamento intelectual com parcimônia e funcionalidade. Após seu uso, retorna ao silêncio. Em suma, não podemos desprezar ou demonizar o intelecto.   Mas, para ver a Verdade,  para perceber diretamente Deus, "QUE É” - o intelecto não tem nenhum papel relevante direto. Sendo, na verdade, um empecilho.

Sabedoria é não confundir as coisas e saber o lugar , a função e os limites de cada uma delas.
Alsibar ( intelectualmente inspirado )
http://alsibar.blogspot.com
msn: alsibar1@hotmail.com

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

FAÇA UMA LIMPEZA DE DISCO REGULARMENTE- NO CÉREBRO ! Make a regular cleaning in the brain's hard disc!

Lixo cerebral

Você sabia que nosso cérebro, assim  como o computador, precisa de limpezas periódicas? Você conhece os prejuízos e malefícios que a mente abarratoda de coisas causa na sua vida e ao mundo? Você sabe como fazer um Upgrade e uma limpeza de disco na sua mente? Vamos aprender juntos?

Nossa mente funciona como um computador altamente potente e eficaz. Todavia, ao longo dos anos, ele vai acumulando um monte de resíduos do passado: são os desejos irrealizados, são as mágoas,  as experiências mal compreendidas, as raivas, os desgostos, as lembranças, os condicionamentos, a auto-imagem, as certezas, as esperanças, os pensamentos enraizados, a insatisfação, os medos etc. Está tudo lá, guardadinho no “disco rígido” da cadeia neural do cérebro. Com o tempo, essa camada nociva de lixo morto, vai se acumulando, se acumulando... de tal forma que a mente vai se tornando doente, pesada, neurótica. Vamos nos tornando seres  incapazes de sorrir, de viver o presente, de relaxar, de brincar, de celebrar as coisas boas da vida. Uma parede enooooorme de lixo, um verdadeiro “lixão mental” se interpõe entre você e a felicidade. Incapazes de vivermos plenamente nossos potencias, aos poucos vamos endurecendo, envelhecendo- psicologicamente falando- até que finalmente nos petrificamos, nos coisificamos- e morremos em vida.
Sabe de uma coisa? Tome uma atitude enquanto ainda há tempo. Queime todo esse lixo que  o está impedindo de viver a vida plenamente. Sei que é difícil, pois, por incrível que pareça, nós somos este lixo. Foi isto que nos tornamos ao longos de anos e anos de exposição a uma cultura superficial,  formação  condicionadora e educação ineficaz.  Que cultura é essa que nos impôe um absurdo de conceitos, conhecimentos, crenças e valores- muito mais como um fardo a ser carregado- do que como uma verdade a ser vivida? Buda costumava dizer que devemos utilizar o barco para atravessar o rio, mas depois de usá-lo, devemos abandoná-lo. Não tem sentido carregar o barco ao longo de toda sua vida, tem? E que formação educacional é esta que não nos ensina a SER, mas apenas a ter, a explorar, a usufruir e a competir? Não me estranha que a sociedade esteja um caos- pois nós que a constituimos -somos a origem desse caos. Não nos ensinam nada sobre autoconhecimento, sobre meditação, sobre felicidade interior, sobre paz, sobre uma vida sem conflitos. Ensinam-nos sim, as virtudes na teoria. Pregam aos quatro cantos o amor, a caridade, o bem ao próximo, e os princípios morais e éticos- mas na prática nossos referencias são a corrupção, a roubalheira, a competição, o tirar vantagem, a falta de escrúpulos e de ética, a desonestidade em tudo - quase que absolutamente tudo. Essa é a nossa sociedade. E é este o exemplo que vivenciamos e passamos para a geração futura. E por que não percebemos isso? Por que não nos autoconhecemos. Por que funcionamos no piloto automático e na auto-inconsciência sempre.
Estamos tão anestesiados pelos “amortecedores”, que não nos dói quando fazemos algo de errado. Mesmo sabendo que é errado. “ Ora, mas todo mundo faz!”- é o que geralmente alegamos. É…  Krishnamurti já afirmava: “ Nós somos o mundo!”. E por isso o mundo está desse jeito. Não nos envergonhamos mais. Perdemos a capacidade de autocrítica e autorreflexão- se é que a tivemos algum dia. Durante as cerimônias festivas, como Natal, Páscoa, Semana Santa e datas comemorativas, adoramos falar bonito, abraçar as pessoas, chorar, falar palavras de efeito e frases feitas. Mas não percebemos o quanto fazemos mal ao próximo, aos nossos filhos, aos nossos empregados, a nossa esposa(o), aos nossos pais, aos nossos irmãos, familiares, amigos e companheiros de trabalho. Vivemos numa sociedade de competição e hipocrisia absurdas. O importante é mantermos sempre a pose e a imagem de que somos éticos, justos e honestos. Mas, é só pose mesmo. Sutilmente, na surdina, damos sempre “aquele jeitinho” para que as coisas ocorram não como deveriam ser. Mas como queremos que sejam- mesmo que isso signifique burlar os princípios e valores que tanto dizemos valorizar- que nos foram passados pelos pais, livros e professores. É assim, em quase tudo em nossa vida. Em todas as esferas. Nos concursos, nos editais, nas seleções, nas concorrências públicas. Seja nos mais altos escalões do governo, ou em simples ações no nosso trabalho, no nosso dia-a-dia. Simplesmente, não nos conhecemos. Não nos vemos e temos vergonha de nos encararmos. Pois isso é doloroso. E o que menos queremos nesta vida  é sofrer. Deve doer, ver nossa verdadeira imagem. Não aquela que passamos . Não aquela que vendemos aos quatro mundos. Mas como ela realmente é. De fato. Na prática. Será que dói?
Por isso que a sociedade é o que é. Sendo ela, uma extensão de nós mesmos. Por isso que se cada um não tomar consciência e fizer sua parte- nada mudará. Por isso que a meditação e o autoconhecimento são tão importantes. Não a meditação que nos põe a dormir mais ainda- esta forma de meditação de nada adianta. Apenas alivia a nossa dor interna diante das crises causadas por nossas próprias contradições.  E o autoconhecimento, não tem nada a ver com “descobrir nossos defeitos”. Elencá-los numa tipologia fajuta e superficial. "Meu defeito é ser perfeccionista”- pronto, acha que se autoconhece. “Meu defeito é confiar demais nas pessoas”- e assim por diante. O autoconhecimento é um “tratamento de choque” nas nossas ilusões, nas nossas projeções e na nossa autoimagem- que em geral nada tem a ver com a realidade. O autoconhecimento só se realiza quando percebo o quanto sou medroso, como me acovardo diante das situações em que meus princípios deveriam ficar acima dos meus interesses. Em geral, acontece exatamente o contrário: “danem-se meus princípios, o que vale são os meus interesses!”. Estes devem vir em primeiro lugar. Mesmo que isso signifique trapacear, enganar, burlar, corromper, agir sem ética e ser desonesto. E por isso, a sociedade continua como está. E por isso o mundo está como está. O problema é que depois reclamamos da violência,  da tristeza, das catástrofes, do vazio, da angústia, do sofrimento, do carma, das desigualdades sociais, do governo, das doenças, das neuroses, da loucura, das fatalidades, do stress, da velhice, da dor e da morte. E não percebemos que este é o outro lado da moeda. É a hora da colheita. O que isso tem a ver com a nossa mente? Tudo!!!
Por isso, sempre que puder faça um “Upgrade”, renove-se. Ressignifique  seus valores, crenças e velhas certezas. Reflita, reflita muito- sempre que puder faça uma autorreflexão sobre suas atitudes, pensamentos, ações e sentimentos. Veja se sua prática corresponde ao que você ensina e prega aos outros. Senão, está na hora de mudar, de fazer um Upgrade. Mas também não esqueça do mais importante: fazer uma “limpeza de disco” sempre e quando puder. Você pode começar fazendo à noite, ao dormir. Depois estenda isso pela manhã, ao acordar. E finalmente, sempre quando se lembrar: na espera do dentista, do médico; diante da tv; no carro, ou no ônibus. Ou diante de um pôr-do-sol, sentado na grama, ou na areia da praia. Ou, até mesmo no banheiro. Na  área de alimentação do shopping- enquanto espera ser atendido. A limpeza de disco deveria ser feita a todos instantes e momentos. Ou pelo menos, sempre que nos lembrássemos.
Mas, tem um momento que a “limpeza de disco”  não pode faltar de jeito nenhum. É depois de uma discussão com a esposa(o), amigos e familiares. Depois de uma separação, discussão, stress, desentendimento, decepção ou frustração. Depois de uma perda dolorosa. Depois de um acontecimento que lhe deixou triste e desiludido. Nesses casos, a limpeza de disco não só é importante, como também é fundamental. Ela nos protege dos rancores, dos traumas e da depressão. Ela faz com que nossa mente e nosso ser  se renove e se prepare para a próxima lição da vida. Ela permite que o passado, com sua pesada carga de dor e pesar, seja descartada, jogada no lixo permanentemente. Só assim, poderemos ser mais felizes e ter mais qualidade de vida. Só assim, vivendo e ensinando aos outros essa prática altamente salutar e eficaz é que, aos poucos o mundo vai mudando, a partir de nós mesmos. Aos poucos vamos estendendo isso aos nossos familiares e amigos.  E assim vamos  criando uma cadeia de mudanças. Se apenas uma pessoa, aprender a fazer a “limpeza de disco” e ensiná-la com humildade, paciência e desinteresse , estaremos, certamente, contribuindo, fazendo nossa parte para que o mundo possa tornar-se um lugar melhor . Não nos importemos com os números, nem com os resultados. Façamos nossa parte e  o Universo se encarregará do resto.
E então vamos fazer nossa limpeza de disco e nosso Upgrade? Que tal começar agora? É bem simples, basta reservar poucos minutos do seu dia para meditar. Meditação é simplesmente a observação, percepção das coisas dentro e fora de nós sem nenhum tipo de escolha, julgamento, crítica , classificação, nomeação ou comentário. Nessa percepção e consciência,  há uma quebra do velho “piloto automático” e passamos a nos conhecer melhor. Nos autoconhecendo, vamos aprendendo a conhecer o próximo. Conhecendo o próximo, vamos aprendendo a amá-lo, compreendê-lo e respeitá-lo. E assim, vamos criando um efeito cascata que certamente, trará grandes beneficios não só ao indivíduo que o pratica, mas a todos que aprendem e ensinam aos outros.
E então, já fez sua limpeza de disco hoje? Não deixe para amanhã. Faça-o agora! 
Alsibar (inspirado)
msn: alsibar1@hotmail.com