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sábado, 6 de agosto de 2011

QUANDO A OBSTINAÇÃO TORNA-SE UMA PERIGOSA ILUSÃO

WHEN STUBBORNNESS BECAMES  A DANGEROUS ILLUSION


Os livros de autoajuda nos ensinam  a nunca desistir, mas será que obstinação exagerada  é uma qualidade? Será que , em alguns momentos, não devemos refletir e mudar os rumos dos nossos objetivos? Até que ponto a obstinação é saudável e quando ela torna-se uma perigosa obsessão?É o que tratatemos no artigo abaixo.
OS LIMITES DA FÉ
Quando, ao longo da vida, nos deparamos com dificuldades e problemas, normalmente recorremos à leitura de livros de autoajuda que nos esclarecem sobre a importância de ser perserverante, de lutarmos por nossos ideais e de “nunca desistirmos de nossos sonhos”. São, certamente, sugestões e conselhos importantes para aumentar nossa autoestima , autoconfiança e fé nos poderes e forças existentes no Universo. Jesus disse certa vez que se tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda poderíamos mudar os montes de lugar. Obviamente, não falava literalmente, pois nunca se ouviu falar em tamanha proeza, principalmente partindo dos comuns dos mortais como nós. Mas, ao dizer tais palavras, procurava acender em nós a chama da fé em Deus e em seu poder de mover todos os obstáculos que se houvessem entre nós e nossos objetivos. Mas, o próprio mestre, alertou-nos várias vezes que devemos sempre deixar  o Pai fazer sua vontade – frase que repetimos feito gravador ao final do Pai Nosso. Mas,  mesmo se não quiséssemos, tudo no Universo, é controlado pela vontade do Pai. Quando Jesus afirmou que “ até o cabelo de vossas cabeças estão contados, e não cai um fio, nem uma folha da árvore que não seja por sua vontade” ele deixou bem claro que Deus controla e mantém todas as coisas. Afirmação, também corroborada pela tradição hindu, quando Krishna- que representa Deus- afirma no Bhagavad Gita :‘ Eu mantenho todas as coisas com apenas uma centelha do meu esplendor’. Ora, estamos então diante de um dilema difícil, complexo, que muitas pessoas não sabem como resolver e acabam trazendo grande prejuízos para sua vida : quais são os limites das  ações humanas? Até que ponto eu sou o controlador de minha vida? Quais os limites da fé e da perseverança? Quando devemos continuar porfiando e quando devemos “parar”, ou talvez, mudar de rumo?

CRIANÇA CHORONA
criança chorona
Estamos diante de duas perspectivas aparentemente contrárias : fé e entrega. Mas será mesmo que se excluem? Primeiramente analisemos o que a fé, não pode  tornar-se de forma alguma. A fé nunca pode ser impositiva. Deus não é nosso capacho, nosso servo, ou “pareceiro” como diziam os antigos. Não podemos nos dirigirmos a ele pedindo, implorando, como criança birrenta e teimosa que chora por uma brincadeira, ou brinquedo, ou mesmo um passeio que o pai proíbe. Os pais, algumas ou muitas vezes, não atendem os pedidos infantis do filho. Não é porque não o ama, mas porque quer protegê-lo, por querer o melhor para ele, ou por algum outro motivo que o filho desconhece. Assim, nos assemelhamos a crianças quando, para dar vazão a nossos desejos egoístas, “aperreamos” o Supremo, na expectativa de que ele nos atenderá dependendo da intensidade de nossa insistência. Prestai atenção agora , pois isso  afigura-se de extrema importância, e sua incompreensão, poderá causar-nos muitos problemas: Deus atende a todos os desejos, mas nem todos os desejos que formulamos são bons para nós. Se o Pai, por algum motivo,  não realizou as expectativas e anseios do teu coração, é porque ou não era a hora, ou não estavas maduro o bastante para aquela experiência,  ou, talvez aquele não fosse  o teu caminho.
A INFLEXIBILIDADE E O IMPREVISÍVEL
Mas ainda há outro aspecto importantíssimo que geralmente esquecemos : muitas vezes nós mesmos impedimos a felicidade de chegar até  nós por nossa dureza ou inflexibilidade. Muitas vezes, alimentamos expectativas altas demais, ou estabelecemos critérios muito rígidos em nossos planos, e não queremos ceder, nem retroceder um milímetro que seja. Ora, se não mudamos, estamos sendo intransigentes com o universo, e como este responde a nós como um eco ou espelho, então ele também não cede, nem muda. A matemática é simples: se mudo, o universo muda e altera os padrões que estão calcificando, paralisando minha vida. Se não mudo, nada muda e, em geral, chegamos ao final da vida frustrados, decepcionados, culpando a Deus e aos outros por nossa infelicidade e infortúnio. Além disso há o fator da IMPREVISIBILIDADE que nunca atentamos ou nos lembramos. Ou seja, quando tememos a mudança,  estamos com medo do conhecido, daquilo que achamos que nos causará dano, ou falta. Mas, esquecemos de que a vida é infinita e , como tal, está sempre criando coisas novas, novas possibilidades que, muitas vezes, nem imaginávamos que pudessem acontecer. O imprevisível age de muitas formas em nossas vidas : são novas oportunidades de emprego que aparecem, oportunidades de negócio de onde menos esperávamos, promoções, cursos e capacitações que abrem novas perspectivas em nossa vida profissional, e dinheiro – sim- dinheiro que aparece de repente em sua vida – como quê do nada. Eu mesmo já passei por várias situações dessas. Na vida pessoal, são pessoas novas que conhecemos em lugares, muitas vezes, estranhos ou esquisitos.  No ônibus, em um hospital, em uma praça – um amigo meu conheceu sua esposa em uma batida de carro. Ou seja, o poder criador do universo, tem no imprevisível uma de suas mais fantásticas e fascinantes formas de expressão e devemos estar abertos  a ele. Mas, para isso precisamos ter coragem para aceitar e viver as mudanças. Ser inflexível e irredutível não nos levará ao universo mágico do imprevisível, mas nos manterá presos e acomodados na segurança doentia do conhecido, do previsível.
SABER A HORA DE MUDAR
 Alguns exemplos bem práticos podem nos dar a dimensão do mal que a irredutível obstinação pode causar: por exemplo, quando alguém coloca na cabeça que só pode ser dar bem se exercer uma profissão específica qualquer. Ora, será mesmo que  aquela profissão escolhida será o melhor para ela, por mais bonita e glamourosa que seja ? Além disso, escolher uma profissão apenas por status, dinheiro ou “glamour” não é nada inteligente. Não seria o caso de mudar, principalmente quando percebemos claramente que aquele não é o nosso caminho? Devemos ficar atentos para saber a hora de abrir mão. Se alguma coisa, um projeto, um objetivo ou até mesmo um relacionamento  já revelou-se falido  e sentimos fortemente  o impulso para a mudança - é porque é hora de mudar. Não adianta insistir, berrar, agir feito criança chorona. Há tempo para tudo nesta vida. Tempo de avançar, retroceder, parar e também de mudar. É parte do aprendizado do ser humano perceber em qual momento ou fase  sua vida  está.  A Existência nos revelará qual a melhor atitude para aquele momento, basta ficarmos atento aos sinais, internos e externos que apontam para a melhor atitude no momento.
RELACIONAMENTOS DESTRUTIVOS
 Outro exemplo clássico de frustração é quando queremos  relacionar-mo-nos com uma pessoa específica. Há casos, inclusive,  em que a pessoa já sabe que aquele relacionamento é  destrutivo, mas mesmo assim, continua insistindo nele por algum motivo : medo, insegurança, vaidade ou outro motivo qualquer. Quando isso acontece, Deus nos deixa livres para continuar naquele caminho e só lá na frente é que vamos perceber o erro de nossa atitude insensata. Então,  quando “cai a ficha”,  nos lembramos que nos foi dada a chance de nos livramos daquele caminho  doloroso mas não quiséramos ver, nem aceitar. É importante compreendermos que Deus não força nada, se percebemos o sinal e agimos, ele nos ampara e protege . Mas se, ao contrário, insistimos e teimamos, ele não interfere e permite que vivamos aquela experiência como forma de aprendizado, amadurecimento e crescimento espiritual.
FÉ NA ENTREGA
Árjuna(ego) e Krishna (EU)


Então qual seria a atitude mais correta e sábia em relação aos planos e objetivos da vida? É a de ter FÉ NA ENTREGA. Esta, me parece, ser a atitude mais correta e sábia. Quando nos entregamos à vontade de Deus,  com fé de que o Universo está cuidando de nós então as coisas fluem sem grandes esforços de nossa parte. Não podemos achar que nós movemos o Universo. Ele existe independente de nós. É o Universo quem nos move e conduz a nossa vida. Quando percebemos que nossos planos e objetivos não são nossos mas fluem através de nós, então não nos preocupamos, pois não podemos com nossas ânsias, preocupações e impaciência acrescentar “nem um côvado à nossa estatura” como bem nos lembrou o mestre Jesus.  Quando nossos sonhos e projetos, radicam em algo maior que nós, podemos ficar tranquilos pois tudo se realizará, sem ser necessários grandes esforços  de nossa  parte. Na verdade, você deve se manter sereno e confiante, observando o desenrolar dos fatos e agindo quando a situação assim o exigir, essa ação fluirá facilmente pois está de acordo com o Tao. E então, perceberemos que, NÃO somos  nós que agimos, mas é o Universo ou Deus que age através de nós. Desta forma, estabelecemos o equilíbrio em nossas vidas. Passamos a viver em um estado de paz , bem aventurança  e  a abundância passa a fluir como “rios de água viva”, tendo reflexo em todas as àreas de sua vida: pessoal, profissional e espiritual. Obviamente, não estou me referindo ao esforço despendido no trabalho e nos estudos, falo dos esforços empreendidos no sentido de forçar a realização de algo que claramente sentimos não ser viável.
O REINO DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR
Alguém pode argumentar: “Mas Jesus não disse, em várias passagens do evangelho, ‘batei, batei e abrir-se-vos-á’. Mas será mesmo que ele estava falando de coisas materiais, de pessoas e realizações mundanas? Ou será que ele estava falando sobre a busca espiritual? Sobre a nossa busca por Deus, Iluminação, Verdade? Ora, certamente, Jesus não iria ser tolo de incentivar em nós atitudes poeris e egoístas. Por isso ele mesmo esclarece :“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado”. Com esta sentença ele explicou que a prioridade da nossa busca deve ser  pela sabedoria, pelo Reino de Deus dentro de nós e pois, ao encontrá-lo, tudo mais nos virá naturalmente e com abundância.Está claro, então, que nossa perseverança, insistência e teimosia, não deve ser por coisas materias de qualquer espécie. Jesus, o maior de todos os sábios e iluminados, nunca nos incentivaria o veneno do desejo- sentimento infantil, egoísta e fomentador de ilusões. Os indianos sabem há milênios que o desejo é poderoso e criador, mas também é venenoso e perigoso- pois nos prende em nossas próprias teias, também conhecida por carma. Carma é resultado dos nossos desejos, pensamentos, sentimentos e ações. É o retorno das nossas próprias vibrações,  mas essa força posta em movimento por nós mesmos, nos aprisiona mais e mais à mente, ao ego, à ilusão e, consequentemente, ao sofrimento.
OBSTINAÇÃO NÃO É OBSESSÃO
Para concluir, quero deixar a definição do Aurélio sobre obstinação. Segundo o notável linguísta, uma pessoa obstinada pode ser “perseverante, decidida e firme”, mas também pode significar  “teimosa, inflexível e irredutível”. Um dos maiores desafios do ser humano é identificar quando a  perseverança saudável torna-se  uma  estúpida teimosia  ou uma perigosa obsessão.  
Fiquem com Deus e obrigado pela leitura.
AUTOR : ALSIBAR ( sob inspiração)
MSN: alsibar1@hotmail.com


Um comentário:

  1. Gostei da abrangencia do site. Tem muitos assuntos que quero voltar e ler com mais cuidado. Muito obrigado pelas dicas em como uma pessoa se prepara para meditar.
    Abracos,
    Peter

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