Lavagem cerebral não é algo restrito apenas aos movimentos e organizações religiosas. Ela
acontece com qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer tipo
de organização seja ela espiritual, militar, política, educacional ou empresarial. Por isso, analise e
teste os doze indícios citados abaixo, com sorte você poderá acordar a tempo de se
livrar ou amenizar os danos causados por uma sutil – porém danosa- lavagem cerebral .
1. OS OPOSITORES SÃO O “MAL”
Nesse tipo de estratégia , qualquer pessoa que se oponha ao grupo- ou ao líder- é
considerado sob o domínio do mal, da ilusão ou do “ego”. Já os
adeptos da organização, e lídere(s) etc, consideram-se “livres” disso tudo. Esta
atitude dá a si mesmo uma sensação de liberdade e consequente felicidade. Ora,
se os outros são escravos do tal “ego” é muito bom fazer parte de uma organização
livre desse terrível “mal”. Essa ilusória sensação de felicidade e liberdade torna a
pessoa emocionalmente vulnerável , deixando-a disposta a trabalhar para a organização/líder que o/a
“salvou" ” como forma de agradecimento e reconhecimento.
2. RENDA-SE!
Essa é uma das frases preferidas dos líderes espirituais
mal intencionados: “renda-se, não resista!” O motivo é óbvio: se você não se
rende como pode ser manipulado? E se você , por algum motivo, demonstrar
algum traço de resistência, eles tentam derrubá-la com o velho clichê: “é seu
ego que tá resistindo! Abandone-o e renda-se!”. Ou seja, é um descarado assalto
espiritual/mental .
3. O ABANDONO DA MENTE REFLEXIVA
Outra estratégia sutil é confundir propositadamente a mente
com o pensamento. Tradicionalmente os mestres verdadeiros pregam o silêncio da
mente- que surge naturalmente- como pré-requisito ao despertar. Isso nada tem a
ver com desprezar ou endemonizar a mente. Os líderes charlatães deturpam esse conceito para impedir o pensamento reflexivo, a dúvida e a
desconfiança que porventura surjam na mente dos candidatos, neófitos e seguidores - o que pode leva-los a um verdadeiro despertar da condição de hipnotizados na qual se encontram.
4. VOCÊ NUNCA VAI
ENTENDER UM MESTRE!
Outra estratégia comum nas organizações e movimentos
religiosos- principalmente os de inspiração oriental. Essa frase é usada para
justificar alguma atitude estranha ou suspeita por parte do tal “mestre”. Ou
seja, se o mestre é infinitamente superior a você, quem é você para criticar,
julgar ou analisar as atitudes dele? É assim que o líder se sente à vontade
para cometer todo tipo de abusos incluindo pedofilia, estupros, bacanais, orgias, roubos, enganações,
explorações etc etc etc. Não preciso citar nomes, coloque o nome do seu guru favorito no google e escreva do lado: escândalo ou crítica e não se surpreenda. Ahhh o seu é novo no pedaço? Tenha paciência, os problemas talvez ainda sejam muito recentes e não tiveram tempo ainda de virar um escândalo público.
5. “VOCÊ É LIVRE”… SÓ
QUE NÃO!
Em geral os tais gurus fajutos pregam a liberdade- contanto
que a pessoa obedeça as diretrizes do grupo e esteja sob o comando do líder. Ou
seja, você é livre para fazer o que quiser, desde que continue na organização
mantendo-a com seu trabalho, dedicação e dinheiro- caso tenha. Em suma não é
liberdade, pois ela está condicionada a sua permanência no grupo. Inconscientemente a vítima é levada a acreditar que enquanto fizer
parte da organização estará livre- se sair, cairá na escravidão da mente, das ilusões, do
mal etc etc.
6. A VERDADE ÚNICA E ABSOLUTA!
Os líderes carismáticos querem fazer crer que são detentores
da verdade única e absoluta, por isso desprezam os ensinamentos de outros mestres.
Através desta estratégia, eles se previnem contra ensinamentos que poderiam confundir, alertar ou influenciar alguém contra a organização. É
bom lembrar que mesmo aqueles gurus que aparentemente são mais tolerantes e
universalistas- no fundo concentram em si a exclusividade das interpretações e
direcionamento espiritual e orientação espiritual. A tal tolerância é apenas de fachada, pra atrair mais adeptos e seguidores.
7. DESPREZO PELO
CONHECIMENTO
Saber os limites e funções do conhecimento não é o mesmo que
desprezá-lo. Os verdadeiros mestres sempre alertam para os limites do
conhecimento. Os mestres fajutos enfatizam seu total desprezo. A razão é
simples: a leitura abre a mente para novas percepções e visões. Isso seria um
risco para o domínio mental exercido pelo tal “mestre” e sua organização .
Estes desprezam as leituras para se certificarem que a vítima terá apenas eles
e seus ensinamentos como principal e único referencial.
8. NÃO EXISTE “NINGUÉM”
AÍ!
Ora, é preciso minar uma possível resistência desde o começo.
Ao enfatizar a ausência de um “alguém” quebra-se parte da resistência da pessoa que
já entra na organização sendo considerada um “objeto”, uma “coisa”. Dessa forma, há um enfraquecimento inconsciente da própria autoestima da "pessoa", que passa a não se ver mais como pessoa, sim como um... "não-sei- o quê" ambulante . Afinal de contas, coisas são facilmente manipuláveis- enquanto uma “pessoa” é mais difícil . Isso nada tem a ver com o que
foi dito pelos grandes mestres- pelo contrário- é a deturpação deliberada de
verdades eternas a serviço da manipulação mental. Dizer repetidamente " você é nada" não destrói o ego, pelo contrário o torna mais manipulável e controlável. Ao contrário, os grades mestres reconhecem-se insignificantes diante da magnitude e poderes supremos, o que lhes desenvolve humildade e compaixão.
9. TESTEMUNHOS
POSITIVOS
Essa é uma estratégia simples mas muito útil. Pede-se a
alguém do grupo para fazer um breve testemunho sobre as vantagens e
benefícios do movimento. Esse testemunho pode ser presencial-
durante as reuniões- ou escrito em blogs e propagandas de divulgação dos
eventos da organização. O processo é o mesmo do conhecido jogo da “pretinha” em que a pessoa tem que descobrir onde está a
bolinha ou a carta e no qual tem sempre alguém muito feliz ganhando muito
dinheiro- previamente combinado- é claro. Inconscientemente a mente pensa
assim “Ora, se os outros encontraram a felicidade,
quero encontrá-la também”. E aí começa a desejar a mesma felicidade que os
outros dizem sentir e para alcançar isso estarão dispostos a muita coisa, até mesmo se auto-iludir, se auto-enganar.
10. SÍNDROME DO POVO ESCOLHIDO
Essa estratégia é famosa, antiga e poderosa pois reforça na
mente do sujeito a sensação de ser alguém privilegiado, especial e superior- o
que causa uma prazerosa sensação de satisfação. Algumas vezes isso é dito de
forma explícita, noutras de forma velada e sutil. Frases como “ temos a sorte
de ter encontrado tal mestre…”. “ Temos a o privilégio de fazer parte de tal
grupo”, “ Foi Deus/a Graça que nos escolheu para este trabalho”, “Somos o
futuro da humanidade…” E assim por diante , reforçam a síndrome do povo
“eleito”.
11. ÊNFASE NA
FELICIDADE!
Essa estratégia é uma das mais poderosas e perigosas. Ela apela para um sentimento universal: a busca
pela felicidade. Ora quem não quer ser
feliz? Então o que fazem os líderes e suas organizações? Usam e abusam desta
palavra em seus sites, fotos, blogs, discursos, propagandas, folders e campanhas em
geral. Não somente isso, o líder , seus seguidores e visitantes apresentam-se sempre sorridentes e felizes. A ideia é passar a imagem de que a felicidade está ali . O pior de
tudo é que quando a pessoa entra no grupo, passa a se sentir “out” caso não
sinta a mesma coisa. Então sua mente usa um mecanismo de defesa/compensação para não sentir-se mal: passa a produzir uma felicidade mental fajuta e superficial que
durará um bom tempo até que- por alguma graça, acidente ou sorte- a pessoa de
repente acorde para o fato de estar ela mesma criando um falso sentimento de bem-aventurança.
12. TUDO É UMA
BRINCADEIRA!
Quando os líderes e colaboradores são confrontados e não tem para onde correr, se saem com essa
pérola: “tudo é uma brincadeira! Nada é real! Não estamos aqui. Tudo é uma
ilusão!” É o último recurso de quem não tem mais argumentos: desqualificar a
realidade óbvia! Ora, se tudo é uma grande “brincadeira” e nada está
acontecendo então não tem porque sair da organização, ou desmascarar o
charlatão! Vamos comer uma pizza, beber um refrigerante e rir juntos! Esqueça
toda essa história de exploração, gurus, organização etc etc. Vamos festejar e
celebrar… Uma forma simples de desarmar qualquer sujeito mais esperto,
desconfiado e resistente.
Faça você mesmo o teste: se a tal organização, movimento ou
grupo que você faz parte tiver pelo menos cinco das dez características
apontadas, cuidado: você pode estar sendo vítima de uma lavagem cerebral. É
claro que, dependendo do nível de domínio mental a que você foi submetido, você
não vai perceber nada e, talvez, até condene e critique este artigo.
Possivelmente o líder irá rir e fazer chacota, juntamente com você e alguns dos
seus companheiros. Todavia, se um dia você “acordar”, “despertar” para a
realidade dos fatos, não vai poder dizer que ninguém o avisou.
Namastê!
Alsibar