( Após sua morte, o grande iogue Sri. Yuktéswar
materializou-se para seu discípulo Yogananda e respondeu-lhe todas as perguntas sobre o destino do homem no "além" .Um relato raríssimo sobre o “outro lado” como você nunca
ouviu antes. Uma das descrições mais completas e detalhadas sobre as diversas e misteriosas dimensões pelas quais a alma humana viaja rumo ao Infinito.
Simplesmente
imperdível !)
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Sri. Yuktéswar e Yogananda |
Sentado em meu leito no hotel de Bombaim, às três horas da tarde
de
19 de junho de 1936 - uma semana após a visão de Krishna -- fui
interrompido em minha meditação por uma luz beatífica. Ante Meus
olhos
abertos e atônitos, o quarto inteiro transformou-se num mundo
estranho; a
luz do sol transmutava-se num esplendor sobrenatural.
Sentindo-me arrebatado em ondas de êxtase, contemplei a figura ele
Sri Yuktéswar, em carne e osso!
- Meu filho! - exclamou o Mestre com ternura e um sorriso de anjo
sedutor.
Pela primeira vez em minha vida não me ajoelhei a seus pés para
saudá-lo, mas avancei no mesmo instante para apertá-lo em meus
braços,
avidamente. Momento divino! A angústia dos meses anteriores
extinguiu-se,
fez-se imponderável se comparada à beatitude torrencial que me
inundou
então.
- Mestre meu, bem-amado de meu coração, por que me deixou? --
Atribuo esta incoerência ao meu excesso de alegria. - Por que
permitiu que
eu fosse a Kumbha Mela? Com que amargura venho me recriminando por
me haver afastado de sua presença!
- Eu não quis interferir, você era feliz em sua expectativa de
conhecer
o local de peregrinação onde encontrei Bábají pela primeira vez.
Deixei-o
apenas por breve momento; não estou com você de novo?
- Mas é o senhor de verdade, Mestre, o mesmo Leão de Deus? Está
usando um corpo igual ao que enterrei sob as cruéis areias de
Puri?
- Sim, meu filho, sou eu mesmo. Este é um corpo de carne e osso.
Embora eu o veja como etéreo, para a sua vista é físico. Com os
átomos
cósmicos, criei uma forma inteiramente nova, exatamente igual ao
corpo-físico-de-sonho-cósmíco que você depositou sob as
areias-de-sonho
de Puri, em seu mundo-de-sonho. Em verdade, ressuscitei - não na
Terra,
mas num planeta astral. Seus habitantes estão melhor capacitados
que a
humanidade terrena para seguir os meus elevados padrões
espirituais. Você
e seus entes queridos, os que alcançaram o êxtase, para lá irão
algum dia;
estaremos todos juntos.
- Imortal guru, conte-me ainda mais!
O Mestre teve um riso breve, cheio de jovialidade. - Por favor,
querido -
disse ele. - Não quer afrouxar um pouco o seu abraço?
- Só um pouquinho! - Eu o estivera abraçando com uma pressão de
polvo. Percebi o mesmo débil, aromático e natural odor que fora
característico de seu corpo terreno. O emocionante contato de sua
carne
divina ainda persiste nas faces internas de meus braços e nas
palmas das
mãos, sempre que relembro aquelas horas gloriosas.
- Como os profetas são enviados à Terra para ajudar os homens a
esgotarem seu carma físico, assim Deus me enviou a um planeta
astral com
a missão de salvador - explicou Sri Yuktéswar. - Esse globo
chama-se
Hiranyaloka ou “Planeta Astral Iluminado”. Lá estou auxiliando
seres
adiantados a se desembaraçarem de seu carma astral e a se
libertarem,
portanto, dos renascimentos astrais. Os residentes em Hiranyaloka
têm
elevado desenvolvimento espiritual; todos adquiriram, em sua
última
encarnação terrestre, o poder, conferido pela meditação, de
abandonar
conscientemente o corpo na hora da morte. Ninguém poderá entrar em
Hiranyaloka se não tiver experimentado na Terra, não apenas
sabikálpa
samádhi, mas também o estado superior de êxtase, nirbikalpa
sainádhi364.
“Os habitantes de
Hiranyaloka já ultrapassaram as esferas astrais
ordinárias para onde quase todas as pessoas da Terra devem ir ao
morrer;
nelas destruíram muitas sementes cármicas relativas a suas ações
passadas
no mundo astral. Apenas devotos adiantados realizam com eficiência
esse
trabalho redentor nas esferas astrais365. Então, o fim de livrarem
inteiramente
sua alma de todos os traços de carma astral, a lei cósmica impeliu
estas
criaturas de aspiração mais alta a renascerem em novos corpos
astrais em
Hiranyaloka, o céu ou sol astral, onde me encontro para ajudá-los.
Vivem
também em Hiranyaloka seres quase perfeitos vindos do mundo causal
superior.”
Minha mente encontrava-se, a essa altura, em tão perfeita
sintonização
com a de meu guru, que ele me comunicava suas imagens-palavras, em
parte através da linguagem e em parte pela transmissão de
pensamento.
Assim eu recebia, rapidamente, seus tablóides de idéias.
- Você leu nas Escrituras - continuou o Mestre - que Deus encerrou
a
alma humana em três corpos, sucessivamente: o corpo causal ou de
idéias;
o sutil corpo astral, sede das naturezas mental e emocional do
homem; e o
grosseiro corpo material. Na Terra, o homem está equipado com os
sentidos
físicos. Um ser astral age através de sua consciência e
sentimentos, e de um
corpo feito de vitátrons. Um ser em corpo causal paira no
beatifico reino
das idéias. Meu trabalho relaciona-se com aqueles seres astrais
que estão
se preparando para entrar no mundo causal.
- Mestre adorável, por favor, fale-me ainda mais sobre o cosmos
astral.
- Embora eu tivesse afrouxado um pouco o meu abraço a pedido de
Sri
Yuktéswar, meus braços ainda continuavam a rodeá-lo. Tesouro acima
de
todos os tesouros, meu guru se rira das Morte para chegar até mim!
- Existe uma infinidade de esferas astrais, fervilhantes de seres
começou o Mestre. - Seus habitantes usam veículos astrais, ou
massas de
luz, para viajar de um a outro planeta - mais depressa que as
energias
elétricas ou radioativas.
“O universo astral, composto de diversas vibrações sutis de luz e
calor,
é centenas de vezes maior que o cosmos material. A criação física
inteira,
como sólida barquinha, está dependurada do gigantesco aeróstato
luminoso
que é a esfera astral. Assim como numerosos sóis e estrelas
físicas vagam
pelo espaço, existem também, no astral, incontáveis sistemas
solares e
estelares. Seus planetas contam com sóis e luas mais belos que os
físicos.
Os luminares astrais se parecem com as auroras boreais - a aurora
do sol
astral deslumbra mais que os tênues raios do despontar da lua
astral. E dias
e noites são muito mais longos que os da Terra.
“O universo astral é, pois, infinitamente belo, limpo, puro e
ordenado.
Não existem planetas mortos nem terrenos estéreis. Os defeitos,
lamentados
na Terra, lá estão ausentes: ervas daninhas, bactérias, insetos,
serpentes.
Ao contrário das estações e climas variáveis do globo terrestre,
os planetas
astrais mantêm uma temperatura uniforme de eterna primavera,
caindo, às
vezes, neve de luminosa alvura e chuvas de luz multicolorida. Lá,
sobejam
lagos opalinos, mares rebrilhantes, e rios com os matizes do
arco-íris.
“O universo astral ordinário - não o céu sufilíssimo de
Hiranyaloka - é
povoado por milhões de seres astrais, vindos, mais ou menos
recentemente,
da Terra; e também por míríades de fadas, sereias, peixes,
animais,
duendes, gnomos, semideuses e espíritos, todos residindo em
diferentes
planetas astrais de acordo com suas qualificações cármicas.
Reservam-se
várias moradas planetárias ou regiões vibratórias para espíritos
bons e para
espíritos maus. Os bons podem viajar livremente, mas as entidades
prejudiciais estão confinadas a zonas restritas. Aqui, os seres
humanos
vivem na superfície da terra, os vermes no interior do solo, os
peixes na
água e os pássaros no ar; lá, também, os seres astrais se
encaminham a
regiões vibratórias adequadas a seus diferentes estágios de
evolução.
“Entre sombrios anjos caídos, expulsos de outros mundos, surgem
atritos e declaram-se guerras com bombas “vitatrônicas” ou raios
vibratórios
da mente, mântricos367. Estes marginais habitam regiões
de trevas densas,,
no cosmo astral inferior, saldando as dívidas de seu mau carma.
“Em vastos reinos acima da lúgubre penitenciária astral, tudo é
resplandecente e formoso. O cosmo sutil, por sua natureza, acha-se
mais
sintonizado com a vontade de Deus e com Seu plano de perfeição que
a
Terra. Todo objeto astral manifesta-se primordialmente pela
vontade
declarada dos seres astrais. Estes possuem o poder de modificar ou
realçar
a graça e a forma de qualquer objeto já criado pelo Senhor. A Seus
filhos
astrais, Ele deu a liberdade e o privilégio de modificarem ou
aperfeiçoarem à
vontade o cosmo astral. Na Terra, para transformar um sólido em
líquido ou
alterar-lhe a forma, é preciso submetê-lo a processos físicos ou
químicos,
enquanto os sólidos astrais são convertidos em líquidos astrais,
gases
astrais ou energia atômica astral, apenas e instantaneamente, pela
vontade
de seus habitantes.
“A Terra mergulha nas sombras das guerras e dos assassínios, rios
continentes, nos mares e no ar - continuou meu guru. - Nos
domínios astrais,
porém, observa-se uma igualdade e harmonia felizes. Os seres
astrais
desmaterialízarn suas formas e voltam a materializá-las, à
vontade. Flores,
peixes ou outros animais podem se metamorfosear temporariamente em
homens astrais. Todos os seres do astral são livres para assumir
qualquer
forma e podem facilmente conversar entre si. Nenhuma lei natural,
fixa,
definitiva, os limita: a qualquer árvore astral se pode pedir, por
exemplo, que
produza mangas astrais, flores ou, separadamente, qualquer outro
objeto,
com êxito. Existem certas restrições cármicas mas nenhuma
distinção se faz,
no mundo astral, quanto ao desejo de possuir esta ou aquela forma.
Tudo
vibra com a luz criadora de Deus.
“Ninguém nasce de mulher; seres astrais, por meio de sua vontade
cósmica, materializam sua prole em formas expressivamente
esculpidas,
astralmente condensadas. Quem recentemente desencarnou no mundo
físico integra-se numa família astral por convite, atraída por
tendências
mentais e espirituais semelhantes.
“O corpo astral não está sujeito ao frio e ao calor, ou a outras
condições da natureza. Sua anatomia inclui um cérebro astral ou o
“lótus de
mil pétalas de luz”e seis centros despertos no sushumna ou eixo
astral
cerebrospínal. Do cérebro astral, o coração retira energia cósmica
e luz,
enviando-as aos nervos astrais e às células do corpo astral ou
“vitátrons”. Os
seres astrais podem alterar suas formas por energia “vitatrônica”
ou por
santas vibrações mântricas.
“Em muitos casos, o corpo astral é uma cópia exata da última forma
física. A face e a figura de uma pessoa astral assemelham-se aos
que
possuía durante a mocidade em sua última jornada terrena. Às
vezes,
alguém, como eu, prefere conservar a aparência que tinha em sua
velhice”. -
O Mestre, a quintessência da juventude, riu jovialmente.
“Ao contrário do mundo físico tridimensional, só conhecido por
meio
dos cinco sentidos, as esferas astrais são perceptíveis ao sexto
sentido, a
intuição, que inclui os demais. Os seres astrais vêem, escutam,
cheiram,
saboreiam e apalpam por meio da multisciente sensação intuitiva.
Possuem
três olhos, dois dos quaís parcialmente fechados. O terceiro e
principal olho,
verticalmente colocado na testa, está aberto. Os seres astrais têm
todos os
órgãos externos dos sentidos - olhos, ouvidos, nariz, língua e
pele - mas
empregam o sentido da intuição para experimentar sensações através
de
qualquer parte do corpo; podem ver por meio do ouvido, do nariz ou
da pele,
escutar pelos olhos ou pela língua, saborear através dos ouvidos
ou da pele,
e assim por diante
“O corpo físico do homem encontra-se exposto a inúmeros perigos e
facilmente se machuca ou se mutila; o etéreo corpo astral pode, às
vezes,
ser cortado ou esmagado, mas cura-se instantaneamente por mera
expressão da vontade.”
- Gurudeva, todas as pessoas astrais são belas?
- A beleza no mundo astral é uma qualidade do espírito e não se
aquilata pela conformação exterior - respondeu Sri Yuktéswar. - Os
seres
astrais, por isso, atribuem pouca importância às feições. Eles têm
o
privilégio, entretanto, de se revestirem, à vontade, de corpos
astralmente
materializados, novos e coloridos. Assim como os homens mundanos
envergam novo traje para acontecimentos de gala, também as pessoas
etéreas encontram oportunidade de se adornar com formas
esculturais.
“Festas de regozijo nos planetas astrais superiores, como Híranyaloka,
ocorrem quando um ser, por seu adiantamento espiritual, liberta-se
do
mundo astral e acha-se preparado assim para ingressar no céu do
mundo
causal. Nessas ocasiões, o Pai Celestíal Invisível e os santos
n'Ele imersos,
materializam-se em corpos de Sua própria escolha e participam das
celebrações astrais. Para agradar a Seu devoto bem-amado, o Senhor
assume a forma sob a qual este mais O adora. A quem O cultuou com
devoção, Deus aparece como Divina Mãe. Para Jesus, o aspecto de
Pai
Infinito sobrepassava todas as demais concepções. A
individualidade
conferida pelo Criador a cada uma de Suas criaturas faz que todo
tipo de
demanda, concebível ou inconcebível, ponha à mostra a
versatilidade do
Senhor! “- Meu guru e eu rimos felizes.
“Amigos de vidas passadas facilmente se reconhecem uns aos outros
no mundo astral - continuou Srí Yuktéswar, em sua encantadora voz
de
flauta. Rejubilando-se com o caráter imortal da amizade, eles
experimentam
a indestrutibilidade do amor, de que tantas vezes se duvidou, na
hora das
tristes e ilusórias separações na Terra.
“A intuição dos seres astrais perfura o véu e observa as
atividades
humanas na Terra; o homem, ao contrário, não pode ver o mundo
astral, a
menos que seu sexto sentido esteja desenvolvido. Milhares de
habitantes da
Terra vislumbraram momentaneamente um ser astral ou um mundo
astral
“Os residentes adiantados de Hiranyaloka permanecem, em geral,
despertos em êxtase durante os longos dias e noites astrais, ajudando
a
resolver problemas intricados de governo cósmico e de redenção de
filhos
pródigos, almas apegadas à Terra. Quando os seres de Hiranyaloka
dormem
têm, às vezes, visões astrais semelhantes ao sonho. Suas mentes,
como de
hábito, estão absortas no estado consciente da mais elevada
beatitude
nirbikalpa.
“Os habitantes de todas as regiões dos mundos astrais ainda estão
sujeitos a agonias mentais. As mentes hipersensíveis dos seres
mais
adiantados, em planetas como Hiranyaloka, sentem dor aguda se
algum erro
é cometido, de percepção da verdade ou de conduta. Estes seres
mais
evoluídos esforçam-se para harmonizar cada um de seus pensamentos
e
atos com a perfeição da lei espiritual.
“As comunicações entre os habitantes astrais efetuam-se
inteiramente
por telepatia e por televisão astrais. Lá se desconhecem a
confusão e a
incompreensão oriundas da palavra oral e escrita, que os moradores
da
Terra estão obrigados a suportar. Exatamente como os homens numa
tela
de cinema parecem mover-se e participar de atividades ao longo de
uma
série de cenas luminosas, sem respirar de verdade, também os
habitantes
do mundo astral andam e trabalham como imagens de luz
inteligentemente
guiadas e coordenadas, sem necessidade de retirar forças do
oxigênio. O
homem depende de sólidos, líquidos, gases e energia para a sua
subsistência; os moradores do astral alimentam-se principalmente
de luz
cósmica.”
- Mestre meu, os seres astrais comem alguma outra substância?
Eu sorvia seus maravilhosos esclarecimentos com a receptividade de
todas as minhas faculdades - mente, coração e alma. As percepções
superconscientes da verdade são permanentemente reais e imutáveis,
enquanto as experiências e impressões fugazes dos sentidos são
apenas
temporária e relativamente verdadeiras; a memória que delas o
homem
conserva logo perde a vivacidade. As palavras de meu guru
imprimiram-se
de modo tão indelével no pergaminho de meu ser que, a qualquer
momento,
transferindo minha mente para o estado de superconsciência, posso
reviver
com nitidez a divina experiência.
“Legumes de tessitura luminosa são abundantes nos solos astrais -
respondeu ele. - Os moradores do mundo astral consomem vegetais e
bebem o néctar que jorra de gloriosas fontes de luz e que flui nos
regatos e
rios astrais. Exatamente como na Terra é possível extrair do éter
as imagens
invisíveis dos homens, torná-las visíveis por meio de um aparelho
de
televisão e, posteriormente, dissolvê-las de novo no espaço, assim
também
os invisíveis projetos estruturais de plantas e legumes, criados
por Deus e
flutuantes no éter, condensam-se num planeta astral pela vontade
de seus
habitantes. Do mesmo modo, nascidos da fantasia insubmissa destes
seres,
jardins inteiros de perfumada flora materializam-se para retornar
mais tarde à
invisibilidade etérea. Se os moradores de planetas celestiais,
como
Hiranyaloka, estão quase livres da necessidade de comer, ainda
mais
excelsa é a existência incondicionada de almas quase completamente
livres
no mundo causal, cujo único alimento é o maná da bem-aventurança.
“Um ser astral liberto da Terra encontra-se com uma multidão de
parentes, pais, mães, esposas, maridos e amigos, havidos em
diferentes
encarnações na Terra370, à medida que essas
criaturas regressam, de
tempos em tempos, a várias regiões do cosmo astral. Por isso,
sente-se
confuso ao tentar saber a quem amar especialmente; aprende assim a
dedicar amor divino e igual a todos, como filhos e expressões
individualizadas de Deus. Embora a aparência externa dos seres
queridos
possa haver mudado, menos ou mais, de acordo com o desenvolvimento
de
novas qualidades na última vida, o ser astral em prega sua
infalível intuição
para reconhecer todos aqueles que uma vez meu em outros planos dá
existência, e ara recebê-los com alegria ao chegarem a seu novo
lar astral.
Em virtude de cada átomo na criação estar dotado de
individualidade
inextinguível371, um amigo astral será reconhecido, seja qual for o traje de
que se revista, assim como na Terra se descobre, observando-se
atentamente, a identidade de um ator, apesar da caracterização que
o
disfarça.
“O espaço de tempo em que um ser se demora no mundo astral é mais
longo que na Terra. Em média, o período de vida de um ser astral
adiantado
é de quinhentos a mil anos, medido segundo os padrões de tempo
terreno.
Determinadas sequóias sobrevivem à maioria das árvores durante
milênios;
certos jogues vivem várias centenas de anos embora a maior parte
faleça
aos sessenta anos; alguns seres astrais ultrapassam o período
médio de
vida astral. Os visitantes do mundo astral nele residem por
períodos mais
curtos ou mais prolongados de acordo com o peso de seu carma
físico, que
os atrai de regresso à Terra dentro de um prazo específico.
“O ser astral não tem de lutar dolorosamente contra a morte, no
momento de desprender-se de seu corpo luminoso. Muitos, não
obstante,
sentem-se um pouco nervosos à idéia de se despojarem do invólucro
astral
para continuarmos apenas com o mais sutil, o causal. O inundo
astral
acha-se livre da morte, da doença e da velhice indesejável - três
pavores que
são a maldição da Terra, onde o homem permitiu à sua consciência
identificar-se quase inteiramente com um frágil corpo físico,
exigindo o
socorro constante do ar, do alimento e do sono a fim de subsistir.
“A morte física caracteriza-se pelo desaparecimento da respiração
e
pela desintegração das células orgânicas. A morte astral consiste
na
dispersão dos vitátrons, unidades de energia de que depende a vida
dos
seres astrais. Na morte física, o homem perde consciência carnal e
torna-se
cônscio de seu corpo sutil no mundo astral. Experimentando a morte
astral, a
seu devido tempo, um ser passa, da consciência de nascimento e
morte
astrais, à de nascimento e morte físicos. Estes ciclos periódicos
de
alojamentos astrais e físicos constituem o destino inelutável de
todos os
seres não-fluiníriados. Conceitos de céu e inferno, -nas
Escrituras, às, vezes
despertam no homem memórias de sua longa série de experiências no
agradável reino astral e no decepcionante mundo terrestre,
revolvendo
arquivos mais profundos que a subconsciência. “
- Bem-amado Mestre - supliquei - pode descrever com maiores
detalhes a diferença entre renascimento na Terra e renascimento
nas
esferas astrais e causais?
“- O homem, enquanto alma individualizada, tem um corpo
essencialmente
causal - explicou Sri Yuktéswar. - Esse corpo é a matriz das 35
idéias concebidas por Deus, forças de pensamento causal,
fundamentais
para que, delas, Ele pudesse formar posteriormente o sutil corpo
astral, de
19 elementos, e o denso corpo físico, de 16.
“Os 19 integrantes do corpo astral são mentais, emocionais e
vitatrônicos.
São eles: inteligência; ego; sentimento; mente (consciência dos
sentidos); cinco instrumentos de conhecimento, réplicas sutis dos
sentidos
da visão, audição, olfato, paladar e tacto; cinco instrumentos de
ação,
correspondentes mentais das capacidades executivas de procriar,
excretar,
falar, caminhar e executar atividade manual; e cinco instrumentos
de força
vital, com poder de realizar as funções orgânicas de
cristalização,
assimilação, eliminação, metabolismo e circulação do sangue. Este
sutil
envoltório astral de 19 elementos sobrevive à morte do corpo
físico,
composto de 16 elementos metálicos e não-metálicos.
“Deus concebeu diferentes idéias dentro de Si mesmo, e na tela de
Seus sonhos fez a projeção delas. Assim nasceu Máya, a Sonhadora
Cósmica, gigantesca e interminavelmente ataviada com seus
ornamentos de
relatividade.
“As 35 categorias ideativas do corpo causal encerram, elaboradas
por
Deus, todas as complexidades de suas 19 réplicas astrais e 16
físicas. Pela
condensação de forças vibratórias, a princípio sutis e depois
grosseiras, Ele
produziu o corpo astral e finalmente a forma física do homem. De
acordo
com a lei da relatividade, segundo a qual a Simplicidade Prístina
veio a ser
desconcertante multiplicidade, o cosmo causal e o corpo causal são
diferentes do cosmo astral e do corpo astral; o cosmo físico e o
corpo físico,
igualmente, diferem, em suas características, daquelas outras
formas de
criação.
“O corpo carnal é feito de sonhos materializados, solidificados,
do
Criador. Dualidades sempre caracterizam a vida na Terra: saúde e
doença,
prazer e dor, ganho e perda. Os seres humanos encontram limitação
e
resistência na matéria tridimensional. Quando a doença ou causas
diversas
abalam severamente o desejo de viver, intervém a morte; cai ao
chão,
temporariamente, o pesado sobretudo da carne. A alma, porem,
continua
aprisionada nos corpos astral e causal372. A força
de coesão que mantém
unidos os três corpos é o desejo. O poder dos desejos irrealizados
é a raiz
de toda a escravidão do homem.
“Desejos físicos radicam-se no egoísmo e nos prazeres dos
sentidos. A
compulsão ou a tentação da experiência sensorial é mais poderosa
que a
força do desejo referente a apegos astrais e percepções causais.
“Desejos astrais concentram-se em prazeres de tipo vibratório. Os
seres astrais deliciam-se com a etérea música das esferas e
extasiam-se
com a visão do universo inteiro criado como expressão inesgotável
de luz
cambiante. Também cheiram, saboreiam e tocam a luz. Assim, seus
desejos
relacionam-se com seu poder de condensar todos os objetos e
experiências
em formas de luz ou em pensamentos condensados ou sonhos.
“Desejos causais são realizações do intelecto. Os seres quase
livres,
alojados apenas no corpo causal, vêem o cosmo inteiro como
projeções das
idéias - sonhos de Deus; tudo experimentam em puríssimo
pensamento.
Consideram o gozo de sensações físicas e deleites astrais, por
isso,
grosseiros e sufocantes para a requintada sensibilidade da alma.
Os seres
causais realizam seus desejos, materializando-os373 instantaneamente.
As
almas que se cobrem somente com o delicado véu do corpo causal,
podem
materializar universos, à semelhança do Criador. Tendo todos os
mundos
uma só textura, a do sonho cósmico, uma alma, na diáfana veste
causal, tem
vastos poderes de realização.
“Sendo invisível por natureza, a alma só pode ser percebida pela
presença de seu corpo ou corpos. A mera presença de um corpo
significa
que sua existência se tornou possível devido a desejos
irrealizados374.
“Enquanto a alma do homem se encontra encerrada em um, dois, ou
três frascos corporais, tampados hermeticamente com as rolhas da
ignorância e dos desejos, não pode mergulhar no oceano do
Espírito.
Destruído o denso receptáculo físico pelo martelo da morte, seus
dois outros
invólucros - o astral e o causal - ainda persistem e impedem que a
alma se
una, com absoluta consciência, à Vida Onipresente. Quando se
alcança,
através da sabedoria, a ausência do desejos, seu poder desintegra
os dois
vasos remanescentes. A diminuta alma do homem emerge, livre
afinal,
unificada com a Amplidão Imensurável.”
Pedi a meu divino guru que me desse maiores esclarecimentos sobre
a
superior e misteriosa esfera causal.
“- O mundo causal é indescritivelmente sutil - respondeu ele.
Para entendê-lo, o homem teria de possuir poderes de concentração
tão extraordinários que o habilitariam a fechar os olhos e
visualizar, como se
existissem unicamente em idéias, os cosmos astral e físico em toda
a sua
vastidão: o aeróstato luminoso com sua sólida barquinha. Se, por
meio desta
concentração sobre-humana, ele pudesse reconverter em idéias puras
esses
dois cosmo, com todas as suas complexidades, alcançaria então o
mundo
causal: a fronteira de fusão entre a mente e a matéria. Ali,
percebem-se
todas as coisas criadas - sólidos, líquidos, gases, eletricidade,
energia, os
seres todos: deuses, homens, animais, plantas, bactérias, como
formas de
consciência; exatamente como um homem, ao fechar os olhos, percebe
que
ele existe, apesar de seu corpo ser invisível aos seus olhos
fisicos, uma
presença mental, uma idéia apenas.
“Tudo o que um ser humano apenas imagina, um ser causal converte
em realidade. Um homem dotado de grande imaginação e inteligência
é
capaz - em sua mente, apenas - de saltar de planeta em planeta, de
deixar-se cair interminavelmente num abismo de eternidade, de
subir como
um foguete ao pálio de galáxias, e de incidír como um holofote
sobre as
vias-lácteas e os espaços constelados, Os seres do mundo causal,
porém,
gozam de liberdade muito maior: projetam seus pensamentos,
objetivandoos
instantaneamente, em esforço, sem qualquer obstrução material ou
astral,
e sem limitação cármica.
“Os seres causais sabem, por experiência própria, que o cosmo
físico
não se compõe primordialmente de eléctrons, nem o cosmo astral se
constitui basicamente de vitátrons, mas, em realidade, ambos se
originam de
diminutas partículas do pensamento de Deus, fendidas e
fragmentadas por
máya, a lei da relatividade que intervém para separar,
aparentemente, a
criação de seu Criador.
“No mundo causal, as almas se reconhecem umas às outras como
fragmentos individualizados do Espírito beatífico; seus objetos
pensados são
os únicos que as rodeiam. Os seres causais percebem que a diferença
entre
seus corpos e pensamentos é uma idéia, simplesmente. Assim como o
homem, fechando os olhos, pode visualizar uma ofuscante luz branca
ou
uma névoa azul desbotada, os seres causais também, por intermédio
exclusivo de seu pensamento, enxergam, ouvem, cheiram, saboreiam e
apalpam; eles criam tudo, ou tudo dissolvem, pelo poder de sua
mente
cósmica.
“Tanto a morte como o renascimento no mundo causal ocorrem em
pensamento. O alimento delicioso dos seres causais é um só, a
ambrosia do
conhecimento eternamente novo. Bebem dos mananciais de paz, vagam
pelo solo sem trilhas das percepções, nadam no oceano sem praias
da
beatitude. Oh, contemple! Seus brilhantes corpos-pensamentos
passam
zunindo vertiginosamente por trilhões de planetas criados pelo
Espírito, por
recentes borbulhas de universos, por moradas estelares de sábios,
e por
sonhos espectrais de áureas nebulosas, no seio azul-celeste do
Infinito!
“Muitos seres permanecem durante milhares de anos no cosmo causal.
Então, depois de êxtases progressivamente mais profundos, a olma
se libera
do pequeno corpo causal e incorpora-se à imensidão do cosmo
causal.
Todos os 'estanques remoinhos de idéias, as ondas particularizadas
de
poder, amor, vontade, alegria, paz, intuição, calma, autodomínio e
concentração, fundem-se no inesgotável Oceano de Beatitude. Não
mais a
alma fruirá sua ventura como onda individualizada de consciência;
agora
mergulha no Oceano Cósmico único, na totalidade das ondas - e é
riso
eterno, comoção, pulsação perene.
“Quando uma alma rompe o casulo dos três corpos, escapa para
sempre à lei da relatividade, e converte-se no inefável
Sempre-Existente375.
Ei-la, a borboleta da Onipresença, com estrelas e luas e sóis
rebrilhando em
suas asas! A alma expandida no Espírito paira sozinha na região da
luz sem
luz, da treva sem treva, do pensamento sem pensamento; inebriada
com seu
êxtase beatífico, imersa no mesmo sonho de Deus, o da criação
cósmica.”
Uma alma livre! - exclamei com reverência.
Quando uma alma se livra, finalmente, das três ânforas de ilusões
corpóreas - prosseguiu o Mestre - unifica-se com o Infinito sem
qualquer
perda de individualidade, Cristo conquistara sua liberdade
derradeira, antes
mesmo de nascer como Jesus. Em três. etapas de seu passado,
simbolizadas aqui na Terra pelos três dias de morte e
ressurreição, ele
alcançara o poder absoluto de subir aos céus em Espírito.
“O homem não-desenvolvido submete-se a incontáveis encarnações
terrestres, astrais e causais, a fim de desprender-se de seus três
corpos. Um
mestre que conquista a liberdade final pode escolher, se há de
voltar à Terra
como profeta, para ajudar outros seres humanos a regressarem a
Deus, ou
se, como eu, há de residir no cosmo astral. Lá, um redentor
carrega, em
parte, o peso do carma dos habitantes e assim os ajuda a abreviar
seu ciclo
de reencarnações no cosmo astral, a fim de partirem
definitivamente para as
esferas causais
Ou, então, uma alma
liberada pode entrar no mundo
causal para ajudar seus habitantes a encurtarem seu prazo no corpo
causal
e assim conquistarem a Liberdade Absoluta.”
_ Mestre ressurrecto, quero saber mais a respeito do carma que
obriga
as almas a regressarem aos três mundos. - Eu poderia ouvir meu
Mestre
onisciente, pensei, por toda a eternidade. Nunca em sua vida
terrena eu fora
capaz, em tão pouco tempo, de assimilar tanto de sua sabedoria.
Agora, pela
primeira vez, eu obtinha percepção clara e definitiva das casas
enigmáticas
no tabuleiro de xadrez da vida e da morte.
“- O carma físico, ou seja, os desejos do homem, devem ser
completamente esgotados antes que se torne possível sua residência
permanente nos mundos astrais - esclareceu meu guru com sua voz
emocionante. - Dois tipos de moradores vivem nas esferas astrais.
Os que
ainda possuem carma físico insatisfeito e devem, por isso,
reabitar um corpo
denso a fim de saldar suas dívidas cármicas, classificam-se, após
a morte
física, mais como visitantes temporários do n-iiindo astral que
seus
moradores permanentes.
“Após a morte astral, seres que não expiaram seu carma físico, não
têm permissão de entrar na excelsa esfera causal das idéias
cósmicas, mas
estão obrigados a viagens de ida e volta entre os mundos astrais e
físicos,
alternativamente conscientes de seu corpo físico de 16 elementos
grosseiros
e de seu corpo astral de 19 elementos sutis. Contudo, uma criatura
não-desenvolvida, depois de cada perda de seu corpo terreno,
permanece a
maior parte do tempo no profundo estupor do sono da morte e
dificilmente
tem consciência do formoso reino astral. Terminado o descanso
astral,
regressa ao plano físico para novas lições, acostumando-se
gradualmente,
através de repetidas viagens, aos mundos de sutil textura astral.
“Ao contrário, residentes normais, isto é, há longo tempo no
universo
astral, livres para sempre de todos os anseíos materiais, já não
precisam
regressar às vibrações grosseiras da Terra. Eles só têm carma
astral ou
causal para esgotar. Na morte astral, transferem-se para o mundo
causal
infinitamente mais sutil e delicado. No fim de certo prazo,
determinado pela
lei cósmica, estes seres evoluídos voltam, então, a Hiranyaloka ou
a um
planeta astral de idêntica elevação onde renascem em novo corpo
etéreo
para redimir os remanescentes de seu carma astral.
“Meu filho, agora você pode compreender melhor que ressuscitei,
por
decreto divino - continuou Sri Yuktéswar - como um redentor de
almas
reencarnadas no astral, especialmente das que baixam da esfera
causal e
não das que sobem da Terra. Estas últimas, se ainda conservam
vestígios
de carma físico, não sobem aos mais altos planetas astrais como
Hiranyaloka.
“Muitos habitantes terrestres não aprenderam, através do olho
desenvolvido
pela meditação, a apreciar as alegrias e vantagens superiores da
existência astral e, por isso, após a morte, desejam regressar aos
prazeres
limitados e imperfeitos da Terra; assim também muitos seres
astrais, durante
a normal desintegração de seus corpos sutis, não chegam a
vislumbrar o
excelso estado de alegria espiritual no mundo das idéias;
demorando-se em
recordar a felicidade astral mais grosseira e de vistosos adornos,
eles
anseiam revisitar o paraíso astral. Esses seres devem redimir-se
do pesado
carma astral que possam obter, após a morte astral, residência
permanente
no mundo causal, o das idéias, este, aliás, tão superficialmente
secionado de
sua origem, o Criador.
“Só quando um ser não deseja mais experiências no cosmo astral,
tão
agradável à vista, e já não sente a tentação de voltar a ele, é
que permanece
no mundo causal. Completando ali a obra de redimir-se do carma
causal ou
sementes dos desejos passados, a alma aprisionada faz saltar a
última das
três rolhas da ignorância e, emergindo da derradeira ânfora do
corpo causal,
mistura-se ao Eterno.”
Do livro: Autobiografia de um Yogue- Paramahansa Yogananda – Self-
Realization Fellowship.
Baixe gratuitamente o livro " Autobiografia no link abaixo:
http://alsibar.blogspot.com