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sexta-feira, 18 de maio de 2012

O MEDITADOR E OS GURUS


O Guru e o Meditador- imagem da Internet

Será realmente necessário termos um guru ? Quais os limites da atuação de um guru e como eles podem nos ajudar? Qual deve ser a qualidade da relação guru-discípulo? Quais os riscos de se ter um guru como autoridade espiritual? Quem são os verdadeiros gurus e como eles atuam? Vamos refletir e descobrir juntos?

O termo “ guru”, mestre espiritual, vem do sânscrito e significa , dentre outras coisas, “aquele que detém a luz do conhecimento”. Na Índia, os gurus gozam de grande respeito e veneração por parte da população. Isso deve-se a fatores culturais e religiosos próprios daquela região. É sabido que existem gurus verdadeiros e verdadeiros charlatães. Os verdadeiros mestres são seres de consciência espiritual tão elevadas e raras, que chamá-los de gurus tornou-se pejorativo. O título, usado livremente por qualquer “guru de araque” como forma de exploração e auto-promoção, tornou-se motivo de paródias e críticas.  Os maiores culpados disso tudo são os próprios "gurus". Via de regra,  eles têm seu nome envolvido em escândalos que vão desde a pedofilia, enriquecimento ilícito, até assassinatos e mortes. Assim como na tradição  ocidental cristã, os pastores, padres, médiuns etc protagonizam esses tipos de escândalos, na Índia, os tais "gurus" estão o centro  de tais aberrações.

É difícil existir um meditador  que não tenha desejado encontrar um guru. Na Internet temos a facilidade de escolhê-lo com um simples “clique”. São centenas de milhares para todo tipo de gosto e bolso. Só na Índia, existem centenas deles. Nos Estados Unidos e Europa, idem. Os brasileiros não precisam mais viajar para Índia para encontrá-los. Já temos tanto gurus, que estamos exportando para o exterior. Já podemos presenciar, inclusive, disputas e brigas entre eles no ambiente virtual . A grande questão que se impõe nessa floresta de confusões, brigas e satsangs é : será mesmo que precisamos dos gurus? E  quais os riscos desta relação polêmica e confusa? É o que vamos analisar adiante.

Os riscos são muitos. O guru, em geral, considera-se uma autoridade espiritual que pode transmitir-lhe a Verdade, a Luz, a Libertação etc. O problema é que, em muitos casos, eles tornam-se mercadores dessa mesma Verdade que professam. Recententemente, vi um caso na Internet em que um guru- desses brasileiros famosos- convidava as pessoas para ajudar na construção de um novo “salão”. Até aí tudo bem. Todos nós podemos contribuir com um trabalho sócio-espiritual. Todavia, no site dizia que para trabalhar lá você tinha que contribuir financeiramente. E a quantia era razoável. Vou repetir para quem não entendeu: você tinha que pagar pra trabalhar! Como pode isso? Ou seja,  a própria ajuda, teria que ser paga. Eles conseguiram transformar algo tão puro e sublime como a "ajuda", em uma espécie de “mercadoria”. Fico imaginando a cena, de algum pedreiro ou servente pobre tentando “ajudar”, com seu  trabalho na obra :

- Vim para ajudar na construção do salão.
- Ok, o preço  é 100, 00!
- Mas como???? Sou eu que vou trabalhar ! Vocês é que deveriam me pagar. Além do mais minha força de trabalho e experiência são mais valiosos do que dinheiro e vocês ainda querem que eu pague por isso?
- Aqui é assim, pra ajudar com seu trabalho, você tem que pagar!!!!

Obviamente que quando um guru chega a este ponto é porque ele já está no topo da fama. Deve ter tanta gente disposta a pagar para trabalhar, que ele não faz questão de nenhuma ajuda sincera e verdadeira. A que ponto do absurdo chegamos? Coitada da viúva dos Evangelhos, iria sentir vergonha de seus parcos vinténs. E Krishna, neste sentido, parece agir tolamente quando diz que recebe de bom grado todas as oferendas oferecidas de coração , mesmo que seja uma simples flor ou um pedaço de pão.

Mas, em geral, os gurus são espertíssimos. Enquanto estão no púlpito, sua linguagem é impecável. Seus discursos são capazes de levar ao êxtase, de tão belos, profundos e poéticos. Aos olhos dos discípulos, encenam o “tipo” que tão esmeradamente tentam encarnar: a do guia espiritual autêntico. Mas, na vida privada, revelam sua verdadeira face cheia de defeitos, desejos, rancores e ambições como qualquer outro ser humano. Quando iniciam sua jornada em direção ao tão sonhado sucesso, evitam assuntos polêmicos , mostram-se tolerantes e amorosos para com tudo e com todos. Na falta de um ensinamento mais original, falam exaustivamente sobre Amor. Nenhum tema é mais universal e cativante do que este. Todavia, quando se estabelecem no sucesso, mudam radicalmente. De forma sutil e sorrateira,  tornam-se autoritários, antidemocráticos e intolerantes com qualquer um que “ameace” os seus domínios. Todavia, muitos são covardes e agem na surdina. Em geral, escolhem algum tipo de “secretário particular” pra fazer o trabalho “sujo”. A estratégia é a seguinte: quando são questionados sobre o estabelecimento de alguma ordem polêmica -que geram críticas ou problemas - atribuem isso aos exageros do “secretário”- nunca a si mesmo. Osho (Bhagwan Shree Rajneesh) o mais famoso dos gurus, usava desta estratégia com sua famosa secretária Sheela- a quem, quando convinha,  atribuía todos os mal-feitos e atrocidades cometidos em seu nome. Nunca assumia a culpa de nada. Apenas quando era estritamente conveniente.

Ou seja,  nesse mar de lama, o meditador deve ter muito, muito cuidado e atenção. Outro fato muito comum que ocorre nesses movimentos é que o meditador passa a ficar tão envolvido com os negócios do movimento, que  esquece o verdadeiro sentido dele está ali. Ou seja, a libertação interior e a meditação passam para segundo plano. Em primeiro lugar vem o trabalho “missionário” de divulgação, estabelecimento e fortalecimento da obra, do nome e da vida do guru. Isso demanda tempo, trabalho e energia.  À essa altura, caso o meditador se questione o porquê de ter que trabalhar tanto, sem tempo para dedicar-se ao seu próprio desenvolvimento interno, o guru ou algum superior imediato lhe responde categoricamente:

- Servir à causa é sua meditação. Trabalhar pela causa do mestre, divulgando seu nome e sua obra é o maior dos exercícios espirituais.

E fica por isso mesmo. A verdade passa a ser, não a “Verdade” , libertadora, universal, além do tempo ou espaço. Mas a verdade professada pelo guru e, de preferência, exclusivamente ela. Morre então todo o sentido de busca real. Aos poucos perde-se a capacidade de compreender, refletir, criticar e indignar-se. Neste ponto, o meditador que, em princípio procurou o guru e o movimento como forma de evoluir interiormente, é reduzido a uma espécie de robô, um zumbi. Perde totalmente a vontade própria e a  capacidade de refletir. Sua vida está entregue totalmente aos pés do guru e a desgraça o acompanhará como uma nefasta sombra.

Os verdadeiros e raríssimos gurus existem. Mas encontrá-los fisicamente é tão raro quanto encontrar um diamante azul. Todavia, eles existem.  Em geral, vivem no anonimato e somente os buscadores sinceros e espiritualmente elevados podem reconhecê-los. Esse foi o grande mérito de Yogananda. Antes dele, muitos escritores, pesquisadores e curiosos haviam ido a ìndia à procura dos grandes iogue -sem sucesso. Achava-se, inclusive, que não mais existiam. Então por que Yogananda conseguiu encontrar tantos iogues fabulosos? É simples: porque ele próprio era um grande iogue. E somente um iogue pode reconhecer outro iogue. Os grandes mestres, ao contrário dos augus (autoproclamados gurus), se escondem dos holofotes, não viajam para dar “satsangs”, evitam a publicidade e não cobram por seus serviços.  Na época de Yogananda havia vários grandes iogues no anonimato. Raríssimas pessoas reconheceram, por exemplo, Sri Yuktéswar como um grande iogue. E até mesmo o fantástico Babaji, aparecia frequentemente entre as pessoas comuns, sem chamar atenção.

A única exceção a esta regra, são os iluminados com missões importantes, tais como Buda, Jesus  e Krishnamurti. Eles seguem uma ordem interna que os impele a agir publicamente devido ao cumprimento de importantes funções no mundo. São missões fundamentais para o desenvolvimento da consciência humana. No caso deles , foi necessário que saíssem do anonimato e assumissem uma vida pública atuante, do contrário, não poderiam desempenhar o papel histórico que o destino lhes conferiu. No caso de Krishnamurti, foi mais difícil ainda, pois ele teve sua vida escancarada na mídia desde muito cedo. Mas, como ele veio com uma missão importante específica,  entende-se o porquê de tanta  visibilidade. Era necessário, que o máximo de pessoas pudessem ter acesso ao seus ensinamentos, pois ele iniciou uma nova era no desenvolvimento da espiritualidade humana.

Apesar dos acima citados fugirem à regra pelas razões já expostas, os verdadeiros mestres, geralmente, são inacessíveis e anônimos. Desconfie dos gurus que vendem caminhos fáceis pela Internet. Em geral, são apenas exploradores. Alguns são “esquizofrêncos” pois se consideram a encarnação de alguma entidade divina.  É mais seguro evitá-los.  Mas  caso você os escute,  escute-os mas não os siga, respeite-os mas não os venere. Reflita sobre a sabedoria da Bíblia: “aprendei de tudo e retei o bem”. Os gurus, por mais elevados que sejam, não podem lhe dar o céu, a verdade ou a libertação. Eles apenas esclarecem, explicam, apontam o caminho. Todo o “trabalho pesado” deve ser feito por você e somente por você. E qual é este trabalho? Meditar, meditar e meditar. Gurdjieff costumava dizer que o nível do guru é proporcional ao nível do discípulo. Ou seja, mesmo que alguém se encontrasse com mestres como  Babaji, Jesus e Krishnamurti não seriam capazes de seguir seus ensinamentos. Como de fato ocorreu com os milhares de ouvintes de Krishnamurti. Por não o compreenderem, ou não conseguirem viver seus ensinamentos, muitos preferiram procurar outros gurus mais “baratos” e práticas mais  “fáceis”. Da mesma forma muitos que iam visitar Sri. Yuktéswar, o abandonavam logo depois, ao constatarem o elevado nível de seus ensinamentos e sua própria incapacidade para cumpri-los.

Portanto, não se lamente por não ter um guru. Buda, Jesus, Ramana e Krishnamurti não tiveram gurus e , no entanto, foram grandes iluminados. Os verdadeiros gurus atuam no plano invisível de forma anônima e silenciosa. Eles não precisam fazer “satsangs” ou viajar fisicamente para se encontrar com as pessoas. Onde quer que haja um meditador sincero, haverá a assistência dos verdadeiros mestres da luz. E o melhor: de graça! Esteja aberto ao aprendizado, e as lições surgirão de todas as fontes. Sejam dos livros, dos mestres, dos “augus”, dos familiares , amigos, professores e pessoas ao seu redor. Todos eles nos ensinam algo. Procure manter sua mente aberta e alerta. As grandes lições da vida podem vir de onde menos se espera. Se estiveres pronto, o mestre aparecerá com certeza. O irônico é que, quando estamos prontos, não precisamos mais de mestres, pois passamos a vê-lo em todos os lugares, pessoas e coisas- inclusive em nós mesmos.

Namastê!
Alsibar

sábado, 12 de maio de 2012

HÁ DIFERENTES TIPOS DE MEDITAÇÃO?


                                    

    É curioso observar como um tema aparentemente tão simples suscita tantas questões. Todo buscador já deve ter se defrontado com o seguinte dilema: qual seria a melhor meditação ? Se não existem, como diz Krishnamurti, métodos e sistemas de meditação, então como compreender que o próprio K. parecia dar diferentes definições sobre meditação? Como chegar a um ponto de compreensão que seja ao mesmo tempo correto e eficaz? Vamos refletir juntos?
Buda ensinou a meditação Sattipathana ou Atenção Plena. Os patriarcas Zen-budistas desenvolveram o Zazen: sentar-se sem fazer nada plenamente cônscio do presente. Yogananda ensinou a Kriya Yoga que tem como princípio básico a atenção/consciência, a respiração e a tranquilidade interna. Ora, podemos perceber em todos estes “métodos”, um ponto que é fundamental: a consciência e tranquilidade. Todavia, a história mostra que, em geral, a humanidade tende a desprezar o essencial e apegar-se ao supérfluo. Na yoga, por exemplo, o importante é o estado interno de atenção e plenitude. As diversas ásanas, são apenas estratégias para fortalecer a consciência do praticante- principalmente os iniciantes. Mas, em geral, vemos o contrário: as posturas se tornaram mais importantes do que a  plenitude interna. As posturas, apesar de trabalhar o corpo físico, não deveriam se sobrepôr ao trabalho espiritual interno. Infelizmente, a Yoga tornou-se muito mais  um festival de contorcionismo do que uma filosofia de libertação interior.
Assim, entendemos que há sim diferentes nuances e aspectos na meditação. Mas não existe uniformidade ou padrão que  possa limitá-la . Por  isso o problema com os métodos. Os métodos e sistema padronizam alguns  aspectos periféricos como, por exemplo, posturas, preliminares, locais, acessórios etc. Alguns desses fatores, visam apenas ajudar o principiante. Por exemplo: a atenção na respiração, pode ajudar no relaxamento de alguém muito inquieto,  uma vez que  ficar consciente do ritmo da respiração, tranquiliza a pessoa. Algum principiante pode ter facilidade em observar os pensamentos, ou pode preferir ficar consciente das emoções e reações do corpo. Alguns podem querer meditar em movimento, andando, ou fazendo algum tipo de atividade como a dança. Outros, ainda, podem preferir meditações aliadas às atividades comuns do dia-a-dia, como varrer ou lavar os pratos. Outros podem preferir meditar em grupo, ou sozinhos. Não há regras pra isso. Simplesmente não há. Mas em tudo isso, prevalece um princípio básico comum: a consciência.
O desenvolvimento da consciência plena não acontece da noite para o dia. Exceto em casos raríssimos em que o espírito já é elevado e nasce com uma missão especial.  Desta forma, ninguém pode exigir que todos já comecem com “força total”. Uma atenção total ou "consciência plena" é um estado que nós não estamos acostumados. Passamos uma vida na inconsciência. Todo o nosso ser, incluindo a mente e o corpo, tem grande dificuldade  para "entrar" neste estado. Por isso, podemos começar por “partes” e “aos poucos”, até atingirmos estados cada vez mais plenos de consciência. Consciência é força espiritual. Quanto mais conscientes somos mais poderosos nos tornamos. As forças e os poderes espirituais adormecidos são despertados através da consciência. Um Cristo, um Buda, um Babaji, ou um Krishnamurti são como Misters Universos da espiritualidade, verdadeiros titãs do poder e da força da consciência espiritual.  
Assim, compreendemos que os diversos “tipos” de meditação são apenas nuances, aspectos ou variações da  consciência.  O grande problema, ao longo da história da meditação, é que muita gente começou a inventar métodos cada vez mais absurdos e mirabolantes, apenas como forma de autopromoção. Meditar na verdade é um estado que deveria ser natural em todos nós. Como não é, então inventou-se os métodos para “desenvolver” esse estado. Foi aí que Krishnamurti entrou de forma esclarecedora,  explicando para o mundo  que os métodos são um equívoco pois eles perpetuam o "pensador". O problema é que enquanto houver o“pensador”, não pode haver meditação. E quem é o pensador? É quando nossa mente diz coisas como: “tenho que meditar… tenho que praticar… tenho que alcançar… não estou indo bem… droga!! não estou meditando… ou que bom , estou evoluindo! Este método não me serve procurarei outros...será que estou evoluindo?” etc.etc. Esse “pensador” é a própria negação da meditação, pois quando há meditação não há ninguém para opinar, criticar, julgar, condenar ou desejar nada. Há um princípio básico universal e essencial na meditação revelado por Krishnamurti ao mundo: na consciência/observação não pode haver o “pensador/observador”. Se houver , então a meditação não ocorre e a pessoa, está, na verdade se autoiludindo.
Para finalizar, queremos resumir o que discutimos no artigo acima. Os diferentes tipos de meditação tem como princípio básico a  CONSCIÊNCIA. Todavia, neste processo é fundamental que o “observador” esteja ausente para que ela se realize. Isso significa, em termos práticos, que durante a meditação não pode haver intervenção da pessoa naquilo que ela observa. Se observo meus pensamentos, não devo julgá-los, condená-los, analisá-los ou intervir neles. A mesma atitude devo ter em relação às minhas emoções, reações, impulsos, respiração ou qualquer coisa que entre no campo da minha consciência. Até chegar ao ponto em que exista apenas a CONSCIÊNCIA ou OBSERVAÇÃO pura e simples dos fenômenos, processos e movimentos internos e externos. 

 Nesta observação passiva e silenciosa a MEDITAÇÃO se realiza e, com ela, a CONSCIÊNCIA se desenvolve, desperta  e evolui por si mesma. Daí por diante as palavras se tornam imprecisas, impotentes e inúteis.
Namastê!
Alsibar
http://alsibar.blogspot.com

sábado, 5 de maio de 2012

QUEM FOI OSHO ( BHAGWAN SHREE RAJNEESH) ? Primeira parte - Who was Osho - first part?

Quem foi Osho - Bhagwan Shree Rajneesh?

Essa é a primeira parte do artigo escrito por Christopher Calder sobre o Osho.  Como ex-discípulo  e testemunha ocular dos fatos, Calder  analisa os principais acontecimentos da vida deste controverso e polêmico guru.  Em sua abordagem, o autor analisa uma série de questões relacionadas à vida do Osho, tais como  ensinamentos ,  hábitos, atitudes e sua personalidade excêntrica, além de curiosidades e fatos desconhecidos do grande público  .  Por fim, ele nos apresenta uma versão não oficial das causas da morte do guru baseado em indícios e depoimentos de pessoas ligadas ao indiano. Leia e tire suas próprias conclusões!

Osho, Bhagwan Rajneesh, e a Verdade Perdida, por Christopher Calder

“ A Meditação não deve ser transformada em negócio” Acharya Rajneesh 1971

      Acharya Rajneesh tinha 39 anos quando eu o encontrei pela primeira vez em seu apartamento em Bombaim, em dezembro de 1970. Com longa barba e grandes olhos escuros, ele parecia uma pintura de Lao- Tsé renascido. Antes de meu encontro com Rajneesh, eu tinha passado um tempo com vários gurus orientais sem ficar satisfeito com a qualidade de seus ensinamentos. Eu queria um guia iluminado que pudesse fazer a ponte entre o Oriente e o Ocidente, e revelasse os verdadeiros segredos esotéricos, sem o excesso de bagagem da cultura Indiana, Tibetana e Japonesa. Rajneesh foi a resposta para minha busca por aqueles significados mais profundos. Ele descreveu para mim com vívidos detalhes tudo que eu queria saber sobre os mundos internos, e ele  fundamentava suas palavras de uma forma imensamente poderosa. Aos 21 anos, eu era ingênuo sobre a vida e a natureza humana e  pressupunha que tudo que ele me dizia era verdade.

Quando falava, Rajneesh expressava um alto nível de inteligência, e  uma poderosa presença emanava de seu corpo como uma leve luz que curava todas as feridas. Enquanto sentávamos próximo a ele, durante as pequenas reuniões de amigos, Rajneesh levou-me  rapidamente para uma jornada interior vertical que parecia me  desprender do corpo físico. Sua vasta presença levava todos ao seu redor a um nível mais alto, sem o menor esforço de sua parte. Os dias que passei em seu apartamento em Bombaim foram como dias passado no paraíso. Ele tinha tudo e ele estava nos oferecendo gratuitamente.

Acharya Rajneesh  em seu melhor momento. Foto provavelmente tirada no final dos anos sessenta

    Rajneesh possuía o poder da transmissão direta de energia, que é conhecido na India como “shaktipat”. Ele usava este poder nobremente para trazer conforto e inspiração aos seus discípulos. Rajneesh dizia ter  os poderes conferido pelo “terceiro olho”, a telepatia e a terceira visão, e por muitos anos eu acreditei que era verdade. Todavia, nos anos 80 Rajneesh foi incapaz de perceber os trágicos eventos na comuna de Oregon que ocorreram bem abaixo de seu nariz, tornando seus supostos poderes psíquicos algo questionável. Muitos gurus alegam ter misteriosas habilidades psíquicas para atrair novos discípulos e mais dinheiro. O hábito de Rajneesh de ter ajudantes para investigar os visitantes para impressioná-los sobre seu conhecimento acerca de suas vidas pessoais, aumenta meu ceticismo sobre a eficácia do seu “terceiro olho”. No entanto, era fato que aqueles que dele se aproximavam, experimentavam sua incrível presença cósmica. Uma ou duas reuniões face a face com Rajneesh, era tudo o que precisava para  transformar o desconfiado ceticismo ocidental em assombrosa admiração e devoção.

Jiddu Krishnamurti
Um ano antes eu tinha encontrado outro mestre iluminado conhecido no mundo como Jiddu Krishnamurti . J. Krishnamurti mal conseguia proferir uma palestra coerente, e ele repreendia constantemente sua audiência referindo-se às suas “mentes pequenas e ordinárias”. Eu amava sua franqueza e suas palavras eram verdadeiras, mas sua natureza sutilmente mal-humorada não ajudava muito no que corcerne à transferência de seu conhecimento para os outros. Ouvir J. Krishnamurti falar era como comer um sanduíche feito de  pão e areia. Eu descobri que a melhor maneira de aproveitar suas conversas era ignorar completamente suas palavras e absorver tranquilamente sua presença. Usando esta técnica, eu me sentia tão vasto que depois da palestra eu ficava quase sem falar por horas a fio. J. Krishnamurti,  mesmo sendo completametne iluminado e singularmente adorável, será lembrado na história como um instrutor com pobres habilidades comunicativas. Todavia, ao contrário do altamente eloquente Rajneesh,  J. Krishnamurti nunca cometeu nenhum crime, nunca fingiu ser mais do que ele era, e  nunca usou outros seres humanos de forma egoísta.

A vida é complexa e multi-dimensional, e minhas ingênuas ilusões sobre o fenômeno da iluminação perfeita esvaneceu-se ao longo dos anos. Tornou-se claro que as pessoas iluminadas são tão falíveis quanto qualquer um. Eles são seres humanos expandidos, não seres humanos perfeitos, e eles vivem e respiram com muitos dos mesmos defeitos e vulnerabilidades que nós, humanos comuns, temos que lidar.

     Rajneesh falava de um nível de inteligência altíssimo, e sua poderosa presença emanava de seu corpo como uma leve luz que curava todas as feridas.   Quando me sentava próximo a ele durante as pequenas reuniões de amigo, Rajneesh rapidamente me levava a uma viagem interior que quase parecia me deslocar do meu corpo físico. Sua vasta presença elevava todos aos seu redor a um nível mais alto  sem o menor esforço de suas partes . Os dias que passei no apartamento em Bombaim foram como dias passados no paraíso. Ele tinha tudo e ele estava nos dando gratuitamente.

Os céticos me perguntam como eu posso afirmar que Rajneesh era iluminado, apesar de seus escândalos e desastrosa imagem pública. Eu posso apenas dizer que a presença magnética de Rajneesh era idêntica a de Jiddu Krishnamurti, que era reconhecido como um iluminado por todo elevado Lama Tibetano e reverenciado sábio Hindu daquela época. Todavia, eu realmente solidarizo-me com os céticos. Se eu não tivesse conhecido Rajneesh pessoalmente, eu mesmo nunca acreditaria.


Rajneesh abriu o pacote da iluminação em ambas direções: positiva e negativa. Ele foi o melhor do melhor e o pior do pior. Ele foi um grande mestre em seus primeiros anos e com uma técnica de meditação inovadora, chamada “Meditação Dinâmica” que funcionava com um poder dramático, Rajneesh  elevou  o nível de consciência de milhares de buscadores. Ele também explicou as religiões orientais e antigas técnicas de meditação com uma  brilhante claridade.

Um movimento em falso, um grande error

Ramana Maharshi
Acharya Rajneesh nasceu de uma família Jaini em 11 de Dezembro de 1931, na vila de Kuchwada na Índia central. O termo ‘acharya’ significa instrutor espiritual e Rajneesh significa lua. O verdadeiro nome oficial de Rajneesh era Chandra Mohan Jain; ‘Rajneesh’ é apenas um apelido não-oficial adquirido na infância. Na madrugada de 1971, o homem que eu conhecia como Acharya Rajneesh mudou repentinamente seu nome para “ Bhagwan Rajneesh”. O famoso sábio iluminado Ramana Maharshi , era chamado de Bhagwan por seus discípulos, como uma declaração espontânea de carinho. Rajneesh simplesmente declarou para o mundo que todos deveriam começar a chamá-lo de Bhagwan, um título que pode significar qualquer coisa entre “divino” e Deus. ‘Shree” é um termo honorífico para mestre, assim seu famoso nome completo, Bhagwan Shree Rajneesh, pode ser traduzido por Divino Mestre da Lua. Rajneesh ficou irritado quando uma vez eu, educadamente, corrigi sua pronúncia errada de algumas palavras em Inglês após uma palestra, assim, eu não me senti na posição de dizer-lhe que eu achava seu novo título inapropriado e desonesto. Aquela mudança no nome foi o ponto de mutação no nível de honestidade de Rajneesh, e foi a primeira de muitas grandes mentiras que viriam.

Rajneesh vivia em uma torre de marfim, raramente deixava seu quarto a não ser para dar palestras, sua experiência de vida era protegida por multidões de devotos adoradores. Seu isolamento tornou-se ainda mais completo quando ele se mudou do pequeno apartamento em Bombaim para um amplo espaço em Poona, India, em 1974. Como todo ser humano que é tratado como rei, Rajneesh perdeu seu contato com o mundo do homem comum. Em sua artificial e insular existência, Rajneesh cometeu um erro de julgamento fundamental que iria destruir  seu ensinamento.
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“ O que vocês dizem a eles é verdadeiro, mas o eu lhes digo ( mentiras úteis) é bom pra eles”. Rajneesh, Poona, India, 1975
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      Rajneesh calculou que a maioria da população da terra estava em um nível de consciência tão baixo que eles não poderiam entender, nem aguentar as reais verdades. Assim, ele, aparentemente, decidiu por uma política de propagação de "mentiras úteis" para trazer inspiração aos seus discípulos e, ocasionalmente, pressionar seus alunos em situações singulares para seu crescimento pessoal. Esta foi sua ruína e a principal razão por que ele será lembrado pela maioria dos historiadores como apenas mais um falso guru. Os ensinamentos de Rajneesh eram cheios de mentiras intencionais e falsidades sem propósito, nascidas de sua própria ignorância, ingenuidade e condicionamento cultural indiano. Sua presença psíquica, porém, era 100% real e extremamente poderosa.

Acharya, Bhagwan Shree, Osho…  todos os poderosos nomes usados por Rajneesh não pôde encobrir o fato que ele ainda era um ser humano. Ele tinha ambições e desejos, sexuais e materiais , exatamente como qualquer pessoa. Todos os seres humanos iluminados tem desejos. Todos os iluminados tem vidas públicas que nós conhecemos, e vidas privadas que se mantém em segredo. A vasta maioria dos iluminados não fazem nada de bom para o mundo. Apenas Rajneesh, de acordo com meus conhecimentos, tornou-se um criminoso em ambos os sentidos da palavra : legal e ético.

Rajneesh nunca perdeu a principal verdade existencial do ser. Ele apenas perdeu o conceito ordinário da verdade que qualquer adulto normal pode entender. Ele racionalizava suas constantes mentiras como “ Tantra do Canhoto”, mas isso também era desonesto. Rajneesh mentia para livrar sua face, para evitar de assumir responsabilidade por seus próprios erros, e para ganhar poder pessoal. Estas mentiras nada tinham a ver com Tantra ou quaisquer ações desinteressadas ou gentis. O que é real neste mundo são os fatos, mas Rajneesh  deturpava os fatos basicamente todos os dias. Rajneesh não era um homem comum como muitos outros. Rajneesh sabia tudo que Buda sabia, e ele era tudo que Buda tinha sido. Foi sua perda de respeito pelas verdades ordinárias que destruíram o trabalho de sua vida.

A saúde de Rajneesh entrou em colapso em seus primeiros trinta anos. Mesmo antes de atingir a meia idade, Rajneesh sofria de recorrentes ataques de fraqueza. Durante seus jovens anos de faculdade, quando ele deveria ter tido o pico do vigor, Rajneesh costumava dormir de 12 a 14 horas por dia devido uma inexplicável doença. Rajneesh sofria do que os Europeus chamam de  Encefalomietite Mialgica (Myalgic Encephalomyelitis) ou o que os Americanos chamam de  Sindrome da Fadiga Crônica (Chronic Fatigue Syndrome). Seus sintomas clássicos incluem a fadiga óbvia, estranhas alergias, febres recorrentes de baixo grau, fotofobia, intolerância ortoestática ( a inabilidade de ficar de pé por um período de tempo normal), insônia, dor no corpo e uma sensibilidade extrema a cheiros e químicas, uma condição que os médicos agora denominaram como sendo “ sensibilidade química múltipla”.

A  marca registrada da sensibilidade química de Rajneesh era tão severa que ele instruía seus guardas para cheirar as pessoas para encontrar odores desagradáveis antes que eles fossem autorizados a visitá-lo em sua residência. Pessoas com a Síndrome da Guerra do Golfo, MS, e outras doenças do sistema neurológico e imunológico são também altamente sensíveis a químicas e cheiros. A fraca saúde de Rajneesh e estranhos sintomas foram o produro de uma verdadeira disfunção em seu sistema imunológico e neurológico, não uma hipersensibilidade esotérica causada por sua iluminação. Rajneesh também tinha diabetes tipo II, asma e severas dores nas costas.

Rajneesh estava constantemente doente e frágil desde o tempo em que o encontrei pela primeira vez em 1970 até sua morte em 19 de Janeiro de 1990. Ele achava que estava pegando um tipo diferente de resfriado e gripe a cada semana.  Na realidade, ele sofria de uma doença crônica no sistema imunológico e neurológico, a Síndrome da Fadiga Crônica, com sintomas parecidos com o da gripe que podia durar uma vida toda. Rajneesh não podia ficar de pé sobre seus próprios pés por longos períodos de tempo, sem ficar tonto porque ele sofria danos em seu sistema nervoso autônomo que controla a pressão sanguínea. Esta  hypotensão neural média (pressão baixa enquanto de pé) causa fadiga, estress e pode diminuir o QI devido à falta de sangue e suficiente bombeamento de oxigênio para o cérebro ( hypoxia cerebral). Nos anos 70, Rajneesh , muitas vezes, reclamava de tonturas logo que ficava em pé. Durante os últimos poucos meses de sua vida em Poona, Rajneesh frequentemente passava em completa inconsciência.

Rajneesh usava drogas prescritas, principalmente Válium ( Diazepan), como um analgésico para sua dores e para conter os sintomas da disautonomia ( disfunção do sistema nervoso autônomo). No seu pico de uso, Rajneesh tomou a dose máxima recomendada de 60 miligramas por dia, a dose é tão alta que , em geral, só é prescrita para tratamentos a curto prazo de doenças mentais sérias. Pacientes que tomam Válium regularmente criam uma resistência ao longo do tempo e doses cada vez mais altas são necessárias para manter o alívio do estress e os efeitos hipnóticos. Rajneesh também inalava óxido nitroso, ( N20) misturado com oxigênio puro, que ele afirmava aumentar sua criatividade. [ Ver  o ensaio de Parmatha sobre o uso de óxido nitroso por parte do Osho 1 2]. O óxido nitroso provavelmente  aliviava mesmo a sensação de severa exaustão e sufoco que os pacientes com Síndrome da Fadiga Crônica normalmente sentem, mas isso não faz nada com a qualidade de seu raciocínio. Ingênuo acerca do poder das drogas e super confiante na sua abilidade de barrar seus efeitos negativos, Rajneesh sucumbiu ao vício.

Um número de discípulos afirmaram que Rajneesh estava tão intoxicado no Rancho de Oregon nos anos 80 que ele às vezes urinava nos corredores de sua própria casa, exatamente como os viciados em heroína  e bêbados comuns frequentemente fazem . Eu acredito que isto é verdade pois, na última vez que vi Bhagwan Shree Rajneesh, ele estava tão inebriado ao ponto de se tornar fisicamente feio. Ele tinha o mesmo olhar evasivo e comportamento infantil que eu já havia presenciado em viciados em drogas quando eu trabalhava em uma clínica nos Estados Unidos. Rajneesh tinha poderes mentais miraculosos, mas ele era fisicamente um ser humano comum, e ele não tinha como suportar os efeitos devastadores de grandes doses de tranquilizantes.

     No topo da doença física de Rajneesh, sua massiva inalação de Válium causou paranóia e reduziu consideravelmente suas habilidades de raciocínio. Viciados em Válium sempre acham que a CIA ou outro vilão invisível qualquer estão tramando contra eles, assim não é surpresa que ele tenha imaginado que ele foi envenenado pelo governo dos Estados Unidos. Seus poderes de raciocínio tornou-se tão danificados que  Rajneesh realmente  considerou se mudar para a Rússia para combinar sua forma autoritária de espiritualidade com o comunismo Russo, uma ideia que nenhum homem são poderia entrevê. Rajneesh clamou publicamente pelo assassinato de Michael Gorbachev, porque Gorbachev estava mudando a Rússia para o capitalismo ao estilo Ocidental ao invés do novíssimo “comunismo espiritual” de Rajneesh. Válium tem sido a droga escolhida pelos que sofrem de Síndrome de Fadiga Crônica (SFC), uma vez que ele mascara os sintomas da vergonhosa desautonomia e ajuda dormir. Rajneesh sofria de insônia, outro sintoma clássico da SFC.

 Rajneesh era um homem fisicamente doente que tornou-se mentalmetne corrupto. Sua rápida experiência com LSD apenas piorou as coisas. O uso de drogas e o vício de Rajneesh era um problema criado por ele próprio, não uma conspiração do governo. Rajneesh morreu em 1990, a causa oficial de sua morte foi falência do coração. É provavel que o declínio físico que Rajneesh experimentou durante seu encarceramenteo nas prisões Americanas foi devido a uma combinação de sintomas de abstnência do seu vício em Válium e o agravamento da Sindrome da Fadiga Crônica devido ao estress e exposição aos alérgicos.
         Depois da humilhação de Rajneesh e sua queda na América, ele declarou ter sido o “Jesus crucificado por Ronald Reagan da América”. Na verdade, Rajneesh foi um guru viciado em drogas que se auto-destruiu por causa de suas próprias atitudes erradas. Comparar-se a Jesus foi, sem dúvidas, desonesto, uma vez que ele não tinha nenhum respeito por Jesus. Ele proclamou uma vez na mídia americana e sem nenhuma diplomacia que tudo o que Jesus dissera era loucura.
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    “ Eu andei pela cidade abandonada de Rajneeshpuram e vi coisas que eram quase inacreditáveis. O quartel general de Ma Anand Sheela, um conjunto de trailers encaixados, uma colméia de portas secretas e túneis escondidos, seu quarto privado, um posto de comando com equipamento eletrônico de escuta preso em cada quarto construído. Os aposentos bem aparelhado de Bhagwan tinha mangueiras de óxido de nitrogênio ao lado de sua cama, e estava rodeado por enormes banheiros com multiplos chuveiros” – Jim Weaver, ex- Congressista Americano”
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Em 1998 no prefácio do livro “ Books I have Loved” ( Livros que amei) o dentista pessoal de Rajneesh ( Osho) , Swami Davageet, afirma que Osho ditou três livros sob influência do óxido nitroso. Foram eles “ Books I have loved, Glimpes of a Golden Childhood and Notes of a Madman". Referindo-se ao seu próprio uso de óxido nitroso, o próprio Rajneesh afirmou que “ na verdade, nitrogênio e oxigênio são os elementos básicos da existência. Eles podem ser de muita utilidade, mas por algumas razões os políticos tem sido contra químicas de todos os tipos, todas as drogas”. Ma Anand Sheela, a secretária pessoal de Rajneesh afirmou publicamente no programama de noticias da CBS “60 minutes” que Rajneesh tomava 60 miligramas de Válium todo dia. Hugh Milne, o chefe da guarda pessoal de Rajneesh, confirmou o intenso uso de Válium por parte de Rajneesh, assim como fez Swami Devageet . O FBI sabia que Rajneesh era viciado em óxido nitroso através de suas próprias investigações, e este fato foi publicado em jornais nos Estados Unidos, incluindo artigos no “ The Oregonian” e “ The New York Times”. Não há dúvidas de que Rajneesh tornou-se um viciado em drogas, exceto nas mentes dos apaixonados seguidores de Osho que não queriam admitir a dolorosa verdade.

Rajneesh , uma vez brincou referindo-se a si mesmo como “ O Buda da mangueira de borracha”, porque ele estava sempre inalando óxido nitroso através de uma mangueira de borracha. Rajneesh parecia não perceber que tornar-se um viciado depreciava não apenas ele mesmo como instrutor mas, por extensão, desacreditava a própria concepção de alguém tornar-se um Buda. Se até mesmo um Buda iluminado precisa de drogas para ficar “alto”, então que valor tem em se tornar um “iluminado” afinal?
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    “As pessoas me chamam de “ iluminado”- eu detesto este termo- eles não conseguem encontrar nenhuma outra palavra para descrever o jeito que eu estou funcionando. Ao mesmo tempo eu afirmo que não há tal coisa como “iluminação” de forma alguma. Eu digo isso porque em toda minha vida eu procurei e quis ser um homem iluminado e eu descobri que não há tal coisa como iluminação, assim a pergunta se uma pessoa em particular é um iluminado ou não, não existe. Eu não dou a mínima para o Buda do sexto século A.C., deixe sozinhos todos os que afirmam que nós temos isso em nós. Eles são um bando de exploradores, se aproveitando da credibilidade do povo. Não há poder fora do homem. O homem criou Deus por causa do medo. Assim o problema é o medo, não Deus.” U.G. Krishnamurti.
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Sobre sua morte repentina em 1990, houve muita especulação da mídia, de que Rajneesh tinha cometido suicídio por overdose de drogas. Como nenhum discípulo confessou ter dado a injeção letal em Rajneesh, não há nenhuma evidência que apoie a teoria de suicídio. Todavia, uma causa circunstancial  convincente para este cenário de suicídio, teria sido provocado pelas constantes doenças e disritimia cardíaca de Rajneesh devido a perda de Vivek, seu grande amor. 

A BELA VIVEK

Vivek havia tomado uma overdose fatal de comprimidos pra dormir no hotel em Bombaim, um mês antes do passamento de Rajneesh. Estranhamente, Vivek decidiu cometer suicídio um pouco antes da celebração do aniversário de Rajneesh. Muitas vezes, Rajneesh havia ameaçado cometer suicídio na comuna em Oregon, pendurando sua morte sobre as cabeças de seus discípulos ameaçando-os caso eles obedecessem suas ordens. No último dia antes de sua morte,  foi registrado que Rajneesh teria dito: “ Deixe me ir. Meu corpo se tornou um inferno pra mim”.

O boato de que Rajeesh teria sido envenenado por Tálium pelas operações dos Estados Unidos da América é totalmente ficcional e desmentido por um fato inegável. Um dos óbvios sintomas de envenenamento por Tálium é a queda dramática dos cabelos após sete dias de exposição. Rajneesh morreu com uma barba cheia e nenhuma calvície excepcional além do padrão masculino de calvície no topo de sua cabeça. O envenenamento por radiação, outro motivo ficcional para sua doença, também faz o cabelo cair dramaticamente.

    Os sintomas que podem ter levado os medicos de Rajneesh a suspeitarem  de envenenamento são sintomas comuns da desautonomia causada pela Síndrome da Fadiga Crônica. Estes sintomas podem incluir entorpecimento, episódios de taquicardia ( alta aceleração da frequência cardíaca ),  parestesia ( sensações de picadas e comichões), náuseas e síndrome do intestino irritado, que causa alternância entre  constipação e diarréia. Todos seus sintomas mórbidos,  físicos e mentais, foram severamente agravados por seu auto-induzido envenenamento por óxido nitroso e o intenso uso de Válium.

A única prova do envenenamento ilegal relatado por Rajneesh foi sustentada pelos próprios sanyasins de Rajneesh. Um sanyasin é um discípulo iniciado, alguém que recebe o sannyas. No ano de 1984 havia 751 vítimas de envenenamento, incluindo mulheres e criançinhas, nos dez restaurantes em The Dalles, Oregon. Os sanyasins de Rajneesh tentaram tomar o poder da Comissão do Condado de Wasco fazendo muitas pessoas doentes no dia das eleições, de forma que eles pudessem eleger seus próprios candidatos sanyasins.

Os discípulos de Rajneesh envenenaram os clientes do restaurante, contaminando  as verduras  e o creme de café com a bactéria salmonela. Quarenta e cinco das vítimas ficaram tão doentes que eles tiveram que ser hospitalizados, tornando o caso o maior ataque  de guerra biológica na história dos Estados Unidos.  Mais tarde, Sanyasins foram suspeitos de tentar matar um executivo do Condado de Wasco por contaminarem sua água com um veneno desconhecido. Um advogado  do Condado Distrital de Jefferson, Michael Sullivan, também ficou doente após se distrair com sua xícara de café  quando os sanyasins do Rajneesh encheram o tribunal. Rajneesh nunca pediu desculpas a nenhuma das pessoas que foram envenenadas por seus discípulos de confiança.

Membros da equipe de Rajneesh foram envenenados por Ma Anand Sheela, a secretária pessoal de  Rajneesh. Sheela tinha o hábito de envenenar as pessoas que, ou sabiam demais, ou simplesmente caíam em seu desgosto. Sheela passou dois anos e meio numa prisão de segurança média por seus crimes, enquanto Rajneesh  assumiu culpa por imigração fraudulenta e foi dado uma sentença de dez anos de expulsão, multa de $ 400,000 e deportação dos Estados Unidos da América. Como parte do acordo firmado, mais acusações envolvendo atividades criminais  foram feitas.

Foto prisional de Rajneesh e Sheela, e Rajneesh sendo escoltado para a prisão

   

Rajneesh achava que ensinamentos éticos eram desnecessários porque a meditação o levaria automaticamente a um bom comportamento. As ações de Rajneesh e seus discípulos provaram que esta teoria é completamente falsa. Rajneesh ensinava que você deveria fazer tudo que lhe agradasse porque a vida é tanto um sonho, quanto uma brincadeira. Esta atitude leva à  clássica crença  fascista de que alguém pode tornar-se tão grande e poderoso que estaria além da necessidade de  seguir valores antigos e comportamento ético.

Aqueles que não estão familiarizados com a história de Rajneesh pode ler o livro , Bhagwan: The God That Failed ( Bhagwan, o Deus que Fracassou), publicado pela Saint Martin’s Press e escrito por Hugh Milne ( Shivamurti) um díscipulo íntimo de Rajneesh durante seus anos em Poona e Oregon. Com excessão de Ma Yoga Laxmi,  a primeira secretária de Rajneesh, e Vivek, a principal namorada de Rajneesh, Shivamurti provavelmente passou mais tempo fisicamente próximo a Rajneesh do que qualquer outro na vida adulta de Rajneesh. O livro do sr. Milne é amplamente corroborado pelo livro de Satya Bharti Franklin, Promisse of Paradise: A womans Intimate Life with “ Bhagwan” Osho Rajneesh, ( Promessa do Paraíso: a vida íntima de uma mulher com “Bhagwan” Osho Rajneesh) publicado pela Barryton/ Station Hill Press. Ambos os livros não estão mais sendo impressos, mas cópias de segunda mão podem ser obtidos através da Amazon.com. Houve muitos outros livros “reveladores” publicados sobre a mesma matéria, mas eu não os li e eu não conheço os autores, por isso não os mencionei aqui.

     Em relação a Bhagwan: The God That Failed, eu posso certificar muitos dos fatos que o Sr. Milne afirma sobre a vida de Rajneesh em Bombaim e Poona, embora eu não tenha conhecimento direto dos trágicos eventos na comuna do Oregon. Meus contatos com pessoas que estavam lá, me fizeram acreditar que a maioria dos fatos que o Sr. Milne apresenta sobre o Oregon são altamente corretos. Hugh Milne é merecedor de crédito pelo livro agradável e bem escrito, o que é um esforço sincero e completamente honesto. Em algumas ocasiões, porém, minha interpretação do que os fatos apresentados realmente significam, difere da interpretação do Sr. Milne.

Rajneesh não sofria de “hipocondria” como Sr. Milne sugeriu. Rajneesh tinha uma doença do sistema imunológico e neurológico muito real que ele acreditava ser infecções virais frequentes. Ele se tornou excepcionalmente averso aos germes devido a sua incompreensível ignorância. Eu concordo plenamente com o Sr. Milne de que Rajneesh sofria de “megalomania”, e eu ainda acrescento que a pequena estatura de Rajneesh tinha uma personalidade Napoleônica , obsessiva, compulsiva e exageradamente narcisista. Uma vez, Rajneesh chegou mesmo a afirmar publicamente que ele queria se tornar um “benevolente ditador” da India. Todos os ditatores acreditam que eles são benevolentes, mas a história prova o contrário. Apesar de suas afirmações de ter um autoconhecimento completo, Rajneesh não entendia que a expansão dos estados cósmicos de consciência, não aumenta a inteligência e a sabedoria. Sua ilusão de infabilidade tornou-o negligentemente super-confiante em suas atitudes e de fazer julgamentos corretos.

O sr. Milne sugeriu que Rajneesh usava “hipnose” para manipular seus discípulos. Rajneesh tinha um voz naturalmente melódica e hipnótica que seria de grande valor para qualquer orador. Na minha opinião, contudo, o poder de Rajneesh provinha da grande energia do campo da consciência cósmica universal que ele canalizava como lentes. Os hindus chamam este fenônemo energético de Átman. Como ocidental, eu prefiro chamar por termos mais científicos e descrevo o átman como uma manifestação altamente evoluída da  TES (Tempo-Energia-Espaço) [see The TES Hypothesis]  

O livro de Hugh Milnes registra um dia em que Rajneesh admitiu, enquanto estava sob influência do óxido nitroso, que “ não há tal coisa como iluminação”. Eu não posso confirmar este evento através de outros contatos, mas eu assumo que Rajneesh estava apenas afirmando o que U.G. Krishnamurti disse toda a vida. Que o livro de ficção que nós aceitamos como a perfeita iluminação, cheia de sabedoria infalível, constitui uma grande mentira. Um poderoso e expansivo estado de consciência cósmica não existe nos humanos que a alcançam, mas a forma como esta condição é descrita pela religião estabelecida é uma ficção egocêntrica, inventada pelos líderes espirituais para controlar as massas em prol de ganhos pessoais.

Original em Inglês: