(PARTE 2)
“A VERDADE É UMA TERRA SEM CAMINHOS”
Krishnamurti, no discurso de rompimento com a Estrela do Oriente, deu o tom de rebeldia que iria se tornar sua marca pelo resto da vida: “Eu afirmo que a verdade é uma terra sem caminhos”. Ao proferir sentença tão original, K. rompe não só com seus antigos seguidores, mas também com toda uma tradição milenar que afirmava haver um caminho, ou vários caminhos para a Verdade. Dizer que não há caminhos para a Verdade soa, à primeira, vista chocante e enigmático. O que ele realmente queria dizer com isso? Será mesmo que ele afirmou que não há uma estrada, uma via de acesso para o Desconhecido? Sim. É isso mesmo. E ele continuou fiel à essa premissa durante toda sua longa vida.
Ao afirmar que não há caminhos para a Verdade, K deu um golpe certeiro em todas as religiões e gurus que afirmavam o contrário. Todos eles afirmam ter, ser ou conhecer o caminho para a Verdade ou Deus, sendo este um dos principais instrumentos de exploração e dominação. De uma só vez, K. libertou o homem do esforço cruel e penoso que muitos enveredam na busca pela libertação. Derrubou também o fundamento da maioria das organizações religiosas, esotéricas e espiritualistas. Estas alegam ser as únicas autorizadas a ensinar o verdadeiro caminho para os céus. Mas, os cristãos poderiam perguntar: Jesus não afirmara ser ele o Caminho, a Verdade e a Vida? Fugindo ao escopo deste artigo, mas sem querer deixar os leitores mais confusos – principalmente os principiantes – afirmo: essa sentença é verdadeira, mas ao longo dos séculos vem sendo maquiavelicamente manipulada pelas miríades de religiões e seitas cristãs. Quando Cristo diz que é o Caminho, não refere-se à sua personalidade histórica de Jesus, mas à Consciência Crística Universal, à Verdade Universal e Atemporal, Bhraman - que habita em todos nós. Basta lembrar de Lucas 17:21 “ O Reino de Deus está dentro de Vós”. Então, esta Verdade, ou Reino de Deus é o mesmo que Krishnamurti chamou de Desconhecido , Atemporal, Impensável– são apenas nomes diferentes e nada mais.
( PARTE 3)
“O PRIMEIRO PASSO É O ÚLTIMO PASSO”
Como pode o primeiro passo ser o último passo? Simplesmente não vemos sentido nessa sentença. Nossa mente não está acostumada a movimentos que não sejam lineares, progressivos e temporais. Mas, as premissas estão interrelacionadas pois se não há caminhos para a Verdade, então não há como caminharmos até ela. O primeiro passo é compreender isso. Não há como nos dirigirmos até a Deus pois, na verdade, Ele não se encontra distante, como um alvo fixo a ser alcançado no tempo e no espaço. São nossos pensamentos e nossa ilusão de separação que nos mantém distante da Verdade ou de Deus. Mas essa separação simplesmente não existe. Ela é uma ilusão. E se é uma ilusão, o primeiro passo é compreender isso. Se não existe buscador separado do objeto buscado então, você não caminha em direção nenhuma. Você nem procura mais pois percebe que a Verdade sempre esteve aqui agora, em você e em tudo aquilo “que é”.
( PARTE 4)
“NÃO EXISTE O ‘COMO’, NEM MÉTODO, NEM SISTEMA”
Algumas pessoas nunca entenderam muito bem por que as perguntas sobre o "Como" nunca eram respondidas. “Como devo me libertar? Como devo parar meus pensamentos? Como devo vencer meus medos ? Como faço para melhorar? " etc Ele sempre respondia insistentemente “ não há ‘como’, não há nada a fazer, apenas perceber passivamente o fato e dele ficar cônscio”. Confesso que cheguei a duvidar desta abordagem de K. e, durante muito tempo fiquei desconfiado, duvidando se realmente não existia o tal “como”. Mas, finalmente pude perceber que realmente não existe . K. costumava dizer que a exigência do método ou da prática só pode mantê-lo preso ao conhecido, impedindo a manifestação do Desconhecido. Ora, se não há caminhos, nem há buscador, como pode haver um "como'? Isso já era dito por outros mestres iluminados do passado, mas nunca com tanta ênfase como o fez Krishnamurti.
Uma visão geral sobre o Zen-budismo e Taoísmo em sua visão antiga, mais pura e original podem nos dar algumas pistas. Peguemos dois conceitos básicos destes dois movimentos espiritualistas: o Wu-wei (ação pela não ação) dos Taoístas e o Zazen (sentar-se sem fazer nada) dos Zen-budistas. Lá no fundo, o que são esses dois senão a não-prática e o não-método? Se não há nenhum lugar a se chegar e não há ninguém para ir, nem nada para se alcançar, então paramos e descansamos em nosso ser, sem fazer nada. No Cristianismo isso equivale ao "entregar-se à vontade do Pai" e deixar que ele aja em nossa vida. A diferença é que K. usa outras palavras e expressões mas que, em essência, é a mesma coisa. Se desistimos de fazer, praticar ou seguir métodos e sistemas então deixaremos de alimentar o EGO. Quem pratica algo, ou segue algo, tem algo em vista, todavia só há libertação quando morremos para todos os desejos de "ser, não-ser ou vir-a-ser ". Se não há nenhum lugar para se ir, ninguém para ir, nem nada para se alcançar, onde fica o ‘como’?
(PARTE 5)
“QUEM CRIA O PENSADOR É O PENSAMENTO, NÃO O CONTRÁRIO”
Krishnamurti repete esta sentença várias vezes e de diversas formas. Dizer que o “pensador é o pensamento” é mesmo que dizer que o “controlador é o controlado”, ou que o “observador é o observado”, ou que “a experiência é o experimentador”. Essa compreensão, raramente divulgada pelos gurus, lança novas luzes sobre o homem e o seu eterno conflito consigo mesmo. Este conflito marcou tanto a humanidade que, em determinadas épocas, chegou a influenciar até mesmo a Arte como, por exemplo o Barroco. Ou seja, o conflito era tão comum que passou a ser considerado natural. Ninguém questionava, como se fosse próprio da condição humana.
K. quebrou este paradigma e estabeleceu uma visão profundamente esclarecedora: por que haver conflito se o controlador é o controlado? Não há porque lutar para controlar os pensamentos pois “o pensador” é o próprio pensamento. Ao se dividir entre "pensador" separado do "pensamento", instala-se uma guerra interna. K. percebeu que é uma armadilha da mente, um processo errôneo e desgastante. Quando percebemos que "só há pensamentos" - então o conflito é extinto de uma só vez.
Mas a quem interessaria a manutenção de tal conflito? Parece-me que esta eterna batalha interior servia aos propósitos de pessoas e organizações opressoras ( até hoje serve). Ora, tudo que é dividido é fraco. Jesus dizia que um reino dividido contra si mesmo não se mantém de pé. Imagina o homem dividido contra si mesmo. Ao ser massacrado pela dor do conflito, este seria facilmente manipulado e explorado. Mas, K. alertou-nos: o sofrimento resultante do conflito não é condição necessária à percepção da Verdade. Pelo contrário, é um estorvo, um obstáculo. Uma mente em conflito é uma mente confusa, uma mente confusa não tem clareza para ver a Verdade. Sendo assim, o primeiro passo é libertar-se da confusão em que o homem se encontra.
O conflito, pois , é mais uma ilusão da Matrix, do Ego. Ora, se o controlador é o controlado, então é como se a pessoa lutasse com sua própria sombra. Ou, como se as duas mãos lutassem contra si mesmas. É uma divisão mentirosa, forjada ao longo dos séculos por pessoas ignorantes. Um processo perverso que mantém a ilusão de que o homem está progredindo quando, na verdade, está estagnado. Dizem os líderes espirituais conservadores : "você não está se esforçando. Seja forte! Lute mais, tente mais, não desista!" E quanto mais se luta, mais energia é desperdiçada e mais fraca a pessoa fica. Caminha-se em círculos, não chegando a lugar nenhum. Quer situação mais confortável para Maya (Ilusão), ou, como diria os cristãos, para Satã?
( PARTE 6)
“O CONHECIMENTO É UM ESTORVO”
Muita gente não compreende quando Krishnamurti afirma que o conhecimento é um obstáculo à compreensão da Verdade. Os religiosos tradicionalistas, tão apegados aos seus livros sagrados e às suas tradições, criticam veementemente esse posicionamento. O que não é de se estranhar, pois os livros e as tradições são as colunas em que sustentam suas organizações e seu poder. Que seria das várias seitas cristãs e das várias religiões sem a valorização e defesa radical dos seus livros sagrados? Não que eles devam ser desprezados. Não é isso. Mas não podemos confundir “a lua com o dedo que aponta para a lua”- como diz o Zen. Os livros são importantes na medida em que nos informam sobre a história, ciência, atualidades, conhecimentos gerais, registros etc. Mas NUNCA como sendo a VERDADE. Pois nunca devemos confundir os meios com o fim.
Claro que, para conhecer sobre Krishnamurti, Buda e Cristo precisamos dos livros - mas os livros não podem nos revelar a Verdade, pois ela se encontra dentro de nós. Buda costumava dizer : use o barco para atravessar o rio, depois abandone-o, é tolice carregá-lo ou a ele apegar-se. Assim é com o conhecimento. Ele te ajuda a compreender onde está a Verdade, mas só podemos encontrá-la após abandoná-lo, superar o nível das palavras e dos conceitos. Isso não quer dizer que a pessoa esquecerá tudo o que aprendeu, como se sofresse de amnésia. É simplesmente saberá que o conhecimento tem seu lugar na realização de tarefas específicas, mas nunca poderá ser usado como meio de compreensão ou percepção da Verdade- que é sempre nova e irreconhecível – pois, como dizia K. se fosse reconhecível, não seria a Verdade. O Real, Deus dever ser algo sempre novo ,vivo, nunca dantes experimentado. Por isso, o nível das palavras mortas, dos conceitos e das experiências tem que ser transcendido.
( PARTE 7)
“O TEMPO PSICOLÓGICO É UMA ILUSÃO”
Outro aspecto mal compreendido da abordagem de Krishnamurti é a afirmação de que o tempo psicológico é uma ilusão. Mas, o que K. entendia por tempo psicológico? É simplesmente o tempo que leva para transformar aquilo que você é naquilo que você deseja ser. Estamos tão acostumados a pensar em termos de mudanças que cremos piamente que este processo é algo natural e necessário. Ora, para transformar processos físicos e químicos realmente é necessário tempo. A questão é: o processo de mutação psicológica segue os mesmos padrões dos físicos? Obviamente que não. E é aí que Krishnamurti desponta, novamente, como um grande iconoclasta, derrubando paradigmas e crenças dominantes. Todas religiões, com raras exceções , insistem que devemos melhorar, devemos nos tornar mais amorosos, mais bondosos, mais isso , mais aquilo.
Krishnamurti percebeu que o processo do “mais” constitui, na verdade, um dos aspectos de fortalecimento do EGO. Tornar-se melhor, mais amoroso, mais caridoso, mais bondoso, ou menos violento, menos ciumento etc. apenas perpetua e vitaliza a entidade ilusória criada pelo pensamento. O EGO camufla-se sob a capa da bondade e respeitabilidade e, por consequência, não sente nenhuma necessidade de se libertar do seu próprio sono. Sendo assim, sob esta perspectiva, vemos que o processo do "mais" ou "menos" é, lá no fundo, uma atividade egoísta. O ego se perpetua e se fortalece na medida em que torna-se cada vez mais virtuoso e respeitável. Não quer dizer, com isso, que a pessoa tenha que se tornar má, cruel ou avarenta. K. advoga que existe um estado de virtude e bondade que está além do domínio venenoso do EGO e isso só poderá ser encontrado na extinção deste último.
Assim, todo desejo de ser, de tornar-se, de não ser ou vir-a-ser, ainda é o EGO. As mudanças feitas neste nível são superficiais. Todavia, sabemos que, em alguns casos, certas mudanças são necessárias para o bom convívio social. O indivíduo se ajusta aos padrões morais e sociais da sociedade tornando-se um cidadão melhor, mais produtivo e respeitável mas e depois? Isto é o que os psicólogos chamam de normose: a “normalidade doentia” . Temos que superar o nível da normose. A sociedade está neurótica, doente e fragmentada em seu eterno conflito. O esforço que se faz em direção ao "mais", apenas sustenta a Ilusão da Matrix, enquanto a neurose toma conta da sociedade.
Por último, quero dizer que a transformação para Krishnamurti EXISTE , mas não se realiza no tempo, nem através do desejo de mais ou menos. Apenas através da extinção do poder do EGO é que a verdadeira transformação pode acontecer, do contrário o centro continuará. E se o EGO continua no controle, então a mutação é superficial e ilusória. Não é uma verdadeira transformação mas apenas “continuidade modificada do que é”.
( PARTE 8)
“ O ÁTMAN É UMA INVENÇÃO DA MENTE”
Outra posição polêmica de Krishnamurti foi a negação da existência do Átman ou Alma- o que chocou os conservadores hindus e cristãos. Na tradição hindu, o ser humano é dividido em "Eu Superior", também chamado de Átman, Alma e "eu inferior", também chamado de ego ou falso eu. O problema é que, ao longo dos séculos, o homem foi cada vez mais se identificando com o Eu Superior. Assim, ao se considerar como sendo o EU SUPERIOR o homem esqueceu-se da necessidade de " matar" o poder do EGO. Ora, se já sou o "EU SOU", então por que devo me preocupar? Por que devo meditar? Por que devo procurar minha libertação? Todavia, basta uma simples reflexão para perceber o erro: quem diz a si mesmo " eu sou o Eu Superior" senão o próprio Ego? Se o Átman existe mesmo, só pode ser algo além do pensamento, então como posso saber com certeza quem ele é se antes não vencer, transcender o nível do "pensador" (ego)? Neste ponto, Krishnamurti usa de extrema sabedoria e sutileza. Ele não afirma categoricamente a existência do Átman ou Eu Superior, mas sempre disse que, ao libertar-se do desejo, do tempo e do pensamento (EGO), o Desconhecido, o Eterno e Atemporal poderia manifestar-se . Jesus falou a mesma coisa usando outra metáforas: se não morreres não entrarás no Reino dos Céus. Não estou afirmando que K. pregou a existência do Átman- de forma alguma. Pois isso seria apenas mais uma crença, fator de discórdias e opiniões. Mas, substitua a palavra Atemporal ou Desconhecido por Átman, que vai dar no mesmo. Simples questão de nomenclatura.
Tradicionalmente os gurus e as religiões afirmam que somos divinos, (Aham bramasmi – Eu sou Deus) e que não percebemos isso por causa de nossas ilusões e do ego. Krishnamurti diz a mesma coisa subvertendo apenas a ordem das coisas. Para ele, somos EGO ( pensamento, tempo, memória e desejo) no cessar deste é que o Eterno poderá se manifestar. A diferença é que K. não denomina esse “algo”. Ele não o chama de " Eu Superior". São apenas termos diferentes para um mesmo fenômeno. Em outras palavras, você pode dizer para a lagarta que ela não é uma larva, mas uma borboleta em potencial. Ou você pode dizer para a lagarta que ela é uma larva e somente quando a larva morrer é que nascerá a borboleta. O ego-lagarta nunca se encontrará com o Eu-borboleta, somente quando um morrer é que o outro nascerá. O problema é que, em geral, queremos encontrar Deus ou a Verdade e continuar sendo o EGO que somos. O Ego-limitado nunca poderá encontrar o Átman- ilimitado, somente com a cessação de um é que o outro se manifesta. Agora, o nome que se dá a esse algo divino – centelha divina, alma, Deus, Verdade, Desconhecido, Atemporal , Eterno- não tem muita importância.
( PARTE 9)
“A LIBERDADE ESTÁ NO COMEÇO, NÃO NO FIM”
Tradicionalmente, considera-se a libertação, ou Moksha o coroamento de um longo e penoso processo. O resultado de uma empreitada difícil e espinhosa em que o buscador, após anos e anos de esforços, disciplina e luta. pode finalmente gozar da libertação ou Nirvana . Na perspectiva de Krishnamurti, a libertação está no começo, pela compreensão do que é falso e do que é verdadeiro. Assim, seria perda de tempo, energia e um grande erro protelar a libertação para o futuro. A libertação não é o resultado final de todo um longo processo. Para que alguns iniciantes não achem que K. estava louco, essa afirmação está em completo acordo com a posição de muitos patriarcas do Zen–budismo. Para eles nós já somos budas, o que nos falta é a percepção desse fato . Ora, porque deixar para se libertar dos falsos conceitos no final se podemos nos libertar já, no aqui-agora?
Essa é, portanto, outra falácia criada pelas organizações religiosas e gurus espertos. Sustentar que a libertação só será alcançada no futuro após longos anos de dedicação e esforços, estabelece uma estrutura de poder que propicia o controle das massas, garantindo o estabelecimento, a manutenção e a continuidade do domínio das tradições religiosas. K. nos convida à libertação desde o começo, talvez, por isso, tanta gente se assuste com sua abordagem revolucionária – pois muitos temem a responsabilidade que a liberdade traz. Mas, nosso próprio raciocínio nos diz que realmente não faz sentido usar os meios errados para se atingir fins corretos. Meios errados levam a fins errados, meios corretos levam a fins corretos e, para K. o próprio meio é o fim. Ou seja, se começo meu caminho fundamentado em premissas erradas, não posso "chegar" ao lugar certo. Se percebo que toda minha estrutura de crenças acerca da Verdade está errada, consequentemente me liberto da mesma. Esta própria percepção me liberta dos erros e equívocos. A liberdade só pode surgir desde o começo, pois não posso começar a construir uma casa de maneira errada. Devo, desde o início. fazer o certo, só assim minha casa poderá ser corretamente erguida. Se sou livre no começo, o serei também no meio e no fim.
(PARTE 10)
CONCLUSÃO
Concluindo: a originalidade de Krishnamurti não se encontra na essência de seus ensinamentos – que é a mesma de todos os grandes avatares e iluminados- mas na forma original, singular e pessoal com que abordou pontos mal compreendidos pela humanidade. O Everest é tão vasto que você pode falar dele de várias maneiras, pode descrever vários de seus aspectos, mas será muito difícil descrevê-lo fielmente em toda sua vastidão e riqueza . Alguns podem tentar descrevê-lo numa visão de cima, outros lá de baixo, ou de lado, ou focalizar aspectos pouco conhecidos pelas pessoas . Mas será sempre o mesmo Everest. Da mesma forma acontece com o Dharma, a Verdade Universal. As diversas visões que existem sobre ela são aspectos, características ou facetas de uma mesma e única Verdade que, por ser tão vasta e ampla em seus múltiplos aspectos, possibilita diversas visões, versões e percepções.
Além disso, devido à complexidade e heterogeneidade da espécie humana com sua miríade de diferenças, de níveis, de desenvolvimento e de visão, Deus por sua natureza infinita e incognoscível, manifesta sua mensagem em diversas épocas, culturas e povos para alcançar o máximo de pessoas possíveis, ajudando-as a se libertar da ilusão do EGO e do sofrimento . Krishna disse no Bhagavad-Gita que ele se manifesta ao mundo sempre e onde quer que haja um declínio do Dharma- ou princípios religiosos universais. Afirma, ainda, que o próprio Deus "desce" para salvar os piedosos e aniquilar os canalhas bem como para restabelecer os princípios da verdadeira religião.
Nunca saberemos se Krishnamurti foi um pensador, místico, sábio, mestre da espiritualidade moderna ou um Avatar-como apontado no Gita. Todavia, sua abordagem é absurdamente original, inovadora e revolucionária. Ao abordar ensinamentos e tradições seculares, K. certamente revisa conceitos antigos, ajudando o homem moderno a compreendê-los, adaptando-os à necessidade e exigência de uma nova era e de um novo homem que surge com a pós-modernidade. Krishnamurti ajudou e continuará ajudando centenas e milhares de pessoas do mundo todo a se libertarem das falsas concepções, das ilusões, das supertições e dos ensinamentos obsoletos- exatamente como fez Jesus e Buda no passado. Ao fazer isso, ele realiza o principal objetivo de sua missão na terra revelado por ocasião da dissolução da Ordem da Estrela do Oriente : “tornar o homem absoluta e incondicionalmente LIVRE”.
Autor : ALSIBAR
Referências : As ilusões da mente – Krishnamurti – Edições de ouro
A luz que não se apaga – Krishnamurti- ICK -2004