quarta-feira, 18 de junho de 2014

DOZE INDÍCIOS DE LAVAGEM CEREBRAL- Twelve pointers of brainwashing




             Lavagem cerebral não é algo restrito apenas aos movimentos e organizações religiosas. Ela acontece com qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer tipo de organização seja ela espiritual, militar, política, educacional ou empresarial. Por isso, analise e teste os doze indícios citados abaixo, com sorte você poderá acordar a tempo de se livrar ou amenizar os danos causados por uma  sutil – porém danosa- lavagem cerebral .

1. OS OPOSITORES SÃO  O “MAL”

Nesse tipo de estratégia , qualquer pessoa que se oponha ao grupo- ou ao líder- é  considerado  sob o domínio do mal, da ilusão ou do “ego”. Já os adeptos da organização, e lídere(s) etc,  consideram-se “livres” disso tudo. Esta atitude dá a si mesmo uma sensação de liberdade e consequente felicidade. Ora, se os outros são escravos do tal “ego” é muito bom fazer parte de uma organização livre desse terrível “mal”. Essa ilusória sensação de felicidade e liberdade torna a pessoa emocionalmente vulnerável , deixando-a disposta a trabalhar para a organização/líder que o/a “salvou" ” como forma de agradecimento e reconhecimento.


2. RENDA-SE!

Essa é uma das frases preferidas dos líderes espirituais mal intencionados: “renda-se, não resista!” O motivo é óbvio: se você não se rende como pode ser manipulado? E se você , por algum motivo, demonstrar algum traço de resistência, eles tentam derrubá-la com o velho clichê: “é seu ego que tá resistindo! Abandone-o e renda-se!”. Ou seja, é um  descarado assalto espiritual/mental .

3. O ABANDONO DA MENTE REFLEXIVA

Outra estratégia sutil é confundir propositadamente a mente com o pensamento. Tradicionalmente os mestres verdadeiros pregam o silêncio da mente- que surge naturalmente- como pré-requisito ao despertar. Isso nada tem a ver com desprezar ou endemonizar a mente. Os líderes charlatães deturpam esse conceito para impedir o pensamento reflexivo, a dúvida e a desconfiança que porventura surjam na mente dos candidatos, neófitos e seguidores - o que pode leva-los a um verdadeiro despertar da condição de hipnotizados na qual se encontram.

4. VOCÊ NUNCA VAI ENTENDER UM MESTRE!

Outra estratégia comum nas organizações e movimentos religiosos- principalmente os de inspiração oriental. Essa frase é usada para justificar alguma atitude estranha ou suspeita por parte do tal “mestre”. Ou seja, se o mestre é infinitamente superior a você, quem é você para criticar, julgar ou analisar as atitudes dele? É assim que o líder se sente à vontade para cometer todo tipo de abusos incluindo pedofilia, estupros,  bacanais, orgias, roubos, enganações, explorações etc etc etc. Não preciso citar nomes, coloque o nome do seu guru favorito no google  e escreva do lado: escândalo ou crítica e não se surpreenda. Ahhh o seu é novo no pedaço? Tenha paciência, os problemas talvez ainda sejam muito recentes e não tiveram tempo ainda de virar um escândalo público.

5. “VOCÊ É LIVRE”… SÓ QUE NÃO!

Em geral os tais gurus fajutos pregam a liberdade- contanto que a pessoa obedeça as diretrizes do grupo e esteja sob o comando do líder. Ou seja, você é livre para fazer o que quiser, desde que continue na organização mantendo-a com seu trabalho, dedicação e dinheiro- caso tenha. Em suma não é liberdade, pois ela está condicionada a sua permanência no grupo. Inconscientemente a vítima é levada a acreditar que enquanto fizer parte da organização estará livre- se sair, cairá na escravidão da mente, das ilusões, do mal etc etc.

6. A VERDADE ÚNICA E ABSOLUTA!   
       
Os líderes carismáticos querem fazer crer que são detentores da verdade única e absoluta, por isso desprezam os ensinamentos de outros mestres. Através desta estratégia, eles se previnem contra ensinamentos que poderiam confundir, alertar ou influenciar alguém contra a organização. É bom lembrar que mesmo aqueles gurus que aparentemente são mais tolerantes e universalistas- no fundo concentram em si a exclusividade das interpretações e direcionamento espiritual e orientação espiritual. A tal tolerância é apenas de fachada, pra atrair mais adeptos e seguidores.

7. DESPREZO PELO CONHECIMENTO

Saber os limites e funções do conhecimento não é o mesmo que desprezá-lo. Os verdadeiros mestres sempre alertam para os limites do conhecimento. Os mestres fajutos enfatizam seu total desprezo. A razão é simples: a leitura abre a mente para novas percepções e visões. Isso seria um risco para o domínio mental exercido pelo tal “mestre” e sua organização . Estes desprezam as leituras para se certificarem que a vítima terá apenas eles e seus ensinamentos como principal e único referencial.

8. NÃO EXISTE “NINGUÉM” AÍ!

Ora, é preciso minar uma possível resistência desde o começo. Ao enfatizar a ausência de um “alguém” quebra-se parte da resistência da pessoa que já entra na organização sendo considerada um “objeto”, uma “coisa”. Dessa forma, há um enfraquecimento inconsciente da própria autoestima da "pessoa", que passa a não se ver mais como pessoa,  sim como um... "não-sei- o quê"  ambulante . Afinal de contas, coisas são facilmente manipuláveis- enquanto uma “pessoa” é mais difícil . Isso nada tem a ver com o que foi dito pelos grandes mestres- pelo contrário- é a deturpação deliberada de verdades eternas a serviço da manipulação mental. Dizer repetidamente " você é nada" não destrói o ego, pelo contrário o torna mais manipulável e controlável. Ao contrário, os grades mestres reconhecem-se insignificantes diante da magnitude e poderes supremos, o que lhes desenvolve humildade e compaixão. 

9. TESTEMUNHOS POSITIVOS

Essa é uma estratégia simples mas muito útil. Pede-se a alguém do grupo para fazer um breve testemunho sobre as vantagens e benefícios do movimento. Esse testemunho pode ser presencial- durante as reuniões- ou escrito em blogs e propagandas de divulgação dos eventos da organização. O processo é o mesmo do conhecido jogo da “pretinha”  em que a pessoa tem que descobrir onde está a bolinha ou a carta e no qual tem sempre alguém muito feliz ganhando muito dinheiro- previamente combinado- é claro. Inconscientemente a mente pensa assim  “Ora, se os outros encontraram a felicidade, quero encontrá-la também”. E aí começa a desejar a mesma felicidade que os outros dizem sentir e para alcançar isso estarão dispostos a muita coisa, até mesmo se auto-iludir, se auto-enganar.


10.  SÍNDROME DO POVO ESCOLHIDO

Essa estratégia é famosa, antiga e poderosa pois reforça na mente do sujeito a sensação de ser alguém privilegiado, especial e superior- o que causa uma prazerosa sensação de satisfação. Algumas vezes isso é dito de forma explícita, noutras de forma velada e sutil. Frases como “ temos a sorte de ter encontrado tal mestre…”. “ Temos a o privilégio de fazer parte de tal grupo”, “ Foi Deus/a Graça que nos escolheu para este trabalho”, “Somos o futuro da humanidade…” E assim por diante , reforçam a síndrome do povo “eleito”.

11. ÊNFASE NA FELICIDADE!

Essa estratégia é uma das mais poderosas e perigosas.  Ela apela para um sentimento universal: a busca pela felicidade.  Ora quem não quer ser feliz? Então o que fazem os líderes e suas organizações? Usam e abusam desta palavra em seus sites, fotos, blogs, discursos, propagandas, folders e campanhas em geral. Não somente isso,  o líder , seus seguidores e visitantes apresentam-se sempre sorridentes e felizes. A ideia é passar a imagem de que a felicidade está ali . O pior de tudo é que quando a pessoa entra no grupo, passa a se sentir “out” caso não sinta a mesma coisa. Então sua mente usa um mecanismo de defesa/compensação para não sentir-se mal: passa a produzir uma felicidade mental fajuta e superficial que durará um bom tempo até que- por alguma graça, acidente ou sorte- a pessoa de repente acorde para o fato de estar ela mesma criando um falso sentimento de bem-aventurança.

12. TUDO É UMA BRINCADEIRA!

Quando os líderes e colaboradores são confrontados  e não tem para onde correr, se saem com essa pérola: “tudo é uma brincadeira! Nada é real! Não estamos aqui. Tudo é uma ilusão!” É o último recurso de quem não tem mais argumentos: desqualificar a realidade óbvia! Ora, se tudo é uma grande “brincadeira” e nada está acontecendo então não tem porque sair da organização, ou desmascarar o charlatão! Vamos comer uma pizza, beber um refrigerante e rir juntos! Esqueça toda essa história de exploração, gurus, organização etc etc. Vamos festejar e celebrar… Uma forma simples de desarmar qualquer sujeito mais esperto, desconfiado e resistente.
 
                 Faça você mesmo o teste: se a tal organização, movimento ou grupo que você faz parte tiver pelo menos cinco das dez características apontadas, cuidado: você pode estar sendo vítima de uma lavagem cerebral. É claro que, dependendo do nível de domínio mental a que você foi submetido, você não vai perceber nada e, talvez, até condene e critique este artigo. Possivelmente o líder irá rir e fazer chacota, juntamente com você e alguns dos seus companheiros. Todavia, se um dia você “acordar”, “despertar” para a realidade dos fatos, não vai poder dizer que ninguém o avisou.

Namastê!

Alsibar