domingo, 20 de abril de 2014

A PRÁTICA DA MEDITAÇÃO NÃO LEVA À ILUMINAÇÃO- The meditation Practice doesn´t take to enlightenment




 Até que ponto a prática da meditação pode ser útil? A prática da meditação leva à iluminação? Existe meditação sem prática? Em que consiste a meditação sem meditador? Quer saber mais sobre isso? Então  leia o artigo, reflita com serenidade e  conclua você mesmo.

Durante muito tempo, defendi a prática da meditação como o caminho mais seguro para a Iluminação. Depois de uma vida meditando, finalmente compreendi que não é bem assim. Meditar não tem relação direta com a iluminação. A meditação- assim como os gurus- são  fundamentais em algumas  etapas do caminho espiritual.  Mas chega um momento que tanto os gurus, quanto as técnicas de meditação, devem ser abandonados sob o risco de se tornarem verdadeiros estorvos.


Libertar-se da meditação enquanto caminho para o Despertar é tão importante quanto libertar-se dos gurus. É necessário compreender que a prática de um método- seja este qual for: Zen, MT, Vipassana, Mindfullness etc- acontece no campo da dualidade: praticante versus prática, buscador versus objetivo- o que cria o tempo psicológico. Compreender isso  é fundamental. Acostumado às sensações que a prática meditativa proporciona, o aspirante pode sentir-se perdido e inseguro diante da ideia de abandoná-la. A meditação, dentro de certas limitações, pode ser saudável e benéfica. Todavia, aqueles que desejam encontrar a Verdade atemporal devem libertar-se do movimento do tempo. E como a prática da meditação é uma ação que ocorre dentro do processo temporal, faz-se mister libertar-se dela desde o início.

O grau de importância da prática meditativa vai depender  do estágio da viagem em que pessoa se encontra. Para quem está começando no caminho da espiritualidade e do autoconhecimento-esta prática é extremamente útil. Ela também ajuda na melhoria da saúde física e mental, diminuindo o stress, a ansiedade e a agitação dos pensamentos. Mas o buscador da luz ficará satisfeito apenas com a melhoria da saúde? Ou será que existe um estágio mais avançado? Será possível arrancar de vez as raízes da  ilusão, do conflito e  tornar-se verdadeiramente livre?

Para quem pratica meditação há muito tempo é difícil conceber uma vida sem ela. Eu mesmo não concebia. Considerava essa ideia uma espécie de blasfêmia. Eu não compreendia quando alguns mestres criticavam a prática da meditação. Hoje entendo que a meditação tem uma função específica- mas não aquela que eu imaginava. Muitas pessoas acham que a libertação depende da prática do estado de atenção/presença e que quanto mais se mantiverem nesse estado mais próximos estarão da iluminação. Mas, a meu ver, isso é um equívoco.

O motivo é muito simples : a prática deliberada da meditação é ação do pensador, do desejo- que é o ego. É possível usar o ego pra libertar-se do próprio ego? Obviamente que não. Ele –o ego- continua ali meditando no cantinho da mente. Como disse um amigo meu: torna-se um “ego zen”. Mas ainda assim, ego- camuflado sob o manto do "meditador". A meditação praticada deliberadamente com a finalidade de despertar proporciona uma falsa sensação de iluminação. Apesar dos inegáveis benefícios à saúde de quem a pratica-não deve ser considerada o caminho para a libertação final. Pelo contrário, a libertação só surge quando meditador e meditação deixam de existir . Quando cessa a divisão: ator e ação, pensador e pensamento, observador e coisa observada.

Sei que esse artigo parece contrariar muita coisa que defendi ao longo desses anos. Mas estou falando da prática da meditação com vistas à iluminação. Isso não deve ser motivo de estranheza . Buda disse: "depois de usar o barco , abandone-o". No meu caso, a prática da meditação foi importante durante boa parte da minha vida. Com ela consegui alcançar percepções fabulosas- algumas fundamentais para amenizar  crises, solucionar problemas e harmonizar minha vida. Mas já fazia algum tempo que eu me sentia estagnado- apesar de meditar muito. Com o tempo, a pessoa percebe que se não abandonar qualquer tipo de prática- não conseguirá ir muito longe. Foi então que percebi a necessidade de reavaliar meus conceitos- do contrário iria  passar uma vida  repetindo o mesmo padrão que vinha ocorrendo  desde a  adolescência. A "coisa" ia , ia e quando eu pensava que iria chegar "la´" voltava ao ponto de chegada. Percebi que não tenho mais tempo para isso. Foi então que me veio o insight.

A jornada espiritual é cheia de fases-exatamente como um jogo de vídeo-game. Ao se vencer os obstáculos e desafios de um nível, deve-se ir para o próximo, mais avançado e difícil. Na jornada espiritual também é assim . Quando eu era mais jovem, eu defendia a religião organizada, mas chegou o momento de deixá-la. Depois vieram os gurus , passei um tempo defendendo-os mas- em seguida- tive que abandoná-los. Na fase seguinte, me vi preso aos  métodos de meditação- que logo, logo se revelaram muito limitados- então os abandonei. Finalmente me voltei para a "meditação-sem-método"- mas continuava praticando-a sutilmente.  Hoje percebo a meditação é um estado de consciência diferenciado que emerge quando cessa toda ideia de superar, praticar, observar, buscar etc. Sem a superação da dualidade sujeito versus objeto torna-se impossível “passar” para a próxima fase . 

E qual seria  a próxima fase? É um mistério. A mente não pode penetrá-la, descrevê-la ou interpretá-la pois ela ocorre num estado de total ausência do eu . Ao contrário da "meditação-sem-método", neste estágio não há direcionamento, nem intenção de nada. Ela ocorre por si mesma. Era isso que Krishnamurti entendia por meditação: um movimento, uma energia, uma presença que não se pode controlar, nem direcionar, nem produzir. Infelizmente esta palavra foi deturpada pelo uso incorreto, por isso, muitos preferem não usá-la. Hoje em dia  ela confunde mais do que esclarece .  

Rubens Fieldman Gonzalez
Segundo o psiquiatra Rubens Fieldman Gonzalez- amigo de Krishnamurti- o próprio K.  teria afirmado que não mais usaria a palavra "meditação" em suas palestras .  A questão é que a meditação citada por K. não  tem nada a ver com o que as pessoas conhecem e pensam . Para ele, ela era uma coisa viva, dinâmica e mutável – por isso ela sempre se lhe apresentava de uma forma diferente. Penso que esta palavra é inapropriada para descrever este movimento,  sem tempo, sem intenção, sem direção, ou divisão. Ao contrário da meditação deliberada, “isso”   surge por si mesmo, não depende da vontade, nem da intenção do meditador. É descontínuo e  qualquer esforço para produzi-lo, mantê-lo ou perpetuá-lo é inútil. 

Pra concluir, quero dizer que a viagem da alma é infinita. E todos haverão de passar por diversas fases. A ênfase na prática da meditação é importante principalmente para os que estão no começo do autoconhecimento ou querem encontrar mais equilíbrio e saúde mental. Mas é importante ter em mente que ela não vai além do conhecido.  O mais importante é mergulhar naquele estado de silêncio e completa quietude- onde não exista nem mesmo a preocupação ou o pensamento em querer meditar. É nesses pequenos instantes de completa unidade e atemporalidade- onde não existe nem meditador, nem meditação- que a verdadeira meditação começa.

Até a próxima  !

Namastê!
Alsibar
http://alsibar.blogspot.com

sexta-feira, 18 de abril de 2014

VISITE NOSSO NOVO BLOG: TERRA SEM CAMINHOS!




UM NOVO DIA, UMA NOVA FASE, UM NOVO BLOG!
 
Bom dia a todos os amigos, visitantes e colaboradores ! Estou criando esse novo blog chamado " Terra Sem Caminhos" para marcar o começo de uma nova fase da minha vida. Nesse blog postarei apenas os meus insights - curtos e leves . Esse modelo permite uma maior capacidade de interação, é mais "clean" e representa bem o momento pelo qual estou passando. O título é uma homenagem a Krishnamurti . A vida está sempre se renovando e estou seguindo seu exemplo. Espero que gostem e que possamos aprender e crescer juntos ! Gostaria de opiniões e comentários. O antigo blog- Alsibar- continuará sediando postagens mais complexas , densas e longas - tanto minhas quanto de outros autores . Observem que houve algumas mudanças no antigo também. A palavra meditação saiu do cabeçalho. Logo, logo vocês saberão o porquê . Esse é um trabalho sem fins lucrativos, não há propósito nele- apenas de ser um farol aos viajantes do mar confuso da vida. 
Eis o link para a primeira postagem. Espero que gostem, participem e visitem-nos : 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A PRESENÇA FÍSICA DE UM MESTRE NÃO É IMPRESCINDÍVEL!




A presença física de um mestre não é fundamental à libertação. Mas seus ensinamentos e palavras sim. Estar na presença de um mestre não o tornará iluminado . Impossível. O mestre apenas aponta, direciona, orienta acerca do caminho que você mesmo terá que trilhar. E isso pode chegar até você através de registros diversos tais como papiros, livros, vídeos, gravações, sites, email etc. As palavras de Jesus continuam vivas e atuais, mesmo após milênios de sua passagem pela Terra. Assim também são as palavras inspiradoras de Buda. Krishnamurti é talvez o mestre cujos ensinamentos foram mais cuidadosamente preservados e amplamente registrados através de diversos instrumentos modernos- uma garantia contra as distorções do tempo e das interpretações. Mesmo assim, tudo o que esses mestres mostram não é a Verdade, mas o caminho para que todo mundo seja capaz de vê-la por si mesmo. Quem defende “satsang”- encontro presencial com o guru - como algo imprescindível à libertação está mentindo.( Alsibar)