sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

GURDJIEFF ,OSHO, RAMANA, KRISHNAMURTI E A VERDADE


http://alsibar.blogspot.com 


          Esse artigo não é pra iniciantes. Dificilmente eles me compreenderão. Vou falar sobre o que Krishnamurti chamou de “terra sem caminhos” . Foi assim que ele denominou a Verdade. Você é meu convidado a fazer essa viagem que nos levará a um mar desconhecido. Muitos buscadores da minha geração provavelmente estão familiarizados com os quatro mestres citados no título deste artigo. Meu objetivo não é descaracterizar, nem desmerecer nenhum. Mas manifestar minhas sinceras impressões com vistas a ajudar o buscador em sua difícil viagem espiritual. Se você tem absoluta certeza de que já encontrou a Verdade, então pare de ler aqui. Este artigo é para aqueles que estão atribulados em seu espírito. Afinal como saber que caminho trilhar? Quem estará certo? Que  mestre seguir? O que fazer nos momentos de angústia e incertezas? Quem poderá nos dá segurança? Até que ponto devo prosseguir no meu caminho, mesmo sabendo que é errado para finalmente mudar de rumo?

          Se estas dúvidas assolam seu coração, então você está no lugar certo. E por providência divina você se deparou com esta mensagem que – creio- poderá lhe ajudar muito. Leia com atenção, mas não aceite nada do que vou dizer. Reflita em seu coração e peça a Deus que lhe ajude a entender. Se houver alguma verdade e se esta lhe for de alguma forma útil, seja grato a Deus no silêncio do seu coração. Caso contrário, obrigado por sua atenção. Continue seu caminho. Talvez não esteja na hora de você despertar para certas verdades. Ou talvez, eu esteja errado e você certo. A verdade não tem caminhos, nem donos.

          Gurdjieff foi um grande mestre- não há dúvidas sobre isso. Todavia, se perdeu ao longo do caminho. Ele apresentou ao mundo uma verdade fragmentada que não levava a lugar nenhum. Seu último livro da série “Sobre tudo e todas as coisas” é o relato de um homem confuso, arrependido e angustiado. Um desabafo de um moribundo próximo à morte.  Gurdjieff se perdeu . Não somente ele mas todos os seus seguidores- desde Ouspensky, passando por J. G Bennet, até Rodney Collin. Este último enlouqueceu e cometeu suicídio. De acordo com relatos, estava obcecado pela ideia da “morte consciente como caminho direto para o Despertar” o que o levou a pular  do alto de uma torre de uma igreja no Peru. Já seu mestre, o Ouspensky, após ter se separado de G., viu-se perdido e sem rumo. Acabou se envolvendo em experiências psicodélicas, principalmente a mescalina. Em relação ao seu próprio desenvolvimento  espiritual, ele foi um grande fracasso. Descobriu tarde demais que o sistema de G. ( Gurdjieff) era um beco sem saída. Suas últimas palavras foram:

- Abandono o sistema. Comecem novamente por si mesmos!

          Osho fora talvez, o guru mais famoso do século xx. O mais rico e mais insano também. Provavelmente, quando começou seu trabalho, sua intenções eram sinceras e verdadeiras. Não foi à toa que ele tinha tantos seguidores e admiradores- inclusive eu. Todavia, ao longo dos anos, o guru e seu movimento foi se afundando. Até o fracasso final que culminou com os fatos em Óregon e finalmente com a morte misteriosa de Osho e da sua namorada Vivek – esta última de overdose. Osho morrera um mês depois de “não-se-sabe-o-quê”. Sua morte é uma polêmica. Assim como fora toda sua vida. Oficialmente os discípulos dizem que Osho morrera em decorrência de envenenamento por Tálium causado pelo governo dos Estados Unidos  durante o tempo em que ficou preso . Extra oficialmente, alguns dissidentes e testemunhas oculares falam em suicídio por overdose. Osho era viciado em Válium ( Diazepan) e Óxido Nitroso. Vários elementos, indícios e testemunhos levam a crer que esta última versão é a mais verdadeira.

          Não se trata aqui  de macular a imagem de alguém que já morreu. Mas de analisar sua Verdade e seu caminho que , ainda hoje, influencia milhares de pessoas no mundo todo. Afinal, o caminho de Osho o levou a quê, à loucura, à tragédia? E que caminho é esse que culmina com a insanidade? Por certo, não é um bom caminho. Os discípulos quiseram distorcer os fatos, apresentando-o como uma espécie de vítima dos cristãos fundamentalistas americanos. Uma tentativa de martirizá-lo, tornando-o uma espécie de Jesus ou Sócrates. Mas o caso desses últimos é totalmente diferente. Tanto Sócrates quanto Jesus têm a seu favor não somente sua história, mas também seus ensinamentos. Qualquer pessoa pode verificar por si mesmo a eficácia daquilo que eles pregaram constatando, assim, sua veracidade.

          Isso não acontece com os ensinamentos do Osho. Qualquer um que tentar seguir seus ensinamentos, ou vira um seguidor fanático, ou simplesmente fica rodando em círculos. É um caminho que não leva a lugar nenhum- não no sentido Zen da expressão - o que seria algo positivo. Mas por que é incipiente e confuso . Osho descobriu uma forma ímpar de ensinar: bela, mas ineficaz. Seu sistema ou visão não funciona. Traz um bálsamo que só dura enquanto dura a leitura. É uma espécie de droga linguística. Dá uma sensação gostosa de paz e conforto. Mas quando defrontado com os reais problemas e desafios da vida, em nada ajudam. Nesses momentos  só nos restam duas alternativas: ou se enfrenta o fato- e isso inclui perceber que o mundo de beleza e celebração idealizado por Osho não existe- ou então fugimos novamente para seu mundo imaginário, gozando daquela paz superficialmente fabricada. Muitos procuram seus discípulos diretos - que agora posam de guru- na tentativa de perpetuar e fortalecer essa suposta “paz espiritual”.

          Ramana foi um autêntico mestre advaita ( tradição não-dualista), assim como Nisargadatta Maharaj. O problema não está nem em Ramana, nem em Nisargadatta, mas naqueles que se dizem seus seguidores e que hoje se autoproclamam gurus. A fonte é pura e verdadeira, mas em geral está poluída pelos gurus que a manipulam. Há centenas de movimentos  e “gurus” que se dizem inspirados nesses mestres. Todavia, é apenas jogada de marketing. Usam suas fotos e citações para atrair suas vítimas em potencial. Mas no fundo, seus caminhos são diametralmente opostos ao seguidos pelas suas supostas fontes. Em geral são pessoas que sofrem algum distúrbio comportamental tais como psicopatia, megalomania ou esquizofrenia.  A aparente simplicidade desses ensinamentos,  junto ao apelo da visão advaita de que tudo já é perfeito, parece uma fórmula fácil  de manipulação e exploração dos incautos.

          O curioso é  que, apesar de tentarem ligar suas imagens às de Ramana ,  o estilo de vida de boa parte desses “gurus”  se aproxima mais do Osho . Em geral, utilizam a mesma técnica que o consagrou o guru dos Rolls Royces: palavras belas, poéticas, frases de efeito que causam sensações agradáveis na mente. Sensações que só duram enquanto ouvimos ou lemos seus discursos. Mas sem nenhum efeito prático  - a não ser o entorpecimento, o embotamento e o isolamento do mundo. Isso pode durar  dias, meses, anos… mas  chegará um dia que a pessoa terá que acordar. Infelizmente, em muitos casos, será  tarde demais. Restará apenas contabilizar os prejuízos espirituais, psíquicos, emocionais e financeiros das vítimas.

          Krishnamurti é um caso raro de autenticidade , heroísmo e sabedoria. Cedo libertou-se das garras de uma poderosa organização que tinha tudo para corrompê-lo e destruí-lo. Mas ele conseguiu se libertar e tornou-se um dos maiores mestres espirituais contemporâneos. Assim como Buda e Jesus, Krishnamurti foi um rebelde. Não foi um rebelde sem causa – mas por uma grande causa: a libertação do homem dos seus grilhões espirituais e psicológicos.

          Krishnamurti teve, certamente, alguns percalços ao longo de sua vida secular.  Desafios que,  tanto Osho quando Gurdjieff também enfrentaram: as tentações do dinheiro-ligado à soberba, ambição e poder. E as tentações do sexo-ligados à luxúria e ao prazer. Osho sucumbiu. Gurdjieff se arrependeu. Mas Krishnamurti superou. Apesar do famoso “escândalo” em que se envolveu com a esposa do seu secretário particular, ele continuou firme em seu caminho. Noventa anos de vida, um caso apenas que talvez o tenha envergonhado pelo resto da vida. Penso que seus milhares de admiradores viram aí uma “falha” natural do seu lado humano. E, ao contrário do que pensavam seus opositores,  aumentou a admiração de seus fãs no mundo todo.  Provavelmente,  muitos se alegraram de saber que Krishnamurti era humano igual a todos eles. Um homem que também teve conflitos, falhas e  imperfeições e que, apesar disso tudo, encontrou Deus ou a Verdade. Esse episódio tirou-o do pedestal de homem-deus,  tornando-o um ser semelhante a nós.

          O caminho trilhado por cada um desses mestres nos revela grandes lições que podem nos servir de inspiração e orientação em nossa própria jornada. O fato é que Gurdjieff tentou trilhar o caminho mas falhou. Osho pareceu já ter chegado-mas revelou-se um grande fracasso. Krishnamurti não chegou a lugar nenhum. Não por fracasso, mas porque ele descobriu que não havia  nenhum lugar para se ir, nem nenhum caminho pra se trilhar. Ramana chegou à mesma conclusão que Krishnamurti. A diferença básica entre estes dois é que o primeiro não era revolucionário, ele não negou a tradição na qual ele próprio estava inserido- pelo contrário reafirmou-a. Krishnamurti negou totalmente as tradições, apesar dele próprio se inserir na tradição dos grandes iconoclastas como Buda e Jesus.

          Ramana não teve mestres, assim como Buda e Krishnamurti. Ambos não precisaram seguir ninguém. Encontraram sua própria via de libertação sozinhos. E se você ainda está seguindo alguém- seja quem for - esqueça, abandone isso. Nunca chegarás a lugar nenhum assim. Escute os mestres autênticos, absorva suas orientações mas não adore ninguém, não bajule ninguém, nem entregue sua vida a ninguém. Encontre sua própria verdade que é única. Cuidado com os exploradores que cantam música para lhe distrair, enquanto  roubam sua carteira.

          Expus, em poucas palavras um pouco da minha própria experiência e visão. Todavia, sei que a minha não é única, nem pretende ser absoluta. As críticas são normais e esperadas. Mas sei também que tudo o que escrevi aqui, poderá ser de grande utilidade àqueles que realmente e sinceramente querem encontrar a Verdade e não apenas um conforto superficial, uma felicidade passageira , uma paz  ilusória . Se é este o seu caso, então preste atenção, não quero que aceite, mas reflita com carinho sobre a minha última mensagem:

“Não há caminho, nenhum lugar pra se ir, ninguém pra ser seguido, nem ninguém pra caminhar”

Se entendeu isso, então  meu esforço não terá sido em vão e minhas palavras não terão sido desperdiçadas.

Namastê!

Alsibar


Todas informações polêmicas aqui apresentadas podem ser checadas nos seguintes livros e links :

GURDJIEFF – George I.-  Life is real only then, when “ I am”-  All and Everything/ third series

SMITH, Joyce Collin- Não chame ninguém de mestre. Siciliano- 1993

MINE, Hugh -Bhagwan: O Deus que falhou Imprensa de São Martinho .

FRANKLIN, Satya Bharty -Promessa do Paraíso: vida íntima de uma mulher com 'Bhagwan' Osho Rajneesh - imprensa Colina Barrytown / Estação.

E o artigo de Christopher Calder sobre o Osho em Inglês e Português:




terça-feira, 25 de dezembro de 2012

GURDJIEFF : A VIDA SÓ É REAL QUANDO “ EU SOU”



( Mais uma vez a afirmação de Ouspensky de que é preciso separar a pessoa  Gurdjieff de seus ensinamentos ganha força . Não se trata aqui de diminuir o valor de um mestre que tanto contribuiu para a expansão do verdadeiro conhecimento. Todavia, é importante encararmos a verdade, pois esta é a única forma de  aceitarmos nossas próprias limitações e jornada. Gurdjieff nos deixou um grande legado, mas compreender sua verdadeira história, falhas e imperfeições é fundamental à compreensão de nossa complexa jornada interior- cheia de percalços, dificuldades e acontecimentos que- muitas vezes não conseguimos compreender - alsibar.)


Eu sou…?
Mas o que aconteceu com aquele vasto-sentido da totalidade de mim mesmo, que antes estava sempre em mim nos exatos momentos de auto-questionamentos, durante o processo de  lembrança de si?

Será possível que esta habilidade interna  -alcançada  por mim graças a todo tipo de auto-negação e persistente auto-motivação– deva  simplesmente desaparecer,  exatamente agora quando sua influência para meu Ser é mais necessária  do que o próprio ar?
Não pode ser!... Algo aqui não está correto!

Se isto é verdade, então tudo na esfera da razão é sem lógica!
Mas em mim ainda não está atrofiada a possibilidade de realizar um trabalho consciente e sofrimento intencional!...
De acordo com todos os eventos passados eu ainda devo ser.
 Eu desejo!... e  eu serei!

Além disso, meu Ser é necessário não apenas para meu egoísmo pessoal mas também para o bem estar de toda humanidade.
Meu Ser é realmente necessário para todas as pessoas;  mais necessário para eles do que sua própria alegria e felicidade de hoje.
Eu ainda desejo ser, eu ainda sou!

George I. Gurdjieff – da série “ Sobre tudo e todas as coisas”

Tradução: alsibar


sábado, 22 de dezembro de 2012

…E O MUNDO NÃO ACABOU.




   O mundo não acabou, nem vai acabar tão cedo. Cientistas estimam mais alguns bilhões de anos até isso acontecer. Como tudo no Universo, o Sol um dia vai envelhecer e morrer . Tornar-se-á uma Supernova, um buraco negro onde nem mesmo a luz escapa de ser sugada. Mas por que , com tudo isso, ainda existem tantas pessoas presas a esta crença obsessiva? Por que os tais "profetas do terror" continuam espalhando o medo e a ilusão ? E por que há tanta gente os seguindo?

      Os tais "espíritos de luz", "videntes" e "mestres ascensionados"  passam o dia contando estórias que levam o povo a dormir mais ainda. Prender sua atenção e interesse é a palavra de ordem. Sua atenção é muito valiosa. Quanto mais atenção eles conseguirem de você- mais energia vital lhes será sugada. Energia esta que poderia ser utilizada em um trabalho sério de despertamento e amadurecimento espiritual.  Mas eles não querem que ninguém se liberte do sono de Maya, da Ilusão. Mas isso é o que realmente deveria interessar a todos nós.

         Maya é considerada uma espécie de demônio em algumas religiões. Mas não é uma entidade. Maya é invisível e está em tudo e em todos. É o outro lado da moeda. A escuridão, o falso, a mentira, a Ilusão. O véu de Maya está dentro de nós e também fora de nós. São como as bactérias e os vermes. Não há como se livrar dela facilmente. O maior trunfo de Maya é inventar uma luta contra si mesma que não é, em absoluto, verdadeira. E é isso que fazem a maioria – senão todos- os que participam de movimentos  conhecidos como“ Nova Era”. Empunham a bandeira da libertação, quando, na verdade, estão a serviço da escravidão das mentes , contribuindo para o fortalecimento do sonho de Maya. É preciso que se compreenda: não há libertação através do EGO. Mas eles dizem a mesma coisa. O discurso é muito parecido com o da maioria dos verdadeiros mestres libertadores. Mas, o que fazem realmente? Espalham o MEDO e a MENTIRA. Contribuem para que mais pessoas ao redor do mundo se conectem com eles, ajudando a espalhar suas crenças escravizantes. Se alguém defende uma crença de forma fanática e radical já é um claro indício de auto-engano. Não de LIBERTAÇÃO.

     Acompanhei esta história sobre fim de mundo desde os anos oitenta. Muita gente dedicou sua vida à isso. Mas é um movimento sem nenhum fundamento ou verdade. É hora de encarar os fatos: não há fim do mundo. É tudo uma grande bobagem e mais uma das mentiras, dentre as milhares que existem e existiram ao longo da história . Mentiras essas que serviram a movimentos totalitários, que escravizaram e levaram milhões a morte.  Temos que acordar para este fato e ter sim a coragem de encarar a realidade seja ela qual for.  Que seja o fim do mundo da ILUSÃO sobre nós mesmos. Que possamos deixar de nos iludir com tanta falácia, com tantos movimentos e figuras messiânicas, com tantas organizações e religiões que em nada- absolutamente nada - contribuem para a transformação do homem e do mundo.

O homem desperto não é escravo do medo, nem de nenhuma ilusão. Ele não vende sua consciência, nem sua valiosa atenção. Contempla a VERDADE em si, e por isso sabe diferenciar a ilusão da verdade- onde quer que ela esteja. É alguém que realmente contribui para o DESPERTAR- a única ação que realmente interessa nesse mundo de sonâmbulos e dorminhocos.    Essa é a verdadeira revolução e o verdadeiro começo de uma NOVA ERA. Vamos deixar o mundo de sonhos para trás e que nesse novo ano possamos trabalhar com seriedade e dedicação para o que realmente importa nessa vida. É assim que contribuiremos para a construção de uma nova terra e um novo homem. Que cada um possa fazer sua parte, mesmo que pequena, mesmo que pareça insignificante. Não é.

Vale muito mais uma pequena atitude que ajude o homem a despertar, do que ações grandiosas e vistosas que em nada contribui para tirar o homem do seu sono milenar. Fica aqui a minha mensagem.

NAMASTÊ!

Alsibar
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