domingo, 24 de junho de 2012

ILUMINAÇÃO OU LOUCURA?


Iluminação ou Loucura? http://alsibar.blogspot.com


Qual a diferença entre  iluminação e  loucura? Como o buscador pode diferenciar uma coisa  da outra? Por que a Iluminação é tão parecida com a Loucura? O que a História tem a nos ensinar sobre isso? Como podemos nos proteger dos perigos de uma mente insana?  Vamos refletir ?

A História é, sem sombra de dúvidas, uma grande professora. Ela nos ensina  verdades  incontestáveis. Fatos contra os quais, “não há argumentos”. E ela nos ensina que, no passado, já  existiram líderes espirituais absolutamente insanos.  Esses líderes carismáticos  seguem um roteiro muito parecido.  Em geral começam sua carreira de forma simples e humilde. À medida que vão tomando conta do poder e o poder vai tomando conta deles, seu  modus operandi   vai mudando.  O que começou de uma forma simples e humilde aos poucos sofre profundas transformações. Como uma criança que vai crescendo até tornar-se adulto, assim também são os movimentos religiosos. Com o tempo a organização se torna tão poderosa que o próprio fundador  perde o controle sobre a mesma. Torna-se uma espécie de refém. À esta altura ninguém mais reconhece a organização original, nem o seu criador. Para atender às demandas peculiares a qualquer organização, o líder , muitas vezes, tem que trair seus próprios princípios e ensinamentos. Talvez, por isso, que os grandes mestres espirituais como Lahíri Mahasaya e Krishnamurti foram tão aversos às organizações. Sabiam dos riscos e, como dizia Osho no começo de sua carreira de guru: “ organizar a verdade é matá-la”. Ele mesmo tornou-se um dos maiores exemplos dessa verdade.

Sathya Sai Baba simulando uma "materialização"
 Os líderes espirituais  fundam organizações , comunidades e movimentos que duram um certo tempo.  Às vezes longo, às vezes rápido como um meteoro. Muitos desses casos,  terminam em tragédia. Noutros, o fôlego de vida é maior. Em alguns casos, o protagonista vive uma tragédia interna. Que é mantido em oculto pelos assessores e discípulos mais próximos, de forma a esconder a fragilidade daqueles que veneraram como a um deus.  Como exemplos de tragédia interna podemos citar Sathya Say Baba e Rajneesh. O primeiro, apesar de ser adorado como um avatar,  foi publicamente denunciado como prestigitador, pedófilo e responsável indireto por alguns assassinatos ocorrido em seu ashram. O segundo, foi preso nos Estados Unidos e deportado sob alegação de vários crimes, alguns comprovados e outros não. Todavia, sua maior tragédia foi seu suposto vício em óxido nitroso e Diazepan. O que escondia uma personalidade megalomaníaca e desajustada, culminando com seu “suicídio”. Se foi volutário ou involuntário- nunca saberemos.

  Há, entretanto, tragédias famosas cujo comportamento de seus protagonistas não deixam dúvidas quanto ao seu caráter insano. Esses tornaram-se exemplos clássicos do estrago que um líder espiritual carismático pode fazer na vida das pessoas. Alguns desses casos fazem parte dos anais da História. E para que ninguém esqueça, vamos relembrar algumas das mais famosas tragédias ocorridas no universo da espiritualidade contemporânea.

Jim Jones
 Jim Jones (1931-1978) foi um dos casos mais marcantes e chocantes. Nascido em Indiana, Estados Unidos parecia, no começo, uma pessoa boa e humilde. Homem de grande carisma e influência, seu movimento se expandiu rapidamente, chegando a ter mais de 20 mil membros.  Fundou vários templos e criou uma comunidade agrícola chamada  “ Templo dos Povos”. Não tardou a aparecer várias acusações contra a seita, dentre elas: ameaças físicas e morais aos seus membros , tortura psicológica, exigência de entrega das propriedades ao movimento e de 25% da renda de cada membro à organização, isolamento de crianças em relação a seus pais, interferência de Jones na vida sexual e no casamento de seus membros etc.

 A tragédia teve  início quando a organização foi  acusada do sequestro de um dos filhos de um ex-membro do movimento chamado John Victor. O pai de John, Timothy Stoen,  apelou para o congressista Leo Ryan  e este, devido a grande repercussão do caso, foi até o local para investigar estas e outras acusações que pesavam contra o movimento. Após o primeiro dia de uma gentil e calorosa recepção, Ryan e sua comitiva de repórteres- além de um ex-membro- foram brutalmente assassinados pela Brigada Vermelha-  a guarda pessoal de Jim Jones. Após esse episódio, Jim pois em prática seu plano de suicídio coletivo. Uma tragédia em que morreram 918 pessoas, incluindo 270 crianças. Todas tomaram ou injetaram veneno no corpo. Jim Jones também morrera . Seu cadáver fora encontrado  com um único tiro na cabeça.

David Koresh
David  Koresh (1959-1993) foi outro líder estadudinense  messiânico do Ramo Davidiano- “um grupo religioso originado de um cisma na década de 1950,  da Igreja Adventista do Sétimo Dia na década de 1930”.  Sua trajetória não foi muito diferente da do seu compatriota Jim Jones. David  primeiro se autoproclamou “Profeta”, depois proclamou-se a si mesmo “ O Cristo” anunciado pelo apocalípse.  Não custou a envolver-se em diversos escândalos de pedofilia, abuso infantil, estupro, poligamia, dentre outros.  A  justiça americana foi acionada,  fechando o cerco contra a seita. A comunidade se viu, rapidamente, cercada de policiais em meio a tiroteios. No desfecho final, David Koresh e mais 76 membros morreram incendiados ou alvejados por armas de fogo. Há várias controvérsias sobre os autores do incêndio e dos disparos, se dos próprios membros ou dos agentes do FBI.  

Marshal Applewhite
Há ainda , outro caso mais recente: a do americano  Marshal Applewhite e a seita Heaven’s Gate ( Portão do Céu).  Eles acreditavam que o planeta estava passando por uma espécie de  “reciclagem” (limpeza espiritual) e que para sobreviverem teriam que abandonar a terra .  Para isso,  teriam que pegar uma “carona na calda do cometa”  Hale Bopp quando este estivesse em seu brilho máximo. Eles acreditavam que o suicídio era o caminho para que pudessem alcançar a “Próxima Dimensão ou Próximo Passo”. A seita deixou um triste  saldo de 39 mortos por suicídio.

Há um elemento curioso na história dos líderes espirituais: quase todos se consideram uma espécie de novo messias ou salvador. Osho, ao desembarcar na América pela primeira vez, disse solenemente “ eu sou o messias que a América esperava”. Sathya Sai Baba era adorado como um Avatar- a encarnação do próprio Deus. Jim Jones, não ficou por baixo. Ele  considerava-se a si mesmo a encarnação de vários iluminados do passado, dentre eles, Jesus, Buda e Gandhi. No Brasil temos o Inri Cristo- que se autoproclama encarnação de Cristo. O sentimento messiânico  é um elemento comum a quase todos os líderes espirituais carismáticos. Esse sentimento está na base de toda a trágédia pois, ao se considerarem deuses, colocam-se acima do bem e do mal.  Alguém assim, fará tudo para realizar  seus desejos de poder e domínio e não aceitará -em absoluto- ser contrariado. Mesmo que tenha que enganar, matar ou morrer .

Exemplos de líderes religiosos messiânicos são incontáveis. Mas por que será que a grande maioria dos líderes religiosos carismáticos  se autoproclamam a reencarnação de Deus, Buda, ou de algum outro líder espiritual do passado? Talvez uma das explicações seja a proximidade aparente entre a Loucura e a Iluminação.

Qual a linha que divide a loucura da iluminação? A grande maioria dos iluminados foram considerados loucos . Alguns sofreram perseguição  e pagaram com a morte. Outros, foram celebrados em sua “loucura divina” como, por exemplo, o sábio Ramakrishna, conhecido como o “Louco de Deus”.  O iluminado , em alguns momentos, parece perder o contato com a realidade imediata, ligando-se a uma realidade mais ampla e vasta.   O louco vive à margem da sociedade, isolado em seu mundo interno, particular e próprio. Alguns iluminados também viveram fechados para o mundo externo, totalmente absortos em seu interior, de tal forma que perderam a noção do eu e do meu- como no caso de Ramana Maharish .   Como se vê, loucura e iluminação tem elementos muito parecidos,  mas qual seria a principal  diferença entre um louco e um Iluminado?

Há dois pontos fundamentais que caracterizam um iluminado: a tranquilidade interior e a ausência do EGO ( sentimento de separativadade). Segundo o Bhagavad-Gita,  o iluminado é aquele que alcançou a “equanimidade mental plena”. Ou seja, enquanto um psicótico comum é arrastado pelas ondas  oscilantes da mente instável, o Iluminado vive num estado de total relaxamento  e estabilidade mental . Poderíamos dizer que o que diferencia um sábio , de um  neurótico e de psicótico é o nível de stress . Enquanto no primeiro a ansiedade e inquietação estão em níveis negativos, no segundo estão em níveis  razoáveis e socialmente aceitáveis ; já no último, os níveis são altíssimos chegando a causar delírios e alucinações. Assim, não seria exagero afirmarmos que quanto maior o nível de ansiedade e stress, maior a  loucura. Quanto mais  profunda a tranquilidade  interior –mais sábios e espiritualmente maduro seremos. A principal marca do iluminado é a quietude, a dos psicóticos e neuróticos é a inquietude .  Uma das causas da ansiedade é um EGO forte e poderoso. O Iluminado  não mata o ego, mas "doma-o", usa-o como um instrumento. Os megalomaníacos são totalmente dominados pelo EGO. Por isso seu impulso descontrolado pelo poder, domínio e fama. Talvez isso explique por que eles nunca se consideram reencarnações de alguém humilde e desconhecido- mas sempre de pessoas famosas e conhecidas.

Todavia, nem todos os líderes espirituais  declaram publicamente que são a encarnação de algum profeta ou entidade superior. Mas, suas atitudes e obsessão pelo poder denunciam em atos o que eles nunca assumem em palavras. Esta é outra diferença básica entre iluminação e loucura: enquanto um iluminado não quer nada pra si, pois vive interiormente feliz e satisfeito,  o psicótico está sempre insatisfeito. Suas ações visam sempre a expansão. Por isso o forte proselitismo e as propagandas desses movimentos. Enquanto o iluminado, em geral, é recluso e arredio aos holofotes, o psicótico busca exatamente os holofotes pois é através disso que ele aumenta  seu poder e expande seus "negócios".

Assim, embora haja algumas semelhanças, a distância que separa um psicótico de um Iluminado é de “Anos Luzes”. O Iluminado é um ser com total consciência do seu mundo interno e externo. O psicótico, ao contrário, tem pouca ou nenhuma consciência de si e do outro. Muitas vezes, são extremamente egocêntricos e aversos às críticas. Enquanto o iluminado entra em sintonia com a Luz da Consciência que liberta de toda escravidão e ilusão, o psicótico vive em um mundo de ilusões que ele faz questão de proteger. Não adianta tentar demovê-lo de suas crenças e convicções, muitas vezes, absurdas e irreais. O iluminado percebe todos os níveis de realidade como parte do Absoluto. O psicótico só enxerga sua própria realidade e nada mais. E por isso os exageros, os radicalismos e os abusos que culminam, em geral, em tragédia ou fracasso.

Obviamente, que este não é um artigo científico sobre loucura e iluminação. São apenas reflexões que podem ajudar a lançar luzes sobre esta complexa questão. É sabido, no entanto,  que há vários níveis, graus e tipos de psicose . E nossas  ciência ainda engatinha nessa área . O problema  não está em ser "louco" pois, como diz o ditado, quem não tem um pouquinho disso? O problema surge quando um louco destrói vidas e deixa rastros de destruição e morte com suas idéias malucas e perigosas. Pessoas como Hitler, Jim Jones, David Koresh, e Marshal Applewhite  causaram estragos não apenas a si mesmas mas a todos  que creram em suas palavras e os seguiram. Talvez seja, por isso, que termos como “seguir” e “crer”  tenham se tornado malditos nos meios espiritualistas modernos. Sem o “crer” e o “seguir” a História provavelmente teria sido diferente, sem tantos saldos negativos de mortes e suicídios. O buscador do Novo Milênio deve substituir o "crer" e o "seguir" pelo " ver e experimentar". Talvez, assim, possamos evitar que mais tragédias e mortes envolvendo "iluminados insanos", continuem a acontecer. Infelizmente,  esses homens são bastante inteligentes e carismáticos, o que os torna extremamente complexos, sedutores e perigosos . 

Como vimos, a Loucura e a Iluminação compartilham, certamente, de traços muito parecidos. Cabe ao buscador ficar esperto e perceber a diferença entre os dois. Por isso, nunca entregue sua vida, inteligência e vontade nas mãos de um suposto guru. Ele pode ser apenas um maluco que fala bonito. Nada mais do que isso. Na dúvida, é melhor não arriscar.
O aviso está dado!
Muito Obrigado!
(Alsibar)
Fontes de Pesquisa:
 Wikipedia
Palavras de Fogo- Bhagwan Shree Rajneesh
Bhagavad Gita









11 comentários:

  1. Temos todas as informações disponíveis agora é só trabalhar. Osho, sem palavras, para mim o mestre que mais me identifiquei e assim com seu auxilio me ajudam hoje, junto com tantos outros, a trilhar o caminho da iluminação auxiliando meus irmãos menos preparados a despertar a consciência. Obrigada pelo seu trabalho maravilhoso! Tbem estou com um blog, começando a conectar os assuntos para que mas rápido possível todos vivam na luz da essência.
    Obrigada!!
    www.imaginenovaera.blogspot.com

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  2. Obrigado por sua participação e comentário Alessandra. Seja sempre bem vinda! Namastê!

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  3. Cara, grande artigo!!! O que vejo é um ser capaz de ser arrastado por algo maior. No caso desta categoria de "psicóticos messiânicos", acabam sendo arrastados pela poderosa atmosfera de seu ego, a fama, o poder, o endeusamento. Um "iluminado" é arrebatado, completamente arrastado pelo Universo. Ambos possuem esta tendência. Quando um "iluminado" passa suas aflições, são adaptações e estágios da morte total do ego. Ser arrastado sem certeza alguma, ser transformado em canal para uma coisa gigantesca, isso deve ser tremendamente assustador!!! Imagina!!! Nossos egos estão arraigados tão profundamente em nós que haverá dor pura e desequilíbrio quando mexemos nele...

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  4. Posso pensar que todo psicótico "tem um pezinho no além". Quando um índio jóvem começava a ver onças e espíritos pelos cantos, o Pajé o tomava para si. O jóvem "psicótico" era então iniciado numa nova dimensão onde havia lugar para seus "sintomas", ele se curava (mesmo sendo diferente de todos os demais membros da tribo). uma adaptação perfeita. Hoje não temos mais Pajés... Sobra para nós, psiquiatras, isso é triste. Não eram todos os casos de psicose que se tornavam Pajés, como dissestes, existem vários tipos de psicoses. O que vejo é que praticamente todos os pacientes esquizofrênicos acreditam, sofrem o contato com os mortos e com outras realidades. A medicação, com todos os seus transtornos, pode fechar esta ponte. cara, sou tentado a pensar assim, pelo que vi. A grande maioria!!!!!!!!!!!!!! Namankar!!!

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    1. Lobo Catinguenses... muito grato por sua valiosa participação. Agradeço demais sua opinião que só fez enriquecer e ampliar mais ainda o tema!

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  5. POR FAVOR NÃO EDITE ESTE COMENTÁRIO!
    Ai Alsibar, preciso tanto conversar com você.
    Eu sou a pessoa que vc demorou para ler meu email, depois você respondeu, dizendo que achou pertinente minhas colocações, e você pediu para que eu te add no meu Face (eu não tenho). O que quero conversar é ultra sigiloso, e é exatamente sobre esse assunto de que trata o post.
    Não posso receber mais qualquer resposta sua por aquele email (cautela), mas gostaria de conversar com você via Skype. É possível?
    Caso você não tenha, será que daria para você abrir um? Não tenho com quem falar sobre esse assunto, pois não achamos um "despertado" em cada esquina rs.Será que dá para você responder a este comentário, usando apenas a referência "Anônimo" e dizer se a resposta é positiva ou negativa quanto a podermos conversar por Skype? Diga apenas "Anônimo OK" (sem editar este aqui lembre-se), claro que falando de um modo que você ache mais adequado.Qdo eu ler a resp eu entro aqui de novo e coloco meu Skype ok assim? Você vai entender depois. Muito obrigada por ter respondido ao meu email e aguardo aqui seu parecer. Namastê. /\

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  8. Olá Anônimo, realmente não tenho skype. Tenho msn e Facebook. Não seria mais fácil vc criar um msn? Rapidinho vc faz.Ou então crie um novo email para que a gente possa conversar (já que aquele vc não pode mais). E não ficou claro qual comentário vc quer que eu apague. De qualquer forma apaguei os dois ultimos. Manteremos contato! Namastê!

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  9. Parabéns Alsibar!! Muito pertinente!! Mas as pessoas se atraem por afinidades, assim se deixam enganar através de sua própria vulnerabilidade, por não querer pagar o preço de sua evolução... Assim precisamos estar vigilantes em relação aos nossos defeitos assim trilhamos o caminho da iuminação com segurança!!
    Muito grata!!
    Veja também nosso blog: www.portaldafelicidadeterapias.com

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