sábado, 12 de maio de 2012

HÁ DIFERENTES TIPOS DE MEDITAÇÃO?


                                    

    É curioso observar como um tema aparentemente tão simples suscita tantas questões. Todo buscador já deve ter se defrontado com o seguinte dilema: qual seria a melhor meditação ? Se não existem, como diz Krishnamurti, métodos e sistemas de meditação, então como compreender que o próprio K. parecia dar diferentes definições sobre meditação? Como chegar a um ponto de compreensão que seja ao mesmo tempo correto e eficaz? Vamos refletir juntos?
Buda ensinou a meditação Sattipathana ou Atenção Plena. Os patriarcas Zen-budistas desenvolveram o Zazen: sentar-se sem fazer nada plenamente cônscio do presente. Yogananda ensinou a Kriya Yoga que tem como princípio básico a atenção/consciência, a respiração e a tranquilidade interna. Ora, podemos perceber em todos estes “métodos”, um ponto que é fundamental: a consciência e tranquilidade. Todavia, a história mostra que, em geral, a humanidade tende a desprezar o essencial e apegar-se ao supérfluo. Na yoga, por exemplo, o importante é o estado interno de atenção e plenitude. As diversas ásanas, são apenas estratégias para fortalecer a consciência do praticante- principalmente os iniciantes. Mas, em geral, vemos o contrário: as posturas se tornaram mais importantes do que a  plenitude interna. As posturas, apesar de trabalhar o corpo físico, não deveriam se sobrepôr ao trabalho espiritual interno. Infelizmente, a Yoga tornou-se muito mais  um festival de contorcionismo do que uma filosofia de libertação interior.
Assim, entendemos que há sim diferentes nuances e aspectos na meditação. Mas não existe uniformidade ou padrão que  possa limitá-la . Por  isso o problema com os métodos. Os métodos e sistema padronizam alguns  aspectos periféricos como, por exemplo, posturas, preliminares, locais, acessórios etc. Alguns desses fatores, visam apenas ajudar o principiante. Por exemplo: a atenção na respiração, pode ajudar no relaxamento de alguém muito inquieto,  uma vez que  ficar consciente do ritmo da respiração, tranquiliza a pessoa. Algum principiante pode ter facilidade em observar os pensamentos, ou pode preferir ficar consciente das emoções e reações do corpo. Alguns podem querer meditar em movimento, andando, ou fazendo algum tipo de atividade como a dança. Outros, ainda, podem preferir meditações aliadas às atividades comuns do dia-a-dia, como varrer ou lavar os pratos. Outros podem preferir meditar em grupo, ou sozinhos. Não há regras pra isso. Simplesmente não há. Mas em tudo isso, prevalece um princípio básico comum: a consciência.
O desenvolvimento da consciência plena não acontece da noite para o dia. Exceto em casos raríssimos em que o espírito já é elevado e nasce com uma missão especial.  Desta forma, ninguém pode exigir que todos já comecem com “força total”. Uma atenção total ou "consciência plena" é um estado que nós não estamos acostumados. Passamos uma vida na inconsciência. Todo o nosso ser, incluindo a mente e o corpo, tem grande dificuldade  para "entrar" neste estado. Por isso, podemos começar por “partes” e “aos poucos”, até atingirmos estados cada vez mais plenos de consciência. Consciência é força espiritual. Quanto mais conscientes somos mais poderosos nos tornamos. As forças e os poderes espirituais adormecidos são despertados através da consciência. Um Cristo, um Buda, um Babaji, ou um Krishnamurti são como Misters Universos da espiritualidade, verdadeiros titãs do poder e da força da consciência espiritual.  
Assim, compreendemos que os diversos “tipos” de meditação são apenas nuances, aspectos ou variações da  consciência.  O grande problema, ao longo da história da meditação, é que muita gente começou a inventar métodos cada vez mais absurdos e mirabolantes, apenas como forma de autopromoção. Meditar na verdade é um estado que deveria ser natural em todos nós. Como não é, então inventou-se os métodos para “desenvolver” esse estado. Foi aí que Krishnamurti entrou de forma esclarecedora,  explicando para o mundo  que os métodos são um equívoco pois eles perpetuam o "pensador". O problema é que enquanto houver o“pensador”, não pode haver meditação. E quem é o pensador? É quando nossa mente diz coisas como: “tenho que meditar… tenho que praticar… tenho que alcançar… não estou indo bem… droga!! não estou meditando… ou que bom , estou evoluindo! Este método não me serve procurarei outros...será que estou evoluindo?” etc.etc. Esse “pensador” é a própria negação da meditação, pois quando há meditação não há ninguém para opinar, criticar, julgar, condenar ou desejar nada. Há um princípio básico universal e essencial na meditação revelado por Krishnamurti ao mundo: na consciência/observação não pode haver o “pensador/observador”. Se houver , então a meditação não ocorre e a pessoa, está, na verdade se autoiludindo.
Para finalizar, queremos resumir o que discutimos no artigo acima. Os diferentes tipos de meditação tem como princípio básico a  CONSCIÊNCIA. Todavia, neste processo é fundamental que o “observador” esteja ausente para que ela se realize. Isso significa, em termos práticos, que durante a meditação não pode haver intervenção da pessoa naquilo que ela observa. Se observo meus pensamentos, não devo julgá-los, condená-los, analisá-los ou intervir neles. A mesma atitude devo ter em relação às minhas emoções, reações, impulsos, respiração ou qualquer coisa que entre no campo da minha consciência. Até chegar ao ponto em que exista apenas a CONSCIÊNCIA ou OBSERVAÇÃO pura e simples dos fenômenos, processos e movimentos internos e externos. 

 Nesta observação passiva e silenciosa a MEDITAÇÃO se realiza e, com ela, a CONSCIÊNCIA se desenvolve, desperta  e evolui por si mesma. Daí por diante as palavras se tornam imprecisas, impotentes e inúteis.
Namastê!
Alsibar
http://alsibar.blogspot.com

3 comentários:

  1. Caro amigo Alsibar,

    Não pude deixar de constatar que publicamos o texto no mesmo dia e quase no mesmo horário (enquanto este texto foi publicado em 12/05/2012 às 10h26, o outro "Ah! Se os cães..." foi publicado em 12/05/2012 às 10h25. Houve a diferença de 1 minuto entre as publicações.

    Os dois textos tratam, em essência, como a autocensura interfere no estado de Consciência, mantendo características diferenciadas quanto à abordagem referente a vivência de cada um.

    Isto é um forte e inegável indício de que há uma dimensão onde as limitações espaço-tempo inexistem e, portanto, o bem-estar e a saúde podem SIM estarem disponíveis a quem quer que seja, aonde quer que esteja.

    Um forte abraço, convicto de que será capaz de sentí-lo como se eu estivesse aí!

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  2. Sim, a essência do processo, o objetivo... A consciência... O agora, único tempo - espaço que temos, o Presente Pleno, a Presença. Tornar-se o quem em essência, se é: Verbo (ação, vetor). Namaskar!!!

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  3. Cara adorei esse tema, tendo vários pontos de meditação tudo mais.
    Meus parabéns !

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