domingo, 22 de janeiro de 2012

O RETORNO DE JESUS E O FIM DO MUNDO EM 2012 - The returning of Jesus Christ and the end of the world in 2012

Alsibar: O retorno de Jesus e o fim do mundo- http://alsibar.blogspot.com.
Qual a verdade ou falsidade sobre as profecias que anunciam o retorno de Cristo? Como devemos considerar esse tema ao mesmo tempo apaixonante e complexo? E os profetas atuais, qual sua importância e papel? E como separar fatos de especulações? Será mesmo que o mundo irá se acabar em 2012? Afinal, que temos a ver com tudo isso e o que podemos fazer independente de seu cumprimento ou não? Vamos refletir juntos?
Não sei se ainda me surpreendo com a capacidade do homem de iludir-se e iludir os outros. Acho que já a perdi. Não me espanto mais . Tornou-se algo comum ver pessoas de bem, inteligentes e capacitadas regressarem a níveis primitivos de infantilidade, imbecilidade e ingenuidade. Falo tanto dos que arriscam seus empregos e credibilidade ao sairem pregando profecias absurdas, quanto daqueles que acreditam nelas.  E por que absurdas? Porque o sujeito promete, marca a data, nada se cumpre e ele sai incólume . Obviamente, ele sempre tem uma desculpa para o seu ‘equívoco’. Às vezes tem várias: é o “pessoal” que mudou de ideia; é ele que “não entendeu bem a profecia”; é que está faltando algo que ele “precisa terminar”. E o sujeito continua falando as mesmas bobagens em congressos, reuniões, revistas e programas, como se nada tivesse acontecido. Dizem os tais profetas que não teriam motivos para mentir. Que isso está sendo uma provação também pra eles. E com isso sensibilizam os outros com seu melodrama. Na verdade, estão apenas usando uma estratégia de convencimento conhecida e amplamente usada por mágicos, hipnólogos e marqueteiros.Ou seja, ativam sua emoção,  de forma a enfraquercer sua razão. Isso evita que sejam percebidas suas incoerências, absurdos e mentiras.
Primeiramente, nenhuma profecia é clara e nada do que se diz numa profecia acontece exatamente do jeito que está descrito. Foi assim com as profecias dos profetas judeus, foi assim com as profecias de João e Nostradamus. Além disso,  interpretar uma profecia é algo extramente complexo, principalmente se ela tiver sido escrita na antiguidade. Ora, peguemos o exemplo de Jesus. Por que os Judeus não creram que ele foi o messias prometido? Certamente porque ao comparar a história de Jesus com o que diziam os profetas, perceberam que não era a mesma coisa. Ou seja, só há três possibilidades:  ou Jesus não é o messias, ou os profetas erraram, ou a interpretação está errada. Obviamente, os judeus preferiram ficar com a primeira. Os cristãos com a terceira. Ou seja, não desautorizaram os profetas- porque aí seria negar a divindade de Jesus. Mas preferiram interpretar  as profecias, buscando encontrar elementos  que confirmassem a tese de que Jesus era, de fato, o messias anunciado. Obviamente que algumas coisas ficaram de fora- as que não confirmaram a tese. Mas as que confirmaram, foram relevadas ao máximo. Mas, os judeus preferiram seguir outro caminho.
Peguemos alguns exemplos.  Na profecia de Malaquias 4:5, ele diz: “ Eis que vos enviarei o profeta Elias antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Ou seja, os judeus estavam esperando que o profeta Elias retornasse antes do messias. Mas Elias não veio. Ora, se Elias não retornou, então o messias também não. Então como resolver esta questão? Muito simples, para os que acreditam em reencarnação, João Batista é Elias reencarnado. E isto é confirmado em várias páginas do Evangelho pelo próprio Jesus. Mas, se judeus e cristãos não acreditam em reencarnação, como fica? Um dilema, obviamente. Pois, ou João Batista é Elias reencarnado e Jesus é o messias. Ou, João Batista não é Elias e Jesus não é o messias. Tornou-se assim, novamente, uma questão de interpretação. E cada um interpretou da forma que lhe foi mais conveniente. Há ainda outras controvérsias. Nas profecias dizia-se que o nome do messias seria Emanuel e não Jesus; as profecias sobre o lugar de seu nascimento que não batem com as profecias: Galiléia ou Belém? Pois Belém não ficava na região da Galiléia e sim na Judéia. Então porque o chamavam de Galileu? E a genealogia de Jesus que em Mateus é descrita através de José. Mas José não é seria pai biológico. Dentre outras coisas que uma pesquisa mais acurada e imparcial pode revelar.
Por isso que esta história de profecia é sempre um terreno perigoso, complexo e incerto. Quantos finais de mundo já foram anunciados? Quantos retornos de “Cristo” as igrejas e religiões anunciaram desde o tempo de Jesus? E quantas vezes erraram, ou, talvez, tenham acertado? Vamos pegar o exemplo das profecias no tempo de Jesus. Quando Jesus estava vivo, não havia nele nenhum sinal especial que o indicasse, sem sombras de dúvidas que ali estava o messias. Como a vida de Jesus foi, no tempo, algo comum e corriqueiro, como saber se o messias já estava na terra ou não? Afinal, naquele tempo era comum aparecerem profetas e messias-boa parte deles fajutos. E como saber que aquele era verdadeiro? Como saber se os fatos a ele atribuídos eram  verdadeiros-pois havia muita gente que dizia fazer o mesmo? Ora, isso acontece ainda hoje. Quantos atualmente se  consideram “avatares, iluminados, profetas, santos” etc. etc.? Se mesmo com toda a exposição na mídia e com todo avanço tecnológico e científico , ainda existem “avatares fabricados”, imagina naquele tempo. Vemos isso na televisão diariamente: são milagreiros fazendo mais milagres do que Jesus. E “avatares” que erram até mesmo a profecia de sua própria morte. Como podem querer saber o destino dos homens e do universo? Como podem se achar a “encarnação do  todo poderoso”?
Mas mesmo quando eles erram – como vários erraram- vem sempre alguém para justificar o erro. Em outras palavras, não importam o quanto errem, o quanto enganem o povo. Estamos no campo da fé. E onde há fé e crença, não há necessidade de  razão, reflexão, verdade e coerência. Como disse o psicólogo americano Michael Shermer : “não evoluimos para questionar e duvidar”. Há ainda outra questão: só cremos no que nos convém, no que nos conforta, no que se encaixa em nossas expectativas e esperanças. Por isso, os Judeus não creram em Jesus. Eles estavam esperando o grande libertador. Alguém mais poderoso que Moisés, Salomão e Davi. Viviam com esta esperança, alimentaram-na de geração em geração. Não era possível que o messias já estivesse na terra. Eles não viram os grandes “sinais”, nem as transformações e mudanças que tanto aguardavam e que acreditaram ter sido prometidas pelos profetas. Será que não estamos vivendo o mesmo contexto? Será que não está acontecendo a mesma coisa? E se estiver? E se Jesus já tiver retornado e ninguem tiver percebido? Será que o julgamento dos vivos e dos mortose não já estaria acontecendo, mas ninguém está percebendo?  Será possível que o fim já não estaria  acontecendo ? Como saberemos?
Não temos como saber. Repito, não temos como saber. Tudo o que se disser neste particular não passará de especulação. Sem falar nos aproveitadores que se utilizam das profecias para explorar, enganar e conquistar mais fiéis. Saem dizendo asneiras, procurando em suas religiões os personagens e sinais citados nas profecias. Obviamente, que tais sinais e personagens só podem surgir na religião deles. Nunca nas adversárias. Sempre foi assim.  O fato é que não temos como saber se as profecias dos Maias falam sobre o fim do mundo físico, material, ou apenas sobre o término de um ciclo. E isso não é motivo pra pânico. Talvez seja motivo de alegria. De 2011 pra cá vi mudanças profundas na vida de várias pessoas - tanto conhecidas quanto desconhecidas. Tanto na minha vida, quanto na vida de amigos e familiares. Certamente, independente de profecias, estamos vivendo um momento de profundas mudanças. Quem tem  mais sensibilidade e está mais atento, percebe uma poderosa energia de mudança no ar. Mudanças de paradigmas espirituais e uma concepção inovadora sobre  religião e espiritualidade- muito além da visão tradicional. O novo homem se sente mais confiante, maduro, autônomo e capaz de seguir seu próprio caminho. Não se sente mais escravo dos deuses, nem das religiões ditas “sagradas e autorizadas”. Hoje, há uma consciência cada vez mais presente de que o homem é um “deus adormecido”. Precisando, somente despertar para este fato. Sem necessidade de intermediários, sejam eles quais forem.
Sim, muitos profetas que no  século passado anunciaram o retorno do Cristo para este final de milênio, podem ter acertado. O problema é que eles estavam esperando uma coisa, e pode ter acontecido outra. Exatamente como há dois mil anos atrás. Jesus já pode ter retornado sem ninguém perceber. E nunca saberemos como e de que forma ele veio. Se foi num disco voador, se foi encarnado em uma pessoa,  em várias pessoas, ou apenas como uma “elevação da consciência” sentida através das vibrações, pessoas e acontecimentos inusitados.  Mas, exatamente por não sabermos ,  é que temos que “orar e vigiar”. Estar “preparados” pois, talvez isso tudo já esteja acontecendo, ou já tenha acontecido e não tenhamos percebido- exatamente como no tempo de Jesus. 


 Ora, independente das profecias serem verdadeiras ou não, o que isso significa pra nossa vida? O que alguém deve fazer ao saber que o mundo pode estar se acabando e que o Cristo já pode ter retornado ? Não seria,  buscar o despertar, a evolução, a transformação interior? E, mesmo que tudo isso fosse apenas uma “piração coletiva”, isso nos isentaria de fazermos a nossa parte? Claro que não. Na verdade, nada muda em nossa vida, quer acreditemos nas profecias ou não. Tudo continua a mesma coisa. Se as profecias servissem  para nossa transformação e despertar então haveria um sentido para elas. Mas não mudamos. Continuamos com nossos sonhos, ilusões e estupidez.
Na verdade, muitos se apoderam dessas "revelações" para fortalecer mais ainda o caos, o sono e a confusão. Em nada contribuem para uma real salvação humana no que tange ao seu despertar. Querem ser famosos, vender livros, aparecer na mídia, serem entrevistados e bajulados. Passam horas e horas discutindo o “sexo dos anjos”. Mas não dispensam um minuto para o que realmente importa: o despertar do homem. Em raros momentos falam de “amor”- coisa que Jesus pregou há milênios e que ninguém nunca ouviu- como ouvirá agora? Mas por que não ouviram? Por que não quiseram? A resposta é simples : ninguém ouve se está dormindo. Muito menos 'amar'. Não há amor sem autoconhecimento. Por isso, a necessidade prioritária para o  despertar da ‘consciência’.  O amor de alguém que dorme é desprovido de verdade, uma vez que é contraditório. Lá no fundo, seus reais motivos são outros. Muitos só querem ser admirados por suas “maravilhosas e abnegadas ações”. Ações humanitárias que disfarçam suas verdadeiras intenções: ganhar status, ter poder e serem famosos. Como poderão ser amados e respeitados se não agirem desta forma? Todos sabem que o ser humano, em sua maioria, é idealista. E quando encontramos alguém que se encaixa nesses modelos idealizados, passamos a admirá-los. Eis, então o Avatar, o Santo, o Bemfeitor.
   Enquanto isso? Muitos sonham um dia poder ser como eles. E enquanto lutam pra realizar esses ideais… dormem. Ficam tão ocupados e envolvidos com "a obra" que não tem tempo de pensar no despertar. Tal atitude alimenta-nos  a ilusão de estarmos  cooperando com Deus, ajudando em sua obra celestial. Isso nos faz importante por estarmos “contribuindo” para o bem da humanidade. Ora, não será isso uma grande petulância? Não sabemos amar nem a nós mesmos, nem aos nossos familiares e amigos e queremos amar a humanidade. Essa humanidade não existe. É uma abstração conveniente e confortadora, que satisfaz os discursos vazios e demagógicos. Não cumprimos nem o pequeno e queremos fazer o grandioso. Não somos fiés nem no pouco e queremos sê-lo no muito. A salvação do mundo deve começar primeiramente consigo mesmo. Do contrário, tudo será pura mentira e autoenganação.

    Não importa se o mundo vai acabar em 2012, ou se Jesus já retornou ou se virá apenas daqui a dez ou cem anos. Jesus já veio há mais de 2000 anos atrás, isso sim é importante. Assim como ele, tantos outros vieram chamar nossa atenção para o que realmente importa: a condição  humana de ignorância e ilusão. Mas há forças no Universo que não querem que o homem desperte para a Realidade. Exatamente como no filme Matrix. Estas forças existem tanto dentro quanto fora do homem. Ao indivíduo, e somente a ele, cabe a missão de buscar e lutar por seu despertar. Mesmo que venham os Sócrates, os Platões, os Budas, os Cristos, os Ramanas, os Babajis e os Krishnamurtis, dentre outros, gritando para que despertemos- nada ouviremos pois nosso sono é profundo e pesado. O trabalho de despertar exige de nós um sacrifício nada fácil e simples: a morte de nós mesmos. Temos que morrer, sacrificar tudo o que somos, do contrário não renasceremos. Mas tememos perder a nós mesmos. Tememos arriscar tudo pelo Desconhecido e, por isso, preferimos a segurança ilusória do conhecido.
A Meditação nos prepara para o salto no Desconhecido. Esse Desconhecido é sentido como morte, vazio, nada, pelo EGO. Mas a mente-ego não quer morrer. Por isso, ela não suporta a não-mente. Ela  quer ser "alguém’, ser importante, ser o centro de tudo. Ela pensa que sabe o que é a felicidade, geralmente ligada à noção de prazer , satisfação e realização. Ela sente o "não-ser-nada" como sofrimento, não porque seja assim, mas por temer o que não conhece e não controla. Assim, ela estabelece para si um ideal de felicidade e faz tudo para alcançá-lo.  O ego-mente não abre mão disso, pois essa é sua natureza. Mas na Meditação percebemos que o EGO com seus pensamentos, desejos e buscas são como pesadas nuvens impedindo a visão do céu infinito. Nuvens que nos identificamos como sendo nós mesmos. De tão identificados e apegados, esquecemos que além das nuvens há um céu Infinito e que lá encontra-se a Luz da verdadeira felicidade. O ego não quer o Desconhecido por temê-lo. Prefere o conhecido por ser mais prazeroso e  seguro. Mesmo que isso signifique viver de ilusões.Todavia, no NÃO-SER-NADA, está o SER-TUDO.  No Desconhecido, encontra-se o Eterno. 


  Não deixemos o DESPERTAR para amanhã. O amanhã poderá não vir. A qualquer hora o fim pode chegar de forma inesperada: seja através da morte natural ou mesmo pelo tal “Fim do Mundo”. Meditar, significa viver a eternidade no agora e não no "depois" . Nessa dimensão não existe o tempo. Mas apenas "o que é"... o aqui e agora. Quanto mais conscientes desta dimensão interna, mais e mais despertos estaremos. Um homem desperto não se engana nem engana aos outros. Não se ilude nem ilude aos outros. Ele está preparado e atento. Vigia constantemente sua "casa" pois não sabe o dia, nem a hora em que o "ladrão" virá.   Sua oração é sua comunhão com o Eterno alcançada durante a Meditação.   Por não ser mais controlado pelo pensamento, eleva-se acima deste nível ordinário de compreensão e  alcança o plano da Consciência. Somente tal homem saberá viver, agir e amar verdadeiramente , sem medos, sonhos ou ilusões! 
Que cada um possa buscar seu próprio despertar no agora, independente do amanhã - pois amanhã poderá ser tarde demais!
Muito Obrigado!
Alsibar ( inspirado)

sábado, 14 de janeiro de 2012

O SEXO E A (NOVA) ESPIRITUALIDADE - The sex and the (neo) spirituality


Qual a relação entre sexo e espiritualidade? Por que o sexo é tão poderoso? Será possível controlar o fluxo sexual? É possível libertar-se do sexo através da repressão ? Como a  espiritualidade do novo milênio vê o sexo? Esses e outros assuntos correlatos serão abordados ao longo deste texto. 
O sexo é, certamente, um dos assuntos mais polêmicos e complexos da espiritualidade . Ao longo dos séculos e, dependendo da cultura e sociedade, o sexo fora tratado de diversas maneiras. Na antiguidade clássica, ele era celebrado em rituais de fertilidade ao deus Baco. Havia festas com muito vinho, comidas e - claro - muito sexo. Na Idade Média, o sexo fora endemonizado pelas religiões dominantes, notadamente a Igreja Católica. Isso gerou muitos problemas, angústia e sofrimento devido ao conflito espírito-carne. Esta divisão produziu peças e obras artísticas que refletiam o drama existencial da humanidade na época. Em algumas organizações , o sexo ainda é considerado um verdadeiro veneno à elevação do espírito. Mas, será assim mesmo?  Será correto condenar o sexo, reprimi-lo, proibi-lo?  Qual o papel da dimensão sexual dentro da concepção pós-moderna de espiritualidade ? Como podemos aproximar-nos deste assunto de uma forma correta, sábia, madura e sem ilusões?
Krishnamurti em “ A luz que não se apaga”, relata-nos o caso de um homem que fora conversar com ele acerca de sua grande compulsão sexual. Este homem, no desespero de libertar-se do sofrimento causado pelo conflito, chegara ao extremo de amputar seus órgãos . O resultado não poderia ter sido pior:  o desejo não acabou, nem mesmo diminuiu - ao contrário- aumentou. E então sua vida tornou-se um verdadeiro tormento, um inferno . Pouca coisa podia ser feita. Ao homem restava apenas resignar-se à sua situação irremediável. A que ponto o desespero humano pode chegar? De quem é a culpa por séculos e séculos de condenação do sexo? Provavelmente os tais “mestres”, líderes e religiões organizadas.

Jesus  não condenou o sexo. Nem mesmo Buda . E, mesmo que o tivesse feito, teríamos todo direito de questioná-lo. Afinal, ele mesmo já havia nos dado esta liberdade no sermão do “não acrediteis”. Lá, ensinou-nos a não aceitar nada e a duvidar de tudo com sensatez e prudência. A Verdade, dizia, tem que ser  percebida diretamente por nossa própria experiência. Krishna diz no Bhagavad-Gita: “ Eu sou a vida sexual que não é contrária aos princípios religiosos”. Na contemporaneidade, o livro Autobiografia de um Yogue, apresenta-nos o grande mestre Lahíri Mahasaya - o iogue pai de família- um dos maiores iogues de todos os tempos, ficando atrás apenas do Avatar Babají- o iogue imortal . Lahíri nunca se separou da esposa e teve três filhos. Seu exemplo de vida ajudou a mudar a mentalidade tradicional hindu acerca do casamento. Antes, muitos homens abandonavam suas esposas com a desculpa da renúncia e busca espiritual. Com Lahíri - Deus ensina à humanidade que  a verdadeira renúncia é interior . Por último, o exemplo de Krishnamurti que, segundo sua biógrafa Mary Lutyens, era um homem saudável, com vida sexual normal e que não praticava, nem defendia o celibato.
Mas, por que será que o sexo causa tantos problemas? Por que ele é tão poderoso? O sexo é a energia da vida. Segundo a Psicanálise, são pulsões primitivas, originárias   do inconsciente que têm papel central na vida de todo indivíduo. A repressão desse impulsos podem trazer sérios problemas psíquicos, gerando traumas e distúrbios comportamentais graves como, por exemplo, a pedofilia . Algumas correntes espiritualistas consideram o sexo algo sagrado - a energia mais sagrada da vida, a famosa Kundalini que estaria concentrada na base da espinha. A questão é que, estas mesmas correntes esotéricas, interpretam mal a forma de lidar com tal energia. Algumas delas, preconizam exercícios “tântricos” aos seus adeptos . Em geral, essas técnicas têm como base o controle do “sêmen” durante a cópula. Uma prática pouco aconselhada por médicos. Conheci um amigo meu que entrou para uma dessas “escolas esotéricas” e começou  a sentir sérias dores na área genital. Ao saber de sua práticas de retenção do sêmen, o médico o aconselhou a parar imediatamente . Segundo o profissional, se ele continuasse com aquelas práticas antinaturais, seu problema tenderia a piorar, podendo desenvolver, inclusive, um câncer de próstata. 

Sabe-se que a ideia por trás de tais técnicas é "inverter o fluxo” da energia que antes ia “pra baixo e pra fora”, direcionando-o “ para dentro e pra cima”. O problema é que essa concepção decorre de uma interpretação equivocada  de alguns livros esotéricos que falam sobre a “mudança do fluxo da energia Kundalini”. É certo que o fluxo muda com o despertar. Mas isso acontece naturalmente. Além do mais, a mudança de fluxo ocorre nas correntes sutis do corpo, não necessariamente em nível material e biológico. Com o despertar, a energia vital ou Kundalini, quando ativada, vivifica e energiza os centros espirituais ou chackras. Isso não quer dizer que a pessoa irá deixar de sentir desejos biológicos, todavia, mentalmente, o sábio está interiormente livre, como se diz no Bhagavad-Gita:
 “O sábio não se abala com as correntes dos desejos que são como rios que correm para o mar- mas que, mesmo assim, mantém-se estável” – Krishna.
Desta forma, qual seria a melhor atitude em relação ao sexo? 
Com certeza não é nem o controle, nem a repressão. Tentar controlar as pulsões da natureza equivale a querer controlar  o fluxo de um rio, ou um vulcão. Mesmo que se tenha sucesso durante um certo tempo, logo, logo ele se romperá, causando sérios estragos. Assim também é o sexo. As consequências desse "estrago" são bastante conhecidas nos meios religiosos, através dos famosos escândalos sexuais e crimes diversos .
Então o que deve ser feito? O que os expoentes da nova espiritualidade ensinam sobre este assunto delicado? Será necessário mais repressão e controle? O conflito liberta o ser humano do desejo? Por certo que não. Urge então uma nova maneira de compreender tal dimensão do ser colocando-a em seu devido lugar.
Ora, o ser humano - enquanto manifesto no corpo - não é apenas um ser espiritual - ele também é matéria. O corpo tem suas próprias leis, necessidades, demandas e inteligência. Alguns religiosos mais conservadores dizem que o sexo existe apenas para procriação. Mas, mesmo na natureza, os animais  parecem fazer sexo por prazer - como demonstram casos de “homossexualismo” no mundo animal. Quem nunca viu dois animais do mesmo gênero, tentando fazer sexo? Ou vivendo uma “amizade diferente’? Isso nos leva a refletir sobre o papel do sexo na natureza. O sexo nesse plano físico não seria apenas um reflexo distante ou  distorcido de um fenômeno que já ocorre em um plano superior? Ou seja, haveria, em outros planos e dimensões, outro tipo de “sexo”? Um sexo menos “animalizado", não relacionado aos instintos primitivos?
Adoração ao ' Shiva lingam"
Na verdade, o próprio Universo faz "sexo". Na tradição Hindu, Deus - representado por Shiva - faz sexo com a Criação, pois ele é a Força Procriadora Universal. O “lingam” é o símbolo fálico (pênis) de Shiva que fertiliza e cria todas as coisas no universo. Ou seja, haveria sim vários “níveis” de sexo, sendo que o nível animal - as pulsões do ID- seria o mais baixo e primitivo. 
Desta forma, podemos estabelecer alguns níveis em relação à dimensão sexual:
1º nível : animal, totalmente primitivo, impulsivo e desregrado.
2º nível: a do homo sapiens ignorante/inconsciente acerca de sua complexa tríade: corpo-mente-espírito. Some-se a isso séculos de educação repressiva e  castradora, tornando-o um ser neurótico, angustiado e em constante conflito consigo mesmo.
3° nível - a do  homo sapiens equilibrado/maduro. Nesse nível, não há mais o conflito causado pela repressão e luta interna. O homem equilibrado superou o nível dos pensamentos condicionados e reativos. Ao encontrar seu próprio equilíbrio, ele não é mais controlado por seus impulsos primitivos. A dimensão sexual encontra seu devido lugar na psique e integra-se às outras dimensões de uma forma  saudável , sem exageros ou efeitos colaterais.
4º nível – do quarto nível em diante, pouco ou nada se sabe. Neste nível estão seres como Babají, Buda e Jesus. Os registros sobre  algo parecido com o que chamamos de “sexualidade” nesta elevada  consciência são muito raros ou inexistentes. Sabemos, no entanto, que quanto mais elevada é a consciência espiritual maior é a intensidade da " Ananda" (beatitude) que é o êxtase ou gozo espiritual interno.
Assim, o orgasmo comum seria apenas uma pequena e distante amostra do Gozo Celestial citado pelos grandes mestres iluminados. Eles usufruem naturalmente de um estado de gozo interior pois alcançam dentro de si aquilo que só conseguimos na cópula: a unificação dos opostos. A integração plena do Ying e Yang cósmico. Como o próprio  Bhagavad- Gita nos afirma:
“ A pessoa cuja felicidade é interna, que é ativa dentro de si, que se regozija e está iluminada dentro de si, é na realidade o místico perfeito. Ela está liberada no Supremo e no fim alcança o Supremo”
Sri Yuktéswar, discípulo de Lahíri Mahasaya e mestre de Yogananda, disse que o critério de iluminação de uma pessoa é a “intensidade da Ananda sentida durante a meditação”. O problema é que  muita gente deseja encontrar a beatitude permanente e acaba se frustrando pois ela não existe. A verdadeira Ananda não pode ser manipulada, nem controlada por ninguém. Ela é a própria expressão do Espírito Divino no homem e, por isso, transcende a todo o desejo, pensamento, ambição ou busca. Ela é gratuita, não resulta de práticas, nem de esforços. Ela "vem sem ser chamada” como dizia Krishnamurti e não pode nunca ser controlada pela vontade do sujeito.
A mente pode até produzir uma espécie de “ananda” falsa, todavia, esta em nada se compara àquela. A verdadeira bem-aventurança é diferente de tudo o que a mente pode conceber. A falsa "ananda" é passageira pois é forjada pela própria intenção do pensador em sua busca por prazer. Ora, tudo que é criado pelo pensamento/desejo é fonte de ilusão, frustração e sofrimento. A Ananda Celestial não causa dor, nem tristeza. Durante sua manifestação, ela está sempre se renovando e, mesmo quando passa ou diminui de intensidade, ela deixa no "ar" seu perfume, transformando para sempre a consciência e a vida do indivíduo.
Que devemos fazer então? Vivemos em sociedade e ela nos impõe certas regras de conduta necessárias à vida social. Não podemos sair fazendo sexo sem controle, nem critérios. Mas, também não podemos reprimi-lo ou controlá-lo. Como resolver este dilema secular?
Uma nova compreensão e percepção das coisas  e, de nós mesmos, se faz necessária. Ninguém poderá nos dizer o que “devemos” fazer. Isso já foi feito antes no passado, sem sucesso. O homem ao conhecer-se, haverá de compreender também o sexo, aprendendo a lidar corretamente com ele . Ao compreender o poder da energia sexual, o sábio percebe todas as implicações e males causados pelo controle e, por isso, não envereda por este caminho. Nem muito menos pelo outro - o da permissividade. Por isso, é tão importante o conhecimento das energias sutis e como estas podem ser canalizadas. Resta-nos refletir: Qual o papel do sexo para quem se libertou da identificação com os pensamentos  e do sentido de separatividade?

O sexo, certamente, tem sua função e importância. O problema pode não estar no sexo em si, mas na mente que deseja prolongá-lo. Ao buscar uma sensação cada vez mais intensa e constante, o homem expõe sua nulidade, seu vazio, seu sofrimento. É como se o sexo fosse sua única válvula de escape. Sem ele, não haveria nada além de tristeza e dor.  E ao buscá-lo de forma apaixonada e frenética acaba aumentando mais ainda seu sofrimento.  Todavia, uma mente liberta da divisão "observador e coisa observada" encontra a paz dentro de si, não ficando mais tão dependente dos prazeres sensoriais.  Tal mente, saberá lidar com esta energia primal de uma forma inteligente e madura. O caminho do meio - apontado por Buda- é, sem sombra de dúvidas, uma ótima solução para este problema secular.
Quando a mente, pelo autoconhecimento e sabedoria, alcança a paz, o sexo passa a ter o “seu lugar”. Se ele está presente, está! Um fato não pode ser negado, nem escondido, nem desprezado. Mas qual a forma mais adequada de liberar esse poderoso fluxo de energia?
 Cada um terá que encontrar  seu próprio “caminho”. Não há fórmulas mágicas, nem receitas prontas. A  própria pessoa terá que encontrar a melhor forma para fazer isso, sem causar prejuízos ou danos nem a si mesmo, nem aos outros. Mas não se deve cometer o erro de usar a MEDITAÇÃO como meio de controlar a energia sexual.  Pois, quanto mais tentares controlá-la, mais poderosa ela ficará. A meditação natural - aquela que não é praticada mas que surge naturalmente - ao contrário do que se pensa, aumenta a energia do corpo, potencializando a energia sexual. E esta não pode ser reprimida. O certo é deixá-la fluir, sair, expressar-se da forma mais saudável, harmoniosa e natural possível.
No novo milênio, a consciência/sabedoria é a luz de cada um. Estamos vivendo uma nova era em que as pessoas estão despertando cada vez mais para sua dimensão espiritual. O sexo é uma energia bela, poderosa e prazerosa. E saber lidar com ela da forma mais correta é também sinal de maturidade espiritual. Cada ser humano deverá encontrar sua própria maneira de resolver esse grande desafio.  Seja fazendo sexo com a esposa(o), namorada(o), parceira(o), ou tentando sublimá-lo da forma que achar melhor. O mais importante é que não prejudique nem a si mesmo, nem aos outros; sempre com segurança/consciência e assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos. 
Alsibar Paz ( revisado em 25/09/21)
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domingo, 8 de janeiro de 2012

PERGUNTAS E DÚVIDAS MAIS FREQUENTES SOBRE MEDITAÇÃO E DESPERTAR - The most frequent questions about Meditation and Awakening


Devido a diversos questionamentos e dúvidas sobre meditação e autoconhecimento , resolvi escrever este artigo com o objetivo de esclarecer alguns pontos de difícil entendimento sobre o "mecanismo" do despertar. As respostas e reflexões aqui apresentadas, devem ser consideradas dentro da visão relativista das coisas e não como verdades absolutas. Não falo como guru, mas como um irmão mais velho que devido à experiência e maturidade, pode ajudar os mais novos e inexperientes a encontrar seu próprio caminho.
1.     Alguns instrutores e movimentos religiosos pregam que tudo já é perfeito. Ora, se assim o é, então por que precisamos meditar?
A ideia de que não precisamos fazer nada, pois tudo “já é perfeito” é uma concepção que deve ser compreendida corretamente sob o risco de tornar-se fonte de ilusões. Podemos dizer que esta concepção é  correta e errônea ao mesmo tempo. Do ponto de vista do Absoluto, tudo já é perfeito, pois tudo ‘JÁ É’. Se Deus é tudo e tudo é Ele, então tudo é perfeito, pois Ele é Perfeito e todas as coisas são do jeito que são porque não poderiam ser melhores- pois se pudessem certamente seriam. 

Todavia, sob o ponto de vista da relatividade, ou seja, do ponto de vista do observador em sua subjetividade,  nada está perfeito. Pelo contrário, há muito o que "fazer", mas este “fazer” tem que ser corretamente compreendido. Nada pode ser feito enquanto formos escravos das ilusões. Assim, temos muito o que fazer sim. E o que podemos fazer? Libertar-nos da ilusão do ego-pensamento. Este é o primeiro passo. Um homem sob efeito de bebida, sono ou delírio, nada pode fazer por si mesmo.  Da mesma forma é a humanidade. Enquanto  o indivíduo não se autoconhecer e não "acordar", suas ações serão confusas e equivocadas. No Quinto Evangelho, Jesus fala o seguinte:

" Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não tem visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas, no momento, eles estão embriagados. Somente quando superarem a embriaguez,  mudarão a maneira de pensar." (aforismo 28)

Jesus diz que estamos "embriagados", ou seja, estamos sob o efeito de uma espécie de droga, ou força que nos tira a clareza de percepção para podermos agir de maneira correta e sábia. Em outras culturas e religiões essa força é chamada de Maya, Ilusão ou Ignorância. O primeiro passo é libertar-se dela, o resto virá por si mesmo.

2.     O que nos resta fazer então?
No atual estado em que se encontra, só há um caminho possível ao homem: acordar!  Você confiaria nas palavras de um homem bêbado, drogado ou  hipnotizado? Certamente que não. Da mesma forma é a humanidade. Tudo o que ela fala, sente ou faz é desprovido de verdade e consistência. Se observarmos bem, há uma enorme distância entre  os discursos e as ações e – o pior- o homem não percebe suas próprias contradições. Desejam  ir para o Norte, mas se dirigem para o Sul. Diz querer “amar o próximo” mas tudo o que faz aponta no sentido contrário. A contradição está na raiz de quase tudo o que o homem diz e faz. Por isso, só lhe resta uma coisa: Despertar!  Do contrário, não sairá do lodaçal em que se encontra. Nesse estado de confusão, tudo o que ele faz, pensa e diz, ocorre apenas em sua mente , como num sonho. Exatamente como foi retratado no filme Matrix… apenas sonha que faz, mas na realidade está dormindo.

3.     Qual o caminho do DESPERTAR?
A MEDITAÇÃO.

4.     O que é MEDITAÇÃO?
Não é fácil definir meditação. Talvez nem haja definição para ela. Krishnamurti deu mais de mil definições sobre meditação ao longo de sua vida. Há coletâneas completas somente sobre isso.  Cada vez que ele falava, dizia algo diferente, ampliando ou explorando outras perspectivas desse “misterioso estado”.  Seria mais fácil dizermos o que ela "não é". Primeiramente, ela não é um método ou uma técnica que se possa praticar. Há centenas ou milhares de ‘métodos” de meditação por aí. Krishnamurti foi o sábio que mais insistiu sobre a natureza “não-metódica” da Meditação. Até mesmo o Zazen,  que originalmente surgiu como um “não-método”- ainda é ensinado por alguns instrutores como sendo algo que se deva praticar. Poucos, muito poucos compreendem o verdadeiro espírito do Zazen- “o sentar-se sem fazer nada”. Não há Zazen enquanto houver um aspirante que pratica um método pra se alcançar um estado. Somente quando não houver nenhum “praticante”, nem “prática”, nem nada a se realizar… é que surge o verdadeiro Zazen ou Meditação.
Ora,  até a Bíblia  fala sobre a Meditação como um estado de repouso e tranquilidade. Jesus afirma no Quinto Evangelho:

“vós também, buscai um lugar para vós no repouso, a fim de que não vos torneis um cadáver e sejais devorados"(afor-60).

Obviamente, o lugar de repouso não é um lugar físico, mas a Alma, ou o Ser do homem. Ainda no Evangelho de Tomé, ele esclarece: 

“ Se vos perguntarem: 'qual o sinal do vosso Pai em vós? Dizei: é movimento e repouso” (afor- 50).

Concepções análogas são encontradas nos ensinamentos de outros mestres e iluminados. “O estado de Imobilidade”- ensinado por Babají através de seus discípulos. O estado de “tranquilidade mental”, ensinado por Krishnamurti como condição prévia ao Estado Criador. O  ‘testemunhar silencioso’ de Ramana Maharish. E ainda, Krishna, no Bhagavad-Gita quando exalta " a mente estável” do Iogue auto-realizado. Tudo isso aponta para a grande importância que o silêncio e a paz mental tem  no processo do "despertar".
Daí se conclui: a meditação é a percepção ou descoberta desse estado de "paz, tranquilidade e repouso interior". Mas, essa paz  não surge como fruto de um esforço, de um desejo, de uma busca, de uma técnica ou disciplina. É um estado em que  não há um “eu” observando, há apenas a observação.  Nesse estado não há futuro, nem passado, nem presente- pois todas as concepções de tempo, são de natureza mental.  É uma dimensão Atemporal, além do tempo psicológico e do centro-observador.
Ora, quem é este ‘centro’? É o EGO não? Significa dizer que quando estamos ‘em meditação” não há mais separação ou divisão entre “sujeito e objeto”, “observador e coisa observada”. As concepções de tempo e espaço também desaparecem. E o indivíduo ver-se a si mesmo livre dos grilhões do tempo e das ilusões mentais. 
Concluindo: o homem pode e deve “fazer” algo: descobrir esta dimensão atemporal, incognoscível e insondável dentro de si.  Ao encontrá-lo não haverá mais dúvidas e nenhum "fazer" ou "praticar". Apenas um eterno e constante fluir, um morrer e renascer que ocorre de forma natural, sem a participação direta do "eu-ator". É um estado sem continuidade, sem tempo, sem medo ou ilusões.

5.     Por último, qual sua opinião sobre os gurus, as religiões e movimentos  organizados?
Tudo tem sua  importância e papel dentro do Plano Divino. As religiões, os movimentos e gurus tem, certamente, uma função dentro da Conjuntura Cósmica Universal, do contrário, não existiriam. É como se o Universo fosse um grande corpo onde todos realizam algum tipo de trabalho e exercem funções específicas- por mais simples que seja- tem sua importância. 

Há uma lógica e um sentido para tudo que existe. É como numa escola: qual o sentido do jardim de infância? Preparar as bases para  estudos mais avançados não? Os homens são como crianças em uma escola. Alguns precisam do "Bê-A-BÁ, outros já leem com facilidade, há alguns que  dominam a escrita e a leitura , há ainda aqueles com habilidades mais avançadas e que são capazes de desenvolver estudos mais complexos e abstratos. Mas penso que todos chegarão lá, uns mais rápido, outros mais devagar... outros quase parando . O "objetivo" é que todos cheguem ao ensino Superior onde possam tornar-se "mestres de si mesmos" de sua própria jornada e aprendizado. Os primeiros estágios são extremamente dependentes. Os intermediários se caracterizam por uma dependência relativa. Os últimos estágios são marcados pela capacidade de se guiar, estudar e aprender de forma autônoma e independente. Obviamente,  a ajuda dos outros sempre será importante, mas não haverá mais a dependência da autoridade espiritual, característica dos estágios iniciais.
Assim também é o homem em sua "embriaguez". Muitos são como crianças inseguras que precisam do apoio das religiões e dos gurus para sustentá-los ao longo do "caminho" que acreditam existir. Outros, são como adolescentes: já demonstram um certo nível de autonomia, independência e coragem- mas ainda muito limitado e imaturo. Outros são como adultos, mas mesmo esses há diferentes níveis. Há adultos maduros, seguros e independentes e há adultos  medrosos e inseguros. O fato é que, a variedade de religiões e “caminhos” refletem a variedade de níveis evolutivos do próprio homem. Se existisse apenas uma religião, muitos pereceriam pois não conseguiriam se “enquadrar” em um modelo apenas. Daí a importância de haver um “caminho” adequado ao estágio evolutivo de cada pessoa. Isso demonstra que a Sabedoria Cósmica Universal ultrapassa a visão limitada e radical de alguns religiosos conservadores. Não há verdade absoluta, nem apenas um caminho, e talvez não exista "Caminho". Cada um entenderá conforme seu grau evolutivo de compreensão e maturidade espiritual.
Por mais que não se queira, as concepções religiosas individuais e coletivas, evoluem à medida que o próprio indivíduo, ou humanidade evolui. Assim, não há religiões, nem caminhos certos ou errados.  Há religiões "erradas" ou inadequadas para determinados tipos de indivíduos. Mas, estas, por sua vez, podem se adequar perfeitamente em outros tipos de pessoas - exatamente como uma roupa, ou calçado.  Por exemplo: seria errado e até “impossível” colocar um Phd para estudar no “jardim”- pelo simples fato de que ele já ultrapassou aquele nível de compreensão. Da mesma forma, seria ‘errado’ colocar uma criança do jardim pra fazer o Ensino Médio, ou Graduação- por razões óbvias.
Mas o certo é que todos estão aqui para evoluir através do despertar da consciência. E assim como há crianças que repetem o mesmo ano várias vezes, há também indivíduos que ficam estagnados em um mesmo nível durante toda uma vida o que pode levar anos, séculos ou milênios- caso exista a reencarnação. Por isso que todos deveriam buscar o crescimento e a evolução interior independente de religião, movimento ou organização. Ninguém precisa deixar sua religião, guru ou movimento desde que estes não limitem ou impeçam a evolução e  o amadurecimento espiritual. 

Assim, quando chegar a hora de partir, parta. E quando se sentir seguro e maduro,  siga seu caminho sem medo.  Cuide para não cair na ilusão de que  alguém (guru, mestre, ou organização) possa lhe dar a Paz, a Luz, a Verdade ou a Salvação . Lembre-se que sua parte é ficar consciente disso como uma realidade intrínseca que já está aqui agora e que ninguém pode dá-la - pois nunca foi perdida. Os mestres, tais quais professores, apenas apontam o caminho do aprendizado, mas eles não podem aprender ou estudar por você.  Cada um deve fazer sua parte. Do contrário corre-se o risco de se "repetir de ano" várias vezes.

A meditação e o autoconhecimento não são práticas- no sentido literal da palavra- são níveis de percepção e compreensão que traz a sabedoria e nos permite avançar de "série" à medida em que você se expande, se aprofunda e se ilumina. E assim, caminha-se em direção a estudos mais avançados aqui mesmo ou em outras dimensões...  Por que não?
Muito Obrigado!
Alsibar ( inspirado)
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