sábado, 26 de novembro de 2011

OS CHAKRAS , O AUTOCONHECIMENTO E UM RELATO SOBRE KRISHNAMURTI- The Chakras, the self-knowledge and a curious report about Krishnamurti

http://alsibar.blospot.com : Krishnamurti e os Chakras
O que são os chakras e qual sua relação com o autoconhecimento? Existe algum perigo em ativá-los antes do tempo ? Você sabia que Krishnamurti relatou o desenvolvimento de seus próprios chakras? Será mesmo importante praticarmos técnicas para ativar os chakras? Ou será que os chakras ativam-se espontaneamente como consequência natural do despertar da compreensão? Vamos refletir juntos? 
O presente artigo não tem como objetivo dar explicações sobre os chakras. Quem quiser saber mais sobre os chamados “centros de força” ou “centros de energia” , pode procurar informações mais detalhadas na Internet. Mas, para os iniciantes e leigos, darei algumas explicações preliminares. Acredita-se que os chakras são centros de energia espiritual que o homem possui em seus corpos sutis. Estes centros  corresponderiam, no corpo físico, a alguns órgãos  vitais . Eles estariam conectados a um sistema energético existente ao longo da espinha e seriam responsáveis pela captação e circulação de energias vitais que sustentam e alimentam nossos corpos - do mais denso ao mais sutil. Na verdade, não existem apenas sete chakras, mas milhares deles. Todavia, os mais importantes são apenas sete e localizam-se nas seguintes regiões: em cima da cabeça, na testa entre as sobrancelhas,  na garganta, no coração, no umbigo, nos genitais e na base da espinha. Nesses tempos de “despertar”, é comum ouvirmos as pessoas dizerem que sentem os chakras vibrando, ou queimando. Neste artigo, discutiremos a relação entre o autoconhecimento e os chakras. Vamos refletir  juntos sobre algumas questões relacionadas a este intrigante assunto? Então, boa reflexão!
Sei que muitos não acreditam que os chakras existam. Também pudera, nenhum cientista conseguiu isolar um chakra em laboratório. Não é de natureza física. Mas sutil e energética. Todavia, independente da ciência acreditar ou não, a literatura que versa sobre os chakras é milenar. Os “videntes” conseguem vê-los com facilidade. E os mais sensíveis conseguem sentir suas vibrações. Ao meditarmos, ou orarmos, sentimos algo vibrar exatamente nos pontos em que os chakras são identificados. Qualquer pessoa pode vivenciar isso. Eu me lembro que, ainda muito jovem, quando comecei minhas meditações, eu sentia leves vibrações no peito e no espaço entre as sobrancelhas. Ou seja, mesmo sem acreditar, sentimos que há algo ali. Uma energia, uma força. Às vezes é uma vibração, às vezes uma tensão e às vezes – com mais raridade- uma queimação. Vários místicos de várias linhagens e tradições diferentes mencionam os chakras. Inclusive a Psicologia Transpessoal. Até mesmo Krishnamurti menciona os chakras em um livro biográfico de Pupul Jayakar[1], uma de suas mais importantes biógrafas. Um curioso relato que veremos no parágrafo seguinte.
 Em 1948, Krishnamurti viajou a um lugar chamado de Ootacamund  (Ooty),  nos vales Nilgiris, estado de  Tamil Nadu, sul da Índia. Foi uma espécie de retiro espiritual. K. estava hospedado em uma casinha nas montanhas e convidou Pupul e Nandini para visitá-lo. Durante este tempo, segundo a biógrafa, vários acontecimentos “estranhos” e místicos ocorreriam com K. Dentre eles, o começo do  despertar dos centros espirituais. Em cartas endereçadas a Nandini – irmã de Pupul- K. relatou o desenvolvimento dos “discos” ( wheels) que é como ele chamava os chakras . Para quem não sabe, chakra é a palavra sâncrita para disco ou roda – o formato  do centros . Este fato foi mencionado pelo próprio K. anos mais tarde, em 1961, em cartas endereçadas a Nandini, sua grande amiga e confidente:
 Mar/12 – “ Os discos de Ooty estão funcionando, causa desconhecida, e outras coisas estão acontecendo”.
May /18- “ Os discos de Ooty estão funcionando a toda força. Estou surpreso.”
Jun/01- “ Os discos de Ooty estão funcionando furiosamente e com muita dor”
Mas, K. nunca mais mencionou este fato e nunca fazia alusões aos chakras em suas palestras. Por que seria? Simples: isso poderia tirar o foco do que é realmente importante, desvirtuando a atenção do ouvinte para coisas secundárias e pueris. E o que é realmente importante? Com certeza não é desejar o desenvolvimento dos chakras mas se autoconhecer. Libertar-se das ilusões do EGO. O resto virá como consequência natural  do percebimento da “Verdade” ou daquilo “Que é”.
Mas, qual seria o grande problema? É o seguinte: muita gente coloca o “carro na frente dos bois” . Muitos  ainda não perceberam que o despertar dos chakras é uma consequência natural do despertar da consciência- e não o contrário. Muita gente pratica  técnicas de mentalização e respiração, para ativar os chakras, como se isso fosse dar-lhes  compreensão e sabedoria. Lamentável engano. E arriscado também. Isso pode  trazer consequências graves e até mesmo fatais. Lembro-me de dois importantes casos registrados na literatura espiritual. A escritora, jornalista e espiritualisata Joyce Collin Smith no livro “não Chame Ninguém de Mestre”[2] relata o caso que aconteceu com ela e com um amigo chamado James Webb. Ambos tiveram uma experiência relacionada com a ativação dos chakras, também chamada de expansão da consciência ou supraconsciência. A escritora descreve que passou a ver a essência das coisas como sendo um grande fluxo, moléculas, universos, seiva das plantas, tudo ao mesmo tempo. A sensação de paz e amor era estonteante, de forma que ela não queria mais voltar a este plano de percepção. Mas fora “obrigada” a retornar, então ela se viu novamente presa em seu corpo e caiu em depressão profunda. Fato que quase levou-a ao suicídio. Seu amigo Webb não teve a mesma sorte. Após a loucura, cometeu suicídio atirando em sua cabeça. Por isso, é importante termos em mente o alerta de todos os mestres : não procure desenvolver os poderes. E quando eles aparecerem, trate-os com naturalidade, neutralidade e indiferença. Do contrário, poderá trazer-lhe grandes problemas. 


      Ativar os chakras de um modo artificial  não constitui atitude muito sábia. Seria o equivalente a amadurecer frutas utilizando-se de carboreto. As frutas não terão o mesmo sabor natural pois seu amadurecimento foi "forçado". Além disso, como a ação ainda parte do EGO - desejo e pensamento- seus resultados serão instáveis e superficiais. Muita gente concentra-se no chakra do coração para poder ativá-lo. Este centro é  responsável pelos bons sentimentos tais como, bondade e compaixão. Mas mesmo este resultado é superficial e passageiro pois parte de uma ação intencional e consciente do EGO. E quando o EGO ainda está no comando, não pode haver nenhuma mutação real e profunda. Outro chackra que muitos tentam desenvolver é o frontal, ou "terceiro olho". Quando ativado, este centro  nos permite ter percepções extra-sensoriais, mas será mesmo que estamos preparados para este tipo de experiência? À primeira vista, pode parecer interessante ler pensamentos, ver e ouvir os seres dos mundos  sutis, prevê o futuro etc. Mas, sem o devido controle, preparo e amadurecimento espiritual, as consequências disso podem ser desastrosas. Indo desde a confusão mental, passando pela depressão e loucura, podendo chegar ao suicídio. A meditação, dentre outras funções, vai preparando a mente e o espírito do praticante para a ativação dessas faculdades. Até mesmo Krishnamurti passou por uma preparação prévia ao despertar. Fenômeno que ficou conhecido como “o  processo”.
Em suma, há um grande risco em se tentar ativar os centros, antes do desenvolvimento da sabedoria. E o que é a sabedoria? Como ela surge? Somente com o autoconhecimento e meditação. Mas, quando aprendemos a nos autoconhecer e quando vivenciamos a verdadeira meditação, sentimos que esses centros começam a ser ativados naturalmente, espontaneamente, em seu próprio tempo e ritmo. Geralmente, quem segue o caminho natural da meditação, é assistido por seres de luz, que aos poucos vão preparando a mente e o espírito do praticante, para percepções mais avançadas. Isso evita e previne os perigos  peculiar ao desenvolvimento dessas forças.
Diante de tais argumentos, acho que fica um alerta: não procure desenvolver os chakras antes do desenvolvimento da sabedoria. Procure, antes, desenvolver a compreensão e a percepção correta das coisas e de si mesmo. Siga o alerta do grande mestre Nazareno:
“ Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino dos Céus e sua justiça e tudo o mais vos será dado em acréscimo”. ( Mt- 6: 33)
O Reino dos Céus está dentro de nós. Encontre-mo-lo primeiro através da meditação e do autoconhecimento. O restante ...? Não precisamos nos preocupar. Virá por si mesmo, no seu devido  tempo, com toda segurança e assistência necessárias.
Muito Obrigado!
Alsibar ( Inspirado)
P.S. Os livros mencionados poderão ser baixados pelo 4shared nos links abaixo:
Não Chame Ninguém de Mestre de Joyce Collin Smith :

Krishnamurti: a Biography by Pupul Jayakar




[1] Krishnamurti- A Biography – Pupul Jayakar – 1986, by Pupul Jayakar , sem tradução para o Português
[2] Joyce Collin Smith – Não Chame Ninguém  de Mestre – 1993- Siciliano

domingo, 20 de novembro de 2011

“DAI LEITE ÀS CRIANÇAS E SÓLIDO AOS ADULTOS” MAS…ATÉ QUANDO? Give milk to the children and solid food to the adults but... until when?

Alsibar-  Dai leite às crianças e alimento sólido aos adultos

Será que a humanidade já está madura o bastante para compreender a Verdade ? O que é a humanidade? Não são os indivíduos? Será que nós enquanto indivíduos não somos ainda capazes de seguirmos nosso próprio caminho sem necessitarmos das muletas, das técnicas, dos gurus e das religiões? Vamos refletir sobre isso?

Paulo de Tarso em 1Coríntios 3:2, nos fala sobre o alimento específico para as crianças ( leite) e o alimento aos adultos ( sólido). Obviamente, o grande Apóstolo dos Gentios referia-se ao fato que nem todos estão preparados para receber a Verdade em sua plenitude e profundidade. São ainda como “bebês”. Certamente que todos nós, ao longo desta caminhada de busca, um dia fomos “bebês”. Não tínhamos ainda o discernimento e a maturidade para compreendermos a Verdade . Naquele momento, poderia ser insurportável para nós. Sim. Isto é totalmente compreensível e aceitável. A humanidade é a prova disso. Primeiro veio Abraão, e falou ao povo o que eles podiam entender, em uma linguagem própria àquela mentalidade da época. Depois veio Moisés e nos trouxe a imagem de um Deus Amoroso, mas justo e por vezes “vingativo”. Depois veio Jesus, ensinando-nos que Deus é Amor. Passaram-se mais de dois mil anos. Estamos no Terceiro Milênio, será que ainda precisamos de leite? Ainda não estamos maduro o bastante para mudarmos do leite ( verdade parcial) para o alimento sólido (Verdade total). Obviamente, muitos não estão. Continuam precisando de muletas e consolos a saber: dos gurus, dos livros, das técnicas e dos Lexotans espirituais. A grande questão não são as muletas e consolos, mas até quando seremos dependentes deles! É esta a pergunta que cada um deve fazer a si mesmo, e é sobre isso que iremos refletir.
A “humanidade” não existe. Este é um conceito abstrato que define uma coletividade, um conjunto de indivíduos. O que existe realmente são os “indivíduos”.  Se cada um de nós enquanto indivíduos não  tomarmos a consciência que chegou a hora do “desmame”, a humanidade nunca amadurecerá. Continuará alimentando-se à base de verdades superficias e confortadoras, que em nada ajudam no despertar. Vamos lembrar direitinho como vivem os bebês?
Eles passam boa parte do tempo dormindo. Às vezes brincam, às vezes acordam e querem mamar. São muito dependentes de suas mães e necessitam de total atenção e cuidados. Se por um instante, a mãe lhes falta. Eles choram. Querem sentir-se confortáveis e seguros.  É a presença da mãe, seu cuidado, amor e afeto, que lhes dão a sensação de segurança, paz e conforto que tanto apreciam e precisam. Perfeito, assim é a natureza. É assim que são as coisas. Mas nossos problemas crescem à medida que vamos crescendo. Os estudos psicanalíticos de Freud nos esclarecem que temos três corpos : o carnal, o mental e o emocional. Enquanto os dois primeiros se desenvolvem normalmente. O corpo emocional só se desenvolve até os três anos de idade. Ou seja, emocionalmente,  boa parte das pessoas só tem três anos de idade. Isso acarreta uma série de problemas na vida do adulto- emocionalmente imaturo. Ele, mesmo adulto,  continua necessitando sentir aquelas mesmas sensações de paz e conforto, de quando era um bebê.  Mas, aí, o problema : não tem mais a mãe ao seu lado . Então o indivíduo começa a procurar essas mesmas sensações em outras coisas e pessoas.  Pode ser em um parceiro ou parceira, nos amigos, em uma organização social ou religiosa, em uma ideia ou ideal.  Outros, procuram-nas na bebida, nas drogas, nos chás alucinógenos, nas religiões, na ideia de “Deus” e, por último, nos livros, nos gurus e nas técnicas.
O resultado disso tudo? Essa nossa sede de paz , conforto e segurança é tão forte que ela passa a influenciar quase tudo na nossa vida. Por isso procuramos os gurus. Mas não queremos um guru qualquer,  tem que ser aquele que nos proporcione muitas sensações. Do contrário, o guru não serve. Queremos técnicas que nos leve a um estado de paz e conforto. Buscamos essas sensações praticando técnicas de respiração e mentalização. E quando a encontramos, dizemos : eis aqui o grande Guru! Eis aqui a técnica infalível! Muitos estão dispostos a pagar caro por qualquer vislumbre de paz e felicidade. Isso alimenta um mercado que cresce a cada dia.  Mas será mesmo que o fato de algo me proporcionar sensações confortantes,  determina a medida do que é verdadeiro ou falso? Do certo e do errado ? Do que é sagrado e profano? Do que é divino e mundano?  Será que é assim mesmo? Será que experimentar sensações de paz e conforto é mesmo um critério confiável? O que nos mostra a história recente dos gurus  e seus movimentos  religiosos? Por que não percebemos a verdade sobre as técnicas e os gurus? É porque ainda somos bebês? Será mesmo que ainda não temos a capacidade de compreender isso , ou será que não queremos sair da nossa “zona de conforto”? Ou será medo de encararmos a Verdade? Mas o que tememos? O Desconhecido? Mas, no conhecido, existe alguma segurança, ou simplesmente a “ilusão da segurança”?
A viagem de cada homem, é uma viagem arquetípica em direçao ao Desconhecido. A Psicologia Transpessoal , sistematizada por Jung, já falava sobre isso. O próprio nascimento é um salto no desconhecido. A primeira grande experiência traumática do ser humano. Daí por diante, nossa viagem se inicia, e com ela, uma eterna resistência , um eterno medo do desconhecido, da dor, e do crescimento. Poucos conseguem ser exceção à regra. O desconhecido está aqui, sempre do nosso lado. Mas, porque temos medo, tratamos de “alterá-lo”. Então transformamos tudo em conhecido. E como fazemos isso? Simples: através de nossas crenças, fantasias, sonhos, palavras e pensamentos. Assim, diante do desconhecido da Morte, criamos teorias, o céu, o paraíso, a reencarnaçao. Obviamente, não estou afirmando se são verdades ou não. Podem ser ou não. Estou analisando o processo da mente que cria o conhecido, como forma de fugir aos Desconhecido. Assim também fazemos com Deus- o grande Desconhecido. Tratamos de “moldá-lo” à nossa imagem , semelhança e  gosto. Só acreditamos em um Deus que nos convém. Que possa nos passar confiança e bem estar. Por não aceitarmos a ideia de que Deus é o Inconcebível, o Impensável, criamos deuses pensáveis e concebíveis.  É uma forma de nos sentirmos mais confortáveis, felizes e confiantes. Mas Deus existe para nos satisfazer, ou é o contrário? A "Vontade" que deve ser feita é a nossa ou a Dele? É Ele que tem que se encaixar em nossos padrões ou nós que temos que evoluir, crescer,  e despertar para a Verdade?
Assim, vivemos presos ao Conhecido. Sendo o conhecido nossos temores, angústias, esperanças, nosso passado, desejos e pensamentos. Muitos de nós, não estão maduros o bastante para se libertarem de suas muletas. Isso é um fato. Mas, diante desse fato, aqueles que despertaram para essa verdade, devem se omitir? Se uma criança não quer deixar a “chupeta”, o “ consolo”, ou  o leite materno, qual deve ser a atitude do adulto em relação a isso? Forçar a mudança, o desmame? Obviamente que não. Mas não devem se omitir, nem se calar. Se há ainda irmãos que não conseguem desvencilhar-se de suas dependências psicológicas, deve ser respeitado sua condição, seu passo e ritmo. Mas aqueles que já se “desmamaram”, não devem abandoná-los. Mas também não deve jogar-lhes pedras, ou maltratá-los. Todos devem ser tratados com amor, respeito e dignidade. Os que já são adolescentes, os adultos e os maduros, provarão que realmente ultrapassaram esta fase da “jornada”, não pela incompreensão e intolerância- mas pelo amor, compreensão e sabedoria que demonstram com os demais.
Se somos luz, que esta luz brilhe realmente a todos que estão ao nosso redor. E ser luz é ajudar. Nunca empurrar. Cada pessoa tem seu livre arbítrio. E este é um direito divino que nem mesmo os deuses podem usurpar. Além disso, cada aluno tem sua série, seu grau. Alguns conseguem  “subir de nível” no tempo certo. Outros demoram mais. Outros tem que "repetir de ano". Alguns talvez nunca terminarão o ensino Fundamental. Outros terminarão apenas o ensino Médio. E outros conseguirão continuar seus estudos superiores, mestrados e doutorados sem nunca parar de estudar pois o aprendizado é infinito. Ajudar os irmãos das séries iniciais, os que tem dificuldade de aprender, é nosso dever não só como  cidadãos, mas como Filhos do Deus Altíssimo. Grandes seres que terminaram seus estudos aqui, e que continuam estudando nas Altas Esferas Celestiais, retornam com frequência a este mundo, para ajudar aqueles que ficaram pra trás. São os místicos, os santos, os sábios, os iluminados, os Avatares. Se eles, que já estão cursando Altos Estudos Superiores, descem ao mundo para ajudar seus irmãos que ficaram pra trás, que faremos nós- pobres mortais- senão seguir-lhes o exemplo?
Algumas profecias nos dizem que vivemos o  Tempo do Despertar e que logo depois virá o "Fim". Mesmo, que estas previsões estejam erradas, homens como Krishnamurti, Ramana , Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri. Yukteswar e outros mais,  são provas vivas de que o homem deve despertar- independente se o “Fim” esteja próximo ou não. Que importa para o homem que está dormindo se o mundo vai se acabar  no próximo ano ou daqui a milênios? Se ele dorme, não vive. E se não vive, é como se já estivesse morto. E se já está morto, o mundo "real" para este homem já acabou. Que mundo queremos salvar? O mundo dos sonhos? O mundo da nossa mente? O mundo dos desejos e da Ilusão? Salvemos nosso mundo interior! Temos que acordar agora! Já ! Independente do que possa acontecer amanhã. O "despertar" se faz necessário, não porque o mundo poderá explodir no próximo ano, mas porque sem despertar, nossa vida é uma sequência infindável de ilusão e sofrimento- só isso.
O que os mestres e iluminados sempre tentaram fazer é simplesmente acordar-nos. Somente acordando é que poderemos nos libertar da dor da Ilusão e ignorância. Eles nos convidam a viver a vida não como um sonâmbulo, não como um bêbado, mas vivê-la  sobriamente e com plena consciência. Só quem está desperto pode viver a vida em sua Plenitude e Beleza. Não é à toa que Cristo disse : “ Eu vim para que todos tenham vida, e que a tenham em abundância”. A vida em “Abundância” só pode é possível quando nos desvencilhamos do “ conhecido” e passamos a viver no “Desconhecido”. Viver no Desconhecido é libertar-se de nossas muletas, nossos consolos , suportes, ilusões e sonhos. É libertar-se dos livros, dos gurus, das técnicas , dos pensamentos , das crenças e de tudo que nos dá a falsa sensação de conforto e segurança. É ser livre.  Absolutamente livre e independente das coisas que nos prendem ao desejo, ao medo e à Ilusão.
Ninguém nunca culpará um bebê por ser dependente das sensações de conforto e segurança que a mãe lhe proporciona. Mas  se um adulto, ou mesmo um adolescente, continua ainda dependente do colo , do leite e da presença da mãe para sentir-se bem. Então algo está errado. Mas, ninguém, absolutamente ninguém irá nos fazer amadurecer à força. Ou percebemos este fato ou correremos o risco de chegarmos à maturidade ainda chupando  dedo, ainda mamando, ainda dependente da companhia da mãe. Continuaremos sendo emocionalmente bebês, carentes de carinhos e afagos maternos, procurando em vão ouvir a doce e melodiosa voz de nossa genitora cantando uma canção de ninar e nos dizendo:
“Nã, nã, nã, nã, nã, nã, nã… “Schiiiii, dorme em paz meu filho! Mamãe está aqui”
Alsibar ( apenas um canal)




terça-feira, 15 de novembro de 2011

O FILÓSOFO, O SÁBIO, O MÍSTICO E O ILUMINADO! The philosopher, the mystic, the wise man and the enlightened one!


                   Qual a diferença entre o filósofo, o sábio , o místico e o iluminado ? Quais os limites do pensamento, do silêncio e da experiência mística? E no que a Iluminação se diferencia disso tudo? Qual a relação do ser humano comum com estas dimensões? O que os grandes mestres iluminados nos ensinam sobre isso ? Vamos investigar juntos?                    
 Muitos provavelmente me perguntarão se tenho "autoridade" ou se sou iluminado para falar sobre estas questões. Não sou autoridade, nem muito menos iluminado. Para falar , investigar ou refletir sobre qualquer assunto, só é necessário um cérebro saudável. Essa premissa pode ser falsa pois cria as tais autoridades e- por isso- deve ser questionada. Qualquer pessoa pode falar sobre qualquer assunto, principalmente questões internas e universais. Basta que seja capaz de penetrar um pouco em sua própria natureza, de perceber o mecanismo de sua própria mente, fazer inferências, relações, pesquisas, estudos e - ainda- meditar. Os iluminados nos apontam verdades que podem ser comprovadas por qualquer um que esteja disposto a "ir e ver".  Creio que a inteligência é um dom divino acessível a todos. Com o raciocínio se pode  investigar qualquer assunto de natureza concreta ou abstrata. 
o filósofo, o sábio, o místico e o Iluminado

               A jornada individual de cada um parece seguir o mesmo paradigma da história humana. Ao longo da vida passamos por diversas fases : começamos como filósofos, depois enveredamos pela sabedoria, em seguida pelo misticismo até chegar à Iluminação. Boa parte das pessoas começam sua busca questionando coisas como "o que sou?", "quem é Deus?" " por que sofremos?". Nesta fase,  são comuns os estudos e pesquisas sobre  religiões, filosofias, ocultismos e ensinamentos espiritualistas. Após algum tempo, nos fartamos de tudo isso . Então,  procuramos algo mais substancial do que a simples teoria. Algo que possa aplacar nossa inquietação e vazio interior. É aí que começam as praticas de ioga, meditação, hipnose, mentalização, visualização etc.  Com sorte, aprendemos a meditar de verdade e começamos a experimentar a paz e o silêncio interior . É a fase do sábio. À medida que o tempo passa, descobrimos que enquanto houver um sujeito experimentando o silêncio, ou seja, a dualidade - não avançaremos ao estágio seguinte. A vivência mística começa com a experiência da unidade . É quando o observador se une com a coisa observada, o experimentador com a experiência, o adorador com o objeto adorado. 
Sócrates: filósofo e sábio

             Voltando aos filósofos, o que caracteriza a filosofia é a investigação sobre os grandes temas da vida e do universo buscando compreender a verdade acerca delas. Sócrates, Platão, Aristóteles, Heráclito, Pitágoras, Schopenhauer, Nietzche, são alguns desses exemplos . Pelo que sabemos, a maioria deles eram eruditos mas não eram sábios. Muitos se perderam em seu excesso de teorização e especulação. Sócrates e Platão, ao contrário, além de filósofos eram também sábios. A principal característica do sábio é o silêncio, a serenidade e a paz interior.  Lao Tsé , Bodhidarma, Hui Neng , Dogen foram grandes sábios, alguns foram também filósofos e iluminados . A principal característica do místico é a experiência da unidade com Deus . No caso dos místicos cristãos, eles se identificavam de tal modo com seu objeto de devoção que manifestavam sinais  físicos que remontam ao drama vivido por Cristo tais como chagas, dores, sangramentos etc. São Francisco de Assis, Santo Antonio, Tereza D'ávilla etc são grandes exemplos de místicos cristãos. Já Santo Agostinho, apesar de ser considerado um santo, estava mais para  filósofo da religião do que místico .  Mas também fora considerado um grande sábio por sua serenidade,  humildade e exemplo de vida.  
Bodhidharma- mestre Zen

            Na Índia, grandes místicos como Ramakrishna, Vivekananda, Trailanga etc . vivenciaram esta experiência não-dual de forma bastante peculiar.  Ramakrishna era chamado de "O louco de Deus". Seus êxtases eram tão intensos que frequentemente desmaiava, tendo que ser sustentado por seus discípulos para não se machucar. Trailanga andava completamente nu, como se fosse uma criança. Por causa disso, fora preso diversas vezes, mas- ainda na prisão-  seu corpo era visto caminhando livremente por cima da cela totalmente sem roupas.   
Registro  dos êxtases de Krishnamurti

             O estado místico é marcado pela manifestação do êxtase espiritual ou samadhi e também pelos sidhis (poderes) .  Neste estado,  é comum sinais físicos visíveis, tais como : transes, desmaios,  chagas, dores, transfigurações, sinais corporais etc. O místico pode ser religioso ou não. Jiddu Krishnamurti  e U.G. Krishnamurti foram exemplos de místicos não religiosos- pois não estavam ligados a nenhuma tradição religiosa tradicional . U.G. descreve com detalhes os sintomas físicos que se manifestaram nele devido a esse estado diferenciado de consciência- que ele denominava de  "estado natural". Já    J Krishnamurti descreveu com detalhes seus êxtases místicos diários em seu livro "Diário de Krishnamurti". Ao longo de sua vida, K. protagonizou diversos casos de cura e manifestações milagrosas- inclusive transfigurações. Ele não gostava de falar sobre isso e pedia que as pessoas não comentassem. Mesmo assim, há vários testemunhos e registros sobre estas e outra manifestações místicas. 

Dogen: sábio que se iluminou

                  Mas e o Iluminado? O que diferencia o iluminado do filósofo, do sábio e do místico? Para responder a esta pergunta temos que recorrer aos próprios iluminados. Um Iluminado é aquele que está totalmente Desperto,  plenamente atento e consciente de si. Sidarta Gautama, o Buda fora um dos maiores exemplo de iluminação espiritual.  Sobre os grandes iluminados do passado temos pouca ou quase nenhuma informação.  Todavia, felizmente, temos grandes iluminados nesta era moderna e são eles que nos dão as pistas sobre este raríssimo estado de consciência.  O iluminado é ao mesmo tempo um filósofo - pois conhece as verdades essenciais sobre a vida e o ser. Um sábio, pela equanimidade mental e silêncio interior. E um místico, por causa dos estados superiores de consciência ou supraconsciência . O quarto e último fator é que o Iluminado vive tudo isso PLENAMENTE CONSCIENTE DE SI.  Ele navega por todas as esferas sem perder a consciência de sua individualidade. É a tal "unidade na diversidade". Há grandes exemplos de iluminados modernos, tais como: Babaji (do Autobiografia, não os fakes posteriores a obra), Sri. Yuktéswar, Lahíri Mahasaya, Krishnamurti , Ramana Maharish, Nisargadatta, dentre outros.
Na oração vivenciamos a experiência mística da devoção

                   Mas, será que nós, seres humanos comuns, não vivenciamos um pouco de cada um em vários momentos da nossa vida?   Eu diria que sim.  Quando pensamos sobre questões existenciais como o sofrimento e o significado da vida estamos filosofando. Quando conseguimos ficar quietos e em silêncio, ouvindo uma palestra ou um sermão, ou quando somos pacientes -por exemplo, estamos vivenciando  a sabedoria. E quando, nos momentos de intensa  devoção religiosa, experimentamos, o êxtase e o gozo espiritual -seja em uma missa, culto ou celebração religiosa experimentamos, naquele momento, o misticismo. Essas dimensões estão dentro de nós. São etapas arquetípicas, universais que fazem parte de nossa jornada espiritual rumo ao Infinito. 
Contemplar com  total atenção é Meditação

                 E quando será que experimentamos a Iluminação?  Quando, de repente, ouvimos atentamente o canto de um pássaro, o som das árvores e do vento de forma atenta e silenciosa.  Quando , por um instante, olhamos com atenção para as cores de um ambiente, a beleza das pessoas ou uma bela paisagem . Ou até mesmo quando  damos total atenção à fala de alguém importante, ou algum assunto que nos interessa .  Nestes momentos, muitas vezes rápidos e raros, a mente silencia e nos tornamos totalmente atentos ou conscientes. CONSCIÊNCIA E SILÊNCIO caracterizam a mente iluminada. Assim, quanto mais conscientes estivermos em nosso dia-a-dia , mais iluminados seremos. Para isso, basta observar atentamente os processos internos e externos tais como emoções, reações, pensamentos,  pessoas e acontecimentos em geral. Esta observação deve ser silenciosa, sem julgamento, análise ou pensamentos, procurando tornar-se uma testemunha silenciosa do drama da vida. Se fizermos isso sempre que pudermos ou nos lembrarmos, nem que seja por alguns segundos, minutos ou instantes, estaremos  meditando e se iluminado- mesmo sem saber.  

     A Meditação ou quietude interior consciente é tão fundamental, que até mesmo a Bíblia judaico-cristã traz uma referência memorável a ela:
 “ Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário da morada do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais será abalada.(…)Aquietai-vos e sabei que  EU SOU DEUS!”- Salmo 46- versículos 4 e 10 .



"Aquietai-vos e sabei que sou Deus"

          Assim, todos nós temos nossos momentos de filósofos, sábios, místicos e iluminados. Mas apenas a QUIETUDE CONSCIENTE ou  MEDITAÇÃO pode nos levar à CONSCIÊNCIA PLENA ou ILUMINAÇÃO. Daí por diante, a alma segue sua jornada infinita por estágios cada vez mais profundos, vastos e desconhecidos.

Namastê!

Alsibar

sábado, 12 de novembro de 2011

PRESO NA ILUSÃO DE SI MESMO ! Caught in the prison of himself!

Alsibar: preso na ilusão de si mesmo

Quais os perigos da autoilusão e do autoengano? Qual é a dinâmica da autoilusão? Será que apenas os autoproclamados gurus correm o risco de ficarem presos em suas autoimagens e ilusões? Como podemos evitar esse problema? Qual a importância da meditação, reflexão e autorreflexão? Vamos refletir sobre isso?
Alguns assuntos dos meus posts surgem de repente. Não sei como. Não sei de onde. “Out of the Blue”. Vem do nada, como se diz em Inglês. Este que hora vos apresento surgiu assim. Achei um título forte e verdadeiro. Embora, até este exato momento, eu  ainda não tenha a mínima noção sobre o que vou escrever. Conheço do assunto, mas ele é muito vasto e amplo.  Pode versar sobre vários tipos de Ilusão: a ilusão do EGO, da autoimagem, da ignorância, dos desejos, do materialismo, das crenças etc. Enfim,  o título acima pode versar sobre várias coisas. E você pode estar se perguntando  por que estou escrevendo desta maneira. Explico-me: se vou falar sobre reflexão, devo começar refletindo  sobre o próprio ato de escrever (metalinguagem).
A Ilusão detesta reflexão. Ela sabe que a reflexão liberta. Não é à toa que em todos os casos de lavagem cerebral, a primeira coisa que se destrói é a capacidade reflexiva da vítima. São como água e óleo. Sombra e luz- simplesmente não podem coexistir pois ambos se anulam. A ilusão se instala quando morre nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos e o mundo. Todos os verdadeiros iluminados sempre enfatizaram a importância da reflexão. Desde os filósofos clássicos, passando por Jesus e Buda até chegar aos grandes iluminares contemporâneos, aprendemos que sem reflexão corremos um sério risco de nos desviarmos do caminho -ficando presos na própria Ilusão. Não é raro isto acontecer. Pelo contrário, é muito comum e corriqueiro. É um  dos maiores  riscos na  jornada do autoconhecimento. Este, por natureza, é longo  e cheio de armadilhas. Por isso, iremos tratar deste assunto, com o máximo de reflexão e cuidado. Você é o nosso convidado nesta viagem  fascinante. e arriscada. Seja muito bem vindo !
Por que será que é tão fácil iludir-se? Um simples deslize, uma simples distração e, de repente, estamos lá, presos em mais uma Ilusão. Terá sido por isso que o grande mestre Jesus insistia tanto no “orai e vigiai”? Sim, provavelmente. Ele sabia o quanto é fácil ao homem “cair em tentação”. Há vários tipos de ilusão. Elas tem a ver principalmente com nossas crenças mais íntimas. Por exemplo: acreditar que somos somente matéria . Acreditar que o dinheiro compra felicidade. Acreditar que somos um EGO permanente e eterno. Acreditar que  as técnicas de Meditação libertam o homem.  Acreditar que os gurus poderão dar-lhe a iluminação, paz ou felicidade. Acreditar ou não acreditar em algo por pura conveniência. Acreditar nas religiões e nos movimentos religiosos como caminhos para Deus. Acreditar que a Felicidade está no possuir coisas e pessoas. Ser dominado pelo medo, desejos e pensamentos reativos e condicionados. Enfim, o leque de Ilusões é bem variado. O mundo está dominado por Maya ou Ilusão,. Ela está na raiz de todos os nossos problemas, tanto em nível coletivo quanto individual. Mas, uma das ilusões mais destrutivas e sutis é a do autoengano. E como é isso? É o que veremos no próximo parágrafo.
Ora, quem somos nós? Para respondermos a esta pergunta, temos primeiro que nos autoconhecer. Alguma vez você já se olhou sem medo? Já viu seus motivos, medos e tudo aquilo que está na base das suas ações e atitudes? Se realmente  você teve a coragem de se olhar, deves ter visto que a base da maioria de nossas ações é o medo e o desejo. Em outras palavras, somos medo e desejo. É daí que se desdobra quase todas - senão todas - nossas ações,  moldando-nos o ser.  Para constatar este fato, basta que façamos a nós mesmos as seguintes perguntas: por que sou assim, por que ajo desta maneira? Qual é a razão? Exemplo: por que creio nos gurus e os sigo?  Será por que vejo neles o caminho para o Céu, o Nirvana, para a Libertação ? E por que desejo tanto isso? Será  por que quero fugir de mim mesmo? Da minha atual realidade de dor , sofrimento e vazio existencial? Mas, o próprio desejo não é em si uma prisão? O desejo de ter o que não tenho, de ser o que não sou, de alcançar a iluminação etc? E será mesmo que o guru poderá me dar  a tão sonhada Iluminação que me trará paz, felicidade e sabedoria? Ou eu não passarei de um papagaio repetindo o discurso do outro? Mas, qual será a minha Verdade? Não é isso que interessa?
Nesta busca por Iluminação, o que geralmente vemos por aí é muita Ilusão. Os caminhos percorridos são muito parecidos. Geralmente começa-se com a leitura de  livros de sabedoria, ocultismo e filosofia. Depois, visita-se alguns mosteiros, escolas e "gurus". Até a pessoa tornar-se um “mestre iluminado”. Então começa o processo de enganação e exploração. Considerar-se "iluminado" é uma das maiores e mais perigosas formas de  ilusão. Existe algo que o EGO mais goste e valorize? Ele deixa de ser um reles “ João-Ninguém” e de, uma hora pra outra, vira  alguém muito importante. Um ser acima da massa ignara e dos pobres mortais. Na maioria das vezes, isso se torna um grande negócio. Em geral, funda-se uma organização em torno do "mestre".  Ele passa a ser  centro de tudo, de tal forma que a Libertação passa pra segundo, terceiro... último plano. Pois o que interessa desde então é a divulgação e expansão da organização que divulga o nome e a imagem do "mestre" pelo mundo. Daí começa a propaganda, o marketing, a mentira e tudo passa a ser lícito desde que seja em prol da "obra".
Mas a ilusão dos “autoproclamado iluminados” é algo que ainda precisar ser estudado com mais cautela. Poderia haver estudos  específicos sobre as características deste fenômeno psiquíco.  O problema é que muita gente  que embarca nessa barca furada nunca admitirá ser ‘estudado” ou analisado. Pelo contrário, são considerados os seres psicologicamente mais  sãos do planeta – pelos discípulos e por ele próprio- obviamente. Em geral, a organização lhes dá  apoio, sustentáculo e a blindagem necessária para continuarem se sentindo seres “especiais”. Inicia-se, assim, uma deplorável tradição de “cegos guiando outros cegos”. E o absurdo  disso tudo, é que , mesmo quando fundador morre, os seguidores continuam seu trabalho. E a cegueira se generaliza. Antes, pelo menos, o líder, que geralmente tem um pouco de inteligência, estava ali. Era uma coisa viva. E quando ele “se vai” passam a cultuá-lo como um deus. Passam a venerar lembranças mortas e vazias de alguém que já se foi. Em pouco tempo, o movimento torna-se apenas um centro de adoração e culto à personalidade do fundador. Preciso dar exemplos? Não serei tão tolo a este ponto. Os exemplos estão aí. “Quem tem olhos para ver, que veja”.
Mas, não são só os autoproclamados iluminados que me preocupam. Nós todos corremos o risco de ficarmos presos em nossa própria autoimagem. Se você se considera inteligente, sabido ou superior a qualquer pessoa… Cuidado! Sua autoimagem está começando a dominá-lo. E que triste é a nossa sina quando caimos escravos de nossas imagens. Se você se considera sábio, iluminado, salvo, “cabeça” e isso lhe dá uma sensação de superioridade em relação aos demais… Muito cuidado nessa hora. Faça uma autorreflexão. Uma grande ilusão pode estar se instalando no seu ser. Os clássicos estão cheios de exemplos em que a autoimagem torna-se uma praga, uma maldição. Foi assim com Narciso que tornou-se preso de si mesmo. Encantado  com sua própria beleza. No clássico conto de fada, da Branca de Neve, o grande vilão era a Bruxa malvada e seu espelho bajulador. O espelho é o EGO, sempre lhe dizendo que você é o melhor, e sempre atiçando a inveja, o ciúme e a disputa insana.
Isso não significa que não devemos nos amar ou cuidar de nós mesmos. O que quero dizer é muito simples. E se você tem dificuldade de entender, talvez precise de uma autorreflexão- algo o está impedindo de ver uma verdade muito simples : amar a si mesmo é algo muito diferente de sentir-se superior ou melhor do que os outros. Sentir-se “Iluminado” deveria ser o primeiro “alerta”, o primeiro “alarme” de que algo está errado. Se a pessoa sente-se assim, é porque não é. Iluminação ou sabedoria, surgem quando não há mais a sensação de “Eu sou isso, ou eu sou aquilo”. É somente quando estamos totalmente esvaziados do conteúdo de nós mesmos é que algo de real e essencial pode surgir. Não há luz quando há trevas. Não há Iluminação se o EGO ainda nos prende a uma imagem mental. Não será isso ainda um desejo de querer ser alguém importante? E por que queremos isso? Por que queremos fama, dinheiro e reconhecimento?  E  por que queremos isso? Será por que interiormente me sinto um fracassado e através da imagem do guru me sinto  alguém importante?
Mas, poderiam perguntar, como nos livrarmos desse engodo? Como podemos nos prevenir de  tal perigo? A autorreflexão pode nos ajudar. Mas se não tivermos sinceridade em nossos corações não iremos muito longe, pois evitaremos refletir sobre o que realmente interessa e importa. Reflita sobre suas atitudes. Observe-as. Olhe seus motivos, suas raízes, sua base. Mas olhe com coragem e sinceridade. Será realmente que você é o “rei da cocada preta”? Será mesmo que você se “iluminou’? Mas, como pode ser, se  “iluminação” nada tem a ver com a “idéia de iluminação”? Será que essa sensação de paz e felicidade que você diz sentir, vem da percepção da Verdade, ou do seu desejo de viver e sentir isso? Será mesmo que o êxtase e a bem-aventurança que dizes sentir, provêm do Desconhecido, ou ainda está no campo do conhecido? Será que tudo o que digo sentir, não é apenas um resultado do meu desejo? Será que não estou me iludindo e iludindo aos outros?
Mas… não! Como ficarão meus seguidores e bajuladores? O que direi para aqueles que depositaram em mim sua confiança, seu dinheiro, sua vida? Não. Não posso suportar a ideia de ser publicamente desmascarado, ridicularizado. É humilhação demais para o meu EGO. Ele  não suportaria. Ou seja, tenha cuidado para não chegar até este ponto. Vigie, de modo a extirpar a raiz da Ilusão logo no começo. No comecinho, enquanto ainda estás livre das detestáveis organizações. Pois elas, as organizações, são criaturas que se viram contra o criador. Elas passam a escravizar seus líderes. Uma organização, por natureza, precisa expandir, crescer e, para isso, precisa lucrar. E para lucrar muitos exageram na dose. Poucos, muito poucos tem a ética necessária para diferenciar o que é lícito, do que é ilícito. O que é razoável do que é exagero. Aí começam as velhas enganações e os velhos discursos: “ Estamos trabalhando por uma causa maior: libertar as massas”. “ Estamos a serviço de Deus e por isso vale tudo!” Será mesmo?
E assim, o EGO, Maya, usa de todos os artifícios para justificar para si mesmo e para os outros todo tipo de crueldade, abuso e exploração. Foi assim com as Cruzadas e os Tribunais de Inquisição. Está sendo assim agora, com todas as organizações religiosas que exploram o homem, na sua ânsia de expansão e crescimento.  Estão sempre se escondendo atrás da idéia de que estão  à serviço de uma causa nobre, maior do que eles próprios. Mas na verdade estão a serviço de si mesmo, de sua própria manutenção e expansão. Tudo o que querem é crescer  cada vez mais. Querem o poder e o dinheiro. Nada mais. E para isso vale tudo. O fim passa a justificar todos os meios. Por mais cruéis, abusivos, imorais e antiéticos que sejam. A corrupção se instala no  mundo,  porque ela está primeiramente dentro de nós. Porque nos consideramos muito puros, acima do bem e do mal. Mais uma vez a autoimagem nos destruindo. Mais uma vez cegamos nossos próprios olhos para não vermos o que nos salta aos olhos. E enquanto tivermos veneração por nós mesmos, enquanto não compreendermos que não somos nada e que nada, ABSOLUTAMENTE nada nos pertence, o EGO irá nos ludibriar, enganar e destruir. Mas o EGO se apossa desse discurso, fica preso a esta idéia e por isso nunca chegará a sentir um estado além de si mesmo. Pois este estado não é uma ideação. Se me sinto como “Deus” é porque ainda não me tornei.  Quando realmente ultrapasso os limites da Ilusão e do EGO, não me sinto mais coisa nenhuma. Uma consciência livre é uma consciência que não afirma nada, que não diz nada, que não se apega a nada. Nem mesmo e, principalmente, a ideia de  ser algo, ou alguém.
Tome um chá de autorreflexão diariamente. Ou, se possível, constantemente. Mas seja realmente sincero e sério em suas intenções. Do contrário, nada valerá ser autorreflexivo, pois suas reflexões serão limitadas. Mas quando realmente queremos crescer. Quando realmente queremos nos libertar das ilusões, então a autorreflexão se torna imprescindível. Olhar sempre para si, para seus pensamentos, intenções e sentimentos, ajuda no autoconhecimento. Se quando, em Meditação, te sentires importante, ou tiveres a sensação de que estás “evoluindo” ou se “iluminando”, reflita sobre isso com sinceridade. Veja isso e extirpe essa ideia ainda em sua gênese. Será mais fácil no começo do que no futuro -quando estiveres comprometido com seguidores, discípulos e organizações. Por isso, não deixe que ninguém o bajule, o idolatre ou o adore. Não permita que ninguém o chame de mestre. Isso é um grande risco e a maior de todas as tentações. Muitos caíram por sentirem-se “mestres”. Quem é mestre não se sente como tal. A coisa vai se enraizando aos poucos: primeiramente sábio, depois mestre...iluminado, até sentir-se o próprio Cristo. Este é o círculo da ilusão. Depois de enraizada, ela se espalha como um câncer espiritual. Daí por diante, o sofrimento e o caos se instalarão em sua vida como uma terrível maldição- uma herança maldita.
Fuja de qualquer tentativa de o endeusarem. Abomine as adorações e o culto. Isso é coisa da Índia. É algo de suas tradições e por isso, existem tantos falsos gurus lá. Todo mundo quer ser guru. Dá status. É o caminho mais fácil de se “dar bem na vida”. Não  estou dizendo, com isso, que não existam os verdadeiros mestres e iluminados. Claro que existem. Mas eles não fazem propaganda de si mesmos. Não andam com uma placa dizendo: “ sou iluminado! Sigam-me”! Veja o caso de Babaji. Raramente aparece. E, quando aparece,  se apresenta como um ser humano comum. Sri. Yuktéswar  o viu, em um festival religioso, mas não o reconheceu. Não havia sinais externos que indicasse  que  ali estava um Avatar. Somente depois de um tempo, Babaji se revelou.  E, assim, Sri Yuktéswar pôde perceber quem era aquela figura enigmática que lavava os pés de um monge. Veja o caso de Lahiri Mahasaya. Um simples contador. Um pai de família que ganhava sua vida honestamente, e nunca às custas dos discípulos. Durante boa parte de sua vida, ninguém desconfiou da grandeza espiritual de Lahíri Mahasaya-nem mesmo ele- de tão humilde que era. Só quando ele encontrou seu mestre Babaji em uma caverna secreta dos Himalaias, foi que ele percebeu quem ele era. Foi aí que ele lembrou-se que era um Iogue e que sua missão na Terra seria contribuir para o despertar da humanidade. Mas mesmo após essa revelação, continuou trabalhando na companhia de Trem. Nunca deixou de trabalhar, até aposentar-se. E a mesma atitude ele ensinava a seus discípulos.  Entre eles, Sri. Yuktéswar o mestre de Paramahansa Yogananda. Sri. Yuktéswar era um Jnanavatar, mas quase ninguém sabia. Era uma pessoa muito discreta, não bajulava ninguém  e nem gostava de bajulações. Seu sustento provinha das propriedades e negócios deixados por seus ancestrais. Yogananda dizia que seu mestre nunca "pavoneava-se" de sua sabedoria ou  poderes. Pelo contrário, ocultava-os e evitava manifestá-los publicamente. A Bíblia diz que nem mesmo os irmãos de Jesus criam nele. Krishnamurti destruiu a Ordem que foi criada para endeusá-lo. Depois disso, passou a viver dos livros e da ajuda das Fundações que pagavam suas despesas. Que não eram muitas. Costumava dizer que nada possuía e nada precisava. Apenas coisas básicas como casa, roupas e comida. Enfim, percebemos que os verdadeiros iluminados, não tinham EGO. Não tinham autoimagem. Não tinham a ilusão de ser isso ou aquilo. Eles viviam em um estado de liberdade de si mesmo, que é difícil para nossa mente conceber.  


     Que possamos aprender com os verdadeiros sábios e iluminados, o valor da autorreflexão  e que suas vidas nos inspire  a vivermos honestamente do nosso trabalho, sem explorar ou enganar a ninguém- inclusive a nós mesmos.  Como disse sabiamente o grande Lao Tsé:
“Quem está baseado no Tao, oferece aos outros da sua plenitude. Por isto, age o sábio: sem nada pretender para si, sem se apegar à sua obra. Sem nada QUERER SER, sem nada querer ter”. ( Tao te Ching)
Que a MEDITAÇÃO  a REFLEXÃO  e a AUTORREFLEXÃO sejam nossos antídotos contra toda a forma de engodo, Autoenganação e Ilusão!
Muito obrigado por sua atenção e até a próxima!
Alsibar ( inspirado)
msn: alsibar1@hotmail.com

(Repostagem autorizada desde que mantidos os créditos)


sábado, 5 de novembro de 2011

PARA QUE SERVEM OS TAIS “ILUMINADOS”? What's the usefulness of the so called "enlightened ones"?

Alsibar: para que servem os tais "iluminados"?
Qual a necessidade de um Iluminado? Qual a diferença entre um iluminado verdadeiro e os “tais iluminados”? O que um iluminado pode ou não fazer por você? Por que os idolatramos tanto? Por que os seguimos? Será que desejamos algo deles? E esse “algo” eles podem nos dar?  Vamos refletir sobre estes e outros temas afins?
No começo do Novo Milênio está acontecendo um fenômeno sem precedentes na história da espiritualidade: a popularização dos chamados “iluminados”. Obviamente, que  sempre existiu pessoas com tais pretensões. Mas, a popularização da Internet, incluindo redes sociais, blogs e chats-  potencializaram mais ainda este fenômeno, dando-lhe mais  publicidade, em níveis de rapidez nunca dantes visto. Quando falo “iluminados”, entre aspas, refiro-me àqueles  que se autoentitularam como tais. São, em geral, indivíduos que  foram discípulos de A ou B, ou que tiveram alguma experiência  “mística”, ou simplesmente  um “devaneio” ou outro surto qualquer. Isso lhes confeririam o status de “Despertos”. E, ainda, há os que não se autoentitulam assim, mas  agem como tais. São pessoas que fecham-se em seu próprio conhecimento e agem como se fossem donos da razão. Verdadeiros detentores do conhecimento Absoluto. 


    Mas, o presente artigo, não visa  analisar as características de um iluminado- assunto que já explorei em diversas outras postagens do meu Blog. Pretendo, no entanto,  fazer uma reflexão mais ampla,  objetivando  aprofundar a questão. Assim, qual o sentido de alguém dizer : “ sou iluminado”?  E se ele não for? E se for, o que isto representa para mim? O que quero de um iluminado? O que   é ‘isso” que ele tem para me dar?  E será realmente que alguém pode me dar esse “algo”? E por que desejo tanto esse “algo”? Será que “isso” que tanto procuro e desejo, é realmente “aquilo” que tanto procuro e desejo? E se não for? E se for uma grande ilusão?Assim, parece-nos importante analisar qual a verdadeira necessidade de um iluminado e o que ele pode ou não  fazer por você.
Vamos imaginar que você está fazendo uma viagem pelas praias do Nordeste. É a sua primeira vez. Você procura a casa de um familiar ou amigo seu. Talvez você não tenha GPS e tudo ficará um pouco mais dificil. Além disso, às vezes, há os imprevistos. Quem  já viajou muito sabe disso: são pontes quebradas,  desvios inesperados, interdições,  obras em estradas etc. E, de repente, você se vê perdido, em meio a um lugar desconhecido. Alguém tem que lhe ajudar a encontrar o caminho que você quer. Ao procurar ajuda, você encontra alguém que diz saber onde fica o local que você tanto procura. Ele lhe orienta, dizendo o que tens que fazer e que rumos seguir para chegar ao seu objetivo. Isso parece bem racional. E é. Principalmente  para uma concepção cartesiana de mundo. Ou para a “3D” ( o plano das 3 Dimensões como diz o pessoal da Nova Era). Explicando a história hipotética: O lugar em que você se encontra perdido é o mundo e a sua vida. O alguém que você encontra é um desses assim chamados “iluminados” que lhe mostra a rota a  ser seguida. E o caminho, são as práticas, rituais, técnicas de meditação e disciplinas que você deve executar para chegar aonde você quer. Parece perfeito, não? Mas, antes de seguir para o próximo parágrafo, faça o seguinte: releia o parágrafo e procure o erro ou erros no cenário que acabei de descrever . Tente descobri-lo, faça isso como algo pessoal, para você mesmo e só depois continue a leitura do próximo parágrafo.
Bom, talvez você tenha conseguido encontrar o “erro”. Talvez não. Mas, reflita junto comigo: é correto usar uma situação como esta, do mundo real, concreto, como referência para o mundo “espiritual”? Será mesmo que da mesma forma que procuro uma casa em um lugar desconhecido, deverei buscar “aquilo” que pressupõe-se estar também em um local desconhecido? Mas, como buscaremos o Desconhecido? E se o Desconhecido não estiver  tão longe assim ? Uma casa  pode estar longe, mas o Desconhecido está? Ora, e se o Desconhecido, Deus, não estiver longe? E se estiver bem  pertinho? Tão perto que confunde-se com sua própria pessoa?  E, se assim for, precisarei mesmo  “buscá-lo” em algum outro lugar? E se não preciso buscá-lo em nenhum outro lugar, para que preciso dos tais “Iluminados”? Krishnamurti tinha, neste particular, um argumento fenomenal, ele costumava perguntar : “se conheço para onde quero ir,  se conheço o meu objetivo, isso é o Desconhecido?”. A explicação é simples, mas sutil. Ora,  se já conheço o meu objetivo, então ele é coisa do passado.  Pela própria lógica da assertiva, só posso reconhecer o que já conheci no passado e o Desconhecido está no passado? Em outras palavras: como posso buscar o que não conheço? Se busco o que não conheço, como se o conhecesse,  será que é realmente aquilo que busco?  Como saberei?
Na Bíblia, no Tao-Te-Ching , no Bhagavad-Gita e  nas palavras de Buda,  Deus é considerado “algo” ou “alguém” que transcende o tempo, o espaço, o pensamento, os desejos e a lógica comum. Na Bíblia,  Deus diz a Moisés : “aquele que vê minha face morre!” Obviamente é uma metáfora para dizer que somente quando o EGO morre é que Deus se revela. Jesus disse coisas parecidas tanto nos evangelhos canônicos quanto nos apócrifos. Paulo de Tarso identificou o Deus Desconhecido- como sendo o mesmo de seus patriarcas judeus (Atos 17:23). No Bhagavad-Gita, Árjuna,  que representa o EGO, pede a Krishna ( Átman) para revelar sua glória. Mas quando Krishna atende ao pedido, Árjuna implora para Ele parar pois não suporta a visão da Glória de Deus. No Tao-Te-Ching, Lao Tsé começa suas memoráveis e sábias palavras dizendo: “ O Inonimável que se pode nominar, não é o Inonimável. O Inconcebível que se pode conceber, não é o Inconcebível”. E, por último, Krishnamurti em suas milhares de palestras, sempre ensinou que Deus é o Desconhecido. Essa visão, concorda com  a de todos os verdadeiros sábios e iluminados .
Daí, concluímos que não podemos reduzir Deus a um local fixo no tempo e no espaço. Este foi o “erro” da história  hipotética que apresentei no segundo parágrafo. E se Deus não é algo ou alguém com endereço fixo. Se ele não tem casa, nem está plantado em algum “lugar incipiente do céu” - como disse Sri. Yuktéswar a Yogananda- então, para que a viagem? Para que os “caminhos”? Para que as técnicas, práticas e disciplinas? Para que servem os assim chamados “iluminados”? A história hipotética da viagem que descrevi, agrada nossa mente que funciona – dentro desta concepção cartesiana  de vida. Mas Deus, o Desconhecido não está sujeito as regras e imposições deste nosso plano que a própria Ciência já reconheceu ser apenas uma forma de se entender o Universo. E esta compreensão  cartesiana, já foi  ultrapassada pelas fantásticas descobertas da Física Quântica. Assim , se Deus não está em algum lugar fixo, onde estará? Se , não há “caminhos” para ele  qual a necessidade dos tais “iluminados” ?
Vamos voltar para nossa historinha. Vamos imaginá-la de uma outra forma. Imagine novamente que você se vê, de repente, em um local desconhecido. Você está perdido. Não sabe onde está , não conhece ninguém e nem sabe quem você é. Tem uma vaga lembrança, vaga eu disse, sobre seu verdadeiro lar, familiares e amigos. Você sai à procura de alguém que possa ajudar-lhe . Que possa mostrar-lhe como encontrar o caminho de casa. Você procura e procura. Alguns dizem uma coisa, você segue e nada. De repente se vê  mais perdido e confuso. Então, você continua sua busca, procurando e pedindo mais informações. Muitas vezes, você segue exatamente as instruções dadas, mas, quando chega no endereço que lhe fora ensinado, o dono diz não conhecer-lhe . E você, de novo, sai pelas ruas procurando. Chega um momento em que você se desespera e sai gritando pelas ruas, procurando  desesperadamente pelo seu lar. Sua angústia vai aumentando, aumentando até que,  de repente, você ouve alguém chamando-o pelo nome. É uma voz familiar, doce e conhecida. E quando, você se vira, de repente… você acorda com a voz de sua esposa, pai ou mãe.  Eles livram você de um terrível pesadelo! Certamente, você começa a sorrir, sentindo aquela sensação de felicidade, agradecendo aos céus por estar ao lado dos seus entes queridos e por saber que nunca estivera longe deles ! Tudo não passara de um  pesadelo, um delírio!
Mas, a verdade é que os verdadeiros iluminados não podem nem mesmo acordá-lo, como fizeram os pais no caso descrito acima. O sono da vida é muito mais pesado e despertar dele é muito mais difícil. O fato é que ninguém poderá acordá-lo por você. Se fosse assim, seria bom demais. Jesus teria despertado metade do mundo. Buda a outra metade e  o restante ficaria com Lao Tsé. Na contemporaneidade, homens como Ramana Maharish, Babaji, Lahíri Mahasaya , Sri Yuktéswar e Krishnamurti teriam promovido o maior despertar em massa  que a humanidade já conheceu. Mas  não. Eles não poderiam fazer isso, nem se quisessem. Essa é a nossa parte no “jogo de Maya”. Os verdadeiros iluminados estão constantemente gritando ao mundo: despertem! Acordem dos seus sonhos! Não há nenhum lugar para se ir, nada foi perdido, a separação é uma ilusão, não há nada a se alcançar ! Você já está em casa… apenas desperte! Não busque, não corra, não faça nada pois você está dormindo. Você precisa acordar… este é o primeiro passo! “O primeiro passo é o último passo”-  disse Krishnamurti. Parece enigmático? Parece absurdo? Será mesmo? Então medite nestas palavras de Jesus, o maior de todos os iluminados:
“ Se lhe perguntarem qual é o sinal do Pai em vós dizeis: é movimento e repouso ao mesmo tempo”. – Quinto Evangelho.
É a mesma coisa que Krishnamurti disse, eles apenas usaram expressões diferentes para descrever o mesmo "processo". O EGO só existe enquanto estamos dormindo, na Ilusão do “fazer”, na ilusão dos caminhos, das práticas e técnicas. Quando “despertamos” deste sonho. Quando o EGO compreende sua pobreza e ilusão e morre por si mesmo . Então para onde caminhar? Para onde ir? Existe ainda o “fazer”, a “caminhada”? Não. Simplesmente porque começa um “outro movimento”. E este não é você quem produz, você não é o responsável por ele - ele existe por si mesmo. Então,  quando você – representado pelo seu   EGO, DESEJO  e PENSAMENTO-  pára totalmente, inicia-se um outro movimento, o movimento do Desconhecido, do Sagrado. O mesmo movimento que coordena os astros, as estrelas, os átomos e os ciclos da natureza. Depois que você “desperta” para esta compreensão e percepção o que mais terá que “fazer”? O “despertar” é o primeiro passo, depois dele… não há mais passo nenhum. Findou-se uma jornada que nunca existiu de verdade- tudo era um sonho, um pesadelo e nada mais!  A “caminhada” ilusória  terminou! Já estamos aqui! Já estamos Nele!
Precisamos de Iluminados? Sim . Mas apenas para acordamos, e isso significa compreender suas limitações no que concerne ao nosso despertar. Somos gratos a quem nos ajudou a despertar? Obviamente. Mas isso não significa prestar-lhe culto, adoração ou segui-lo cegamente. Temos que despertar nossa própria luz. Krishnamurti foi, talvez, o único defensor do “não-seguir”. Ele costumava dizer que não faz sentido usar a vela do outro para iluminar aquilo que é nosso. E Jesus dizia que  “ um cego não pode guiar outro cego” . E como saberemos que o outro é cego se não despertarmos? Se não abrirmos nosso olho espiritual, se não acendermos nossa luz interior? O verdadeiro iluminado não se regala com bajulações ou adorações. Os tais “iluminados” querem apenas seguidores e discípulos pois buscam o poder e a expansão. Em geral, prometem tudo o que a mente mais gosta: felicidade, bem-aventurança, expansão da consciência, êxtase, prazer- e este não é caminho do Desconhecido, mas do conhecido. E, por isso mesmo, não é o Supremo, não é o Eterno, o Atemporal!
Mas, se um dia acontecer de você encontrar alguém, que lhe diga que não há caminhos para casa, pois você já se encontra nela. Se não lhe pedir nada em troca, nem se autopromover através de nenhum meio ou subterfúgios. Se não lhe pedir dinheiro pois a Verdade não é uma mercadoria. Se não viver tagarelando um monte de asneiras verborrágicas, com  um discurso hipnótico e vazio que visa apenas encantar e seduzir a mente.  Se ele apenas lhe mostrar que o “caminho” não é um caminho. Se não fizer propaganda de si mesmo, nem se considerar o dono da Verdade. Se for reflexivo e lhe ajudar de todas as formas a também ser reflexivo e humilde. Se não lhe prometer coisas como o céu, o Nirvana, a Iluminação, a Verdade , Deus- como se estes fossem "propriedades" . Se ele o ajudar a se autoconhecer, ser independente  e a trilhar seu próprio “caminho”. Se lhe mostrar os perigos e  a infantilidade do “seguir alguém”. Enfim, se ele promover o seu Despertar e não o seu dormir- então este individuo é um iluminado! Seja grato a ele e tenha-no como um irmão mais velho, um  companheiro de viagem, um amigo mais maduro e experiente. Saiba que você não deve nada a ninguém pois tudo, absolutamente tudo é de Deus. Os verdadeiros iluminados sabem disso e, por isso, não se consideram autor ou “fazedor” de nada. Sabem que só existe um ator no Universo . Só existe uma  única  Força que move tudo e a todos: chame-o de Deus,  Krishna, Tao, Desconhecido… não importa o nome. Ele está além, muito além de todos os nomes e de todas as formas.
A Ele deves toda tua gratidão e todo o teu amor ! Mas, onde Ele está? Não o procure nos livros, nem nas religiões, nem nos gurus! Ele está onde você estiver e manifesta-se todos os dias em todas as coisas visíveis e invisíveis! Basta abrir os olhos para vê! Por isso, DESPERTE e veja! Como fazer isso?  Medite! A Meditação verdadeira nada tem a ver com práticas, disciplinas, posturas e rituais! Tem a ver com “percepção” apenas. Por isso, não “pratique” a Meditação. Apenas “acorde”, apenas “veja”, apenas perceba “Aquilo que já é”!
Alsibar (inspirado)
REPOSTAGEM AUTORIZADA!